5.1. GERENCIAMENTO DO USO DA ENERGIA ELÉTRICA
É de suma importância para o surgimento da conscientização do uso eficiente da energia o com- prometimento de todos os usuários da instalação. Cabe ao administrador da organização criar o ambiente necessário à integração das pessoas, com a elaboração de informativos de acompanha- mento de resultados obtidos e metas traçadas.
Para tanto é necessário que sejam reunidos os dados da instalação, tais como demonstrado em seguida.
·
Elaboração de uma planilha contendo os valores de consumo de energia (kWh) e demanda(kW) dos últimos 12 meses. A Tabela 5.1, apresentada a seguir, é um exemplo de planilha de acom- panhamento dos dados da conta de energia elétrica.
Tabela 5.1 - Planilha de acompanhamento de conta de energia.
· Levantamento das cargas existentes na instalação, cadastro dos equipamentos, com identifica-
ção da potência (kW), quantidade e o ambiente a que pertence.
· Listagem dos principais equipamentos consumidores de energia elétrica da instalação com
identificação do período de operação e do número de horas de funcionamento dos mesmos. O Quadro 5.1, a seguir, é um exemplo de planilha de extratificação de cargas.
Quadro 5.1 - Planilha de extratificação de cargas (o consumo estimado é obtido pela multiplicação da potência pelo nº de horas/dia e pelo nº de dias/mês).
·
Divisão percentual das cargas de forma a direcionar as ações nas maiores cargas onde certa-mente estarão os maiores ganhos de energia, como exemplo: 30% iluminação, 50% ar-condiciona- do, 10% força motriz, 5% informática e 5% outros. A Figura 5.1 apresenta esta divisão.
Figura 5.1 - Gráfico de perfil de cargas.
·
Criação de uma comissão, nomeando um responsável por cada setor e promoção de reuniõessemanais com estas pessoas (ver criação da CICE).
·
Solicitação de sugestões de melhoria de eficiência aos responsáveis de cada setor, assim comoàs pessoas com quem eles trabalham.
·
Estabelecimento de metas possíveis de serem atingidas e divulgação em cartazes, motivando osfuncionários a participar da campanha de redução do desperdício da energia.
·
Divulgação do alcance de uma meta, parabenizando a todos pelo resultado alcançado.·
Estabelecimento de parâmetros de comparação, ou seja, transformação da energia economi-zada em valores sua conversão em algo que seja compreendido de forma mais fácil para todos. Por exemplo, uma economia de 300kWh/mês com uma tarifa média de R$0,25/kWh equivale a R$75,00, que por sua vez representa 150 cafezinhos no bar da esquina.
·
Se for possível, reversão do valor economizado em aquisição de equipamentos mais eficientesno uso da energia. Como exemplo, aquisição de lâmpadas fluorescentes compactas em substituição das lâmpadas menos eficientes. Desta forma, a economia estará se revertendo para proporcionar mais economia e eles estarão vendo os resultados obtidos, gerando melhorias no ambiente de traba- lho.
5.1.1. PRECAUÇÕES COM A INSTALAÇÃO ELÉTRICA
As instalações elétricas necessitam de um acompanhamento periódico de suas condições operacionais, a fim de evitar possíveis falhas e riscos de acidentes.
Nos quadros de distribuição, cabos e sistemas de proteção, torna-se necessária a verificação do correto dimensionamento, de modo a evitar que os mesmos estejam sendo utilizados de forma subdimensionada, ou seja, aquém da capacidade para a qual eles foram projetados.
5.1.2. CURVA DE CARGA
A curva de carga de uma instalação representa o perfil de comportamento das cargas solicitadas durante as 24 horas do dia, apresentando os valores de pico e possibilitando avaliar o consumo em determinados horários ou dias diferentes.
Os dados da Curva de Carga possibilitam ao administrador da instalação identificar os períodos de maior consumo e suas respectivas causas, possibilitando o controle dos valores contratuais de de- manda, evitando o pagamento de multas por ultrapassagem. Para o estabelecimento da curva de carga, torna-se necessária a instalação de um analisador de parâmetros elétricos no circuito principal da instalação, efetuando registros de 15 em 15 minutos para composição da curva com as informa- ções contidas no Quadro 5.2. A extratificação de cargas permite agrupar as cargas por horário de funcionamento na curva de carga e verificar quais as cargas que dão conformação à curva, facilitan- do a visualização dos sistemas/equipamentos que podem oferecer ganhos de energia. A curva tam- bém pode ser traçada para setores específicos da instalação que tenham uma participação significa- tiva na matriz energética, bastando que para isso o circuito correspondente seja monitorado e anali- sado seguindo os mesmos critérios.
