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2 AS TRAJETÓRIAS POR ONDE PERPASSARAM AS EXPERIÊNCIAS

2.1 Matriz paradigmática da pesquisa na creche: organizando a lógica na

1. A CONSTRUÇÃO DA PERGUNTA

Questões

1) De que modo são desenvolvidas as práticas educativas com bebês e crianças pequenas na Escola Municipal de Educação Infantil “das Cores”?

2) As necessidades/desejos das crianças são percebidas e, a partir disso, que estratégias são criadas, nas práticas de Educação Infantil, para o atendimento do que é expressado pelas crianças de zero a três anos?

3) Como se desdobram, nas práticas educativas, os pressupostos apontados pelas DCNEI, enquanto referência para a proposta curricular, em relação às necessidades/desejos expressados pelos bebês e crianças pequenas?

Problema/pergunta-síntese

Em que medida as necessidades/desejos expressados pelos bebês e crianças pequenas, por meio de diferentes linguagens, são contempladas nas práticas educativas, tendo em vista o que é proposto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, de modo geral, para crianças de zero a cinco anos de idade?

2. A CONSTRUÇÃO DA RESPOSTA

Nível técnico: como fontes de informações para a produção dos dados foram utilizados artigos e

obras de autores referência nas temáticas: práticas pedagógicas com crianças pequenas; o currículo na Educação Infantil; as múltiplas linguagens como formas de comunicação; e a qualidade na Educação Infantil. Também foram utilizadas legislações referentes às políticas públicas e educacionais voltadas à Educação Infantil com destaque para as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEI. Ainda no sentido dos referenciais utilizados, foram considerados documentos organizadores das práticas educativas na Escola Municipal de Educação Infantil “das Cores”, campo desta pesquisa. Como técnicas/procedimentos para coleta e produção dos dados foram feitos o levantamento bibliográfico dos referenciais que abordam os temas desta investigação, a observação participante e utilizado o método da pesquisa-intervenção. Acerca da organização, sistematização e tratamento dos dados, a partir do processo de análise e cruzamento dos dados, ao longo de todo o processo de pesquisa, foi feita a categorização dos conceitos oriundos das informações teóricas e práticas de modo relacional, no intuito de responder às questões e a problemática proposta por meio, então, da análise de conteúdo (TRIVIÑOS, 2009).

Nível metodológico: com abordagem qualitativa e, através do método da pesquisa-intervenção, a

pesquisadora esteve inserida, conforme oportunizam os pressupostos da pesquisa participante, no contexto de duas turmas de berçário – crianças de 0 a 3 anos. A partir do enfoque epistemológico da dialética, foram consideradas questões históricas, políticas e sociais, bem como as relações entre o todo e as partes. Com olhar crítico, conforme permite este enfoque, buscou-se descrever o que se percebeu ser expresso pelas crianças, em suas diferentes linguagens, como comunicação de suas necessidades/desejos e, com isso, compreender as especificidades das práticas educativas com os bebês e crianças pequenas por meio de observações participantes das vivências construídas na realidade pesquisada e também de propostas de intervenção. Como instrumentos na coleta e produção dos dados, foram utilizados: o registro em diário de campo, no qual as situações observadas e filmadas foram descritas, trazendo também as interrogações e reflexões da pesquisadora; a filmagem de situações cotidianas, alguns registros fotográficos. Juntamente aos referenciais teóricos, estes materiais compõem os dados da pesquisa. No entanto, ressalta-se que, o processo de análise dos dados ocorreu durante toda a pesquisa, respondendo e reformulando questões e hipóteses, não havendo, portanto, segmentações (FLICK, 2006; TRIVIÑOS, 2010).

Nível teórico: como fenômenos considerados, têm-se as transformações sociais – processo de

industrialização, o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, a Constituição Federal de 1988, as concepções de currículo, o surgimento de novas políticas para a Educação Infantil, a nova concepção de infância. O núcleo conceitual básico são as práticas pedagógicas com os bebês e crianças pequenas; o currículo na Educação Infantil; as múltiplas linguagens como formas de comunicação das crianças; políticas públicas, educacionais e a qualidade na Educação Infantil. Para tanto, dentre outros autores, foram tomados como referenciais teóricos, os apontamentos de: Oliveira-Formosinho (2007); Kuhlmann Jr. (2010); Richter e Barbosa (2010); Flores (2010); Oliveira (2010); Barbosa (2010); Kramer (2002; 2011); Rosemberg (2012); Oliveira-Formosinho e Formosinho (2013); Formosinho e Machado (2013) a fim de discutir as práticas educativas com crianças de 0 a 3 anos, na Educação Infantil, tomando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil como documento orientador para a organização das propostas pedagógicas nesta etapa da Educação Básica.

Nível epistemológico: dentre as vertentes epistemológicas compreendidas como possíveis na

abordagem metodológica da pesquisa, a criticidade oferecida pelo enfoque da dialética somado a abordagem contextual que oportuniza, definiram a opção por adotá-la (GAMBOA, 2012).

Pressupostos gnosiológicos: seguindo o enfoque da abordagem dialética, os pressupostos

gnosiológicos adotados se referem à concepção de sujeito (crianças de 0 a 3 anos de idade, educadoras e pesquisadora) ativo, que se relaciona com outros sujeitos e também objetos, interagindo, atuando, transformando os espaços, construindo ambientes e também relações, às quais atribui significados. Neste caso em específico, tomando como base a análise do objeto: práticas educativas com bebês e crianças pequenas, na Educação Infantil, a fim de compreender suas especificidades.

Pressupostos ontológicos: estes são tidos como referenciais mais amplos, incluindo as

concepções de homem, história e realidade (GAMBOA, 2012). Seguindo a perspectiva do enfoque crítico adotado, a dialética concebe o homem como ser social e histórico que se constrói nos contextos econômicos, políticos e culturais em que está inserido, o que lhe atribui ainda a capacidade de transformá-los. Sendo assim, compreende-se as crianças e também suas professoras e estagiárias, como sujeitos sociais e históricos e, com isso, de direitos, os quais estão inseridos em condições econômicas, políticas e culturais que podem se distanciar ou aproximar, mas que, no ambiente coletivo que partilham, vivenciam experiências comuns, em seus processos de interação. Considerando que são sujeitos ativos, são também, portanto, capazes de transformar suas realidades.

Quadro 5 – Matriz paradigmática da pesquisa com bebês e crianças pequenas

Fonte: Elaborado pela autora com base na “matriz paradigmática” proposta por Gamboa (2012).

2.2 Pesquisa em Educação Infantil: uma abordagem qualitativa com