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Trata-se de uma pesquisa descritiva com caráter longitudinal do tipo quantitativa, que avaliou os aspectos nutricionais de atletas de alto rendimento da seleção brasileira de futebol de 5, período entre 2013 e 2016. Foi realizado um planejamento nutricional com três etapas, a saber: o diagnóstico e a avaliação nutricional, as intervenções e o acompanhamento. Os métodos para a avaliação nutricional foram orientados aos participantes individualmente, assim como suas necessidades, orientações prévias aos testes, além de seus objetivos científicos e acompanhamentos futuros. A etapa seguinte foi constituída das intervenções e da elaboração do acompanhamento nutricional, do cardápio e recomendações nutricionais. A última etapa foi da assistência e acompanhamento de todas as variáveis das etapas anteriores, realização de ajustes de acordo com as situações encontradas e análise de conhecimentos nutricionais.

O estudo foi realizado com 13 (treze) atletas da seleção brasileira de futebol de 5 - modalidade destinada às pessoas com deficiência visual, durante o ciclo paralímpico 2013 a 2016. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo 1) e a coleta dos dados foi realizada durante as fases de treinamento dos atletas que ocorreu na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF), situada em Niterói no estado do Rio de Janeiro. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp (Campus Campinas) CAAE: 45695815.4.0000.5404 (anexo 2).

A partir de 2013, após os Jogos Paralímpicos Londres - 2012, iniciou-se a participação do profissional nutricionista junto à equipe, tanto em fases de treinamento quanto em competições nacionais e internacionais, finalizando-a nos Jogos Paralímpicos Rio de Janeiro - 2016. No primeiro encontro, ocorreu a primeira etapa deste planejamento nutricional: a avaliação e diagnóstico nutricional em 2013. A segunda etapa, intervenções, foi calculada e estipulada logo após a realização da primeira etapa no mesmo ano. A terceira etapa foi aplicada ao longo de todo o período do ciclo paralímpico (2013 a 2016). Durante esses anos ocorreram períodos de treinamento e competições.

Durante o ciclo paralímpico houve 21 encontros nos períodos de treinamento com duração de sete a 10 dias e três campeonatos internacionais (campeonato Mundial Tóquio - 2014, Jogos Parapanamericanos Toronto - 2015 e

Jogos Paralímpicos Rio de Janeiro - 2016) com duração de 30 a 40 dias entre pré- competição e competição. A presença do nutricionista foi em tempo integral, acompanhando os atletas em todos os momentos, durante as refeições, treinos e competições.O nutricionista tornou-se parte integrante e oficial da delegação nacional, sendo assim, apoiado nos estudos e ações indicadas.

Ao longo de todo o período de treinamento e/ou competição, realizamos encontros em diferentes formatos: individuais, a fim de solucionar dúvidas e questionamentos; em grupo, em forma de palestras, levando informações de conhecimento qualitativo; e também transmitindo informações nutricionais durante as refeições, referentes a escolha dos alimentos, seus benefícios, quantidades, mastigação, hidratação, dentre outros. Em competições, as informações eram voltadas para a alimentação, hidratação e descanso a fim de amenizar o desgaste da viagem e não interferir na performance. Ao finalizar os períodos de treinamento, todos os membros da equipe retornavam às suas casas. Os atletas voltavam a participar de seus treinos em suas equipes de origem e o nosso acompanhamento nutricional continuava via e-mail ou telefone.

Também foram feitas adequações e alterações do cardápio junto aos profissionais da cozinha onde os atletas se alimentaram durante os períodos de treinamento. Foram orientados na maneira de preparar os alimentos; no número de refeições/dia; no que deveria ser incluído e excluído das refeições, com dicas e informações nutricionais a fim de deixar o alimento mais nutritivo, dentre outras.

Nenhum atleta do estudo havia tido experiência prévia com profissionais nutricionistas ou orientações desta natureza.

