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Mediateca de Sendai Toyo Ito

No documento noe garrocho aço pereira dissertacao (páginas 125-131)

Imagem 51 – Toyo Ito

Toyo Ito é um Arquitecto japonês, nascido em Seoul, em 1941. Acaba a sua for- mação como Arquitecto no ano de 1969142. Facilmente se percebe o interesse de Ito no

trabalho do grupo Archigram ou de Cedric Price. Eram contemporâneos, numa altura em que recentemente havia saído da Universidade. Também ele explora o conceito de habitação individual através da criação de um ambiente individual, ainda que não tenha sido construído.

Com a passagem para os anos 80, Toyo Ito refere que se começa a agarrar a um modo de vida realista e possível de concretizar143. Até aí tinha-se concentrado sobretudo

nas formas e nos espaços, sem que tivesse deinido um Utilizador em concreto. A partir daí começa a explorar o comportamento do Utilizador dentro destes espaços que cria e a maneira como este se relaciona com eles, agarrando mais à realidade a sua obra144. É já

um Toyo Ito maduro e experiente que cria a Mediateca de Sendai. Fê-lo como resposta a um concurso criado por aquela cidade145. A data de construção é 2001. É um Edifício que

tem uma forte componente Cibernética. Apoiado nesta Ciência estão muitos dos subsis- temas que fazem funcionar a Mediateca.

142 - Autor desconhecido, [Em linha], http://www.toyo-ito.co.jp. 143 - Ito, 1995, p. 18-19.

144 - Ito, 1995, p. 18-19.

145 - Autor desconhecido, [Em linha], http://www.toyo-ito.co.jp.

A Mediateca é um equipamento com 6 pisos acessíveis ao público. Reúne um pro- grama com várias condicionantes e valências distintas. É importante referir que a inte- gração no mesmo Edifício, destes elementos, nunca havia sido tentada. O seu programa é por isso muito próprio e a articulação das suas diferentes componentes originou um Edifício único. Toyo Ito dota-o da capacidade de, no futuro, poder sofrer transformações que o permitam albergar um outro programa com diferentes condicionantes146. Isto acon-

tecerá quando o programa implicar resposta a novas necessidades.

A capacidade de mudança programática prende-se com o facto de ter sido de- senhado segundo princípios da Teoria Geral dos Sistemas. De facto, esta maneira de projectar proporciona instrumentos para atingir um equilíbrio projectual. Este equilíbrio pode advir da disposição dos vários elementos. Também pode existir devido à conju- gação destes elementos ser feita segundo princípios que a condicionam, porque regram o seu posicionamento.

A implantação é feita em todo o espaço que lhe foi destinado, como é referido no ilme da Architecture 21. Por outras palavras, os limites exteriores do Edifício são os limites

146 - Architecture 21, 2005, registo vídeo – Anexo 1.

do terreno. Implanta-se numa zona relativamente baixa da cidade de Sendai e destaca- -se a sua volumetria, na envolvente. Através da maneira como se relaciona com a envol- vente, Toyo Ito pretendia que o Edifício se abrisse para ela. Que fosse o prolongamento do espaço público, no andar térreo, mas que protegesse quem nele entrava. Toyo Ito refere, que a imagem da cidade se vai alterando ao longo do ano147. Considera também

que o Edifício se tem capacidade para se ir alterando, acompanhando essa mudança, sendo sensível a ela. Por isso a fachada permite que haja transparências e que com isso, o Utilizador esteja a par com o que vai acontecendo no espaço envolvente ao Edifício.

Pode-se airmar que o conceito de parcimónia está presente neste projecto, como refere Joaquim Español148. O conceito espacial da mediateca permite que este não seja

deinido através de elementos ixos. Abre-se excepção apenas para algumas áreas de serviço e para os pilares que o atravessam pontualmente. Mesmo algumas das áreas técnicas são apenas separadas do público geral por uma cortina, que transfere leveza e continuidade ao espaço149. As diferentes zonas materializam-se pela forma como é dis-

tribuído o mobiliário.

147 - Architecture 21, 2005, registo vídeo – Anexo 1. 148 - Español, 2007, p. 15-25.

149 - Architecture 21, 2005, registo vídeo – Anexo 1.

A técnica de construção utilizada na Mediateca de Sendai é relativamente sim- plista, também ela parcimoniosa. Um conjunto de pilares que atravessam todo o Edifício sustenta os vários pisos, situados nos 4 cantos. Estes elementos, que são tanto estrutur- ais como funcionais, são maiores e albergam as escadas de serviço e de emergência, bem como outros sistemas técnicos. Além desses pilares principais, há outros que estão dispersos sem outra ordem que não a de ajudar a deinir o espaço que vão conter.

Imagem 55 – maqueta conceptual – Mediateca de Sendai

No quinto piso há uma galeria cujas paredes podem ser mudadas de posição. Essa possibilidade deixa que sejam permitidas várias conigurações desta mesma sala. Isto permite que o Edifício se adapte às várias exposições que nele decorrem. Do mesmo modo, também o andar reservado às exposições das associações culturais de Sendai, alojado no sexto piso, pode ser transformado, para acomodar várias mostras que sejam realizadas.