A Figura 5.2 apresenta as características da curva de carga de um prédio administrativo com funcionamento regular de segunda a sexta-feira das 8:00 às 17:00 horas, com parte da instalação possuindo um funcionamento até às 20:00 horas. A demanda contratual é de 50kW e o horário de ponta é de 17:30 às 20:30 horas.
5.1.3. DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO
O diagnóstico energético é um trabalho realizado por um profissional ou por uma empresa espe- cializada em uso eficiente de energia. Este trabalho contempla a avaliação de todos os sistemas consumidores de energia existentes em uma unidade consumidora. São avaliadas as condições de operação de motores, sistemas de iluminação, transformadores, elevadores, sistemas de ar-condicio- nado e outros. Esta análise visa observar as condições de operação dos equipamentos comparando com o seu correto dimensionamento e suas condições de operação, a fim de identificar pontos de desperdício de energia.
Num trabalho de diagnóstico energético também são analisadas/avaliadas as contas de energia, a fim de se estabelecer o melhor enquadramento tarifário e de modelo de contrato para a organização, ou seja, o modelo que irá apresentar um menor custo da energia ao final do mês.
Medidas operacionais também são analisadas neste tipo de trabalho. Elas prevêem a mudança de horários de funcionamento de determinados sistemas, assim como o deslocamento de cargas para horários onde o pico da demanda esteja menor (ver Figura 5.2 – Curva de Carga), a fim de melhorar o fator de carga da instalação e diminuir o valor da demanda contratada. O fator de potência da instalação também é avaliado, uma vez que caso ele esteja abaixo do valor mínimo exigido pelas concessionárias (0,92), a conta de energia é onerada com o pagamento de energia e demanda de reativos excedentes. Cabe ressaltar que todas as medidas recomendadas em um diagnóstico energético visam melhorar a eficiência e eliminar o desperdício, quer seja de energia (kWh), quer da demanda (kW) ou de custos (R$), mantendo o mesmo nível de produção e conforto estabelecidos para o bom funcionamento da organização.
É preciso não confundir a eliminação do desperdício de energia com o racionamento.
Neste trabalho duas vertentes são exploradas: a primeira relativa a medidas administrativas e a segunda a mudanças de equipamentos com tecnologias mais eficientes.
Muitas vezes as medidas sugeridas em um diagnóstico energético são de caráter puramente operacional e administrativo, não necessitando da realização de investimentos, ou seja, apenas com ajustes na operação das cargas e com a adoção de medidas de mudanças nos hábitos ou nos horários de funcionamento de determinados setores ou cargas é possivel obter-se economias de custos (R$) e energia (kWh).
Outras vezes, as medidas apontam para a necessidade de substituição de equipamentos por outros de menor consumo e tecnologia mais eficiente.
Há também medidas que podem não apresentar economias de energia, mas visam corrigir pro- blemas existentes nas instalações. Como exemplo podemos citar a falta de índice de iluminação suficiente em determinados setores e o caso de circuitos com problemas de subdimensionamento, apresentando riscos para a instalação.
5.1.4. ESTABELECIMENTO DE UM PROGRAMA DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA
A criação de um programa de manutenção preventiva possibilita a eliminação de problemas que venham a acarretar desperdício de energia, bem como diminuir a possibilidade de riscos de aciden- tes com pessoas e prejuízos ao patrimônio da organização. Uma boa forma de conduzir este progra- ma é dar à equipe de manutenção predial condições de realizar o trabalho, quer seja com o aporte financeiro para a aquisição das peças de reposição, quer seja na liberdade de atuação, permitindo que a equipe tenha condições de realizar um planejamento com a criação de planilhas informativas que indiquem os dias e os horários em que ela estará trabalhando em determinados setores.É sabido que as equipes de manutenção sofrem bastante para a realização dos seus trabalhos, pois geralmente só são lembradas quando o problema aparece e ainda assim se exige uma solução rápida. É preciso que se tome consciência de que muitas das vezes é necessário que se tenha que parar, por alguns minutos, determinadas tarefas para que a equipe de manutenção realize seus trabalhos. A gerência da organização precisa dar ao pessoal de manutenção condições de promoverem seus trabalhos de forma preventiva, pois muitas das vezes o que está sendo gasto nesta prevenção é muito menos do que irá ser gasto após a ocorrência do problema, sem falar que em muitas das vezes se evita a interrupção do trabalho.
5.2. ESTRUTURA TARIFÁRIA
A estrutura tarifária é o conjunto de tarifas aplicáveis aos componentes de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potências ativas de acordo com a modalidade de fornecimento.
As tarifas de energia devem ser multiplicadas pelos valores medidos dos parâmetros de consumo de energia (kWh) e de demanda de potência (kW), a fim de se estabelecer o valor a ser cobrado do consumidor em sua conta de fornecimento de energia elétrica.
5.2.1. GRUPOS “A” E “B”
Em função da tensão de fornecimento de energia elétrica, os consumidores são classificados em dois grupos, quais sejam: