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5.3 Primeira aplicação prática a partir de revisão bibliográfica (dois jogadores)

5.3.2 Fase Intermediária: Escolha do modelo, avaliação dos critérios e dos pesos

5.3.2.1 Primeira etapa: Geração da matriz de decisão

5.3.2.1.1 Matriz de decisão gerada a partir de Bain e Tozzini (2009)

Este estudo foi realizado de acordo com a comparação de onze países com, pelo menos, um representante de cada regime regulatório e pode ser visualizado no quadro 4. Dos onze países considerados, seis deles foram selecionados por estarem posicionados entre os líderes globais de reservas e produção de petróleo e gás (Arábia Saudita, Venezuela, Rússia, Estados Unidos, Emirados Árabes, Nigéria). Além destes seis países, outros cinco países foram selecionados por serem de casos especiais que merecem melhor detalhamento, a saber: (i) Noruega, maior produtor da Europa e líder em tecnologia offshore; (ii) Indonésia, uma das indústrias petrolíferas mais antigas do mundo e país referência na adoção da partilha de produção (PSC); (iii) Angola, recente caso de sucesso na implementação do regime de partilha de produção (PSC) em campos

offshore com consequente aumento de produção nos últimos anos; (iv) México, segundo maior

produtor de petróleo e gás da América Latina e país referência na adoção do regime de serviços; e (v) Brasil, recente sucesso na exploração e produção de petróleo e gás em campos offshore.

Quadro 4 - Matriz de decisão gerada a partir de Bain e Tozzini (2009)

País Regime Government

take

Nível de

Controle Equidade Certeza Conveniência Economia

Brasil31 Concessão 2,9 4,7 8,8 6,1 3,7 6,2 Estados Unidos Concessão 1,0 1,0 9,0 8,6 6,3 7,1 Emirados Árabes Concessão 5,2 5,9 6,6 9,0 4,6 3,4 Noruega Concessão 4,1 3,5 7,1 8,2 9,0 9,0 Rússia Concessão 5,9 4,7 3,6 6,7 5,0 4,3 Angola Partilha 7,1 7,6 4,1 4,1 5,4 2,9 Indonésia Partilha 7,4 7,2 1,8 7,4 6,3 4,0 Nigéria Partilha 3,6 7,8 8,8 6,4 4,7 3,4

México32 Serviços N/A 8,4 N/A 7,1 3,2 2,5

Arábia

Saudita32 Serviços N/A 8,4 N/A 7,2 1,0 3,0

Venezuela Joint-venture 9,0 9,0 1,0 1,0 1,9 1,0

O critério do government take considerou os valores da participação governamental para um preço de petróleo no mercado internacional de US$50. O benchmarking neste critério foi a Venezuela pelo elevado valor da participação governamental nos projetos de E&P, sendo o valor igual a 91% (BAIN; TOZZINI, 2009) e igual ao intervalo de 88% a 91% (ALBERTA, 2009), ambos estudos considerando o preço internacional do petróleo igual a US$50. Bain e Tozzini (2009) definem que a rentabilidade para as empresas exploradoras neste caso é praticamente insuficiente com este nível de government take, considerando-se o cenário de projetos de E&P em campos offshore e preço do petróleo igual a US$50. O benchmarking do critério do nível de controle também foi a Venezuela por apresentar quatro elementos positivos e nenhum negativo, a saber: (i) elevado controle da NOC (PDVSA) nas atividades gerenciais e operacionais realizadas; (ii) obrigatoriedade da participação governamental de um mínimo de 60% nos projetos; (iii) controle do nível de produção dos recursos está nas mãos do Estado e da NOC; (iv) políticas agressivas de conteúdo local de equipamentos, serviços e mão-de-obra. O terceiro critério, equidade, foi um item quantitativo calculado a partir da margem de lucro, o custo característico de E&P, dois fatores de medida da estrutura fiscal de cada país e o preço do petróleo no mercado internacional (arbitrado em US$50). O custos característicos de E&P de cada país também se encontram disponíveis no estudo realizado por Bain e Tozzini (2009). Os fatores de medida da estrutura fiscal de cada país se dividem em: (i) Fator de Regressividade

31 Para este estudo realizado em 2009, foram consideradas somente as regras e regulações referentes às dez

primeiras Rodadas de Licitações do regime de Concessão.

32 O estudo de Bain e Tozzini (2009) não menciona os valores do government take do México e Arábia Saudita já

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(FR), fator aproximado dos impostos e tributos que incidem nas receitas brutas; (ii) Fator de Progressividade (FP), fator aproximado dos impostos e tributos sobre os lucros obtidos. A seguir se encontra a fórmula (9) utilizada neste cálculo.

b;=c4d 34 ef =1 = [g=4ç1 ∗ (1 − jT − Vf8<18 k&g] ∗ 1 − jg (9) O benchmarking considerado foram os Estados Unidos por apresentar a maior margem de lucro dentre todos os países pesquisados, igual a US$19,14/bbl. Pode-se destacar também os elevados valores encontrados para o Brasil e Nigéria, que apresentam comparativamente maior nível de impostos e tributos do que os Estados Unidos porém compensam relativamente com custos mais baixos de E&P. O critério da certeza incorpora o índice EFI (Economic Freedom Index), medido pela agência independente Instituto Fraser no ano de 201633. Este critério também utilizará de uma Escala Likert estendida de 1 a 9, sendo que o valor de 9 é atribuído ao país com maior classificação neste critério (benchmarking), neste caso Emirados Árabes com um valor EFI igual a 7,98, e o valor 1 é atribuído ao país com a menor classificação, neste caso Venezuela com um valor EFI igual a 3,29.

Os critérios de conveniência e de economia, assim como o critério do nível de controle, foram considerados de acordo ao número de elementos positivos e negativos de suas legislações e regulações. O benchmarking do critério de conveniência foi a Noruega por apresentar três elementos positivos e um negativo. Os elementos positivos identificados foram: (i) regime de tributação neutra e progressiva com impostos bastante concentrados nos lucros obtidos; (ii) forte suporte do governo local em políticas de incentivo de investimentos das empresas exploradoras em tecnologia e inovação; (iii) mecanismos tributários flexíveis de incentivo ao investimento em novos blocos e em campos mais maduros e de baixa produção. E o elemento negativo foi a elaboração de um plano de exploração e produção detalhado, que deve ser cumprido integralmente pela empresa com riscos de retorno do bloco licitado ao governo. No critério de economia, o benchmarking também foi a Noruega por apresentar três elementos positivos e nenhum elemento negativo, a saber: (i) instrumentos tributários e fiscais bastante simplificados e concisos; (ii) elevada transparência das licitações de novos blocos de exploratórios; (iii) leilões públicos abertos de outorga discricionários, sendo que os parâmetros técnicos são os mais relevantes.

33 Valores mais atualizados do índice EFI para o ano de 2018 podem ser encontrados no site do Instituto Fraser: