5.Mobilidade nas cidades em estudo
7.1. Medição da acessibilidade ativa
A questão da acessibilidade tem sido referida como preponderante na influência dos padrões de mobilidade da população, tanto mais quando a deslocação é feita em modos ativos. Uma vez que nas cidades médias as redes de transportes públicos são pouco desenvolvidas e as distâncias médias a percorrer são relativamente reduzidas, os modos ativos desempenham um papel determinante, pelo que se considerou fundamental rever as formas de medição da acessibilidade em modos ativos.
Reconhecendo as vantagens das deslocações em modos ativos tanto do ponto de vista da condição da saúde da população como na redução da poluição, estes modos tem sido largamente promovidos em vários países. A literatura tem demonstrado que a utilização dos modos ativos está relacionada com as características do ambiente construído como a densidade ou a mistura de usos, mas também com a acessibilidade a pé e de bicicleta. No entanto, a acessibilidade em modos ativos é mais complexa e pode ser influenciada de diferentes formas por vários aspetos do ambiente construído. A medição da acessibilidade em
174 modos motorizados está amplamente estudada e apresenta teorias consensuais, mas o mesmo não acontece com a acessibilidade em modos ativos. De facto, a acessibilidade ativa, ao contrário da acessibilidade em modos motorizados, é bastante mais complexa na medida em que é influenciada por vários fatores que não os meramente relacionados com a rede de circulação e a localização das oportunidades, mas também aspetos ligados com outras características do ambiente construído como as qualidades associadas à segurança e a topografia, e ainda com qualidades estéticas que são em parte determinadas pela perceção que os indivíduos têm do meio envolvente (Figura 7.1).
Figura 0.1 – Relação entre fatores do ambiente construído e acessibilidade em modos ativos
A revisão da literatura acerca da medição da acessibilidade em modos suaves permitiu identificar quatro grupos de medidas tendo por base as técnicas utilizadas na sua medição (Figura 7.2.): medição da acessibilidade com base na distância, modelos gravitacionais, medidas focadas em aspetos topológicos da rede de circulação, e finalmente as metodologias com recursos a algoritmos próprios como o walkability e walkscore. Um quinto grupo foi ainda identificador para classificar metodologias híbridas, menos comuns, que se baseiam na combinação de técnicas de diferentes categorias.
Com esta revisão das metodologias de acessibilidade em modos ativos foi possível concluir que grande parte da literatura revista apresenta limitações conceptuais e computacionais, ao mesmo tempo os termos utilizados não são consensuais ou uniformes e as metodologias de medição de acessibilidade são quase igual número aos dos autores que as propõem. Sugerimos assim que se avalie a importância de adicionar um novo parâmetro ou uma alteração a uma medida já existente antes de sugerir uma nova forma de medição da acessibilidade ativa, uma vez que nem sempre é claro qual a mais-valia que se obtém com essa alteração. Limitações de dados justificam muitas vezes estas alterações, mas tais opções são mais limitações do que propriamente melhorias das medidas já existentes.
175 Figura 0.2 - Grupos de metodologias de acessibilidade ativa identificadas na literatura
area characteris cs?
YES
Ignores origins and des na ons?
Topological or infrastructure-based measures Evaluates Network Connec vity?
YES
Includes Level of service?
YES NO
Within FCA
Sisson 2006 (2)
Predefined spa al unit
Lowry 2012 (2) Horacek 2012 (1) Emery 2003 (1) Space syntax Alayo 2001 Hull 2012 (MoSC) Hillier’s Work Defic i e ncy index CoP 1998 (PDI)
(1) Also measure bike accessibility (2) Only bike
(3) Mul -model accessibility measures which includes walking access Others Dill 2004 (1) CoP 1998 (PEF) Gerike 2009 (1) Lundberg (2012) (1) NO
Walkability and Walk Score©type measures
Is gravity-based?
NO YES
Includes Land use mix, density and connec vity
Walkability Index Frank 2005 Van Dyck 2010 Manaugh 2011, Glazier 2011 Frank 2006, 2010 Leslie 2006, 2007 Lemon 2012 Gebel 2012 Freeman 2012 FAR Other Vargo 2012 Kim 1994 Krizek 2003 Winters 2013 (2) Mantri 2008 (1) Walk Score© Within FCA Straight line Network distance Brewster 2009
Carr 2010 Hirsch 2013Manaugh 2011, 2012 Duncan 2011 YES NO Dannenberg 2005 Hoedl 2010 (1) Nikolaos 2009 (2) Zielstra 2011 Includes intersec on density and block length
Func on decay NO FIND YES NO Weights opportuni es?
One closest opportunity of each type Several closest opportuni es of each type
Gravity-based measures
Rectangular func on Distance-based measures
Opportuni es have the same weight
A enua on assump on Cumula ve opportuni es Colclough 2009 Apparicio 2007 Munoz 2012(1) Vale 2010 Opportuni es have the same weight?
YES NO Land Use Mcneil 2010 (1) Apparicio 2008 (1) Straatemeier 2008 (2) Popula on Abley 2010 (1) Zhao 2003 One type Apparicio 2008(1) Páez 2012(1) Within FCA Various types Any distance Sadler 2011
One type Various types
Within FCA Any distance
Apparicio 2007, 08 (1) Lundberg 2012 (1) Achuthan 2007, 2010 (3) Hull 2012 (InViTo) (3) Hull 2012 (IMaFa) (3) Hull 2012 (SNAPTA) (3)
Within FCA Any distance
Apparicio 2007 Aultman-Hall 1997 Yigitcanlar 2007 (3) Mavoa 2012 (3) Sadler 2011 Hull 2012 (TRACE) (1) Hull 2012 (HIMMELI) (1) Shen 2002 (1) Pearce 2006 (1)
which opportuni es? Include other built
environment measures? NO YES Axial lines Stahle 2005 Spa al un s Point Segment CoP 1998 (PPI)
Point to area Point to point
Silva 2010 (1) Hull 2012 (GraBAM) (1) Sun 2012 Kockelman 1997(1) Manaugh 2012(1) Travel Time impedance Vasconcelos 2012 Lowry 2012 (2) Iacono 2010 (1) Travel Distance impedance
FCA: Floa ng Catchment Area
CoP: City of Portland, Portland Pedestrian Master Plan 1998 LUM: Land Use Mix
176 Igualmente importante é a escala de análise na qual é efetuada a medição da acessibilidade. Efeitos de escala (resolução espacial e extensão espacial) estão muitas vezes presentes nas medidas, e podem em si mesmo constituir a razão da diferença observada. A grande maioria das medidas também é concebida para medir acessibilidade de origens e não de destinos, mas não é claro que a influência do destino seja negligenciável para explicar o comportamento dos indivíduos. Finalmente foi possível apresentar algumas orientações para a clarificação de alguns conceitos e metodologias para a medição da acessibilidade em modos ativos, no World
Symposium on Transport and Land Use Research 2014, tendo o artigo sido publicado no
Journal of Transport and Land Use (http://dx.doi.org/10.5198/jtlu.2015.593).