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Futebol de 5 : planejamento e avaliação nutricional

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Academic year: 2021

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(1)

UNICAMP

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

VIVIAN MARIA DOS SANTOS PARANHOS

FUTEBOL DE 5: PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

NUTRICIONAL

CAMPINAS

2018

(2)

VIVIAN MARIA DOS SANTOS PARANHOS

FUTEBOL DE 5: PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

NUTRICIONAL

Orientador: Prof.Dr. Edison Duarte

CAMPINAS

2018

Tese apresentada à Faculdade de

Educação

Física

da

Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do

título Doutora em Educação Física, na

Área de Atividade Física Adaptada

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DE TESE DEFENDIDA PELA ALUNA VIVIAN MARIA DOS SANTOS PARANHOS, E ORIENTADA PELO PROF. DR. EDISON DUARTE

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Dulce Inês Leocádio - CRB 8/4991

Paranhos, Vivian Maria dos Santos,

P212f ParFutebol de 5 : avaliação e intervenção nutricional durante ciclo paralímpico 2013-2016. / Vivian Maria dos Santos Paranhos. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

ParOrientador: Edison Duarte.

ParTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.

Par1. Esporte paralímpico. 2. Esportes - Nutrição. 3. Aspectos nutricionais. 4. Deficiência visual. I. Duarte, Edison. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação Física. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Football five a side : evaluation and nutritional intervention during

paralympic cycle 2013-2016 Palavras-chave em inglês: Paralympics Sports - Nutrition Nutritional aspects Visual impairments

Área de concentração: Atividade Física Adaptada Titulação: Doutora em Educação Física

Banca examinadora:

Edison Duarte [Orientador] João Paulo Borin

José Julio Gavião de Almeida Claudia Ridel Juzwiak

Maria Luisa Bellotto Bortoleto

Data de defesa: 14-08-2018

Programa de Pós-Graduação: Educação Física

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COMISSÃO EXAMINADORA

Prof Dr. Edison Duarte (orientador) Prof. Dr. João Paulo Borin

Prof. Dr. José Julio Gavião De Almeida Prof. Dra. Claudia Ridel Juzwiak Prof. Dra. Maria Luisa Bellotto Bortoleto

Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à Deus, ao universo e aos meus anjos da guarda. Ao meu orientador Edison. Aos meus pais Tânia e Claudinei, ao meu namorado Jonathan e a minha irmã Patricia.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é muito importante mas perigoso ao mesmo tempo, pois nestes anos muitas pessoas contribuiram direta e indiretamente com essa importante realização da minha vida profissional e acadêmica e tenho muito receio de esquecer alguém. Tenho uma lista enorme e sei que muitos ficarão de fora por meu esquecimento, mas tenham certeza que estarão sempre em meu coração.

Agradeço à Deus, ao universo, aos meus mentores espirituais e anjos da guarda por manterem minha mente sã, cheia de vitalidade, energia e pensamentos positivos para que tudo pudesse acontecer como deveria ser.

Minha enorme gratidão ao meu orientador Prof. Dr. Edison Duarte pela confiança, por me incentivar a crescer, a superar obstáculos, por todas as minhas conquistas nesta caminhada, por ser meu exemplo, meu pai científico.

À minha amada família, meu orgulho: Tânia, mãe maravilhosa, meu exemplo de vida, de empenho e dedicação, uma verdadeira fortaleza! Nei, meu pai, meu exemplo de superação e crescimento de vida. Agradeço por sempre me acolher e amparar. Você é meu verdadeiro herói! Não conheço pais mais maravilhosos que os meus! Se sou esta pessoa e profissional hoje, devo isso a vocês! E claro que não poderia deixar de agradecer minha irmãzinha querida, Pati, pelo amor, amizade e tudo que uma irmandade tem direito. Te desejo muito sucesso, prosperidade e muita luz no seu caminho. E que eu possa acompanhar tudo isso de pertinho!

Um agradecimento especial ao meu namorado, meu companheiro Jonathan, pela preocupação e dedicação sempre e por toda paciência e compreensão.

Agradeço à toda a comissão técnica da Seleção Brasileira de Futebol de 5: Fábio, Josinaldo, Halekson, Luis Felipe, João Paulo, Lucas e atletas, por todo o aprendizado, incentivo e participação para que este trabalho pudesse ser realizado.

Aos colaboradores da FEF de todos os setores e a todos que contribuíram de alguma forma com este trabalho neste período. MINHA ETERNA GRATIDÃO!

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RESUMO

O futebol de 5 é uma modalidade esportiva praticada por atletas com deficiência visual e semelhante ao futsal, com regras e características especifícas. A seleção brasileira de futebol de 5 teve sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos, campeonato mais importante da modalidade, em Atenas – 2004 e desde sua estréia manteve-se invicta, até as paralimpíadas Rio de Janeiro – 2016, período que se encerra este trabalho. O objetivo do presente estudo foi descrever o planejamento nutricional e avaliar seu impacto em atletas da seleção brasileira de futebol de 5, durante o ciclo paralímpico, 2013-2016. Foram avaliados, em ambas etapas (t1 e t2), a composição corporal, a ingestão alimentar e o Índice de Qualidade da Dieta (IQD-R), além do questionário de avaliação dos conhecimentos em nutrição, aplicado somente na t2. Foi encontrado aumento significativo da t1 para t2, em quilogramas, na massa magra e massa corporal e redução significativa da porcentagem de gordura no mesmo período. A ingestão alimentar apresentou alterações expressivas e diferença significativa nos carboidratos e proteínas da primeira para a segunda etapa. No IQD-R, em t1, a maioria dos atletas apresentou dieta “inadequada” ou “necessita modificação”, já em t2 100% apresentaram dieta “saudável”. No questionário de avaliação do conhecimento em nutrição realizada na última etapa, observou-se grande incidência de erro (76,9%) na questão sobre fontes de carboidrato, visto que somente três atletas consideraram mel como fonte. 100% dos atletas acertaram todas as fontes alimentares de gordura e proteínas, além disso, na questão discurssiva, todos consideraram fundamental a presença e o acompanhamento do nutricionista na equipe. Desta forma pode-se concluir que a inclusão do nutricionista, durante o ciclo paralímpico Rio de Janeiro - 2016, propiciaram aos atletas melhoria evidente do estado nutricional, considerando o início (t1) e o fim (t2) do ciclo, nos aspectos da composição corporal, ingestão alimentar e qualidade da dieta. Observamos ainda, a aquisição, por parte dos atletas, de conhecimentos em nutrição e a fundamental relevância que o nutricionista teve neste período.

Palavras–chave: Esporte Paralímpico; Nutrição no esporte; Aspectos nutricionais;

(8)

ABSTRACT

Five a side team is a kind of sport for visual impairment athletes and it seems futsal with specific rules and caracteristics. Brazilian five-a-side team had the first participation in the Paralympic Games, the most important sport championship, in Athens - 2004 and from its debut remained unbeaten until the Paralympics games in Rio de Janeiro - 2016. This re-search has goals to describe nutritional planning and evaluate impact on athletes of the Bra-zilian five-a-side team during the Paralympic cycle, 2013-2016. The body composition, die-tary intake and Diet Quality Index (IQD-R), were evaluated in both stages (t1 and t2), and questionnaire to assess the knowledge on nutrition, applied only in t2. A significant increase of t1 to t2 was found, body weight (kg) (, in lean mass and body mass, and a significant re-duction in fat percentage in the same period. Food intake presented significant changes and significant difference in carbohydrates and proteins from first to second stage. In IQD-R, in t1, majority of athletes presented "inadequate" or "needs modification" diet, already in t2 100% presented "healthy" diet. In questionnaire for evaluation of knowledge in nutrition per-formed in the last stage, a high incidence of error (76.9%) was observed in question about carbohydrate, since only three athletes considered honey as a source. 100% of the athletes matched all dietary sources of fat and protein, in addition, in the discursive issue, all consid-ered important the presence and the accompaniment of the nutritionist in the team. We can conclude the inclusion of the nutritionist, during paralympic cycle Rio de Janeiro - 2016, al-lowed the athletes to improve their nutritional status, considering beginning (t1) and the end (t2) dietary intake and quality of diet. We also observed, acquisition, by the athletes, of nutri-tional knowledge and relevance that dietitian had in this period.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação do estado nutricional de adultos segundo IMC ... 41 Tabela 2 – Caracterísicas dos atletas da seleção brasileira de futebol de 5 ... 70 Tabela 3 - Composição corporal realizadas no t1 e t2 de atletas da seleção brasileira de futebol de 5 ... 70 Tabela 4 – Ingestão de macronutrientes através do Rec 24h em dois momentos (t1 e t2) de atletas da seleção brasileira de futebol de 5 ... 71 Tabela 5 – IQD-R e pontuação por componentes ... 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Quadra de jogo de futebol de 5 ... 19

