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3 PROJETO CONCEITUAL

4.3 MATERIAIS

Neste subitem, apresenta-se a relação dos materiais considerados para os dimensionamentos das técnicas de Engenharia Natural, incluindo elementos inertes, como a madeira e a rocha, e vegetativos. Além disso, indicam-se as propriedades de interesse para o projeto e os seus respectivos valores adotados.

4.3.1 Materiais inertes

No dimensionamento das paredes Krainer, adotou-se o uso de peças de madeira roliça da espécie Corymbia citriodora, conhecida anteriormente como

Eucalyptus citriodora (REIS et al., 2013), sendo essa a denominação presente na NBR

7190 (ABNT, 1997). Será utilizado material tratado, tendo em vista que este estará permanentemente em contato com o solo ou com as águas do Rio Bacacheri, caracterizando uma condição de risco à sua durabilidade, conforme a NBR 7190 (ABNT, 1997). Ademais, considerou-se a falta de experiência local quanto à manutenção de obras de Engenharia Natural, sendo conveniente que se propicie um prazo maior para o completo desenvolvimento da vegetação.

Assim, serão empregadas toras de 25 cm de diâmetro e 6,5 m de comprimento. As propriedades da madeira estão expostas na Tabela 15, baseando- se em valores indicados pela NBR 7190 (ABNT, 1997) para dicotiledôneas da classe de resistência C30, exceto no caso da densidade básica.

TABELA 15 – PROPRIEDADES DA MADEIRA CORYMBIA CITRIODORA

Propriedade Símbolo Valor Unidade Fonte

Densidade básica da madeira 𝜌𝑏𝑎𝑠 730 kg/m³ TOMAZELLO FILHO (2005) OLIVEIRA; HELLMEISTER;

Resistência característica à compressão paralela às fibras

da madeira

𝑓𝑐0,𝑘 30 MPa ABNT (1997)

FONTE: ABNT (1997) e OLIVEIRA; HELLMEISTER; TOMAZELLO FILHO (2005).

A brita 4 e as pedras do enrocamento, com diâmetro de 35 cm, foram consideradas provenientes de rochas graníticas. Assim, utilizou-se 28,5 kN/m³ para o peso específico do material, conforme o valor médio disposto na NBR 6120 (ABNT, 2019). Para o solo avaliado nos dimensionamentos geotécnicos e para enchimento das gavetas das paredes Krainer, adotou-se a massa específica de 1700 kg/m³, resultando em um peso específico do solo de enchimento (𝛾𝑡) de 16,7 kN/m³.

A ligação entre as peças transversais e longitudinais das paredes Krainer serão realizadas com o uso de grampos e cravos metálicos, feitos com barras de aço CA-50 de 16 mm de diâmetro. Desse modo, a tensão de escoamento característica do aço (𝑓𝑦𝑘) dos elementos é de 500 MPa.

Serão utilizados, ainda, os seguintes materiais inertes nas paredes Krainer: geotêxteis, para forrar a base e o tardoz dos taludes; areia média, colocada entre o tardoz e a parede, atuando como uma canaleta de drenagem; biorretentores, para abrigar o solo nos vãos entre as barras transversais; e estacas de madeira, para a fixação das placas de grama nas banquetas, e para serem utilizadas como pilotos na demarcação do novo traçado, com diâmetros de 5 cm e 7,5 cm, respectivamente.

Para o preenchimento das canaletas vegetadas, canaletas escalonadas e descidas d’água, será empregada brita 4, com faixa granulométrica variando de 5 a 7,5 cm. O revestimento das valas escavadas, por sua vez, será feito com mantas geotêxteis e com troncos da espécie Corymbia citriodora, de 8 cm de diâmetro e 2,2 m de comprimento.

Ademais, buscando garantir um melhor desenvolvimento da vegetação, será adicionada às covas de plantio uma solução de água e hidrogel, que é um polímero com capacidade de hidrorretenção. Dessa forma, possibilita-se uma melhor aeração do solo e formação das raízes (FORTH JARDIM, 2017). Para tanto, será usada a proporção de 4 g de hidrogel por litro de água, com 300 ml de solução por estaca utilizada nas técnicas de parede Krainer, banqueta vegetada e canaleta vegetada.

4.3.2 Materiais vegetativos

A escolha das plantas a serem utilizadas é de grande importância para o sucesso das técnicas de Engenharia Natural. Para tanto, deve-se compreender as propriedades biotécnicas dos materiais vegetativos e sua interação com o sistema construtivo utilizado (SOUSA, 2015).

Desse modo, a escolha foi realizada com base no levantamento efetuado por Castelani (2018) para a recuperação das margens do lago do Parque São Lourenço, em Curitiba, bem como na descrição de determinadas espécies presente em Sousa (2015). Assim, a lista de espécies resultante está indicada no Quadro 3 e ilustrada na Figura 43, podendo ser reavaliada na etapa de projeto executivo. Todavia, nenhuma das plantas sugeridas ocorre no Parque Bacacheri, conforme a relação de espécies presente no Plano de Manejo do local (CURITIBA, 2008).

QUADRO 3 – RELAÇÃO DAS ESPÉCIES A SEREM UTILIZADAS NAS TÉCNICAS DE ENGENHARIA NATURAL

Nome científico

Nome

popular Hábito Propriedades Propagação Técnicas

Abutilon megapotamicum

Lanterninha

chinesa Arbusto

Raízes radiculares, pode ser trepadeira,

rústica

Estacas Banqueta vegetada e parede Krainer Calliandra brevipes Anjiquinho, sarandi, quebra-foice Arbusto

Sistema radicular denso e lateral, copas densas

e ramificadas, heliófila

Estacas

Banqueta vegetada, canaleta vegetada e

parede Krainer

Fuchsia regia Brinco de

princesa Arbusto

Raízes radiculares, climas frios, arbusto

ramificado

Estacas Banqueta vegetada

Salix humboldtiana Salseiro, salgueiro, chorão Árvore

Sistema radicular denso e profundo, copa ramificada, densa e

flexível

Estacas Esteira viva

Sebastiania schottiana

Sarandi,

amarilho Arbusto

Sistema radicular denso e lateral, copa flexível,

adaptável a variações de umidade, produz feixes Estacas Banqueta vegetada, canaleta vegetada, esteira viva e parede

Krainer

Tibouchina

granulosa Quaresmeira Árvore

Raízes profundas, assume porte arbustivo

e denso, ramos fracos, pioneira e rústica

Estacas Parede Krainer

FIGURA 43 – ESPÉCIES PREVISTAS PARA AS INTERVENÇÕES DE ENGENHARIA NATURAL Abutilon

megapotamicum Calliandra brevipes Fuchsia regia

ZIARNEK (2017) BAGATINI (2007) GIEHL (2008)

Salix humboldtiana Sebastiania schottiana

Tibouchina granulosa

BAGATINI (2008) GIEHL (2005) MELO (2018)

FONTE: BAGATINI (2007, 2008), GIEHL (2005, 2008), MELO (2018) e ZIARNEK (2017).

Pontua-se ainda que os locais afetados pelas obras deverão ser revestidos com placas de grama-são-carlos (Axonopus compressus), também conhecida como grama-curitibana, mostrada na Figura 44. Além de ser uma espécie nativa (FILGUEIRAS; RODRIGUES, 2015), é comum em ambientes públicos de Curitiba, estando presente em 31 de 32 locais avaliados por Viezzer et al. (2018) em estudo referente à vegetação no paisagismo de praças do município. Apresenta como vantagens o rápido crescimento e a tolerância a áreas sombreadas, e como desvantagens a baixa resistência a danos mecânicos e a sensibilidade a certos tipos de doença foliares (GURGEL, 2003), exigindo um maior acompanhamento inicial após o plantio.

FIGURA 44 – GRAMA-SÃO-CARLOS (AXONOPUS COMPRESSUS)

FONTE: PARDIM (2016).

Em relação à técnica de plantio de gramas em placas, ou enleivamento, Moretto (2012) destaca que o método proporciona uma proteção imediata ao solo e

valoriza esteticamente o local de implantação, embora possua um alto custo. A autora aponta ainda que as raízes são de pequena profundidade, além de normalmente demandarem manutenção periódica. Ademais, pode-se fazer uso de estacas ou grampos metálicos para garantir melhor fixação das placas, sendo recomendado para declives acentuados ou para trechos com ação erosiva da água de forma mais significativa (DURLO; SUTILI, 2014).