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Nível 6 – O Estudo de série de

2.1 Medicina baseada em evidências no âmbito da Oncologia

medicações vão evoluindo, doenças que antes levavam a óbito atualmente não matam mais e esta realidade é graças aos estudos científicos que são desenvolvidos. Portanto os estudos precisam ser registrados, sendo imprescindíveis para auxiliarem outros pacientes. O uso de evidências na área de saúde é fundamental, pois a mídia e a internet bombardeiam com informações sobre esta área, que por muitas vezes podem não possuir fundamentos, pois a quantidade de informações não significa a qualidade delas. A prática clínica baseada em evidências é muito mais do que apenas a leitura de artigos científicos, ela menciona números, proporções, possíveis caminhos a seguir e cabe à equipe multidisciplinar interpretar esses dados e encontrar a melhor fundamentação para as suas deliberações.

2.1 Medicina baseada em evidências no âmbito da Oncologia

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (2018b, s.p.), em 2018 no Brasil surgiram 582.590 novos casos de cânceres, sendo 300.140 neoplasias em homens e 282.450 neoplasias em mulheres. Este número engloba vários tipos da doença, pois ela surge em vários órgãos do corpo humano. Diante destas afirmações é possível inferir que há muitas pesquisas sendo publicadas sobre esta temática, como também há muitas pessoas pesquisando sobre o assunto.

Schwartsmann11 (2016, s.p.) menciona alguns pontos sobre a prática clínica baseada em evidências na área de Oncologia:

● O médico precisa estar preparado para encontrar a solução que seja mais favorável ao paciente e a sociedade, tendo eficiência, segurança e que seja dentro dos padrões da realidade de cada país, tendo sobre si uma grande responsabilidade;

● Os avanços científicos veiculados pela imprensa em várias áreas médicas e, sobretudo na área da Oncologia, são oportunidades valiosíssimas de intervenção, com melhorias em tempo e qualidade de sobrevida e curas, também representam um grande dilema, uma vez que o custo das novas tecnologias esbarra-se nas limitações orçamentárias do Sistema Único de Saúde, se tornando um grande desafio;

● Em alguns casos, quando pacientes recorrem à justiça, alguns profissionais (magistrados, juristas, advogados) tornam-se especialistas em oncologia, pois estudam e pesquisam sobre o assunto, com a finalidade de fundamentar suas decisões.

● A MBE é na realidade usar de uma forma mais judiciosa e consciente o que há de melhor na literatura séria, para que seja possível tomar decisões individualmente para cada paciente. Servir de apoio, tendo um grau de segurança.

● Em medicina os profissionais não têm dúvidas de certas intervenções, são medicamente óbvias, esses estudos vão ser importantes para separar diferenças pequenas em certas intervenções, por exemplo, em tumores comuns, pode haver pequenas diferenças sutis em tumores A e B e as pesquisas podem ajudar a entender o comportamento das doenças. Ou estudos sobre remédios A e B em diferentes países, podem ajudar o profissional a escolher qual deles aplicar a um paciente.

● Há um déficit dos médicos em registrar periodicamente o que eles realizam e suas descobertas e isso poderia auxiliar em decisões médicas e decisões judiciais, por exemplo.

● Dois sites que os médicos oncologistas usam frequentemente é o NCCN12 e o UPDATE13 para pesquisar sobre o assunto, mas a utilização destas ferramentas pode ser perigosa, pode haver armadilhas de significância estatística, que não solucionam o problema.

● A MBE pode auxiliar os judiciários para aprovar ou não a viabilização de um medicamento, por exemplo, e também aos médicos que podem visualizar quais medicamentos são mais eficazes para o caso de determinado paciente.

Schwartsmann (2016, s.p.) reforça ainda mais a questão da MBE servir de apoio na tomada de decisão não só aos profissionais da saúde, como também aos profissionais da área jurídica. Apresenta a importância de registrar as descobertas e realizações, pois assim pode auxiliar nas necessidades informacionais de outros profissionais. Enfatiza que há armadilhas na escolha de evidências, mesmo em sites específicos, sendo preciso estar atento na recuperação de informações. Complementarmente, Grogan (1995) ressalta que o sucesso não depende tanto da especialização em um assunto, mas de ser especialista em localizar as informações sobre qualquer campo do conhecimento e de estar disposto a gastar tempo e suor para consegui-lo. À vista disso é possível ressaltar que como alguns profissionais (magistrados, juristas, advogados) tornam-se especialistas em oncologia ao estudar o assunto profundamente, o bibliotecário pode também se especializar nesta área, devido a sua formação.

12 Site da NCCN: https://www.nccn.org/.

Stefani (2017, s.p.) aponta os seguintes aspectos sobre as evidências científicas na área da oncologia:

● O câncer até 2030 será a principal causa de morte, ultrapassando doenças cardiovasculares.

● Se não há uma perspectiva científica desenhada é possível achar que determinada decisão não pode fazer mal ao paciente. Então é preciso fazer uma análise científica crítica que permita identificar a literatura pertinente e aplicável ao caso em questão. A internet pode ser uma ferramenta ruim, pois o paciente acaba vendo certos tipos de medicamentos ou tratamentos que podem servir pra ele, mas cabe ao profissional fazer essa análise clínica.

● Não se pode utilizar estudos de grupos diferentes e achar que servirá para todos. Um estudo que fala sobre determinados pacientes, por exemplo, com linfoma de alto grau, pode não servir para outros pacientes com linfoma de baixo grau, sendo importante considerar a condição do paciente.

● As perguntas que devem ser feitas para escolher determinada Evidência Científica, são: os pacientes têm mesma doença? A doença está no mesmo estádio (I, II, III, IV)? É o mesmo caráter de tratamento? Essas perguntas auxiliam na tomada de decisão dos tratamentos do paciente, que pode aumentar a sobrevida global e a qualidade de vida.

● É preciso levar em conta a realidade do paciente e da instituição, pois existem ferramentas, mas é preciso saber usá-las.

Pelo exposto, entende-se que é necessário fazer uma análise crítica da informação que será utilizada, pois a pesquisa na internet proporciona tantos caminhos a seguir que é preciso filtrar e selecionar o que irá conter a melhor informação, além disso, cada paciente vai necessitar de pesquisas específicas e para obter um resultado satisfatório algumas perguntas podem ser seguidas para nortear as buscas e as tomadas de decisões dos profissionais. Quando Stefani (2017, s.p.) cita essas perguntas, podemos fazer a associação com a estratégia PICO, já mencionada anteriormente.

Com base no que foi mencionado sobre a prática da medicina baseada em evidências na oncologia, juntamente com as experiências dos profissionais e a realidade e os valores do paciente; observa-se que a MBE é essencial para auxiliar na tomada de decisão no que se refere aos diversos casos de pacientes com neoplasias, pois diminuirá o tempo de buscas e

fornecerá informações verídicas e de qualidade visando o bem maior. Caso os estudos sobre esta temática não fossem publicados isto implicaria diretamente na população, pois as pesquisas científicas proporcionam novas alternativas que objetivam fornecer uma melhor qualidade de vida para as pessoas que enfrentam tratamentos oncológicos.

3 A BIBLIOTECONOMIA CLÍNICA E A PERFORMANCE DO BIBLIOTECÁRIO