Para melhor ilustrar todo o período com seus acontecimentos e respectivas datas, foi elaborado uma linha do tempo, a seguir:

• Início ciclo paralímpico Rio de Janeiro - 2016 • 1ª e 2ª etapas planejamento nutricional

2015

2013 2014

2 encontros 7 encontros 5 encontros 7 encontros

2016

• Paralimpíadas Rio de Janeiro - 2016 • Fim do planejamento nutricional

Devido aos inúmeros encontros (21 encontros) e intervenções realizadas, com a finalidade de comparação, optamos por eleger a avaliação inicial, que ocorreu na primeira etapa do planejamento nutricional realizada em 2013 (t1) e a avaliação final que ocorreu na terceira etapa do acompanhamento, realizada 30 dias antes dos Jogos Paralímpicos Rio de Janeiro - 2016 (t2), durante o último período de treinamento, por considerar mais significativas. Cabe ressaltar que foram feitas 21 avaliações do estado nutricional nesse período.

É importante ressaltar que durante este ciclo paralímpico Rio de Janeiro - 2016 houveram outros campeonatos importantes para a modalidade, como o campeonato Mundial Tóquio - 2014 e os Jogos Parapanamericanos Toronto - 2015.

4.1 Desenho da pesquisa

4.2 Seleção dos indivíduos

Foram incluídos no estudo, atletas, integrantes da seleção brasileira de futebol de 5 - modalidade destinada à pessoas com deficiência visual, do sexo masculino, com idade entre 20 e 41 anos. De acordo com a composição exigida pela modalidade, os atletas eram jogadores de linha e deficientes visuais de classificação B1 (possuem deficiência total ou até, no máximo, a percepção luminosa). Os sujeitos do estudo tinham experiência prévia à modalidade do futebol de 5 de no mínimo três anos e participaram de todos os encontros.

4.2.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo os goleiros da equipe que apesar de fazerem parte e participarem de todas os períodos de treino e etapas do planejamento nutricional, foram considerados inelegíveis diante dos objetivps primários deste estudo: não apresentarem deficiência visual. Também foram excluídos aqueles atletas que não participaram de algum ou alguns dos encontros, principalmente por motivos técnicos e táticos e não foram convocados a algum dos períodos de treinamento.

4.3 Anamnese nutricional

A anamnese nutricional foi aplicada na primeira etapa do planejamento nutricional, nas demais foi somente verificado possíveis alterações relacionadas às questões do dia a dia. Foram coletados dados pessoais, informações econômicas, de saúde, sobre aspectos do comportamento alimentar e informações demográficas e geográficas. As questões a respeito da anamnese nutricional se encontram no apêndice 1.

4.4 Avaliação do consumo alimentar

A deficiência visual, impossibilita os indivíduos na percepção visual da quantidade e qualidade dos alimentos escolhidos para o consumo, dificultando ainda mais retratá-los ao entrevistador. Para minimizar erros e também com a finalidade de atingir as principais vantagens dos métodos de avaliação do consumo alimentar, foram utilizados em ambas etapas (t1 e t2), três métodos consecutivos, adaptando-

os à deficiência em questão, são eles: o recordatório de 24 horas (Rec 24h), o questionário de frequência alimentar (QFA) e a história alimentar (HA), sendo aplicados pelo profissional nutricionista da equipe no início (t1) e no fim (t2) do ciclo paralímpico.(apêndice 2).

O Rec 24h, segundo Egashira, De Aquino e Philippi (2009), continha informações como: horário da refeições, local, tipo da preparação, observações sobre o alimento e a quantidade; tendo como objetivo quantificar alimentos e bebidas ingeridas de um dia usual de treino. Este foi realizado em um dia durante a semana (segunda a sexta- feira).

