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1 INTRODUÇÃO 27 2 REVISÃO DE LITERATURA

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo qualitativo do tipo convergente-assitencial - PCA, analisado à luz das idéias de Paulo Freire. A temática do presente estudo emergiu dos diálogos dos participantes ao longo de cinco encontros seqüenciais desenvolvidos para discussão de uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e do Emprego – a NR-35, no bojo de uma ação de educação problematizadora ocorrida em um espaço de educação corporativa. A citada norma foi recentemente promulgada (27/09/2012) e trata da gestão de saúde e segurança nos trabalhos em altura.

Os encontros ocorreram a partir de uma nova proposta de trabalho feita para a equipe, na qual se sugeriu o uso do Método do Arco de Charles Maguerez como técnica para guiar a discussão e aprendizagem do grupo acerca da NR-35. A atividade foi realizada no local de trabalho dos participantes e estruturada conforme as etapas do Método do Arco de Charles Maguerez, a saber: 1) Observação da Realidade, 2) Levantamento dos Pontos-Chave, 3) Teorização, 4) Hipóteses de Solução, 5) Aplicação à Realidade (BORDENAVE, 1996).

Assim, foi proposta ao grupo a experimentação de uma proposta de educação no trabalho na qual os participantes tornam-se ativos, autônomos

e reflexivos, onde as respostas encontradas para os problemas são contextualizadas, voltadas à realidade da empresa, desafiam a criatividade da equipe em favor da resolutividade e instigam a construção de um conhecimento coletivo.

A partir do aceite do grupo, a coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto a novembro de 2013 no local de trabalho da equipe de SST, e foram agendados conforme disponibilidade do grupo. Dentre os 25 membros da equipe multiprofissional de SST, 12 aceitaram participar do estudo, sendo eles 02 Enfermeiros do Trabalho, 01 Téc. de Enfermagem do Trabalho, 01 Médico do Trabalho, 02 Engenheiros de Segurança do Trabalho, 02 Psicólogos, 03 Assistentes Sociais e 01 Téc. de Segurança do Trabalho.

Para preservar a identidade dos participantes, lhes foi atribuída uma codificação alfanumérica, correspondente a letra P de ‘participante’, seguido por um número definido por uma ordem de sorteio dos nomes. Cada encontro dispôs de aproximadamente 1h30 – 2h, utilizados conforme o desenrolar das atividades. Os diálogos foram gravados em gravador digital e posteriormente transcritos na íntegra.

As etapas de discussão da NR-35 guiadas pelo Método do Arco ocorreram em cinco momentos carinhosamente adjetivados de “Encontros” pelo grupo. No Primeiro Encontro estiveram presentes 09 participantes. Foram contempladas as duas primeiras etapas do Arco, no qual o grupo fez um exercício de Observação da Realidade e a Elaboração dos Pontos-chave, mediadas por uma enfermeira do trabalho que assumiu o papel de facilitadora e propôs uma atividade lúdica para motivar a atividade. Como resultado, os participante socializaram o conhecimento prévio sobre a norma e criticizaram acerca da realidade em que estavam inseridos, refletiram sobre a necessidade de um trabalho em equipe para implementarem a norma e selecionaram o que entenderam que eram os problemas a serem superados.

Na sequência ocorreram os Segundo, Terceiro e Quarto Encontros, os quais contemplaram as etapas de Teorização e Hipóteses de Solução. Respectivamente estiveram presentes 10, 08 e 09 participantes. Ao longo das discussões, os participantes conheceram e discutiram a NR-35 de forma pormenorizada, utilizando documentos de apoio, dentre eles a própria norma na íntegra. Na medida em que conheciam cada ponto da NR-35 já iam dialogando, trocando conhecimentos e experiências e definindo possíveis soluções para os problemas encontrados. Durante o desenrolar destas etapas, o grupo percebeu que a implementação da norma na realidade em que estão inseridos demandaria um longo trabalho de

equipe, e que as soluções encontradas precisariam de tempo para ser aplicadas.

Por fim, no Quinto Encontro, que foi o de fechamento do Arco, a equipe reviu e rediscutiu as Hipóteses de Solução encontradas e fez um exercício de priorizar as ações a serem adotadas e dentre uma riqueza de opiniões, diálogos, trocas de conhecimento e respeito aos diferentes pontos de vista, conseguiram definir de forma coletiva e interdisciplinar as prioridades de aplicação à realidade.

A facilitadora ao longo de todas as etapas de coleta de dados esteve com o olhar atento ao desenvolvimento do trabalho em equipe do grupo, percebendo o crescimento e o fortalecimento do trabalho em equipe, o que pode ser comprovado a partir das falas dos próprios trabalhadores ao longo do desenrolar das atividades. Nessa pesquisa não houve interesse em discutir a norma NR-35 ou sequer as decisões do grupo sobre como implementá-la, mas sim, focalizar o olhar na concepção de trabalho em equipe emergida em uma ação de educação problematizadora ocorrida no espaço corporativo junto a uma equipe de Saúde e Segurança do Trabalho – SST.

Os encontros foram gravados em arquivo digital (áudio) e posteriormente transcritos na íntegra para a análise do conteúdo investigado. A análise dos dados foi feita à luz do referencial teórico de Paulo Freire, ícone da área de educação, que traz em seus estudos a perspectiva de uma educação problematizadora, reflexiva, crítica, que leva os participantes a pensarem sobre suas ações e encontrarem soluções coletivas para transformarem a realidade em que estão inseridos.

Para o consentimento dos participantes foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Uso de Imagens e/ou Gravações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho em equipe vem sendo evocado pela área de saúde e segurança do trabalho como indispensável para uma visão holística do trabalhador sob seus cuidados. Porém, diferentes visões profissionais somadas a uma demanda contínua de trabalho, podem acabar muitas vezes por enfraquecer um trabalho interdisciplinar, e o que é chamado de ‘equipe’ acaba, na prática, sendo apenas um setor com diferentes profissionais trabalhando cada um sob sua ótica.