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se você tivesse que explicar para uma equipe multidisciplinar em oncologia o porquê de inserir um bibliotecário clínico como membro, o que diria?

Resposta: O bibliotecário clínico é o profissional capacitado para integrar a equipe de oncologia para fornecer todo o suporte necessário para busca, organização, disponibilização e

produção científica em saúde para que a equipe em oncologia tenha o suporte de informação necessário para prestar a melhor assistência ao paciente com câncer.

5.1.1 Breves reflexões sobre a atuação e atividades desempenhadas do bibliotecário clínico em oncologia

No que se refere à questão 1, Souza ([2018?], s.p.) cita sobre as atividades básicas realizadas pelo bibliotecário clínico em oncologia:

Papel: procurar, filtrar e fornecer melhores evidências para decisões clínicas, dando suporte à equipe médica através de levantamentos bibliográficos, normatização de publicações técnico-científicas, organização de arquivos de prontuários, arquivos documentais e na organização de coleções de materiais especiais como fotos e slides. (SOUZA, [2017?], s.p.).

É possível verificar que as atividades citadas na entrevista também aparecem na citação acima. Pode-se entender que há as atividades básicas para este profissional, porém estas ações podem ser mais específicas de acordo com a instituição em que está incluído o profissional e levando em consideração as necessidades informacionais dos profissionais da saúde.

Em relação à questão 3, é muito importante o bom relacionamento entre todos da equipe, assim o trabalho tende a fluir melhor. Conforme Valentim (2000, p.20), o profissional da informação também deve aprender a trabalhar em equipe e perceber a função de processar e filtrar a informação sempre com o foco voltado para o usuário. Sendo exatamente isso que o bibliotecário clínico faz, ele percebe a necessidade informacional, faz o processamento necessário para a obtenção das informações e realiza a filtragem para fornecer aos seus usuários a melhor evidência, sendo seus usuários os profissionais da equipe e os próprios pacientes, tendo em vista que os conhecimentos científicos adquiridos pela equipe multidisciplinar afetarão diretamente aos pacientes.

Quanto à questão 6, é perceptível que a MBE se constitui de um campo de atuação para o bibliotecário que trabalha em conjunto com os médicos e demais profissionais da saúde. Silva (2005b, p.141) diz que na prática da MBE, três tipos de pessoas estão envolvidas: o médico, o paciente e o bibliotecário; cada um se diferencia pelas habilidades e pelos conhecimentos que possuem, a grande diferença entre esses três tipos de pessoas é "saber como é realizado" e pelo "saber realizar". A bibliotecária entrevistada menciona que a MBE deve ser aliada a experiência do médico, já Sackett et al (1996, p.71, tradução nossa),

mencionado anteriormente, defende que a medicina baseada em evidências define-se como o uso consciente, explícito e crítico da melhor evidência atual, integrado com experiência clínica, valores e preferências dos pacientes.

No que tange a questão 7, é muito importante o bibliotecário conhecer recursos de avaliação de evidências, porém não compete ao profissional da informação avaliar o nível da informação científica, a equipe em saúde precisa conhecer as diretrizes que auxiliam nesta avaliação. Silva (2005b, p.141) alega que cabe ao médico ou profissional da área da saúde saber como é realizada a avaliação da literatura. É interessante ressaltar que a bibliotecária citou o sistema GRADE de classificação, este mesmo sistema foi mencionado no referencial teórico.

No que diz respeito à questão 8, pode-se perceber que o bibliotecário clínico não atende diretamente ao paciente, seu contato é direto com os médicos e equipe. Ou seja, cada profissional tem a sua função específica, o profissional da informação não possui as competências e habilidades necessárias para realizar uma consulta com uma pessoa adoentada, porém ele pode auxiliar o profissional responsável por este acompanhamento a encontrar evidências que auxiliem as tomadas de decisão ao longo dos processos clínicos.

Em consonância com a questão 10, há um grande volume de informações na área da saúde, consequentemente na área da oncologia também, para possibilitar uma visão deste cenário foi realizada uma breve pesquisa no Portal de Periódicos CAPES. Se fizermos a busca, em todos os índices, pelo termo “oncologia” serão fornecidos 35.309 resultados; com o termo “câncer” 8.747.720 resultados e com o termo “oncology” 2.924.529 resultados. Ou seja, é produzido muito material.

Enquanto a questão 12 percebe-se a importância do profissional da informação participar de eventos, neste contexto é interessante ressaltar que no Brasil, em outubro de 2019, houve o 13º workshop de Prática Clínica Baseada em Evidências, sendo o Brasil o único país latino-americano a sediar este workshop, e ele teve como objetivo principal analisar e interpretar criticamente a literatura científica na área de saúde e aplicá-la na tomada de decisão relacionada à utilização e/ou incorporação/desincorporação de tecnologias em saúde; na formulação e implementação de diretrizes e protocolos assistenciais, este evento conteve duas bibliotecárias no corpo tutorial.

Ao decorrer da análise das respostas, surgiu uma curiosidade, saber uma estimativa de bibliotecários clínicos atuando. Com uma breve pesquisa na plataforma Linkedin29 foi

possível observar o quantitativo de bibliotecários clínicos cadastrados na plataforma e organizar esses dados por países. Segundo SAES (2016, s.p.) os brasileiros ficam em terceiro lugar quando a questão é a utilização do Linkedin. Com base nisso, desenvolveu-se a tabela 1.

Tabela 1 – Bibliotecários clínicos por países

Países Bibliotecários

Austrália 19

Arábia Saudita 1

Bend, Oregan Area 1

Brasil 4 Canadá 30 Catar 1 Chipre 1 Espanha 1 Estados Unidos 122 Filipinas 1 Finlândia 1 Holanda 16 Índia 2 Irlanda 2 Irã 4 Nova Zelândia 3 Noruega 1 Reino Unido 82 Porto Rico 1 Suécia 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

É importante ressaltar que este resultado não nos remete ao total de bibliotecários clínicos existentes pelo mundo, pois nos dá acesso apenas aos profissionais cadastrados na plataforma. Através da tabela podemos verificar que o cenário da biblioteconomia clínica no Brasil ainda é escasso. Os Estados Unidos é um mercado que atua com tempo consideravelmente consistente, valorizando o bibliotecário e tornando ele um profissional requisitado. No Brasil esse mercado é pouco explorado, sendo que o aparecimento desse ramo de atuação foi em 1983 (PIRES; RIBEIRO; KLEBERSSON, 2013, s.p.).

Com a revisão da literatura e as respostas obtidas através da aplicação desta entrevista, é possível construir um quadro de atividades realizadas pelo bibliotecário clínico em oncologia e relacionar com as ações pré-estabelecidas pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

Quadro 6 - Atividades realizadas pelo bibliotecário clínico comparadas as atividades estabelecidas pela CBO