O QFA continha os principais grupos alimentares da pirâmide dos alimentos proposta por Philippi (2013), além de alimentos específicos e considerados importantes, como: frutas, hortaliças cruas e cozidas, carboidratos e cereais integrais, leguminosas, carne/ovos, leite e derivados, frituras em geral, margarina/manteiga, salgadinhos, chocolates, bolachas recheadas, balas e chicletes, sucos de caixinha, refrigerantes, bebida alcóolica e café. Este questionário foi elaborado com a finalidade de identificar possíveis erros e acertos alimentares na qualidade dos alimentos escolhidos pelos sujeitos em um longo período.

A HA por conter informações muitas vezes similares às dos outros métodos, foi realizada somente com o intuito de coletar informações adicionais e contemplar dados que ainda não haviam sido explorados, como perguntas do tipo: realizou atendimento com nutricionista anteriormente?; aos fins de semana suas condutas alimentares são muito diferentes dessas que acabou de me fornecer?; você se considera uma pessoas que ingere bastante líquidos?; dentre outras.

4.5 Avaliação dietética

Para estimar a ingestão de nutrientes, os dados das avaliações dietéticas de t1 e t2 foram analisados com auxílio do software DietPro 5i - Profissional 4.0 (2013), programa que contempla grande número de tabelas e preparações. Os produtos ou alimentos que não foram encontrados no programa foram inseridos através de informações presente no rótulo ou, no caso de receitas caseiras, foram incluídos todos os alimentos presentes em sua preparação. O valor calórico total foi expresso em valores absolutos, quilocalorias, e relativos. Os valores dos

macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídeos) foram expressos em gramas por quilograma de massa corporal por dia (g/kg/dia) e percentual (%).

Após a avaliação do consumo alimentar, os dados obtidos para macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) na primeira etapa (t1) e após familiarização com treinos, competições e suas exigências nutricionais na última etapa (t2), foram comparados às recomendações do ACSM e posteriormente ajustadas de acordo com as necessidades do período. Apesar das comparações às recomendações terem sido realizadas durante todo o planejamento, em diferentes fases do treinamento, os resultados se atentaram às comparações entre os períodos t1 e t2, pois foi considerado mais significativo as mudanças do indivíduo por ele mesmo e suas diferenças entre períodos.

Além das considerações do consumo de energia e macronutrientes relacionados às recomendações específicas, optamos também por utilizar o Índice de Qualidade da Dieta (IQD) proposto por Previdelli et al. (2011), revisado e adaptado para a população brasileira (IQD-R), para enriquecer e agregar análises dos alimentos ingeridos e da qualidade alimentar.

O IQD-R é um indicador de qualidade alimentar e foi utilizado igualmente os dados do Rec 24h (um dia no t1 e um dia no t2), com auxílio do software DietPro 5i, porém este avalia uma combinação de diferentes tipos de alimentos, grupos alimentares e nutrientes comparando às recomendações dietéticas do Guia Alimentar para a população brasileira (2006).

O IQD-R é constituído por 12 componentes, dos quais nove são grupos alimentares, dois são nutrientes e o último representa o valor energético oriundo da ingestão de gordura sólida, álcool e açúcar de adição. No qual a ausência do consumo foi conferido a pontuação zero e valores intermediários foram proporcionalmente calculados (tabela 6).

A pontuação do IQD-R (máximo = 100) foi estipulada relacionando o consumo do grupo alimentar ao número de porções diárias por 1000 kcal. A dieta segundo Fisberg et al. (2004) foi classificada como: “inadequada" (abaixo ou igual a 40 pontos); “necessita de modificação”(entre 41 e 64 pontos) e “saudável” (igual ou superior a 65 pontos).