Figura 2 – Bandas laterais para a prática de futebol de 5 ... 19

Figura 3 – Pirâmide dos alimentos ... 52

Figura 4 –Porcentagem de acertos do questionário de avaliação dos conhecimentos em nutrição ... 74

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do recordatório de 24 horas ... 34

Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do questionário de frequência alimentar ... 36

Quadro 3 – Vantagens e desvantagens da história alimentar ... 37

Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do diário alimentar ... 38

Quadro 5 – Valor energético e n° de porções por grupo de alimentos em exemplo de dieta de 2000 kcal ... 52

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SUMÁRIO 1 Introdução _______________________________________________________ 13 2 Objetivos ________________________________________________________ 16 2.1 Objetivo geral __________________________________________ 16 2.2 Objetivos específicos _____________________________________ 16 3 Revisão de literatura ______________________________________________ 17 3.1 O Futebol de 5 __________________________________________ 17 3.2 Nutrição Esportiva _______________________________________ 23 3.2.1 Atribuições do Nutricionista Esportivo ___________________ 23 3.2.2 Nutrição no Esporte _________________________________ 25 3.2.3 Nutrição no Futebol _________________________________ 26 3.2.4 Nutrição na Preparação Esportiva ______________________ 27 3.2.5 Nutrição para Atletas Deficientes Visuais _________________ 28 3.3 Plano Nutricional para Atletas ______________________________ 30 3.3.1 Avaliação do Estado Nutricional ________________________ 30 I) Anamnese _______________________________________ 31 II) Consumo Alimentar _______________________________ 32 a) Recordatório de 24 horas (Rec 24h) _____________ 33 b) Questionário de Frequência Alimentar (QFA) ______ 35 c) História Alimentar (HA) _______________________ 36 d) Diário Alimentar ou Registro Alimentar (DA) _______ 37 III) Composição Corporal _____________________________ 38 a) Antropometria _______________________________ 40 b) Equações Preditivas de Densidade Corporal _______ 43 3.3.1.4 Exames Complementares e Sinais Clínicos _________ 44 3.3.1.5 Determinação e Métodos de Mensuração das Necessidades Energéticas ____________________________________________ 45

a) Calorimetria Direta ___________________________ 46 b) Calorimetria Indireta __________________________ 47 c) Água Duplamente Marcada ____________________ 47 d) Equações de Predição ________________________ 48 3.3.2 Análise e Interpretação Nutricional ______________________ 50 a) Recomendações e Desempenho Físico ________________ 55

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b) Recomendações Nutricionais para Atletas Deficientes Visuais _________________________________________________________ 58 4 Materiais e Métodos _______________________________________________ 61 4.1 Desenho da Pesquisa ____________________________________ 63 4.2 Seleção dos Indivíduos ___________________________________ 63 4.2.1 Critérios de Inclusão ___________________________________ 63 4.2.2 Critérios de Exclusão ___________________________________ 64 4.3 Anamnese Nutricional ____________________________________ 64 4.4 Avaliação do Consumo Alimentar ____________________________ 64 4.5 Avaliação Dietética _______________________________________ 65 4.6 Composição Corporal _____________________________________ 67 4.7 Sinais e Sintomas Clínicos _________________________________ 68 4.8 Questionário de Avaliação dos Conhecimentos em Nutrição _______ 69 4.9 Tratamento Estatístico ____________________________________ 69 5 Resultados ______________________________________________________ 70 6 Discussão _______________________________________________________ 75 7 Conclusão _______________________________________________________ 86 8 Considerações Finais _____________________________________________ 88 9 Referências Bibliográficas _________________________________________ 89 Apêndice 1 Anamnese Nutricional ______________________________________ 97 Apêndice 2 Avaliação do Consumo Alimentar ______________________________ 98 Apêndice 3 Sinais e Sintomas Clínicos __________________________________ 100 Apêndice 4 Questionário de Avaliação dos Conhecimentos em Nutrição ________ 101 Anexo 1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ______________________ 102 Anexo 2 Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp ________________________ 106

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1 INTRODUÇÃO

A seleção brasileira de futebol de 5 teve sua primeira participação nos Jogos Paralímpicos, campeonato mais importante da modalidade, em Atenas - 2004 e desde sua estréia manteve-se invicta, até este último no Rio de Janeiro - 2016, período que se encerra este trabalho (CBDV, 2016). Desde então acumula cinco títulos Mundiais, quatro paralímpicos e três parapanamericanos.

Vale lembrar que para a modalidade se tornar esporte paralímpico, esta necessita seguir uma séria de exigências norteadas por diretrizes internacionais, tais como: massificação e qualidade dos eventos pelo mundo. Nesse sentido, destacamos a realização do primeiro campeonato mundial de futebol de 5, evento decisivo para que outros dessa natureza pudessem ocorrer.

Nota-se assim que muita história e “luta” antecedem a realização do futebol de 5 e para que este ingresssasse nos Jogos Paralímpicos. Não sendo o objetivo específico deste estudo aprofundar-se nesse assunto, mas cabe, sem dúvidas, relembrar a parceria entre a Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais (ABDC), atual Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), através da Faculdade de Educação Física (FEF), para que se realizasse o primeiro campeonato de futebol mundial de futebol de 5, em 1998.

Inicialmente, este evento seria realizado no ginásio multidisciplinar da UNICAMP, mas por questões físicas, ocasionadas por um vendaval que afetou a estrutura da cobertura do ginásio, este campeonato foi realizado no município de Paulínia, SP, Brasil.

Trazemos à tona tal instrumentação histórica devido a importância de se criar um elo científico entre ABDC e UNICAMP, que se estendeu, na sequência entre a UNICAMP (inclusive no plano de pós-graduação) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Surgindo assim, um novo propósito entre as atividades científicas e de pesquisa da FEF-UNICAMP e voltando-se para o “mundo do esporte paralímpico

Dentre os esportes para deficientes visuais, do ponto de vista motor e perceptivo, o futebol de 5 é considerado uma das modalidades desportivas mais difíceis e exigentes (MOREIRA, 2006). A audição é um dos principais sentidos de destaque e utilizado durante os treinos e competições (CBDV, 2016).

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O treinamento prepara o atleta de forma técnica, tática, psicológica e física, por meio de adaptações positivas, com a finalidade de maximizar os efeitos do estímulo do treinamento, para que o atleta atinja o mais alto nível possível no desempenho que em geral são solicitadas durante a principal competição da modalidade (MATVEEV, 1977; BOMPA, 2002; DEWEESE, 2015). Quanto às características fisiológicas e metabólicas, a modalidade do futebol de 5 requer altos níveis de condicionamento predominantemente anaeróbios (CAMPOS et al., 2013).

Análises fisiológicas em atletas com e sem deficiência visual levam a acreditar em suas semelhanças, porém é de conhecimento que estes atletas possuem o ritmo circadiano maior que 24 horas, podendo interferir na força e no tempo de reação em treinamentos e competições, sendo também influenciado pela variação da luz, temperatura e ventos entre o dia e a noite (BROAD, 2014).

