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Com vistas a atender aos objetivos da pesquisa, foram estabelecidos procedimentos para expansão do Sistema Ambitec-Agro e para sua aplicação. A Figura 16 mostra o passo a passo do trabalho de pesquisa.

FIGURA 16 – Etapas do trabalho de pesquisa

3.1 Ampliação do modelo utilizado no sistema Ambitec-Agro

- Definição dos novos objetivos e escopo do modelo

- Definição do conceito de vulnerabilidade

- Uso dos conceitos de função, unidade funcional e fluxo de referência na comparação de tecnologias - Organização e escolha dos índices e indicadores - Definição de regras para o tratamento dos dados no modelo

- Desenvolvimento de aplicativo para entrada e saída de dados no modelo

3.3 Aplicação do modelo proposto

- Seleção da inovação a ser avaliada

- Definição da função, unidade funcional e fluxo de referência

- Seleção das unidades produtivas e de disposição de resíduos e identificação das bacias hidrográficas - Coleta de dados de desempenho ambiental nas unidades de produção e de descarte

- Coleta dos dados de vulnerabilidade nas bacias hidrográficas

- Uso do método de valores extremos na análise de propagação de erro 3.2 Análise de sensibilidade do modelo proposto - Definição das variações aplicadas em cada indicador e cálculo do Índice de Sensibilidade de cada indicador

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3.1 Ampliação do modelo conceitual do Sistema Ambitec-Agro, inserindo os conceitos de ciclo de vida e vulnerabilidade ambiental

3.1.1 Definição dos novos objetivos e escopo do modelo

Para expansão do sistema Ambitec-Agro, foi utilizado o modelo de estruturação de uma análise multicritério proposto por Malczewski (1999) que parte da definição do problema que a análise irá abordar, identificando-se o objetivo e o escopo da avaliação (local em que a análise se dará e o tempo utilizado para o estudo). O problema em estudo é a necessidade de expansão do escopo de avaliação ambiental do Sistema Ambitec-Agro, considerando-se o ciclo de vida da inovação e a vulnerabilidade dos ambientes que abrigam cada etapa desse ciclo.

Busca-se expandir o Sistema Ambitec-Agro para análise de questões relacionadas à agricultura e agroindústria (módulos Ambitec- Agricultura e Agroindústria). De acordo com o revisão da literatura realizada, essas questões abrangeram: perda da biodiversidade, erosão, compactação, salinização e sodificação do solo, acidificação do solo, contaminação ambiental por agrotóxicos e por resíduos sólidos, desertificação, escassez hídrica, poluição hídrica, mudança climática, depleção de recursos não renováveis e contaminação de alimentos pelo uso de aditivos.

Inseriram-se também na avaliação, outras etapas do ciclo de vida de uma inovação, além da etapa onde a mesma é utilizada, assim como o estudo da vulnerabilidade ambiental dos locais onde cada etapa ocorre. A definição das etapas do ciclo de vida tomou como referência as normas NBR ISO 14040 e 14041 de Avaliação do Ciclo de Vida, assim como se considerou a necessidade de manter a complexidade da avaliação em um nível compatível com a disponibilidade de recursos humanos e financeiros necessários ao levantamento e avaliação dos dados. Propõe-se analisar quatro etapas do ciclo de vida de uma inovação e da tecnologia existente de comparação: produção da matéria-prima utilizada por uma tecnologia; produção da tecnologia; uso da tecnologia, e; descarte final da tecnologia. O tempo de avaliação utilizado foi o necessário à transformação de matérias- primas em produtos, em cada etapa do ciclo de vida da inovação.

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3.1.2 Definição do conceito de vulnerabilidade

A análise de vulnerabilidade proposta considera a vulnerabilidade de um sistema à degradação ambiental proveniente de pressões associadas à adoção de inovações agroindustriais. O termo degradação ambiental se refere às questões ambientais relacionadas à

atividade agroindustrial, já mencionadas. Para inserção da vulnerabilidade ambiental na

análise de desempenho ambiental de uma inovação, adotou-se um conceito de vulnerabilidade, baseado em Adger (2006), e definiu-se o espaço de avaliação da vulnerabilidade, pela escolha de um sistema ambiental de estudo.

Entende-se por vulnerabilidade ambiental a susceptibilidade de um sistema a degradação ambiental, sendo avaliada considerando-se:

- a exposição do sistema às pressões ambientais típicas de atividades agroindustriais, avaliada por indicadores que mostram a pressão antropogênica exercida no sistema;

- a sensibilidade do sistema às pressões exercidas, avaliada pelo uso de indicadores que mostram as características do meio físico e biótico (tipo de solo, clima, vegetação etc.) que já ocorrem antes de qualquer perturbação e que interagem com as pressões;

- a capacidade de resposta do meio, avaliada pela adoção de ações de conservação ou preservação ambiental que mitigam ou reduzem os possíveis efeitos das pressões exercidas.

