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2 AS TRAJETÓRIAS POR ONDE PERPASSARAM AS EXPERIÊNCIAS

2.2 Pesquisa em Educação Infantil: uma abordagem qualitativa com

O referencial teórico-metodológico adotado tomou como referência os autores Triviños (2010) e Minayo (1994). Porém, conforme foram definidos os conceitos, o método e instrumentos de coleta e produção dos dados, foram acrescentadas ideias de: Deslandes, Neto (1994); Chizzotti, (2006); Gibbs, (2009); Weller, (2010) e Gamboa, (2012), de modo a complementar as definições dos procedimentos adotados neste estudo.

Seguindo o que apontam os autores Triviños (2010) e Minayo (1994) para o desenvolvimento da pesquisa em educação, voltou-se a atenção para a primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil. Para tanto, foi escolhida uma abordagem metodológica que permitisse a utilização de instrumentos para a produção, análise e interpretação dos dados em uma pesquisa com crianças, respeitando suas formas de expressão.

Assim, para o desenvolvimento deste estudo, seguindo a metodologia científica e o que se entende como adequado para a pesquisa em educação, foi adotada a abordagem qualitativa (GAMBOA, 2012). Para Chizzotti (2006), a abordagem qualitativa considera que existe uma relação dinâmica entre a realidade

e o sujeito, entre sujeito e objeto e, entre a objetividade do mundo e, a subjetividade do sujeito, ou seja, um amplo processo relacional. A partir do que este autor entende é que se propôs, como uma das categorias de análise deste estudo, compreender nas interações e brincadeiras, as relações estabelecidas entre crianças e adultas

(educadoras); crianças e crianças; crianças e ambiente coletivo.

Conforme Minayo (1994), a pesquisa qualitativa responde a questões particulares centrando sua preocupação não em quantificar a realidade, mas trabalhar com o seu universo de significados, motivações, intenções, valores. E é justamente nesse sentido que se propôs realizar esta pesquisa, ou seja, visando compreender as vivências, as comunicações, as intenções e relações construídas no cotidiano educativo coletivo e institucional com os bebês e crianças pequenas, o que configura, em nosso entendimento, as especificidades das práticas educativas com crianças de zero a três anos (BARBOSA, 2010).

De acordo com Triviños (2010), a pesquisa qualitativa do tipo histórico- estrutural dialético parte da descrição que busca captar a aparência e essência do fenômeno, ou seja, mergulha em sua complexidade. Assim, tem-se a ideia de uma busca pela compreensão contextual e não isolada do que se estuda. Processo o qual se compreende ter tido início já no desenvolvimento da pesquisa anterior sobre a “A gestão da Educação Infantil para a criança de zero a três anos no município de Santa Maria - RS” (WINTERHALTER, 2014) com o levantamento das questões históricas e políticas vivenciadas, não só no atual campo de pesquisa, mas também no município e em nível nacional, contemplando assim, o micro e o macro contextos por entender que a sociedade atual é uma configuração da história da humanidade (TRIVIÑOS, 2010; GAMBOA, 2012).

Segundo Triviños (2010, p.130), “O enfoque dialético parte da base, do real, que é analisado em sua aparência e em sua profundidade, para estabelecer a “coisa em si”, o número, que se definem e se justificam existencialmente na prática social”. Compreende-se então, que as características deste enfoque permitem ao pesquisador uma real, contextual, profunda e complexa análise do fenômeno em processo de investigação, algo que se buscou neste estudo.

Para Gamboa (2012), as abordagens crítico-dialéticas partilham o princípio da contextualização, que os fenômenos precisam ser estudados de modo a considerar suas origens, realidades onde ocorrem e têm sentido e, por isso, são consideradas críticas. Nesta perspectiva, tendo em vista a complexa abordagem do fenômeno,

opta-se por adotá-lo para o desenvolvimento do estudo acerca das especificidades das práticas educativas na creche, a qual permite o enfoque de natureza histórico- estrutural dialética ou enfoque dialético, como também pode ser denominado nesta pesquisa.

Triviños (2010) entende que a pesquisa qualitativa pode ser conhecida também como “observação participante”, “pesquisa participante”, “pesquisa-ação” e outras, o que levou a pesquisadora a definir que esta é uma pesquisa participativa, na qual foi realizada a observação participante. Gamboa (2012) traz estas pesquisas como novos modelos metodológicos e, como vertentes epistemológicas em que são desenvolvidas as pesquisas atualmente. Assim, traz as de tipo empírico-analíticas, as fenomenológico-hermenêuticas e as crítico-dialéticas. Esta última vertente epistemológica é que, portanto, embasou as ações e fundamentações da pesquisadora durante o estudo.

De acordo com Triviños (2010), a “pesquisa participante”, enquanto tipo de pesquisa qualitativa é a que melhor se enquadra ao enfoque dialético – fundamentação teórica, histórico-estrutural que tenha como objetivo transformar a realidade que está sendo estudada. De acordo com Freire (2014), acerca da educação como um todo e não somente em relação à metodologia da pesquisa, deve-se acreditar que a mudança é possível.

Constatando, segundo o autor, nos tornamos capazes de intervir na realidade. Desse modo, observa-se e percebe-se ou, nas palavras do autor, “Constato não para simplesmente me adaptar mas para mudar ou melhorar as condições objetivas através de minha intervenção no mundo” (FREIRE, 2014, p.105-106).

Assim, no enfoque dialético, é necessário tomar como base dados empíricos da realidade de um fenômeno através da sensação e percepção do sujeito, o que se teve acesso por meio das observações participantes, os registros em diário de campo, as filmagens e intervenções da pesquisadora. De acordo com Weller (2010), a abordagem qualitativa baseia-se em uma visão holística dos fenômenos, ou seja, considera todos os integrantes de uma situação em suas interações.

Nesse sentido, a partir da inserção da pesquisadora no campo empírico, ou seja, na realidade pesquisada de duas turmas de berçário em uma Escola Municipal de Educação Infantil, em Santa Maria - RS, a “Escola das Cores”, a observação ocorreu de modo participativo em situações cotidianas do ambiente educativo institucional, vivenciadas por crianças com idades entre sete meses e três anos de

idade e suas educadoras; professoras com formação em Pedagogia e estagiárias do Ensino Médio, nos espaços internos e externos disponíveis na instituição educativa. Tal metodologia se desenvolveu, portanto, a partir da observação participante.

2.3 Primeira fase da produção dos dados: a observação participante, as notas