Inúmeros fatores contribuem com o sucesso no esporte, incluindo talento, treino, estímulo e resistência às lesões. No momento em que o atleta altamente talentoso, motivado e treinado participa de competições, o limiar entre ganhar e perder, na maioria das vezes, é mínimo. A diferença vital pode estar presente na atenção aos detalhes, dentre outros, o da nutrição como um dos fatores chave na preparação dos atletas de alto rendimento (ACSM, 2009; IOC, 2012; CPB, 2013).

A nutrição inserida no âmbito esportivo cresce em grandes proporções e visa, através de condutas alimentares adequadas, manter a saúde e otimizar o rendimento, oferecendo suporte necessário para que atletas possam desempenhar suas capacidades máximas em treinamentos e competições, amenizando efeitos negativos do exercício em demasia para o organismo (BELLOTTO & LINARES, 2008; OLIVEIRA; TORRES; VIEIRA, 2008). Dentre outros, a desidratação e a depleção do glicogênio muscular, podem ser considerados fatores limitantes no rendimento físico e mental, afetando a performance do atleta (ACSM, 2007; GUERRA, 2010(a)).

Neste sentido, o profissional nutricionista garante o aporte nutricional individualizado ao atleta e às especificidades da modalidade. A alimentação dos jogadores deve possuir quantidades suficientes para manter o peso corporal, atender a demanda de treinos e jogos, permitir que o jogador evite queda de desempenho e ainda possua menor risco de lesão e maior tempo de exercício até a fadiga (GUERRA, 2010(b); SOUZA & NAVARRO, 2015).

(15)

Condutas nutricionais dentro da nutrição esportiva devem estar sempre associadas às questões do treinamento esportivo. Estratégias nutricionais devem ser específicas a cada indivíduo e adotadas no macro, meso e microciclo de treinamento e também em fases de pré-competição, competição e recuperação (BOGÉA, 2005; HEIKURA, 2017). Desta forma, a avaliação nutricional é indispensável no acompanhamento da composição corporal; na determinação das necessidades nutricionais; no peso e percentual de gorduras adequados, fundamentado em aspectos fisiológicos, antropométricos e dietéticos (FAGUNDES & BOSCAINI, 2014). As recomendações específicas à atletas com deficiência visual devem ser direcionadas às intervenções, modificações e aplicações práticas e inseridas em sua rotina.

A atuação do nutricionista na seleção brasileira de futebol de 5 teve seu início em 2013, período em que também se iniciava o ciclo paralímpico Rio de Janeiro - 2016, com duração de 4 anos. A necessidade do nutricionista em compor a equipe veio por solicitações dos próprios atletas e comissão técnica, frente ao crescimento e evolução da modalidade e também das exigências do esporte, com adversários cada vez mais competitivos em competições cada vez mais acirradas.

Após busca na literatura específica, sem êxito, começamos a elaborar e desenvolver, com acompanhamento longitudinal, o planejamento e avaliação nutricional para aqueles atletas.

Sabendo da importância da avaliação, do diagnóstico e do acompanhamento nutricional em atletas e considerando a ausência da literatura a respeito da avaliação nutricional e da atuação do nutricionista no futebol de 5, procurou-se com este estudo, elaborar o planejamento e avaliação nutricional para atletas da seleção brasileira de futebol de 5. Este trabalho possui a finalidade de transmitir o conhecimento adquirido, auxiliando outros profissionais inseridos neste mesmo contexto ou de forma similar.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Descrever o plano nutricional e avaliar seu impacto em atletas da seleção brasileira de futebol de 5, durante o ciclo paralímpico, 2013-2016.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-

Descrever e comparar possíveis alterações de composição corporal: peso, massa magra, massa gorda e porcentagem de gordura; associado aos aspectos do treinamento, no início e fim do ciclo paralímpico;

-

Descrever e comparar possíveis alterações de ingestão e qualidade alimentar, no início e fim do ciclo paralímpico;

-

Analisar o conhecimento nutricional adquirido pelos atletas após realização do acompanhamento nutricional, no fim deste ciclo paralímpico.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 O FUTEBOL DE 5

Não é de conhecimento exato o ano em que os deficientes visuais iniciaram a prática do futebol de 5. Há relatos que foi na Espanha, em meados da década de 1920 nas escolas e institutos especializados (MORATO, 2011; PORTAL BRASIL, 2016). No Brasil, as primeiras informações sobre a prática competitiva da modalidade entre pessoas cegas surgiram com bolas envolvidas em sacolas plásticas dentro de instituições que as abrigavam, nas décadas de cinquenta e sessenta como o Instituto Santa Luzia (ISL) em Porto Alegre, Instituto Padre Chico em São Paulo e Instituto Benjamim Constant (IBC) no Rio de Janeiro (FONTES, 2006).

A prática do futebol por deficientes visuais foi iniciada de forma natural, devido a similaridade ao futsal ou futebol de salão e ao forte movimento cultural gerado pelo futebol no mundo todo. Todavia, ainda hoje a sociedade se surpreende assistindo atletas cegos praticando a modalidade que ficou conhecida por futebol de 5 (FONTES, 2006; FREIRE & CONRADO, 2014).

Segundo Fontes (2006), a primeira competição realizada no Brasil que se tem conhecimento foi entre institutos, associações ou entidades em 1974. O torneio realizado no ISL contou com a participação de equipes do Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Após esta data, inúmeras competições foram realizadas, sendo o primeiro campeonato brasileiro oficial em 1986, na cidade de São Paulo - SP (FREIRE & CONRADO, 2014).

Na América do Sul, o primeiro torneio reconhecido e organizado pela International Sports Blind Federation (IBSA) foi a Copa América de Assunção – 1997 (Paraguai). O primeiro campeonato mundial ocorreu no ano 1998 e estava organizado para ser realizado no ginásio multidisciplinar da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, SP, Brasil, porém, após um vendaval que prejudicou a referida instalação esportiva e cultural, este veio realizar-se na cidade de Paulínia, SP, Brasil (próximo à Universidade), com a seleção brasileira de futebol de 5 se consagrando primeira campeã mundial na modalidade (CBDV, 2016). Este evento foi fundamental para que o futebol de 5 pudesse cumprir as exigências essenciais que o tornariam, mais tarde, modalidade paralímpica.

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Assim, o futebol de 5 entrou para o programa dos Jogos Paralímpicos em Atenas - 2004. Desde a sua estréia, todas as edições foram vencidas pela seleção brasileira que atualmente dispõe de cinco títulos Mundiais [Paulínia – 1998 (Brasil), Jerez – 2000 (Espanha), Hereford – 2010 (Inglaterra), Tóquio – 2014 (Japão)] e Madrid – 2018 (Espanha), quatro Paralímpicos [Atenas – 2004 (Grécia), Pequim – 2008 (China), Londres - 2012 (Inglaterra) e Rio de Janeiro – 2016 (Brasil)] e três Parapanamericanos [Rio de Janeiro – 2007 (Brasil), Guadalajara – 2011 (México), e Toronto – 2015 (Canadá)] (CBDV, 2016).

No Brasil, atualmente existem aproximadamente 30 equipes participantes dos campeonatos brasileiros entre série A (grupo de elite) e série B (grupo de acesso). Além desses, também são promovidos anualmente quatro campeonatos regionais: Sul, Nordeste, Centro-Norte e Sudeste. Através dessas competições, atletas que se destacam, são convidados a representar a seleção brasileira (CAMPOS, 2017).

No esporte paralímpico, diferentemente do olímpico, os atletas são classificados por níveis de comprometimento e de habilidades específicas.

No caso dos esportes para atletas com deficiência visual, estes são classificados em B1, B2 e B3. Os atletas B1, sujeitos que fizeram parte deste estudo, possuem deficiência total ou até, no máximo, a percepção luminosa, com incapacidade de reconhecer o formato da mão, a qualquer distância ou em qualquer direção e por isto são considerados cegos. Já os atletas B2 e B3 são considerados com baixa visão (FONTES, 2006; DE ALMEIDA et al., 2010).

