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Medidas especiais visando os adolescentes deverão ser tomadas e

desenvolvidas no quadro dos serviços de emprego e da orientação profissional. Finalmente, em 24/05/1957, o Brasil ratificou a C088; Alemanha, Japão e Reino Unido, ausências notáveis, também o fizeram. A adesão de alguns países só se deu tardiamente, o que se explica pelo fato deles fazerem parte da antiga URSS e só terem conseguido sua independência depois da “simbólica” queda do muro de Berlim.

A Convenção 96 – C096105 também tem como tema as agências de colocação não gratuitas106. Aconteceu em Genebra, no dia 8 de Junho de 1949 e adotou diversas propostas relativas à revisão da Convenção sobre as Agências de Colocação não Gratuitas, de 1933 – C022, sendo um complemento à Convenção sobre o Serviço de Emprego, de 1948 – C088, que previa a manutenção ou criação de um serviço público e gratuito de emprego. A definição das “agências de colocação não gratuitas” se mantém como na C088.

Na Parte II, a C096 manteve a supressão progressiva das agências de colocação não gratuitas, com fins lucrativos, e a regulamentação de outras agências de colocação, mas não estipulou prazo para sua extinção: ao invés de três anos, as agências não gratuitas deveriam ser abolidas de acordo com um prazo especificado pela autoridade competente e não poderiam ser suprimidas enquanto não tivesse sido estabelecido um serviço público de emprego que as substituísse.

105 C96 – Convenio sobre las agencias retribuidas de colocación (revisado), 1949 (Nota: Fecha de entrada en vigor: 18:07:1951.). Descripcion: (Convenio); Convenio: C096; Lugar: Ginebra; Fecha de adopcion: 01:07:1949; Sesion de la Conferencia:32. Disponível em: <http://www.ilo.org/ilolex/cgi-lex/convds.pl?C096>. 106 Algumas convenções foram traduzidas oficialmente para a língua portuguesa. Nelas, o que antes traduzi livremente como “agências de emprego remuneradas” foi traduzido pela OIT como “agências de colocação não gratuitas”.

O Artigo 4 detalhava o controle das agências com fins lucrativos de modo a eliminar todos os abusos relativos ao seu funcionamento. Elas deveriam possuir uma licença anual renovável, não podiam cobrar valores superiores aos fixados nas tabelas aprovadas pelas autoridades competentes e só poderiam recrutar trabalhadores no estrangeiro mediante autorização. A C096 previa também, em relação às agências ditas gratuitas, medidas necessárias para verificar se, de fato, elas não obtinham lucros. As penalidades para as agências que incorressem em desvios das regras instituídas incluíam a apreensão da licença ou da autorização prevista pela Convenção. Relatórios anuais visavam controlar as operações das agências de colocação não gratuitas, incluindo, em particular, as agências com fins lucrativos.

Entre o produtor e o consumidor há o um “terceiro feliz”, o intermediário. No caso da venda de vagas de emprego, as AGEONs fazem esse papel; no caso da escritura dessa tese, Odisseu é essa personagem, e ninguém melhor que ele para falar sobre o assunto.

Em setembro de 2006 sua amiga e socióloga, Nausícaa, o convidou para assistir à Comunicação que faria na Mesa Redonda 3 do Colóquio Internacional Novas Formas do Trabalho e do Desemprego: Brasil, Japão e França numa perspectiva comparada. O tema do colóquio agradou Odisseu que, como sociólogo e cidadão desempregado, estava sempre interessado por “trabalhos sobre o trabalho” e “trabalhos sobre agências de trabalho”. Sua amiga faria uma Comunicação: Flexibilizando o flexível: as novas formas do trabalho sob o prisma do mercado de intermediação. “Adorei o título, Nausícaa! Estarei lá, com certeza”, e antes de desligar o telefone afastou-o um pouco dos lábios, soltou um estralado beijo e ouviu em resposta uma risadinha satisfeita vinda do outro lado. Sua amiga e mais dois nomes entre os maiores especialistas no assunto formavam a Comissão Organizadora.