Quadro 6. Pontuação dos componentes do IQD-R

Componentes Pontuação máxima Porção correspondente a pontuação máxima

Frutas totais b 5 1,0 porção/1000kcal

Frutas Integrais c 5 0,5 porção/1000kcal

Vegetais totais d 5 1,0 porção/1000kcal

Vegetais verdes - escuros e alaranjados e Leguminosas d

5 0,5 porção/1000kcal

Cereais totais a 5 2,0 porções/1000kcal

Cereais integrais 5 1,0 porção/1000kcal

Leite e derivados e 10 1,5 porção/1000kcal

Carnes, ovos e leguminosas 10 1,0 porção/1000kcal

Óleos f 10 0,5 porção/1000kcal

Gordura saturada 10 7% do VET

Sódio 10 0,7g/1000kcal

Gord_AA 20 10% do VET

a

Cereais totais= representa o grupo dos cereais, raízes e tubérculos; b Inclui frutas e sucos de frutas naturais; cExclui frutas de sucos; dInclui leguminosas apenas depois que a pontuação máxima de Carnes, ovos e leguminosas for atingida; eInclui leite e derivados e bebidas à base de soja; fInclui as gorduras mono e poliinsaturadas, óleos das oleaginosas e gordura de peixe; Gord_AA: Calorias provenientes da gordura sólida, álcool e açúcar de adição; VET: Valor Energético Total

Fontes: Previdelli et al., 2011 e Jurgensen et al., 2015.

Em ambas análises, foram excluídos a utilização de suplementos alimentares de qualquer espécie, pois a ingestão através da alimentação e a qualidade alimentar era o foco do estudo.

4.6 Composição corporal

Para a avaliação da composição corporal foi utilizado o método antropométrico de medidas de espessuras das dobras cutâneas.

A altura foi determinada por um estadiômetro marca Sanny medindo até

calçados, com os pés encostado à parede, com os membros superiores estendidos ao lado do corpo e com posição olhando para o horizonte. A determinação do peso foi obtida através de uma balança antropométrica marca biolandⓇ (modelo EF912), com capacidade máxima 200kg e precisão de zero vírgula um quilograma, com atletas em jejum de 12 horas, utilizando bermudas de tecido leve, sem camisa e sem sapatos, sendo incentivado o esvaziamento da bexiga anteriormente à avaliação.

Para as medidas das espessuras das dobras cutâneas foi utilizado um compasso científico de dobras cutâneas LangeⓇ, marca TBW e precisão de 0,1mm. Os pontos anatômicos foram medidos sempre do lado direito do indivíduo, pelo mesmo avaliado, em triplicata para obtenção da média.

As dobras cutâneas utilizadas para a mensuração dos níveis de densidade e gordura corporal foram: tríceps (TR), subescapular (SB), axilar média (AM), torácica ou peitoral (TX), abdominal (AB), supra-supra-ilíaca (SI) e coxa (CX), em concordância com o protocolo de Jackson & Pollock (1978).

Para o cálculo de densidade corporal (DC), foi utilizado a equação de Jackson & Pollock (1978), que apesar de não terem estudado deficientes visuais, segundo Broad (2014), não apresentam diferenças fisiológicas entre esses grupos. Para esta equação foi utilizada a somatória de sete dobras:

DC = 1,112 - 0,00043499 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + suprailíaca + abdome + coxa medial) + 0,00000055 (torácica + axilar média + tríceps + subescapular + suprailíaca + abdome + coxa medial)2 - 0,00028826 (idade).

Os resultados de DC puderam ser expressos em percentual de gordura através da equação de Siri (1961): %G = [(4,95/DC) - 4,50] x 100.

4.7 Sinais e sintomas clínicos

O exame físico, utilizado para diagnóstico clínico de desvios nutricionais foi realizado na primeira avaliação do ciclo Paralímpico Rio de Janeiro - 2016 e também quando havia relato de sintomas específicos por algum atleta, como: cansaço excessivo, ressecamento dos olhos e pele, alterações em unhas, dentre outros fatores, sendo relacionado ao quadro segundo Ribeiro (2009) e Cuppari (2005) (apêndice 3).

A avaliação bioquímica dos atletas foi solicitada e analisada por profissional da equipe, no entanto os dados não foram fornecidos para esta pesquisa.

