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MODELO LINEAR MODELO SISTÊMICO

2.3 MECANISMOS DE FOMENTO À INOVAÇÃO

Existe uma diversidade de políticas públicas com o objetivo de fomentar a inovação nos seus principais agentes, a saber: universidades, instituições de pesquisas e empresas.

Lundvall (2001) destaca que o principal objetivo de uma política de inovação consiste na contribuição dada para o processo de capacitação das empresas, instituições voltadas ao conhecimento e população em geral. Para que isso seja possível, é necessária a estruturação de novas formas de organização empresarial, constituições de redes e definição do papel que as empresas e universidades irão desempenhar como promotoras do conhecimento.

Assim, faz-se necessário destacar os principais mecanismos que o governo tem utilizado para promover a inovação, tais como incentivos fiscais, subvenção econômica, financiamento com juros baixos e outros que são vistos como mecanismos de compartilhamento dos riscos inerentes as próprias atividades de cunho inovativo. Segundo Rocha e outros (2010) os diferentes mecanismos de fomento à inovação podem ser agrupados da seguinte forma:

a) Apoio indireto: atua via incentivos fiscais, ou seja, redução da carga tributária sobre as atividades de P&D;

b) Apoio direto: atua via captação de recursos de modo que possa disponibilizar recursos financeiros para financiar as atividades de P&D.

Na Figura 3 é possível visualizar a representação destes mecanismos de fomento à inovação tecnológica.

Figura 3 – Representação dos mecanismos de fomento

Fonte: ROCHA; SOARES; CASSONI, 2010

2.3.1 Incentivos fiscais

De modo geral, os incentivos fiscais consistem nos mecanismos de renuncias fiscais por meio dos quais o governo apoia diretamente os investimentos direcionados para a inovação pelas empresas e foi introduzido no Brasil por meio da Lei nº 8.661/93 que regulava o Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (PDTI).

Importante ressaltar que o estabelecimento dos incentivos fiscais para empresas privadas que investem em pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, contemplados no Capítulo III da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005 (Lei do Bem), são decorrentes da recomendação expressa no Art. 28 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004 (Lei da Inovação), em que prevê que ―A União fomentará a inovação na empresa mediante a concessão de incentivos fiscais com vistas à consecução dos objetivos estabelecidos nesta Lei‖. Por conseguinte, o surgimento dos incentivos fiscais destinados às empresas inovadoras representa um marco estratégico de grande importância para o País, tendo em vista que as concessões de tais incentivos têm contribuído para despertar no universo de várias empresas a necessidade de melhorarem a gestão tecnológica e investirem cada vez mais em PD&I, com o intuito de aumentar a competitividade de seus produtos e serviços e, por consequência, competirem em bases mais sólidas, e com produtos de maior valor agregado (BRASIL, 2010). Os incentivos fiscais concedidos às empresas abrangem:

a) a dedução, para efeito de apuração do lucro líquido e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), do valor correspondente à soma dos dispêndios realizados com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica classificáveis como despesas operacionais pela legislação do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ. Essa dedução já era prevista na legislação do imposto de renda e largamente utilizada pelas empresas. Não se trata, portanto, de incentivo novo propiciado pela Lei do Bem;

b) adicionalmente, a exclusão do cálculo do lucro líquido, para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de valor correspondente a até 60% da soma dos dispêndios realizados no período de apuração com pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Esse limite pode chegar a 80% se a empresa aumentar o número de pesquisadores contratados no ano de usufruto do benefício em percentual acima de 5%, em relação à média do ano anterior; se o percentual de aumento for inferior a 5%, o limite do benefício alcança 70%;

c) a exclusão do cálculo do lucro líquido, para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de valor correspondente a até 20% da soma dos dispêndios vinculados a projetos de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica objeto de patente concedida ou cultivar registrado; d) a redução de 50% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre equipamentos, máquinas, aparelhos e instrumentos, bem como os acessórios sobressalentes e ferramentas que acompanhem esses bens, destinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico;

e) a depreciação integral, no próprio ano da aquisição, de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, novos, destinados à utilização nas atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL;

f) a amortização acelerada, mediante dedução como custo ou despesa operacional, no período de apuração em que forem efetuados, dos dispêndios relativos à aquisição de bens intangíveis, vinculados exclusivamente às

atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, para efeito de apuração do IRPJ;

g) crédito do imposto sobre a renda, retido na fonte, incidente sobre os valores pagos, remetidos ou creditados a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties, assistência técnica ou científica e de serviços especializados, previstos em contrato de transferência de tecnologia, desde que a empresa assuma o compromisso de realizar dispêndios em pesquisa no país em montante equivalente a no mínimo: uma vez e meia o valor do benefício, nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam; ou o dobro do valor do benefício, para as demais regiões;

h) redução à zero da alíquota do imposto de renda retido na fonte sobre remessas efetuadas para o exterior destinadas ao registro e à manutenção de marcas, patentes e cultivares. (BRASIL, 2010).

Com a publicação da Lei nº 10.973/04, também conhecida como ―Lei de Inovação‖, que aborda sobre os mecanismos de estímulo à inovação e a pesquisa científica e tecnológica, passou-se a pensar na criação desses incentivos fiscais para as empresas. Contudo, apenas com a Lei 11.196/05, conhecida como ―Lei do Bem‖ é que ocorreu a regulamentação desses incentivos, de modo que o antigo mecanismo de renúncia fiscal, o Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (PDTI) foi revogado.

Nesse sentido, os novos incentivos fiscais mostraram-se bem mais abrangentes e de aplicação mais direta do que o PDTI, tendo em vista que além de trazer uma maior recuperação para as empresas de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, também dispensou a prévia aprovação junto ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) dos projetos a serem beneficiados, o que antes era obrigatório pela legislação anterior.

A Lei do Bem estabelece incentivos fiscais aplicáveis à pessoa jurídica que declare seu Imposto de Renda pela modalidade de lucro real e que desenvolva por si ou mediante associações com entidades públicas e privadas atividades em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação.

Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)2 em 2006 que corresponde ao primeiro ano de vigência dos novos incentivos fiscais, 130 empresas receberam o benefício, sendo que 56% encontram-se na Região Sudeste e 40% na Região Sul. O quadro a seguir mostra o perfil setorial das empresas que fizeram uso dos benefícios fiscais em 2006,

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Vale lembrar que a Lei do Bem foi regulamentada em junho de 2006. Portanto, o seu período de vigência nesse ano foi equivalente a seis meses. A Lei prevê a obrigatoriedade de prestação de informações anuais ao MCTI das atividades desenvolvidas no âmbito do (s) projeto (s) beneficiado (s) pelos incentivos fiscais. Os relatórios relativos a determinado ano fiscal devem ser enviados até o final do mês de julho do ano seguinte.

observando uma concentração nos setores de Mecânica e Transportes, Metalúrgico e Químico. Juntos esses três setores detinham 57% das empresas beneficiadas naquele período. Quadro 2 – Perfil setorial das empresas beneficiadas pelos incentivos fiscais da Lei do Bem, 2006

SETOR DE ATUAÇÃO BENEFÍCIOS R$ (MIL) Nº DE EMPRESAS

BENEFICIADAS