As regras do futebol de 5 são baseadas nas regras da Fédération Internationale de Football Association (FIFA), adaptadas para jogadores B1 e B2/B3 de acordo com o Subcomitê de Futebol de 5 da IBSA (SOUZA, 2014).

As partidas acontecem normalmente em quadra de futsal ou grama sintética (desde os Jogos Paralímpicos de Atenas) e de modo a melhorar a orientação auditiva dos praticantes recomenda-se quadras externas de comprimento entre 40 metros a 38 metros (máximo e mínimo) e largura entre 20 metros e 18 metros (máximo e mínimo) (FONTES, 2006; SOUZA, 2014). (figura 1)

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Figura 1. Quadra de jogo de futebol de 5

Fonte: Souza, 2014.

As laterais da quadra são marcadas com bandas (espécie de muro que limita o espaço lateral da quadra) que podem ser confeccionadas em plástico, ou madeira, ou alumínio, dentre outros materiais, com altura que varia entre um a um metro e vinte centímetros, com o objetivo de facilitar um ritmo constante de jogo e impedir a saída constante da bola pelas laterais (FONTES, 2006; SOUZA, 2014; CBDV, 2016). (Figura 2)

Figura 2. Bandas laterais para a prática de futebol de 5. a) banda lateral de madeira; b) banda lateral de plástico; c) banda lateral inflável; d) banda lateral em alumínio

. Fonte: Campos, 2017.

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A bola utilizada no futebol de 5 possui sistema de som interno (guizos) necessário para a orientação dos jogadores, além de permitir a trajetória regular da bola, a manutenção do som e a segurança de seus praticantes. Através do som emitido pelos guizos, os jogadores podem identificar onde está a bola, de onde está vindo e para onde está indo, podendo assim conduzi-la ou interceptá-la. Por esses motivos é muito importante o controle das manifestações sonoras durante o andamento da partida, considerando tanto a participação dos expectadores quanto a dos atletas e equipe técnica em jogo (FONTES, 2006; SOUZA, 2014; CBDV, 2016).

O jogo possui duração de 50 minutos, divididos em dois períodos de 25 minutos, com o intervalo entre os dois períodos de, no máximo, 10 minutos. Cada equipe terá direito a solicitar 1 minuto de tempo técnico em cada um dos períodos. Durante toda a partida as substituições são ilimitadas, e o jogador substituído pode retornar ao jogo em qualquer momento, mediante aviso prévio do diretor técnico, havendo nas substituições dos jogadores o cronômetro paralisado. (FONTES, 2006; SOUZA, 2014).

Para o início do jogo, cada equipe deve possuir quatro jogadores B1, portando os equipamentos básicos obrigatórios além da utilização de protetores oculares, e sobre eles, uma venda de material absorvente com proteção acolchoada; um goleiro que pode ser normovisual ou deficiente visual (B2 ou B3) e o chamador posicionado atrás do gol adversário (SOUZA, 2014; CBDV, 2016). Entretanto, diante das atuais exigências e necessidades de alto rendimento, os jogadores goleiros não possuem deficiência visual.

Muitos expectadores ao assistirem os jogos se perguntam como os atletas se orientam em quadra e de que forma isso acontece. As orientações durante a partida são fornecidas pelos guias e devem ser exercidas de forma discreta e responsável, sem prejudicar ou dificultar a percepção auditiva dos jogadores (SOUZA & ROBERTES, 2014).

No futebol de 5, a responsabilidade pela orientação dos jogadores é exercida por três guias: o goleiro, o técnico e o chamador, dividindo a quadra em três espaços distintos. O goleiro, além de sua função mais conhecida em outras modalidades, deve orientar sua equipe, essencialmente os jogadores situados na defesa, na realização de passes e bloqueios. O técnico também exerce sua função como em qualquer outro jogo, desde que o faça em seu terço central. O chamador, localizado atrás do gol adversário, orienta o ataque de seu time, a direção do gol, a

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quantidade de marcadores, a posição da defesa adversária, as possibilidades de jogada e demais informações úteis (FONTES, 2006; SOUZA, 2014; SOUZA & ROBERTES, 2014; CBDV, 2016).

A delimitação do espaço faz parte da regra, dividindo a quadra em três setores, aproximadamente: o goleiro (terço de defesa) orienta os jogadores nos primeiros 10 metros da linha de meta; o técnico (terço médio) nos 20 metros do meio da quadra; e o chamador (terço de ataque) nos 10 metros da linha de meta adversária. As orientações se sucedem tendo como referência a bola; quando esta se encontra no terço de defesa a orientação deve ser feita pelo goleiro, no terço médio pelo técnico e no terço de ataque pelo chamador e estas devem respeitar seus setores para não atrapalhar os jogadores que ainda precisam ouvir a bola. (SOUZA, 2014; SOUZA & ROBERTES, 2014).

O futebol de 5 deve ser praticado em ambiente silencioso e seus expectadores devem se manifestar somente quando a bola estiver fora do jogo (CBDV, 2016).

O futebol de 5 requer de seus jogadores movimentações rápidas e constantes em todas as direções, obedecendo princípios táticos coletivos, além das exigências simultâneas de fatores do jogo como: detectar a posição e trajetória da bola, dos companheiros e adversários, compreender as informações fornecidas pelo treinador, goleiro ou chamador, dependendo de sua posição em campo e também filtrar ruídos externos que possam estar presentes durante a partida (MOREIRA, 2006).

Para que o atleta alcance o mais alto nível possível no desempenho que em geral é solicitado durante a principal competição da modalidade, é imprescindível o planejamento e elaboração do treinamento esportivo. O treinamento prepara o atleta de forma técnica, tática, psicológica, fisiológica e física, através de adaptações positivas, com a finalidade de maximizar os efeitos do estímulo do treinamento. Este deve levar em consideração a organização, estruturação e o controle do treinamento com a finalidade de atingir os objetivos pré-estabelecidos de curto, médio e longo prazo, além de incluir períodos de recuperação/descanso, reforço psicológico, nutrição diária, sono, dentre outros fatores, para que a recuperação/adaptação seja otimizada (MATVEEV, 1977; BOMPA, 2002; DEWEESE, 2015).

A estruturação do treinamento pode ser elucidada através da sistematização do conteúdo de treino que ocorre por meio da subdivisão do

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processo de treinamento em períodos de tempo específicos e fases de adequação, chamada de periodização (DEWEESE, 2015). De acordo com DeWeese et al. (2015), os períodos, dentro do processo de periodização tradicionais e utilizados neste trabalho, são: o macrociclo, definido como o ciclo de longa duração e que frequentemente apresenta-se em ciclo anual de treinamento; o mesociclo, ciclo de média duração de em média 3 a 6 semanas, representado por sucessões de microciclos; microciclo, representado por ciclos de curta duração ou variação do dia a dia, podendo variar de 3 a 14 dias, sendo mais utilizado em períodos de 7 dias; e por fim a sessão de treinamento, sendo a unidade estrutural mais simples, representando o sistema de treinos.

Quanto às características fisiológicas e metabólicas, a modalidade do futebol de 5 requer do atleta altos níveis de condicionamento predominantemente anaeróbio, mas também aeróbio, devido a: mudança rápida de direção, paradas repentinas, esforços técnicos e recuperação rápida para se restabelecer até o próximo estímulo. Isto exige dos praticantes da modalidade, intensa movimentação, despendendo alto gasto de energia e alta demanda metabólica e neuromuscular, indicando que apenas as habilidades técnicas não são suficientes para o sucesso na modalidade (CAMPOS et al., 2013).

Apesar da predominância anaeróbia no metabolismo, os componentes aeróbios existentes, permitem adaptações fisiológicas e metabólicas com a finalidade da rápida recuperação do exercício. A aptidão aeróbia pode influenciar o desempenho e o nível competitivo da equipe, além disso, valores de potência anaeróbia, índice de fadiga, manutenção de níveis ótimos de potência e rápida recuperação de ações intensas são considerados essenciais para o desempenho do atleta durante o jogo (CAMPOS et al., 2013).

Análises fisiológicas em atletas com e sem DV levam a acreditar em suas semelhanças e não há razões para crer em qualquer diferença entre eles. O ritmo circadiano ou ciclo circadiano, designado como o período de 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico dos seres humanos é influenciado em sua maioria pela variação de luz, temperatura, marés, ventos e entre o dia e a noite. É de conhecimento que atletas com DV possuem o ritmo circadiano maior que 24 horas, o que pode interferir na força e tempo de reação dos mesmos, consequentemente, o período ideal para treinamentos e competições podem variar de acordo com o período e as condições climáticas. O distúrbio do sono é habitual na população com

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deficiência visual devido à interrupção do ciclo circadiano, podendo afetar sua qualidade de vida e influenciar em treinos, competições e no comportamento alimentar como a ingestão dos alimentos e horário das refeições (BROAD, 2014).

Atletas com deficiência visual realizam treinos e competições em velocidade menor se comparados à atletas sem deficiência, além de dependerem de outros estímulos principalmente a audição. Isto pode ser observado ao comparar vencedores e seus tempos em Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Contudo não é de conhecimento o quanto essa diferença na velocidade pode interferir na nutrição esportiva (BROAD, 2014).

3.2 NUTRIÇÃO ESPORTIVA

3.2.1 ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA ESPORTIVO

A necessidade de informações precisas sobre nutrição no esporte cresce em grandes proporções com o passar dos anos. Independentemente do indivíduo ser atleta recreacional ou de elite, um dos fatores em seu desempenho depende de suas escolhas alimentares (BERNING, 2005; IOC, 2012).

Desta forma, é crescente a demanda por nutricionistas aptos a atender atletas e praticantes de atividade física que visam, através das condutas alimentares adequadas, manter a saúde e otimizar seu rendimento. Entretanto, nutricionistas e estudantes de nutrição que desejam se aprofundar na área da nutrição esportiva, sofrem com a carência desse conteúdo específico em seu curso de graduação, orientação profissional e educacional; e devem buscar nos cursos de pós-graduação essa formação (BELLOTTO & LINARES, 2008).

O conhecimento das competências e atribuições do nutricionista esportivo permitem solucionar problemas futuros e conflitos no mercado de trabalho, afim de propiciar a melhor atuação desses profissionais (BELLOTTO & LINARES, 2008).

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) considera a nutrição esportiva como uma das sete principais áreas de conhecimento em nutrição, devido a estudos sobre campos de atuação indicarem aumento pelo interesse na área. A despeito de ainda representar proporção menor em relação a outras áreas de atuação (1,2 a 6,1% dependendo da região), a nutrição esportiva vivencia momentos

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notáveis devido ao crescente número de profissionais buscando esta área e aos inúmeros desafios existentes (JUZWIAK, 2016).

Conforme Resolução n⁰380 do CFN, as atribuições do nutricionista na área de nutrição em esportes inclui: prestar assistência e educação nutricional a coletividades ou indivíduos, sadios ou enfermos, em instituições públicas e privadas de forma a desenvolver materiais educativos para orientações da equipe (atleta, treinadores e colaboradores); e em consultórios de nutrição e dietética identificando o perfil do praticante de atividade física ou atleta, conforme especificidades do treinamento físico ou esportivo, avaliando e acompanhando a composição corporal e o estado nutricional de acordo com as características do individuo e atividade prescrita pelo professor de educação física; prestar assistência e treinamento especializado em alimentação e nutrição, coordenando e supervisionando as atividades da Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) caso seja responsável pelo preparo/fornecimento de refeições; prescrever suplementos nutricionais necessários a complementação da dieta em conformidade com a legislação vigente e solicitar exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietético.

Segundo estudo realizado por Bellotto & Linares (2008), para 14 profissionais com experiência internacional em nutrição esportiva (Brasil, Espanha, Austrália e Estados Unidos), estas capacidades são ainda maiores e se chegou ao consenso na identificação de 147 competências profissionais, classificadas em quatro macro categorias: competências técnicas (38), metodológicas (62), participativas (24) e pessoais (23). As competências mais enaltecidas pelo estudo foram: a avaliação nutricional, a educação alimentar e nutricional, a hidratação, a composição dos alimentos e recomendações nutricionais; em conhecimentos relativos à questões teóricas e práticas da atuação.

A atuação do nutricionista esportivo deve considerar fatores heterogêneos do atleta, como: ciclo de vida em que se encontra, sexo, tipo de esporte, especificidades da modalidade e treinamento (frequência, horário, duração e intensidade), objetivos (massa e composição corporal) e calendário de competições. Fatores que devem ser levados em consideração, necessitando do profissional ampla compreensão das necessidades nutricionais e da melhor forma de aplicá-las (BELLOTTO & LINARES, 2008; JUZWIAK, 2016).

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3.2.2 NUTRIÇÃO NO ESPORTE

A prática de atividades esportivas proporciona benefícios à composição corporal, saúde e à qualidade de vida. Contudo, o esporte competitivo nem sempre representa sinônimo de equilíbrio no organismo. Os desgastes nutricionais e alterações fisiológicas gerados pelo esforço fisico, podem levar o atleta ao limiar da saúde e da doença, caso a compensação adequada não ocorra (PANZA, 2007).

Atletas necessitam de alimentação diferenciada e suas recomendações nutricionais devem garantir o melhor desempenho, além de promover e manter a saúde do indivíduo (JUZWIAK, 2016). As recomendações energéticas (calorias) para indivíduos sedentários ou que praticam atividade física de forma moderada são insuficientes para os atletas, em função do gasto de energia elevado e da necessidade de nutrientes específicos (TIRAPEGUI, 2005).

Há diversos fatores que contribuem para o sucesso no esporte, isto inclui genética, talento, treino, motivação, resistência a lesōes, dentre muitos outros. Quando um atleta talentoso e extremamente motivado participa de competições, a margem entre a vitória e a derrota muitas vezes esta nos detalhes. A atenção e o cuidado podem ser a diferença vital e a nutrição é um dos elementos chave para a preparação desses atletas de alto rendimento (ACSM, 2009; IOC, 2012; CPB, 2013; LOSADO & CENI, 2016).

A nutrição esportiva possui como princípio o consumo da variedade de alimentos, contendo a diversidade de nutrientes adequada às individualidades biológicas, às particularidades de cada modalidade esportiva, fase de treinamento e momento de ingestão do alimento (TIRAPEGUI, 2005; DIEDRICH & BOSCAINI, 2014).

Adotar hábitos alimentares adequados e equilibrados expressam inúmeras vantagens ao atleta, dentre elas: proporciona o aproveitamento pleno do treino; ajuda e melhora a capacidade de recuperação entre os treinos; contribui para a adequação da composição corporal à modalidade praticada pelo atleta; auxilia na capacidade de concentração e melhora do tempo de reação; além de reduzir o risco de doenças e lesões (CPB, 2013; DIEDRICH & BOSCAINI, 2014; LOSADO & CENI, 2016).

Desta forma entende-se que a nutrição inserida no âmbito esportivo é fundamental e indispensável para garantir o desempenho atlético de qualidade e na

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determinação do sucesso da equipe (QUINTÃO, 2009; MÉDICI; CAPARRO; NACIF, 2012; ANJOS et al., 2014). O interesse crescente na relação nutrição/desempenho físico tem demonstrado a importância da composição da dieta como fator que altera a magnitude das mudanças na massa e na composição corporal do indivíduo (TIRAPEGUI, 2005).