4.8 Questionário de avaliação dos conhecimentos em nutrição

Na terceira e última etapa do trabalho, após finalização das últimas avaliações e ajustes, no último período de treinamento (t2), foi aplicado questionário adaptado de Bassit & Malverdi (1998), para análise do conhecimento em nutrição (apêndice 4), contendo sete questões abrangendo as funções, principais fontes dos macronutrientes, os grupos de substitutos alimentares e a relação entre os nutrientes e o fornecimento de energia. Além disso, foi adicionado uma última questão discursiva, no qual a resposta foi ditada pelo atleta, sobre a opinião pessoal a respeito do acompanhamento nutricional durante este período.

4.9 Tratamento estatístico

Os dados foram analisados através de estatística descritiva (média, desvio padrão, mínimo e máximo). As análises estatísticas foram realizadas através do programa RStudio, versão 1.0.143, com significância de p≦ .05. Para realizar as comparações entre os períodos (t1 e t2) foi utilizado o teste T pareado para comparar populações que não são independentes. No entanto, para ser utilizado, todas as variáveis foram testadas quanto à normalidade através do teste de Kolmogorov-Smirnov e nesse caso, para todas as variáveis os p-valores encontrados foram maiores que 0,4, evidenciando uma distribuição normal.

5 RESULTADOS

Características dos participantes

Um total de 13 atletas, integrantes da seleção brasileira de futebol de 5, do sexo masculino, fizeram parte deste estudo. Na primeira avaliação (t1) os atletas apresentaram-se com 24,5 ± 5,9 anos e 70,7 ± 7 kg; e na última (t2) 27,5 ± 5,7 anos e 72,1 ± 6,1 kg. A estatura em ambas avaliações foi de 171 ± 5,8 cm. As características gerais dos participantes são apresentadas na tabela 2.

Tabela 2. Características dos atletas da seleção brasileira de futebol de 5 (n=13).

Características t1 t2

Idade (anos) 24,5 ± 5,9 27,5 ± 5,7

Estatura (cm) 171 ± 5,8 171 ± 5,8

Massa corporal (Kg) 70,7 ± 7,0 72,1 ± 6,1

Composição Corporal

A tabela 3 apresenta os dados comparativos das variáveis de composição corporal.

Tabela 3. Composição corporal realizadas no t1 e t2 de atletas da seleção brasileira de futebol de 5. Variável t1 t2 p-valor Massa corporal (kg) 70,7 ± 7,0 72,1 ± 6,1 0,033* IMC (kg/m2) 24,2 ± 2,4 24,7 ± 2,0 0,036* Massa Gorda (kg) 8,0 ± 3,1 7,3 ± 2,2 0,072 Massa Magra (kg) 62,7 ± 4,8 64,7 ± 4,6 <0,001* % Gordura (%) 11,1 ± 3,4 10,0 ± 2,4 0,018*

*Diferença significativa entre os tempos t1 e t2 (p≦.05).

Na tabela 3, os valores médios e desvios padrões, respectivamente para t1 e t2 em relação a massa corporal, em quilos, foram consecutivamente de 70,7 ± 7,0 e 72,1 ± 6,1, e indicando aumento significativo nesta variável, da primeira para a segunda avaliação, assim como a massa magra, em quilogramas, (t1 = 62,7 ± 4,8 e t2 = 64,7 ± 4,6). Entretanto, a porcentagem de gordura (t1 = 11,1 ± 3,4 e t2 = 10,0 ±

2,4) apontou redução estatisticamente significante. A comparação de composição corporal que indicou o aumento da massa corporal pode ser explicado devido ao aumento da massa magra, já que a porcentagem de gordura corporal indicou redução.

É possível observar que houve diferença entre si no t1 comparada ao t2 para as variáveis. Em quase todas houve diferença significativa, somente a massa gorda (kg), por seu valor não tão baixo quanto os demais (0,072), podemos dizer, de acordo com as análises estatísticas, que sua mudança foi leve.

Ingestão Alimentar

A tabela 4 apresenta a ingestão de macronutrientes relatada pelos atletas da seleção brasileira de futebol de 5 no início do ciclo paralímpico (t1) em comparação ao fim do ciclo em período preparatório aos jogos Rio de Janeiro - 2016 (t2).

Para analisar a possível melhora na ingestão alimentar, através do recordatório de 24h, foram avaliadas as variáveis: ingestão de energia, carboidratos, lipídeos e proteínas e se houveram diferenças significativas entre os períodos analisados (t1 e t2).

Tabela 4. Ingestão de macronutrientes através do Rec24h em dois momentos (t1 e t2) de atletas da seleção brasileira de futebol de 5.

Variável t1 t2 p-valor

Ingestão energética (kcal) 2236,6 ± 406,8 2547,9 ± 457,4 0,107 Carboidratos (g/kg/dia) 4,0 ± 0,7 5,1 ± 1,2 0,019* Carboidratos (%) 51,1 ± 8,9 55,6 ± 1,2 0,017* Proteínas (g/kg/dia) 1,4 ± 0,5 2,0 ± 0,5 0,006* Proteínas (%) 17,4 ± 4,5 21,4 ± 2,9 0,004* Lipídeos (g/kg/dia) 1,1 ± 0,4 0,9 ± 0,3 0,08 Lipídeos (%) 31,4 ± 7,7 25,8 ± 12,2 0,113

*Diferença significativa entre os tempos t1 e t2 (p≦.05).

Para valores de ingestão energética (t1= 2236,6 ± 406,8 e t2= 2547,9 ± 457,4) e consumo de lipídeos, em gramas por quilograma de massa corporal por dia

e porcentagem de ingestão, não houve diferenças significativas. Porém, é possível dizer que para os lipídeos houve discreta diminuição (p=0,08).

Entretanto, apesar desses valores (ingestão energética e lipídeos) não terem significância, as variáveis, carboidratos e proteínas (em gramas por quilogramas de massa corporal por dia e porcentagem de ingestão) indicaram alterações expressivas e diferença significativa, contudo não ultrapassaram o limite superior das recomendações gerais. No qual a quantidade consumida no t2 foi maior que no t1, podendo indicar alterações após intervenções realizadas.

Análise do Índice de Qualidade da Dieta

A tabela 5 apresenta a distribuição da pontuação e das porções do IQD- R.

Tabela 5 IQD-R e pontuação por componentes. Baseado em Jurgensen, 2015.

t1 t2 Componentes Porção/ 1000kcal Pontuação (pontos) Porção/ 1000kcal Pontuação (pontos) IQD-R score - 52,0 (27,0) [23,2-75,7] - 77,8 (21,1) [47,7-83,9] Frutas totais 1,5 (1,4) [0,0-5,4] 3,9 (1,8) [0,0-5,0] 1,6 (0,8) [0,8-3,2] 4,8 (0,4) [3,8-5,0] Frutas integrais 1,9 (2,1) [0,0-8,1] 3,7 (1,8) [0,0-5,0] 2,8 (1,4) [1,3-5,5] 5,0 (0,0) [5,0-5,0] Vegetais totais 1,6 (1,9) [0,0-6,3] 3,0 (2,0) [0,0-5,0] 3,2 (2,2) [0,7-7,4] 4,9 (0,4) [3,6-5,0] Vegetais verdes-escuros e alaranjados e leguminosas 3,2 (3,6) [0,0-12,6] 3,6 (2,0) [0,0-5,0] 7,0 (5,0) [0,3-14,7] 4,7 (0,9) [1,7-5,0] Cereais totais 0,9 (0,5) [0,1-1,9] 4,0 (1,6) [0,3-5,0] 1,3 (0,4) [0,8-2,3] 5,2 (1,0) [4,2-8,5] Cereais integrais 0,3 (0,5) [0,0-1,7] 1,0 (1,8) [0,0-5,0] 1,6 (0,6) [0,5-2,7] 4,7 (0,6) [3,0-5,0] Leite e derivados 0,6 (0,4) [0,0-1,5] 5,5 (3,0) [0,0-10,0] 0,6 (2,3) [0,2-1,3] 6,3 (2,3) [2,2-10,0] Carnes, ovos e leguminosas 1,1 (0,4)

