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Medicamentos e outros produtos de saúde: definição de conceitos

2.1.

Medicamentos de uso humano (MUH)

O Decreto-Lei n° 176/2006, de 30 Agosto5 diz respeito ao estatuto do medicamento. Numa

farmácia de oficina, este é o principal produto existente, sendo a sua cedência da responsabilidade do farmacêutico, que deve sempre reger-se pela ética inerente à sua profissão.

Assim, e de acordo com o mesmo Decreto-Lei, existem várias definições que veremos a seguir.

2.1.1. Medicamento em geral

Medicamento é “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” 6.

5 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

agosto de 2006, pp. 8.

6 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

2.1.2. Medicamento similar

“Medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, sob a mesma forma farmacêutica e para o qual, sempre que necessário, foi demonstrada bioequivalência com o medicamento de referênca (MR), com base em estudos de biodisponibilidade apropriados” 7.

2.1.3. Medicamento de referência

“Medicamento que foi autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos” 8.

2.1.4. Medicamentos estupefacientes e psicotrópicos

São considerados psicotrópicos e estupefacientes as plantas, substâncias e preparações que constam no decreto-lei n.º 15/93, de 22 de janeiro9. Neste decreto encontra-se o regime

jurídico do tráfico e consumo de estupefacientes e psicotrópicos.

Psicotrópica: toda a substância que atua sobre as funções e comportamentos psíquicos, agindo direta ou indiretamente sobre o sistema nervoso central, produzindo alterações no comportamento, humor e cognição, qualquer que seja o comportamento exercido (depressor ou estimulante).

Estupefaciente: Uma substância que tem funções sedativas, narcóticas e euforizantes, susceptíveis de originar dependência.

Estas são substâncias muito importantes para a medicina e as suas propriedades, desde que usadas de forma correta, podem trazer benefícios terapêuticos a um número alargado de situações de doença. As doenças psiquiátricas, oncológicas ou o uso de psicotrópicos e estupefacientes como analgésicos ou antitússicos são alguns exemplos da sua aplicabilidade terapêutica. Não obstante, apesar das suas propriedades benéficas, estas substâncias apresentam alguns riscos, podendo induzir a habituação e até dependência, quer física quer psíquica10.

7 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

agosto de 2006, pp. 8.

8 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

agosto de 2006, pp. 8.

9Ministério da Saúde (1993), Decreto-Lei n.º15/93, Diário da República, 1.ª série, Nº 18, 22 de janeiro de

agosto de 1993.

10 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

2.1.5. Medicamentos genéricos

Os medicamentos genéricos (MG) são medicamentos similares a um MR, cuja patente da substância ativa ou do processo de fabrico tenha caducado. Estes medicamentos devem ser alvo de estudos de biodisponibilidade e bioequivalência que comprovem essa equivalência. Para além do referido, os MG não podem invocar indicações terapêuticas diferentes das atribuídas ao MR e têm de apresentar a mesma forma farmacêutica. Para ser mais percetível a distinção entre estes medicamentos e os restantes, a cartonagem deve conter a menção "MG" 11.

2.1.6. Medicamentos manipulados

No âmbito de preparação de medicamentos surgem dois conceitos: preparado oficinal e fórmula magistral.

Preparado oficinal: "qualquer medicamento preparado. Segundo as indicações compendiais de uma farmacopeia ou de um formulário oficinal, numa farmácia de oficina ou em serviços farmacêuticos hospitalares, destinado a ser dispensado diretamente aos doentes por essa farmácia ou serviço" 12.

Fórmula magistral: "qualquer medicamento preparado numa farmácia de oficina ou serviço farmacêutico hospitalar, segundo uma receita médica e destinada a um doente determinado"13.

2.1.7. Outros produtos de saúde

Existem ainda disponíveis nas farmácias outros produtos de saúde, entre os quais se encontram: produtos fitoterapêuticos, medicamentos e produtos homeopáticos, produtos para alimentação e infantil, produtos cosméticos e dermofarmacêuticos.

A quantidade e diversidade destes produtos dependem de vários fatores, entre os quais a condição sócioeconómica dos doentes da farmácia. Na FS existe uma variedade limitada destes produtos, procurando-se apostar mais em linhas que os utentes usem, e em quantidades pequenas, até pela própria situação económica em que o país se encontra.

11 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

agosto de 2006, pp. 10.

12 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

agosto de 2006, pp. 10.

13 Ministério da Saúde (2006), Decreto-Lei n.º176/2006, Diário da República, 1.ª série, Nº 167, 30 de

2.1.8. Dispositivos médicos

De acordo com o Decreto-Lei n° 273/95, de 23 de outubro14, entende-se por dispositivo

médico qualquer instrumento, aparelho, equipamento, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado, incluindo os suportes lógicos necessários para o seu bom funcionamento, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, e seja destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência, estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico e controlo da concepção.

Os dispositivos médicos encontram-se agrupados em quatro classes, de acordo com o seu grau de invasibilidade do corpo humano e do risco que representam. Todos os dispositivos devem apresentar a menção “CE” na embalagem/rótulo, bem como o número de lote, número de série, data de fabrico, a designação do fabricante e o período de utilização, quando aplicável.

2.1.9. Medicamentos e produtos de uso veterinário

O Decreto-Lei n° 148/2008, de 29 de julho15, estabelece o regime jurídico para o fabrico,

introdução no mercado, armazenamento, transporte, comercialização e utilização de produtos de uso veterinário. Define-se medicamento veterinário como sendo todo o medicamento destinado a animais, entende-se ainda por especialidade farmacêutica veterinária, o medicamento preparado antecipadamente, apresentado sob uma denominação especial e sob um acondicionamento particular16.

Dentro desta categoria, podem ser encontrados os ectoparasiticidas, endoparasiticidas, antibióticos, suplementos alimentares, pílulas anticoncepcionais e produtos de higiene. É de referir que determinados medicamentos de uso humano, como certos colírios, pomadas, entre outros, podem ser usados muitas vezes no tratamento de animais.

2.2.

Programa Farmácias Portuguesas

A FS aderiu ao Programa Farmácias Portuguesas (PFP), sendo este um programa da ANF que visa incentivar as compras na farmácia de determinados produtos que atualmente podem ser encontradas noutras áreas, tais como parafarmácias.

14 Ministério da Saúde (1995), Decreto-Lei n° 273/95, Diário da República, 1.ª série, Nº 245, 23 de

outubro de 1995.

15 Ministério da Agricultura (2008), Decreto-Lei n.º148/2008, Diário da República, 1.ª série, N.º 145, 29

de julho de 2008.

16 Ministério da Agricultura (1997), Decreto-Lei n.º 184/97, Diário da República, 1.ª série, N.º 171, 26 de

Assim, este programa tem como objetivo fidelizar os utentes às farmácias, oferecendo-lhes vantagens e incentivos. A fidelização concretiza-se com a aquisição pelo utente do cartão do PFP. Este cartão permite acumular pontos através das compras efetuadas nas farmácias aderentes e posteriormente fazer a troca desses mesmos pontos por determinados produtos ou serviços constantes de um catálogo.

3. Circuito dos produtos farmacêuticos