Quanto maior a exposição a pressões, maior a sensibilidade e menor a capacidade de resposta de um sistema, tanto maior a sua vulnerabilidade ambiental.

O espaço delimitado por uma bacia hidrográfica foi utilizado como o sistema ambiental de análise da vulnerabilidade às pressões exercidas pelas inovações tecnológicas. Bacias hidrográficas já são objeto de estudo em avaliações de impactos ambientais baseadas

na Resolução CONAMA No 1, de 1986. As bacias hidrográficas objeto de estudo foram

aquelas que abrigaram uma dada etapa do ciclo de vida de uma inovação ou da tecnologia existente utilizada no estudo comparativo de desempenho ambiental, classificadas como estaduais e delimitadas pelas agências estaduais gestoras de recursos hídricos e pela Agência Nacional de Águas – ANA para todos os estados brasileiros. Nessas bacias já existe uma base de dados sobre aspectos relacionados aos recursos hídricos.

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3.1.3 Uso dos conceitos de função, unidade funcional e fluxo de referência na comparação de tecnologias

A avaliação de desempenho de uma inovação continua sendo comparativa, como no Sistema Ambitec-Agro, tomando-se como padrão de comparação outra(s) tecnologia(s) existente(s) que presta(m) o mesmo ou similar serviço. Entretanto, inseriu-se na avaliação comparativa, o conceito de unidade funcional, que requer a quantificação do serviço prestado pelas tecnologias comparadas, de forma a garantir bases iguais de comparação. Utilizaram-se as definições das normas ISO 14040 e 14041 que explicam a função de um produto, como suas características de desempenho ao ser utilizado no mercado, a unidade funcional, como a quantificação da função, ou seja, como a medida comum para levantamento das entradas e saídas de um processo que gera ao final o produto em estudo e como fluxo de referência, a medida das saídas necessárias de processos que integram as etapas do ciclo de vida consideradas no estudo de um produto.

3.1.4 Organização e escolha dos índices e indicadores

Na escolha dos indicadores do modelo, avaliou-se quais princípios de desempenho ambiental deveriam ser contemplados, quais critérios relacionavam-se a esses princípios, buscando-se, em seguida, a identificação de indicadores quantificáveis capazes de mensurar o desempenho. Ao final, construiu-se uma hierarquia entre princípios, critérios e indicadores.

Foi utilizada como base a estrutura hierárquica adotada no Sistema Ambitec-Agro, sendo a estrutura ampliada para abranger todas as etapas do ciclo de vida da inovação (Figura 17). Assim, os valores atribuídos aos indicadores de desempenho ambiental em cada etapa da avaliação são agregados em critérios e princípios para formação do índice de desempenho ambiental final da avaliação.

Os princípios de desempenho ambiental utilizados foram os mesmos do Sistema Ambitec-Agro, sendo ampliada sua abrangência, contemplando-se outros princípios de ecoeficiência (GIANNETTI; ALMEIDA, 2006 e SONEMANN; CASTELLS; SCHUHMACHER, 2004):

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- eficiência tecnológica, buscando-se uma redução no consumo total de materiais, insumos (água, energia e combustíveis) e área. Busca-se também reduzir o uso de recursos não renováveis, virgens e perigosos;

- conservação das características naturais do solo, da água, do ar e a da biota, pela redução de emissões de poluentes, do desmatamento e de ações que acarretam a redução da biodiversidade, assim como pela adoção de ações de recuperação ambiental;

- qualidade do produto, buscando-se maior durabilidade, além de reduzir o uso de aditivos, no caso de alimentos, com potencial de dano à saúde humana.

FIGURA 17 – Estrutura hierárquica de organização dos indicadores ambientais ao longo do ciclo de vida

Para escolha dos critérios e indicadores, os princípios de desempenho ambiental foram confrontados com as questões ambientais pertinentes à atividade agroindustrial (Tabela 4), analisando-se as fontes de pressão e de redução dos impactos ambientais. Na escolha dos indicadores, consideraram-se sua relevância, fundamentação teórica e mensurabilidade, de acordo com OECD (1993), além da relação de indicadores utilizada no Sistema Ambitec- Agro. Foi observado que algumas questões ambientais eram próprias de atividades agrícolas, outras de atividades agroindustriais, e outras, ainda, de atividades de descarte de resíduos, o que levou à identificação de indicadores gerais e de outros específicos a cada uma dessas atividades.

Na análise da vulnerabilidade ambiental das bacias hidrográficas onde cada etapa do ciclo de vida ocorre, a estrutura hierárquica utilizada organiza os indicadores em critérios de vulnerabilidade e esses no índice final de vulnerabilidade da bacia (Figura 18).

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA N

ANÁLISE