[0,5-2,0] 8,1 (2,3) [4,3-10,0] 1,1 (0,3) [0,5-1,7] 8,7 (1,8) [5,1-10,0] Óleos 2,8 (2,5) [0,8-8,1] 9,3 (1,6) [4,1-10,0] 1,1 (0,5) [0,6-2,3] 9,1 (1,6) [5,7-10,0] Gordura saturada 10,9 (5,8) [3,6-22,0] 6,4 (4,3) [0,0-11,9] 7,2 (2,3) [3,5-11,1] 9,1 (1,4) [6,1-10,0] Sódio 2,5 (0,5) [1,6-3,3] 0,5 (0,9) [0,0-3,0] 1,2 (0,2) [0,9-1,5] 6,1 (1,8) [4,0-8,5] Gordura, açúcar e álcool 39,2 (13,9)

[22,1-61,1] 3,0 (3,9) [0,0-9,7] 23,2 (3,6) [18,5-31,3] 9,0 (3,3) [1,9-13,2]

O valor médio e desvio padrão, respectivamente, das pontuações atribuídas aos atletas na primeira avaliação (t1) foram de 52,0 (±13,9) e na segunda avaliação (t2) de 77,8 (±21,1). No t1, 76,9% dos avaliados apresentaram dieta “inadequada" ou "necessita de modificação", enquanto no t2, todos os indivíduos (100%) apresentaram dieta “saudável”.

Em relação a alguns componentes da dieta, 53,8% dos atletas não consumiram as recomendações adequadas de vegetais totais e 46,1% de frutas integrais no t1 em comparação com t2 que apenas 15,4% não atingiram as recomendações de vegetais totais e 100% atingiram as recomendações das frutas integrais. Do total de atletas, 69,2% não consumiram cereais integrais no dia da primeira avaliação (t1) e apenas um indivíduo atingiu a recomendação adequada, em contrapartida com apenas três indivíduos que não atingiram as recomendações adequadas no t2 e nenhum deles obteve pontuação zero.

O consumo do componente "leite e derivados" apresentou-se bem abaixo das recomendações, no qual 46,1% dos atletas não consumiram sequer 50% das recomendações (5 pontos) t1 e um deles não apresentou consumo no dia da avaliação e t2, 30,8% ainda apresentavam-se abaixo dos 5 pontos, mas todos haviam tido algum consumo de "leite e derivados".

Considerando o componente "carnes, ovos e leguminosas" observou-se melhor pontuação em relação aos demais componentes alimentares em ambas as avaliações. No entanto, houve diferença entre as avaliações em que três indivíduos no t1 apresentaram-se abaixo de 50% das recomendações e no t2 todos estavam acima desses 50%.

A pontuação de gordura sólida, álcool e açúcar de adição é distribuída de modo inversamente proporcional a sua ingestão, ou seja, quanto maior a ingestão menor a pontuação, indicando uma expressiva redução do consumo [t1 = 3,0 (±3,9) e t2 = 9,0 (±3,3)], principalmente dos açúcares de adição e gorduras sólidas da primeira para a segunda avaliação, já que nenhum atleta relatou consumo de álcool nesses dias.

Questionário de avaliação dos conhecimentos em nutrição

Em relação aos dados obtidos com o questionário de conhecimentos básicos em nutrição, observou-se grande incidência de erro (76,9%) na questão 4, visto que somente três atletas consideraram mel como fonte de carboidratos e com

exceção deste alimento, os demais foram assinalados de forma correta (figura 4). As questões 2, 4 e 7 são consideradas de fundamental importância para a manutenção da ingestão adequada de alimentos (Bassit & Malverdi, 1998).

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