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Para a concretização desta dissertação foi pertinente a colaboração dos profissionais e dos clientes do Real Hospital Veterinário de Braga (RHV), local aonde decorreu a recolha dos dados clínicos.

Foram analisados retrospetivamente, os casos clínicos dos gatos que recorreram à consulta apresentando sinais clínicos do trato urinário inferior (STUI) no referido hospital, no período compreendido entre o dia 1 de janeiro de 2015 e o 31 de julho de 2016. Para a recolha dos dados analisados foi utilizado o programa informático Winvet e as fichas clínicas dos animais.

No presente estudo, foram incluídos todos os gatos que apresentaram pelo menos um dos seguintes sinais clínicos: hematúria; polaquiúria; disúria; periúria; estrangúria ou obstrução uretral e que foram submetidos a exames complementares de diagnóstico, a fim de se efetuar o diagnóstico por exclusão da CIF.

Assim, da totalidade dos gatos analisados, foi contabilizada apenas a primeira consulta e consideradas as seguintes como recorrência da condição clínica inicial.

1. Animais diagnosticados com doença do trato urinário inferir felino (DTUIF)

Reuniu-se uma amostra de 40 gatos. Estes foram divididos por grupos de acordo com a causa dos STUI, no sentido de investigar a frequência das várias etiologias da DTUIF.

No grupo da CIF incluíram-se os gatos que apresentaram uma cultura de urina negativa e que ao exame de imagiologia não se detetou a presença de urólitos.

No grupo do Tampão uretral incluíram-se os gatos com uma obstrução uretral sem história prévia recente de CIF e que aquando da sua desobstrução se observou um tampão uretral.

No grupo da Urolitíase incluíram-se os gatos nos quais se observou a presença de urólitos, quer mediante a imagiologia, quer pela sua remoção.

No grupo da ITU incluíram-se os gatos que apresentaram uma cultura microbiológica de urina positiva.

MATERIAIS E METÓDOS

No grupo da Atonia vesical incluiu-se o gato que apresentou uma sintomatologia compatível com uma obstrução uretral, mas que à palpação abdominal o animal urinava. Este animal tinha como antecedente uma lesão degenerativa ao nível da coluna lombar.

É de referir que os gatos incluídos neste estudo não apresentavam outra doença concomitante.

2. Animais diagnosticados com cistite idiopática felina (CIF)

A amostra para o presente estudo é constituída por 26 gatos diagnosticados com CIF. Após reflexão sobre os conhecimentos adquiridos, a bibliografia consultada e determinada a amostra, as variáveis selecionadas encontram-se divulgadas na tabela 3.

Tabela 3 – Variáveis epidemiológicas e clínicas analisadas na amostra

Variáveis epidemiológicas

Raça Temperamento

Idade Estilo de vida

Género Convívio com outros animais

Estado reprodutivo Tipo de dieta

Peso Exposição a fatores de stresse

Condição corporal Época do ano em que surgiram os sinais clínicos*

Variáveis clínicas

Historial clínico Diagnóstico final

Sinais clínicos Tratamento prescrito

Resultados dos exames complementares** Evolução clínica do animal

* primavera (março, abril e maio); verão (junho, julho e agosto); outono (setembro, outubro e novembro); inverno (dezembro, janeiro e fevereiro)

** análise de urina tipo II, urocultura, análise de sangue, radiografia simples e ecografia

No tratamento instituído, os gatos foram distribuídos por 4 modalidades terapêuticas diferentes, nomeadamente a ração terapêutica Hill’s c/d Feline Urinary Stress; associação desta ração com o suplemento nutricional Cystaid Plus; o suplemento nutricional Calmorufel e o fármaco Amitriptilina. A ração referida apresenta um perfil nutricional [em ácido gordos ómega-3 (EPA e DHA), antioxidantes (vitamina E e β-carotenos), minerais (cálcio, fósforo, magnésio e sódio) e proteínas] muito semelhante ao da ração Hill’s c/d Multicare Feline, a

MATERIAIS E METÓDOS

qual foi associada a uma redução de 89% das recorrências da CIF.4,14,23,28,29,30,35 A ração Hill’s c/d Feline Urinary Stress foi enriquecida com L-tritofano e α-cazosepina, cujos efeitos positivos no stresse e ansiedade já foram referidos.3,4,27,28,29,30,46 Os perfil nutricionais destas rações encontram-se nos anexos.

O Cystaid Plus é um nutracêutico composto por 125 mg de N-acetil-D-glucosamina, 25 mg de L-teanina e 20 mg de Quercetina.13 O N-acetil-D-glucosamina é um GAG, cujos efeitos no maneio terapêutico da CIF já foram mencionados.4,20,21,25,27,45 A L-teanina é um aminoácido unicamente encontrado no chá verde. Esta molécula apresenta efeitos calmantes e relaxantes, uma vez que: aumenta o nível de GABA (neurotransmissor com efeito inibitório sobre a ansiedade e desordens relacionadas com o stresse) e apresenta um efeito positivo nos níveis de serotonina. A L-teanina é extremamente bem tolerada pelos gatos.53 Contudo o seu efeito no controlo da CIF ainda não foi objeto de estudo. A quercetina é um pigmento flavonóide que auxilia na regulação da inflamação (propriedades antioxidantes).13

O calmurofel é um suplemento nutricional composto por GAGs [cloridrato de glucosamina (125 mg) e sulfato de condroitina (20 mg)], L-triptofano (37,5 mg) e ácido hialurónico (10 mg).12 O ácido hialurónico reduz os níveis séricos da leptina, o que ajuda a combater o excesso de peso/obesidade, um fator de risco para o desenvolvimento da CIF.12

A amitriptilina é um antidepressivo tricíclico, cujo efeito no maneio terapêutico da CIF já foi mencionado no capítulo da revisão bibliográfica.1,20,21 É de salientar que este fármaco para além de poder provocar os efeitos colaterais já mencionados, nos animais de companhia, estão descritos como efeitos adversos a hiperatividade, a ataxia, as arritmias cardíacas, os tremores e as convulsões.1

O principal critério de avaliação da evolução da doença foi a presença/ausência de episódios recorrentes da CIF durante o período de estudo. Definiu-se um episódio de CIF como a presença de pelo menos um STUI (hematúria, disúria, estrangúria, polaquiúria, periúria ou obstrução uretral). Considerou-se que um episódio da CIF tinha remitido, se o animal não apresentasse nenhum sinal clínico durante dois dias consecutivos. Considerou-se como recorrência da doença, os casos em que o animal voltava a apresentar pelo menos um dos sinais clínicos referidos após um período assintomático. Estas definições foram adaptadas do estudo de Kruger, et al.35

O tempo livre de doença (TLD) foi definido, como o período de tempo entre o 1º dia de ausência de STUI e o final do estudo/eutanásia/início de um episódio recorrente da CIF.

MATERIAIS E METÓDOS

3. Análise estatística

Para a realização da análise estatística descritiva dos resultados, recorreu-se ao auxílio de programas informáticos como o Microsoft Excel 2010. Criaram-se gráficos e tabelas para facultar a análise e ilustração dos mesmos.

ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

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