3.2.3 NUTRIÇÃO NO FUTEBOL

O futebol é o esporte mais popular e praticado em todo o mundo. Assim como o futsal, são caracterizadas por exercícios intermitentes e de intensidade variável envolvendo atividades aeróbias e anaeróbias tanto durante o treinamento quanto no jogo (GUERRA, 2010(b); DIEDRICH & BOSCAINI, 2014).

Estas variações de intensidade podem ocorrer em detrimento de interferências externas como a qualidade do oponente, diferentes considerações táticas e a importância do jogo (GUERRA, 2010(b); SOUZA & NAVARRO, 2015). Segundo GUERRA (2010b), “o futebol exige que o jogador seja rápido, forte, capaz de vencer resistências e suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo, durante o jogo, mantenha um nível de rendimento alto, mesmo na presença de fadiga."

O futsal apresenta similaridades ao futebol, quanto à resposta fisiológica e dinâmica do jogo. Entretanto, diferentemente do futebol, este caracteriza-se por ações rápidas e intensas com períodos curtos de recuperação, necessitando do atleta agilidade nas ações e que esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, de maneira rápida e eficiente (ANJOS, et al., 2014; DIEDRICH & BOSCAINI, 2014)

A alimentação destes jogadores em ambas modalidades (futebol e futsal) deve possuir quantidades de calorias suficientes para manter o peso corporal, atender as demandas de treinos e jogos, permitir que o jogador evite queda de desempenho e ainda possua risco menor de lesão e maior tempo de exercício até a fadiga (GUERRA, 2010(b); SOUZA & NAVARRO, 2015). Assim, o gasto de energia do jogador será influenciado, principalmente, pela quantidade e qualidade do treino, porém deve-se considerar fatores como a posição do jogador no time, distância que ele percorre e o estilo de jogo adotado (GUERRA, 2010(b)).

O glicogênio muscular é fundamental na produção de energia durante o exercício e sua depleção está normalmente associada à fadiga, sendo que em

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concentrações adequadas este pode evitar a exaustão. Durante uma partida, existe uma relação direta entre as concentrações de glicogênio muscular iniciais, as distâncias percorridas e o nível de esforço dos jogadores após a segunda metade do jogo (GUERRA, 2010(b); LOSADO & CENI, 2016).

Outro fator importante é a hidratação, pois em situações de alta temperatura e umidade, a fadiga pode anteceder a depleção dos estoques de glicogênio, devido a termorregulação e a desidratação (GUERRA, 2010(b)).

Ao se tratar da nutrição de jogadores de futebol, a dieta deve conter quantidades adequadas de inúmeros nutrientes utilizados na regeneração de tecidos, além de fornecer energia. O carboidrato é o nutriente mais importante na dieta, por ser o combustível principal de fornecimento energético para exercícios intensos durante longos períodos. Porém, todos os nutrientes (macro e micro nutrientes) em quantidades adequadas, devem estar presentes na alimentação desses atletas (GUERRA, 2010(b); LOSADO & CENI, 2016).

Um aspecto importante no condicionamento para o futebol, e que deve ser considerado, é a composição corporal. Os excessos de gordura corporal no atleta atuam como barreiras em momentos do jogo em que a quantidade de massa corporal é relevante (SOUZA & NAVARRO, 2015).

Devido a escassa literatura a respeito da modalidade do futebol de 5 inserido na nutrição esportiva e a similaridade em relação às características metabólicas, alguns estudos apresentados neste trabalho serão do futsal e futebol de campo, para efeito de comparação.

3.2.4 NUTRIÇÃO NA PREPARAÇÃO ESPORTIVA

Condutas nutricionais inseridas na nutrição esportiva devem estar sempre associadas às necessidades da preparação esportiva. Por este motivo, conhecer aspectos do treinamento, associando-o à aspectos nutricionais, se torna indispensável ao profissional nutricionista.

As respostas adaptativas ao treinamento são determinadas pela combinação de fatores, como: o tipo do exercício, a duração, a intensidade, a freqüência de treinamento, assim como, a nutrição em qualidade e quantidade no pré, durante e após o exercício. Sendo cada vez mais evidente as adaptações,

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realizadas pelos exercícios, atenuadas ou acentuadas através da aplicação da nutrição (MUJIKA; STELLINGWERFF; TIPTON, 2014; JEUKENDRUP, 2017).

As estratégias nutricionais empregadas para alcançar o melhor desempenho do atleta devem ser específicas a cada indivíduo e adotadas no macro, meso e microciclo e também nos treinos em períodos de pré-competição, competição e recuperação. É também necessário conhecer os objetivos do atleta, da equipe e do treinador em cada uma dessas fases, assim como o calendário competitivo (BOGÉA, 2005; HEIKURA, 2017).

Segundo Jeukendrup (2017), as recomendações nutricionais atuais para atletas visam somente promover a recuperação aguda após exercício, sem levar em consideração o objetivo específico do exercício, a sua importância dentro do ciclo de treinamento e seus objetivos a longo prazo. Assim como a periodização do treinamento esportivo visa a melhora do desempenho atlético a longo prazo, há nova tendência se iniciando dentro da nutrição na periodização que refere-se à intervenções nutricionais específicas de forma planejada e estratégica para melhorar as adaptações em sessões de exercícios individuais ou em planejamentos dos treinamentos, com a finalidade de obter melhora do desempenho a longo prazo. Contudo, o autor relata que pesquisas deste âmbito encontram-se apenas no início.

Essa nova direção, na qual se encontra a periodização nutricional, incluem mecanismos dentro da nutrição na presença ou ausência dos treinamentos, sempre com o objetivo principal, a melhoria do desempenho a longo prazo. Estes podem incluir: manipulações da disponibilidade de nutrientes, antes, durante e após o treinamento, como por exemplo, as restrições da oferta de carboidratos por alguns períodos e em outros uma alimentação rica neste nutriente; práticas que preparam os órgãos para a competição por meio de manipulação nutricional, como por exemplo, melhorar o conforto do estômago bebendo regularmente grandes volumes, para aumentar sua capacidade e aperfeiçoar a capacidade de hidratação do organismo com treinamentos no limite da desidratação ou sem ingestão de fluídos por alguns períodos (JEUKENDRUP, 2017). Porém, métodos como estes são recentes e com poucos estudos científicos, não sendo utilizados neste trabalho, foram apenas incluídos como incentivo ao leitor e a trabalhos futuros.

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As recomendações fornecidas pelo profissional de nutrição à atletas com deficiência visual devem ser direcionadas à intervenções, modificações e aplicações práticas e inseridas em sua rotina.

É importante estar informado quanto à disponibilidade de alimentos para a compra, preparação ou frequência da alimentação fora de casa e/ou entregas à domicilio (JUZWIAK, 2015). A necessidade do deficiente visual, por exemplo, em depender do transporte público ou de outra pessoa para se locomover pode alterar a ingestão e horário das refeições. De acordo com a distância percorrida para ir e voltar dos treinos, esta pode ser uma oportunidade para a ingestão de alimentos e bebidas, devendo ser levada em consideração na prescrição alimentar do pré e pós-treinos pelo nutricionista (GAGNON; KUPERS; PTITO, 2013; BROAD, 2014).

Um aspecto que se deve levar em consideração, na ausência da visão, são as escolhas alimentares e as interferências no comportamento alimentar. A deficiência visual pode interferir nas escolhas de alimentos saudáveis, pois segundo Van der Laan (2012), as escolhas podem ser proporcionadas pela condição e influência de embalagens de alimentos mais atrativas. Através da ativação de regiões cerebrais e processos de atenção visual, as escolhas podem ser previstas e mensuradas em indivíduos que enxergam, o que não ocorre em deficientes visuais, segundo esse mesmo autor.

As escolhas e práticas alimentares representam processos que envolvem inúmeros fatores: fisiológicos (internos e externos), biológicos (preferências e adesões alimentares, mecanismos de fome e saciedade), econômicos (acesso e preço dos alimentos), psicológicos (percepções e vivências) e sócio-culturais (hábitos familiares, influência dos pais) refletindo na interação dos indivíduos com o meio ambiente (LINNÉ, 2002 ; JUZWIAK et al., 2015).

Nos atletas, deve-se levar em consideração a interferência na montagem do prato que em sua maioria é realizada por outra pessoa, como membros da equipe (no futebol de 5 pelos goleiros, no atletismo pelos guias, etc.). Segundo Juzwiak et al. (2015), que entrevistaram atletas de atletismo, deficientes visuais que competem com atletas guias, há sentimento de confiança na escolha dos alimentos e quantidades, contudo deficientes visuais buscam autonomia em tudo que fazem e percebem pelo peso do prato se a quantidade servida foi suficiente ou exagerada. Além disso, as preocupações relacionadas à saude e ao sucesso esportivo também fazem parte das escolhas alimentares desses atletas.

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A regulação dos alimentos ingeridos é realizada por um complexo sistema, sendo a visão o componente de fundamental importância. A visão influencia não só o comportamento alimentar, como também, as sensações subjetivas de satisfação após a refeição e as respostas cerebrais durante a fase cefálica, facilitando a produção de salivação, o aumento de secreção do ácido gástrico e consequentemente auxiliando na digestão (LINNÉ, 2002; GAGNON; KUPERS; PTITO, 2013). Além disso, a visão participa da integração multissensorial, criando expectativas específicas sobre o sabor, viscosidade, textura e sons associados à ingestão dos alimentos, podendo contribuir com maior aceitação dos mesmos (GAGNON; KUPERS; PTITO, 2013).

Um tópico importante também a se destacar é a dificuldade em reconhecer aspectos de desidratação através da identificação de pistas visuais, como por exemplo, a análise da coloração da urina, sendo significativo a orientação em relação a hidratação e a interferência do treino e do meio ambiente (BROAD, 2014). A desidratação leve, conceituada pela redução de até 2% do peso corporal (resultado da diferença do peso corporal pré e pós exercício), pode ocasionar interferências no estado de humor, como: confusão, raiva, depressão, fadiga e tensão; e também a redução da vitalidade do atleta, segundo D’Anci (2009). Isto influencia a cognição, aspecto de grande importância para atletas, deficientes visuais e jogadores de futebol de 5.

O aconselhamento por parte da nutrição esportiva é imprescindível para assegurar as funções adequadas do sistema nervoso e da atenção para que o atleta potencialize seus receptores sensoriais (BROAD, 2014).

3.3 PLANO NUTRICIONAL PARA ATLETAS

O acompanhamento nutricional elaborado por nutricionista à indivíduos, grupos ou populações consiste usualmente em uma sequência de condutas e eventos que podem ser divididos basicamente em diferentes etapas: a avaliação, o diagnóstico/planejamento e a intervenção/acompanhamento nutricional (RIBEIRO, 2009). Esses procedimentos serão descritos a seguir:

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Segundo Hammond (2005, p.392), “O estado nutricional de um indivíduo reflete o grau no qual as necessidades fisiológicas de nutrientes estão sendo atendidas” e este equilíbrio entre a ingestão e as necessidades de nutrientes fornecem um estado nutricional ótimo. O mesmo autor ressalta que a ingestão dos alimentos e consequentemente de nutrientes sofre influência de fatores como: condição econômica, comportamento alimentar, ambiente emocional, cultura, apetite e capacidade de ingerir e absorver os nutrientes adequados. As necessidades de nutrientes também são influenciadas por inúmeros fatores que incluem os estresses fisiológicos como traumas e infecções, estresses psicológicos e manutenção do corpo e bem-estar.

Avaliar o estado nutricional, segundo TIRAPEGUI & RIBEIRO (2009, p.xiii), é: “o processo de identificação de características reconhecidamente relacionadas a problemas nutricionais. Seu propósito é apontar indivíduos que estejam malnutridos ou em risco nutricional”; e ainda “a interpretação de informações obtidas por investigações dietéticas, antropométricas, bioquímicas e clínicas”.

Através da combinação dos dados alimentares, antropométricos, clínicos e bioquímicos é possível obter informações do estado nutricional do indivíduo. Estas informações contribuem para o desenvolvimento do plano nutricional, sendo fundamental para a tomada de decisão quanto ao diagnóstico nutricional e à conduta dietética adotada (MAUGHAN & BURKE, 2004; CUPPARI et al., 2005; GUGELMIN & BIESEK, 2010; ACSM, 2016).

Método considerado padrão-ouro para o diagnóstico nutricional, a conjugação de diferentes avaliações e informações se faz necessária pois nenhum método por si só provê um diagnóstico preciso. Há então a necessidade de associar dados, como: a avaliação antropométrica, clínica, bioquímica e dietética (GUGELMIN & BIESEK, 2010). Precedendo esses procedimentos faz-se necessário a anamnese nutricional e conhecimento do consumo alimentar.

I) ANAMNESE NUTRICIONAL

A anamnese nutricional consiste basicamente de perguntas para orientar o entrevistador a coletar informações importantes e a conhecer o indivíduo em

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diferentes aspectos. Esta deve ocorrer preferencialmente no início da entrevista/consulta nutricional.

De acordo com Hammond (2005) e Ribeiro (2009) a anamnese nutricional deve conter basicamente os seguintes itens:

- Dados pessoais: nome, data e local de nascimento, cidade onde mora, números para contato, estado civil, grau de educação, profissão e religião;

- Informações econômicas: renda (quanto dela é destinada para a compra de alimentos semanais ou mensais e quantas pessoas se alimentam desta compra);

- Informações sobre saúde: doenças existentes ou preexistentes, doenças familiares, uso de medicamentos e/ou suplementos alimentares, vitamínicos e minerais; hábitos de vida como álcool, fumo e drogas; exercícios físicos (não esquecendo de levar em consideração a profissão do indivíduo, caso seja necessário), tipo e frequência; horas de sono (ininterruptos ou não) e descanso; e fatores gastrointestinais como problema com mastigação, deglutição, azia, má digestão, flatulências e obstipação intestinal;

- Informações sobre aspectos do comportamento alimentar: antecedentes étnicos ou culturais como a influência da religião e educação nos hábitos alimentares; conhecimento sobre alimentação e nutrição (se já foi ao nutricionista, se acompanha revistas e sites com informações); questões da vida doméstica como o número de pessoas que se alimentam em casa, quem realiza as compras, quem cozinha, quantas refeições faz dentro e fora de casa, local em que realiza as refeições (quarto, sala, restaurantes à la carte, por quilo, marmita ou fast-foods), se as realiza sozinho (assistindo televisão ou ouvindo música) ou se acompanhado (em casa na mesa de jantar, com colegas de trabalho, em reuniões durante a refeição, ou em ambiente tranquilo); aspectos do apetite e de preferências, aversões e restrições aos alimentos por diferentes razões (alergias, intolerâncias, dentre outros);

- Informações de aspectos demográficos e geográficos relacionados a facilidades e dificuldades de aquisição e consumo dos alimentos.

Essas informações são importantes para o avaliador e permitem aprofundar o conhecimento do indivíduo, auxiliando o nutricionista em condutas posteriores.

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Considerado o indicador indireto mais utilizado para diagnosticar o estado nutricional, a avaliação do consumo alimentar necessita de registros precisos e seu diagnóstico é o aspecto mais difícil da abordagem nutricional (RIBEIRO, 2009; ACSM, 2016). Esta avaliação tem como objetivo principal obter da forma mais precisa possível, informações quantitativas e/ou qualitativas da ingestão de alimentos e hábitos alimentares a fim de determinar o teor de nutrientes do alimento e adequá-los à ingestão do indivíduo em particular (HAMMOND, 2005; GUGELMIN & BIESEK, 2010).

Vários métodos podem ser utilizados como avaliação, pois não existe um método de avaliação dietética ideal. Os fatores que irão determinar o melhor método a ser utilizado nas diferentes situações são: a população alvo; o propósito da investigação dietética; a reprodutibilidade do método; os recursos disponíveis e o local no qual a avaliação será realizada (CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; GUGELMIN & BIESEK, 2010; ACSM, 2016). Cada método possui propósitos, forças e fraquezas específicos, por isso pode ser interessante a aplicação de dois ou mais métodos para auxiliar o profissional a alcançar o diagnóstico mais preciso (CUPPARI et al., 2005; HAMMOND, 2005; GUGELMIN & BIESEK, 2010).

Os dados de consumo alimentar obtidos através dos inquéritos alimentares são avaliados pela coleta de dados retrospectivos de ingestão (exige que o indivíduo recorde a ingestão dietética de um período específico) ou resumindo os dados prospectivos de ingestão (obtidos no momento em que o alimento é consumido ou logo em seguida) (FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; HAMMOND, 2005).

Entre os métodos retrospectivos de avaliação dietética estão: o recordatório de 24 horas, o questionário de frequência alimentar e a história alimentar. No método prospectivo temos o diário alimentar.

A seguir descreveremos os métodos mencionados.

a) RECORDATÓRIO DE 24 HORAS (REC24H)

O recordatório dietético de 24 horas (Rec24h) é um dos métodos mais rápidos e fáceis para avaliar a ingestão de alimentos e nutrientes. Consiste em uma

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entrevista realizada pelo nutricionista que propõe ao entrevistado (ou responsável) recordar e descrever em detalhes o consumo de alimentos e bebidas nas últimas 24 horas, ou do dia anterior (CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009; GUGELMIN & BIESEK, 2010). As quantidades dos alimentos e bebidas consumidas são estimadas em medidas caseiras habituais, unidades ou porções de alimentos e transformadas, posteriormente, em gramas (CUPPARI et al., 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009). O conhecimento do método de preparo e a marca do alimento ou bebida consumida e o uso de suplementos de vitaminas e minerais são fundamentais para uma avaliação efetiva (GUGELMIN & BIESEK, 2010).

Segundo Egashira; De Aquino; Philippi (2009), o Rec24h é composto por 5 colunas: horário em que foi consumido qualquer tipo de alimento ou bebida; local onde foi realizado o consumo, tipo de preparação; detalhamento do alimento ou preparação; e quantidade consumida.

Assim como nos demais métodos existentes que serão apresentados, o recordatório de 24 horas (quadro 1) possui vantagens e desvantagens descritas a seguir:

Quadro 1. Vantagens e desvantagens do recordatório de 24 horas

VANTAGENS DESVANTAGENS

Fácil aplicabilidade Depende da memória do entrevistado, não sendo um bom método para crianças e idosos

Baixo custo É necessário um entrevistador experiente

Rápido de ser administrado Dificuldades em estimar quantidades

Alta aceitação Pode ocorrer sub ou superestimação

Pode ser utilizado em grupos com baixa escolaridade

Pode ocorrer omissão de alimentos, bebidas, álcool, temperos, sobremesas e lanches

Pode ser usado para estimar o valor energético total da dieta e a ingestão de macronutrientes

A ingestão prévia das últimas 24 horas pode ser atípica

Útil para situações clínicas Não fornece dados quantitativos precisos sobre a ingestão de nutrientes

Boa confiabilidade entre os entrevistadores

Permite monitorar a adesão do indivíduo à dieta e avaliar a efetividade dos programas de intervenção nutricional

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b) QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR (QFA)

O questionário de frequência alimentar (QFA) consiste em uma lista de alimentos/preparações previamente definida e oferece informações sobre hábitos alimentares ou padrão dietético individual usual, além de preferências alimentares que normalmente não são possíveis de serem observadas em um recordatório alimentar. Para isso, o entrevistado deve indicar a frequência do consumo em um determinado período de tempo (FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009; GUGELMIN & BIESEK, 2010).

O foco do QFA é a frequência do consumo dos grupos de alimentos, ao invés de nutrientes específicos e as informações obtidas são gerais. O indivíduo registra ou descreve sua ingestão habitual com base em uma lista de diferentes alimentos e a frequência de consumo por dia, semana, mês ou ano. O número e o tipo de alimentos que constituem o questionário variam de acordo com o propósito da avaliação (CUPPARI et al., 2005; HAMMOND, 2005).

As informações do consumo alimentar obtidas pelo QFA (quadro 2) são qualitativas, não fornecendo dados quantitativos da ingestão de alimentos ou nutrientes.

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Quadro 2. Vantagens e desvantagens do questionário de frequência alimentar

Vantagens Desvantagens

Fácil para padronizações Podem ser fornecidas respostas incompletas

Pode ser auto-administrada ou utilizada por outros profissionais

Não fornece informações sobre a quantidade consumida

Baixo custo Pode ocorrer subestimação, visto que nem todos os alimentos consumidos pelo indivíduo podem constar na lista

Fácil e rápido de aplicação Os erros dos entrevistados aumentam à medida que aumentam o número de itens listados

Pode descrever padrões de ingestão alimentar A quantidade e a frequência em que o alimento é consumido influenciam erros na estimativa

Gera resultados padronizados Não é possível saber sobre a hora ou local em que o alimento foi consumido

Pode ser utilizado para grandes estudos populacionais

A análise fica difícil sem o uso de computadores e programas especiais

Pode ser analisado rapidamente por nutrientes ou grupos de alimentos utilizando um

computador

FONTE: CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; GUGELMIN & BIESEK, 2010.

c) HISTÓRIA ALIMENTAR OU HISTÓRIA DIETÉTICA (HA)

A história alimentar (HA) avalia o consumo habitual de um indivíduo durante um período longo (último mês ou ano). O indivíduo é amplamente entrevistado para fornecer informações detalhadas sobre seu hábito alimentar (CUPPARI et al., 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009).

A HA em geral inclui informações similares às coletadas pelo Rec24h, pelo QFA e até pela anamnese nutricional, além de informações como: tratamento dietético anterior; preferências; intolerância ou aversões alimentares; apetite; número de refeições diárias; local e horário das refeições; hábitos relacionados ao sono, descanso, trabalho e atividade física; presença ou ausência de náuseas e vômitos; uso de suplementos alimentares e tabagismo (CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009).

Além das informações citadas, o entrevistado deve preencher o diário alimentar ou um registro alimentar de três dias que adicionadas as demais informações, completam e avaliam mais profundamente o consumo médio habitual (quadro 3) (EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009).

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Quadro 3. Vantagens e desvantagens da história alimentar

Vantagens Desvantagens

Leva em consideração modificações sazonais Requer um nutricionista altamente treinado

Descreve o consumo habitual sobre um período relativamente longo

Depende da memória do entrevistado

Fornece uma completa e detalhada descrição qualitativa e quantitativa da ingestão alimentar

Exige tempo

Minimiza as variações que ocorrem dia a dia

Fornece uma boa descrição da ingestão usual

Podem estimar a prevalência do consumo inadequado

FONTE: CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009.

d) DIÁRIO ALIMENTAR OU REGISTRO ALIMENTAR (DA)

Considerado um método prospectivo, no registro diário o indivíduo registra, no momento do consumo, todos alimentos e as bebidas consumidos, incluindo a descrição do método de preparo e a marca do produto, por um período específico que varia de um a sete dias. Costuma-se, na maioria dos casos, utilizar de três a quatro dias, incluindo um dia de final de semana. As quantidades ingeridas pelo indivíduo devem ser anotadas em medidas caseiras para posteriormente o entrevistador convertê-las em gramas (CUPPARI et al., 2005; FISBERG; MARTINI; SLATER, 2005; EGASHIRA; DE AQUINO; PHILIPPI, 2009; GUGELMIN & BIESEK, 2010).

A utilização do DA (quadro 4) pode ser aplicada como método pedagógico para mudanças do comportamento alimentar do indivíduo (GUGELMIN & BIESEK, 2010).

Referências

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