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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS RESULTADOS

41. A REDE ECOLÓGICA

4.2. MATRIZ SWOT DA REDE ECOLÓGICA

Por meio da análise dos resultados das informações obtidas através do site, documentos internos e entrevistas realizadas, foi estruturado o quadro 3, que traz a matriz SWOT da Rede Ecológica.

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Quadro 3 – Matriz SWOT da Rede Ecológica

AMBIEN

TE I

NT

ERNO

FORÇAS FRAQUEZAS

Promove conscientização dos consumidores

Produtores não necessariamente certificados

Promove o agroturismo Site com informações desatualizadas Preços mais acessíveis devido ao

sistema de compras coletivas

Necessidade de capitalização do produtor para expansão

Projetos que visam o crescimento e

fortalecimento do produtor Canais de divulgação precários Engajamento e envolvimento dos

associados

Necessidade de ir buscar os produtos nos núcleos (não realiza entrega) Compartilhamento de princípios e

ideais entre associados Poucas variedades

Consumo sustentável Limitação de recursos financeiros

Estimula relação de confiança entre

consumidor e produtor Pagamento de taxa de associação Regime de democracia direta

Necessidade de envolvimento dos associados nas atividades da Rede Existência de campanhas de cunho

educativo AMBIEN TE E XT ERNO OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Demanda crescente por produtos orgânicos

Distância física entre produtor e consumidor

Maior preocupação com os ecossistemas e em minimizar os

impactos ambientais Custo de transição para agroecologia Busca pela diversificação das espécies

cultivadas e da propriedade Perecibilidade do Produto Maior preocupação da população com

relação à saúde e bem estar Falta de Investimentos Públicos Crescente desconfiança em relação à

indústria moderna

Percepção do consumidor que preço do produto orgânico é mais caro que o

convencional Alternativas para geração de trabalho

Pragas e animais silvestres que prejudicam a produção Maior envolvimento da agricultura

familiar com a produção de orgânicos Aparência do produto Crescente preocupação da população

com o bem estar dos animais Surgimento de feiras orgânicas Falta de mão de obra qualificada com

conhecimentos técnicos Fonte: Elaboração Própria

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4.2.1. Forças

Dos pontos fortes observados na matriz, ressalta-se como os principais o consumo sustentável, a existência de campanhas e projetos, os preços acessíveis e o compartilhamento dos princípios entre os associados.

Pelo fato de não se tratar de feira e os pedidos serem feitos com antecedência, a Rede garante que não haja desperdício dos alimentos, tratando-se também de um dos princípios da organização. O fato de os princípios estarem bem claros e enraizados nos associados faz com que estes possuam fidelidade e maior senso de como viver bem em comunidade.

Além das questões do consumo consciente, outras ações além das compras são tomadas pela Rede, que busca conscientizar os associados a terem uma alimentação mais saudável e uma maior preocupação ambiental. Ela busca também apoiar os agricultores familiares a desenvolverem suas atividades.

Dessa forma, a existência de campanhas e projetos é imprescindível para o bom funcionamento da mesma. Entre elas, destaca-se a adesão à campanha “Xô Saco Plástico” e a participação na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos Pela vida. A primeira trata-se da proibição da utilização de embalagens que utilizem isopor e filmes de PVC, desestimulando o uso de sacolas plásticas e aceitando somente as biodegradáveis. Já a segunda tem por objetivo sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam, apresentando um modelo de desenvolvimento agrário alternativo que valoriza a agroecologia ao invés dos agrotóxicos e transgênicos.

Dos projetos realizados pela Rede, além do que está em andamento e já foi citado no presente trabalho, destaca-se o Projeto “Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais: Aproximando Agricultores Familiares e Consumidores na Região Metropolitana do Rio de Janeiro”. Este foi um projeto que também contou com a parceria da AS-PTA, executado entre os anos de 2013 e 2015,e utilizou recursos do Programa Petrobras “Desenvolvimento & Cidadania” . Ele tinha por objetivo desenvolver a capacidade de gestão dos agricultores familiares associados, estimular a implantação de tecnologias sociais para o aprimoramento dos processos produtivos e estreitar os vínculos entre esses agricultores e os consumidores urbanos. Para isso, o projeto promoveu atividades de capacitação, seminários com agricultores, gestores públicos e consumidores, visitas

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técnicas de acompanhamento, visitas de consumidores às áreas de produção dos agricultores, além de atividades voltadas à construção de uma imagem positiva da produção local de alimentos pela agricultura familiar.

Por último, ressalta-se o preço mais acessível. Os preços geralmente mais elevados dos produtos orgânicos são um grande entrave para a expansão da sua demanda. Visto isso, por se tratar de um sistema de compras coletivas e terem os custos diluídos entre vários consumidores, mesmo incluindo a taxa de associação a ser paga mensalmente, a Rede apresenta vantagem competitiva.

Uma pesquisa coordenada em abril de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em quatro capitais brasileiras levantando os preços de sete alimentos orgânicos em supermercados e feiras mostrou que os supermercados apresentaram preços mais altos em 68% dos casos.

Ao comparar os preços dos produtos orgânicos da Rede com de um mercado convencional, observa-se essa vantagem em fazer as compras na organização, como pode se observar no apêndice B.

4.2.2. Fraquezas

A escolha dos produtores da Rede se dá através de visitas que os associados fazem às propriedades, por meio da Comissão de Acompanhamentos a Produtores. Eles não precisam ser necessariamente certificados, e por não ter o contato direto do consumidor e produtor nas vendas, essa constitui em uma das maiores fraquezas da Rede. A certificação possui grande importância estratégica no mercado de orgânicos, pois além de ser um pré-requisito para apoio financeiro governamental, protege o consumidor de possíveis fraudes. Esse é um dos motivos no qual há resistência na associação.

Outro ponto a ser destacado é o fato de os canais de divulgação serem precários, pois existe apenas o site e uma rede social para tal tarefa, em que aquele ainda encontra- se com informações desatualizadas e confusas. Exemplos que corroboram tal afirmação são a quantidade de núcleos que a Rede possui, onde em alguns lugares da página ainda diz existir o da Freguesia, já extinto, e a lista de produtores com as quais a Rede possui parceria.

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Por último, vale a pena considerar a pouca variedade de produtos, pois são esses os motivos para que os consumidores escolham os concorrentes. Mesmo sendo associados, os consumidores também utilizam outros canais para obtenção de produtos orgânicos.

4.2.3. Oportunidades

Com a crescente demanda e interesse da população por produtos orgânicos, o contexto atual é bastante favorável para a Rede Ecológica.

O crescente apelo ambiental, atrelado a uma maior preocupação com os ecossistemas e a busca em minimizar os impactos ambientais, caracteriza uma das mais fortes oportunidades a ser enxergada.

Destaca-se ainda a preocupação do consumidor com a saúde e o bem estar, que só faz aumentar a desconfiança em relação à indústria moderna, que apesar de facilitar a vida cotidiana e trazer rapidez e comodidade, utiliza conservantes, estabilizantes e outros produtos que podem ser nocivos a saúde.

Por fim, mas não menos importante, ressalta-se a preocupação com o bem estar dos animais, que são explorados por essas grandes indústrias e vivem em condições nada favoráveis, levantando questões éticas e morais. Esses animais muitas vezes também estão sendo intoxicados com hormônios e antibióticos, voltando à questão da saúde do consumidor, que ao ingeri-los, está também sendo contaminado. Para uma carne ser considerada orgânica ela deve provir de animais com pastos e grãos orgânicos e não receber remédios alopáticos.

4.2.4. Ameaças

Talvez deva ser considerada como pior ameaça a percepção do consumidor que o preço do produto orgânico é mais caro que o convencional. Devido a eles estarem ganhando as prateleiras dos grandes mercados recentemente, e pelo fato desses produtos geralmente serem mais caros que os convencionais nesses lugares, os consumidores tem essa ideia bastante enraizada e difícil de transformar. Como destaca o próprio Idec em seu site, “Os preços altos praticados nos supermercados espantam muitos dos que pensam em aderir aos orgânicos. Mas quem estiver disposto a procurar com calma pode

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adotá-los sem gastar muito mais do que se paga por produtos tradicionais nesse tipo de ponto de venda.”.

Outra ameaça que merece destaque é a perecibilidade dos produtos orgânicos. Por não conterem produtos químicos, o prazo de validade é menor e estragam mais rapidamente. Adicionado a isso, está a aparência inferior, que por não conter transgênicos, costumam ser menores e menos atrativos.

A falta de interesse por parte dos agricultores em ter um sistema orgânico de produção é outro ponto a se destacar como ameaça. Os custos de transição para a agroecologia são muito altos, e os trabalhadores devem ser capacitados e ter conhecimento de técnicas para proteger sua produção de pragas e animais silvestres, que consiste em outra ameaça.

Ressalta-se também como fator crucial de ameaça a falta de investimentos públicos. Mesmo tendo interesse dos consumidores e existirem algumas políticas públicas do governo federal, o setor de orgânicos no Brasil ainda enfrenta vários problemas, como dificuldades de logística, excesso de burocracia e carência de insumos.

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