Material pedagógico

Com a intenção de produzir um material pedagógico que tivesse o “DNA da rede municipal de educação de São Paulo”, a construção colaborativa representou um dos princípios fundamentais do projeto Respeitar é Preciso!. As condições para que professores, funcionários, gestores, técnicos e membros das comunidades escolares participassem da elaboração do material foram propiciadas pelos cursos Respeitar é Preciso!, que, além de uma formação reflexiva em torno do tema, promoveu a identificação das condições necessárias para os projetos político-pedagógicos das escolas se aproximarem ou absorverem o tema da EDH. Dessa forma, esperava-se que o material pudesse refletir e atender às características e necessidades da rede (ORIENTAÇÕES …, 2015).

No âmbito da reunião do GTC em novembro de 201450, houve a discussão a respeito da possibilidade de uma avaliação prévia da edição piloto do material que fosse aberta ao território, portanto, aos grupos locais. Ao reconhecer que o material já representava um resultado legítimo em si mesmo por ter sido construído a partir do diálogo e das contribuições dos participantes dos módulos, além de constatar que os grupos locais eram formados por pessoas ligadas a 49 _{Fonte: “Ata - 8ª reunião GT - 06_10_14”. Origem: SMDHC. Disponível em: e-SIC.}

algumas escolas que não estiveram presentes no curso e ponderar que tomar a decisão de efetuar a avaliação prévia iria requerer o desenvolvimento de um processo consistente e que envolvesse novos atores dos territórios, o GTC acabou concluindo que o cronograma de impressão do material e de elaboração coletiva dos PPPs das escolas com abordagem em EDH – previstos para janeiro e fevereiro de 2015 – seria comprometido caso o processo de avaliação prévia nos territórios ocorresse naquele momento. Com isso, o GTC deliberou pela manutenção da data de impressão e pelo compartilhamento do material em arquivo digital apenas para a consulta e o diálogo junto às instâncias envolvidas da SMDHC e SME. As avaliações e sugestões ao material seriam recolhidas posteriormente em meio ao processo de trabalho local nas escolas.

Assim, a primeira versão foi finalizada em dezembro de 2014, impressa no início do ano seguinte e apresentada na reunião do GTC em fevereiro de 201551. Esse tempo de produção possibilitou que a implementação da edição piloto do material ocorresse no âmbito das escolas integrantes dos Centros ao longo do ano. Ela reunia cinco cadernos, complementares entre si: o caderno Orientações Gerais: Educação em Direitos Humanos e quatro cadernos temáticos (ORIENTAÇÕES …, 2015).

O caderno Orientações Gerais contém, além de uma apresentação do Projeto Respeitar é Preciso!, uma sequência de atividades pensada como um processo de implementação nos seus diferentes momentos, desde a reflexão sobre DH e EDH, o pacto de adesão ao Projeto, o mapeamento das questões sobre respeito e desrespeito na escola até o plano de ação, atividades entremeadas de textos de apoio propostos como leitura complementar. Além desse processo mais geral, há orientações específicas, com textos e atividades de EDH organizados para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental, contemplando as especificidades de cada segmento da escolaridade.

Nos demais cadernos, vocês encontrarão a abordagem de quatro temas considerados importantes, também com textos e orientações de atividades como subsídios para a prática de EDH na escola. São eles: 1) Respeito e Humilhação; 2) Igualdade e Discriminação; 3) Democracia na Escola; 4) Sujeitos de Direito. (ORIENTAÇÕES …, 2015, p. 14, itálico do autor)

A concepção que orientou a construção do material foi a de que este subsidiasse a prática escolar “sem engessá-la”, ou seja: cada escola faria o uso que considerasse mais adequado ao seu contexto e a suas condições humanas, materiais, de tempo e de espaço. Esse processo contou com a assessoria local da equipe Vlado Educação, cujo papel residiu em acompanhar e apoiar a formação continuada orientada pelo material. Formação continuada corresponde aqui ao percurso proposto pelas atividades do caderno Orientações Gerais, uma vez que convidavam os adultos das escolas a “olharem e ‘re-olharem’ para si mesmos mutuamente e para a escola de maneira progressiva, até se aprofundarem na fase de mapeamento, de modo a chegar

maduros e entrosados para a elaboração de um plano de ação” (ORIENTAÇÕES …, 2015, p. 15).

Além da ideia de apresentar o material em vários outros momentos, aproveitando as agendas previstas pela SME e pela SMDHC, um evento de lançamento formal do material foi organizado em março de 2015. A programação contou com a apresentação cultural de um dos vencedores do Prêmio EDH que trabalhou o tema da ditadura52_.

A quantidade de exemplares que foram entregues foi definida pelo GTC como proporcional à contagem do número de funcionários das escolas, segundo as informações levantadas pelos articuladores territoriais. Cada uma das 20 escolas integrantes dos Centros receberam aproximadamente 200 kits de materiais Respeitar é Preciso!: 1 kit para cada dois educadores da unidade, 1 kit para cada articulador territorial, 10 kits para cada biblioteca dos Centros e 5 kits para a gestão e a coordenação de núcleos de cada CEU. As salas de leitura não receberam kits, sendo orientadas a utilizar os exemplares entregues às unidades educacionais53. A experiência que as escolas tiveram com o material ao longo do ano de 2015 contribuiu em grande medida com a revisão que orientou a segunda edição, cuja publicação também incorporou as observações apontadas pela Diretoria de Orientação Técnica (DOT) da Secretaria Municipal de Educação e seus núcleos, pelas coordenações da SMDHC e por consultores especialistas. Dessa forma, os cinco cadernos originais foram revisitados e o material que toda a rede municipal de educação conheceu a partir de 2016 era composto por Respeito na Escola: Orientações Gerais e os temáticos Respeito e Humilhação, Diversidade e Discriminação, Democracia na Escola e Sujeitos de Direito (ORIENTAÇÕES …, 2015; RESPEITO …, 2016). A sequência de atividades sugeridas para o desenvolvimento do processo formativo dos participantes nas escolas foi reapresentada de forma mais definida e estruturada:

A primeira etapa desse processo (“Respeito e Direitos Humanos”) introduz a discussão sobre o que são os Direitos Humanos e a Educação em Direitos Humanos e como estão relacionados com o respeito mútuo. Assim, é possível que todos partam da mesma concepção. A segunda etapa (“Um pacto pelos Direitos Humanos”) foca a reflexão sobre o envolvimento de cada pessoa e do coletivo da escola com a EDH. A terceira etapa (“Mapeamento: um olhar cuidadoso para a escola”) orienta atividades para a análise do e pelo grupo na escola, estimulando um olhar atento para as práticas, assim como a identificação do que precisa ser transformado. A quarta etapa (“Plano de ação: é hora de agir”) propõe a elaboração de um plano com base no mapeamento, elegendo prioridades e caminhos para a sua efetiva realização. (RESPEITO …, 2016, p. 26)