No projecto da Mediateca de Sendai não são utilizados muitos sistemas activos de controlo do Edifício. Estes são de controlo directo, na maior parte dos casos. Além disso, estes são geralmente simples na sua construção e papel. A capacidade de trans- formação do Edifício, para se adaptar às mudanças de programa, existe de uma forma parcimoniosa, uma vez que os vários pisos podem ser alterados, consoante as necessi- dades do programa vão evoluindo. O próprio ritmo de vida do Edifício dita que assim seja, pois está previsto que não sofra alterações a curto prazo. O espaço é maximizado, como foi referido, pelo uso da totalidade do lote. Dentro deste limite, praticamente tudo é livre

de ser alterado. Salvo as excepções apresentadas, tal não acontece, já que quase tudo se mantém nas mesmas posições. Não tem sido necessário haver mudanças, uma vez que a capacidade de resposta às necessidades tem sido suiciente.

Neste Edifício, a Inteligência Artiicial é aplicada. Existe sobretudo, em sistemas que são comuns na Arquitectura hoje em dia. Por exemplo os sombreadores, controlo climático e sistemas de emergência. Analisando de uma maneira geral, podemos consi- derar que o Edifício não é uma entidade. Não se manifesta através de momentos ou carac- terísticas, que estejam interligados ciberneticamente. No entanto há muitos sistemas que se comportam como uma entidade, ainda que separados entre si. Estão interligados à parte física do Edifício – estrutura, pisos, paredes – sem que haja um controlo central ou um controlo sectorial, interligado a uma central. Este controlo ou inteligência artiicial do Edifício é determinado aquando da idealização e concretização do projecto, por Toyo Ito. É através de si que são deinidas as prioridades de utilização, bem com a articulação entre os vários sistemas, para que o conjunto funcione como um todo. Não existe, por isso uma centralização da capacidade de resolução e problemas. Não há computação central, e por isso não se pode dizer que existe uma entidade.

O modo como o Utilizador da Biblioteca comunica com ela faz-se através de in- terfaces. Não se pode dizer que haja um interface total. Um Interface, através do qual se possa comunicar com o Edifício, como um todo. O que existe são vários Interfaces, cada um controlando a o seu dispositivo. Alguns destes Interfaces estão agrupados. Ou seja, alguns deles podem ser os controladores de vários subsistemas.

Apesar de parecer que esta a atitude fecha o projecto. Que o torna adequado para um e só um determinado im. Porém, a Mediateca de Sendai continua a poder sofrer al- terações programáticas e utilizações variadas, sempre que seja desejado, sem que haja a interferência do arquitecto.

A mediateca de Sendai tem alguma relação com a cúpula geodésica de Fuller, num aspecto, uma vez que existe uma pele, que cobre o programa do Edifício. Permite que sejam desenvolvidas as actividades humanas dentro de si, relacionando-se com a envolvente de diferentes maneiras, dependendo das necessidades do Utilizador – esta característica é comum a todos os Edifícios, uma vez que todos protegem as actividades que acontecem no seu interior. Apesar de ser comum, a atitude com a qual é abordado o espaço é similar: oferecer o máximo de espaço, por piso, sendo o Utilizador a deinir a posição dos compartimentos, dentro desse espaço livre. Passando-se o pleonasmo, pode-se dizer que o uso do Utilizador é que deine a função do espaço.

A nível de comunicação, pode-se dizer que a Mediateca de Sendai é um Edifício que comunica. Não obstante, esta comunicação não é feita em rede, mas localmente. Por

isso este Edifício não se insere na categoria de Edifício que reage como sendo uma enti- dade. Ele não comunica com o Utilizador a partir dos mesmos processos que o Utilizador emprega para comunicar com outros seus semelhantes.

Como em muitos Edifícios contemporâneos, também a Mediateca de Sendai deve a sua existência a Algoritmos. Ela é criada com recurso a programas de computador que usam este conhecimento para operar. Além disso, possui a Mediateca vários subsiste- mas que operam segundo Algoritmos. São eles os sistemas informáticos, ou os sistemas de emergência.

O emprego de dispositivos na Mediateca de Sendai é evidente. Eles estão espa- lhados um pouco por todo o lado. Têm muitas tipologias diferentes. Não estão, contudo, ligados em rede, na sua maioria. Dependem assim de informação local. Para que fossem capazes de reconhecer todos os utilizadores que os operam, seria necessário dotá-los de grande capacidade computacional. Assim, visto isso ser virtualmente impossível, não há esse reconhecimento, na maioria dos dispositivos aplicados.

Para melhor se compreender a sistematização fez-se um resumo esquemático da mesma. Este apresenta-se na página seguinte.

Findada a sistematização, percebe-se que existe uma adição ao conhecimento através da análise do objecto de estudo. A consideração dos indicadores de análise per- mite perceber novas relações espaciais entre o Edifício e o utilizador, que podem não ser evidentes de outra maneira.

Veriicou-se que existem diferenças na apropriação dos objectivos da dissertação, no que respeita à sua aplicação em projectos contemporâneos. Estas diferenças são explicadas pela evolução histórica destes conceitos. Também são explicadas pela quanti- dade de tecnologia que está disponível, em cada dado momento. Mais que isso, per- cebeu-se que a Arquitectura tem capacidade de resolver os condicionalismos actuais, recorrendo a soluções que estão já disponíveis. Estas soluções usam a tecnologia para resolver as necessidades programáticas. Porém, não é usada para potenciar verdadeira- mente o projecto em que se insere. É tido o objecto de estudo como uma componente do projecto de arquitectura, sem, porém, ser este pensado a partir daí. É considerado como uma adição que o potencia, ao invés de ser considerado um pressuposto a partir do qual, o projecto se desenvolve.

Resumo esquemático da Sistematização

No documento noe garrocho aço pereira dissertacao (páginas 125-131)