O convite foi feito antecipadamente o que lhe permitiu se preparar à vontade e ler bastante sobre o assunto. Perfumado e pontual, na manhã do dia combinado, às 09h20, Odisseu se encontrava no Auditório da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP. Como convidado de um dos membros da Comissão Organizadora lhe foi reservado um lugar especial. O tema da Mesa 3 era uma questão: “As novas formas da relação de emprego e das condições de trabalho: rumo à precarização?”.

As primeiras exposições ficaram a cargo de dois sociólogos: uma pesquisadora do Laboratoire d’Economie et de Sociologie du Travail – LEST, e outro, diretor do Laboratório Professions, Institutions, Temporalités – PRINTEMPS, da Universidade de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines, ambos situados na França. Os temas foram, respectivamente, Paradoxe des mouvements d’emploi en France et au Japon: précarisation et stabilisation e Précarités d’emploi, précarités de condition.

O francês de Odisseu não ia lá muito bem, mal deu para o gasto. Finalmente Nausícaa iniciou o que seria sua brilhante explanação. Às 10h45, pausa de 15 minutos para o café, e a volta aos debates que se estenderiam das 11h00 às 12h30. Depois do debate, acalorado, mas sempre em tons muito gentis, sua amiga lhe fez novo convite: “Odisseu, me acompanha para o almoço?”. Irrecusável. Odisseu tinha muitas perguntas na cabeça, e outras tantas, escritas: “Com o maior dos prazeres”, respondeu com uma piscadela enquanto já se encaminhavam para o automóvel de Nausícaa. Logo chegaram ao restaurante e enquanto esperavam pela comida Odisseu precipitou-se:

– Nausícaa, sei que você deve estar cansada de falar sobre o assunto, mas eu estou muito curioso, como sempre, você me conhece... e gostaria de fazer algumas perguntas. É incômodo?

– De maneira alguma, meu amigo. Responderei da melhor maneira que puder. Mande!

– Então vamos lá. Anotei algumas aqui – disse Odisseu enquanto pegava um caderninho surrado. Limpou a garganta solenemente, sorriu e perguntou: as agências intermediadoras são hoje o principal meio de recrutamento?

– Meu querido, é um entre vários meios. Mas o que há de interessante é que elas estão se tornando um meio poderoso de obtenção de trabalho, o que não era usual entre nós.

– De quanto tempo para cá?

– Não temos muitos dados. As fontes que capturam esta informação têm dados retroagindo só até o fim dos anos 80. Então, o que descrevemos é um processo relativamente recente de constituição dessas agências, que acompanha a reestruturação deste mercado.

– Mas antes disso as agências estavam presentes?

– O que posso lhe responder, Odisseu, é que antes disso, era muito escasso. Uma grande agência internacional, como a Man Power, veio para cá quando a primeira legislação se estabeleceu no Brasil, mas acabou alegando que “as regras não estavam claras” e ela foi embora. Não adianta investir aqui quando as regras são de risco. Esses fatos mais remotos são dos anos 60. É tudo muito novo. É um fenômeno dos anos 80 para cá.

– Em que medida a legislação atual favorece este processo de crescimento das agências?

– A legislação foi mudando e se flexibilizando – se você olhar dos anos 60 para cá, ela mudou no caso do Brasil. Foi-se criando um consenso entre os gestores de relações de trabalho em torno da importância da flexibilidade, da mobilidade no mercado de trabalho – o trabalhador tem que estar preparado para se mover, para se tornar empregado, etc. A pesquisa mostra que este conceito cala fundo na cabeça das pessoas. Quando perguntamos a elas se têm dificuldades para o emprego por que o

mercado é ruim, se é por que elas têm características inadequadas – como idade e sexo – ou por que seu capital de qualificação é inadequado, vemos que a maioria atribui o fracasso à última condição. Esse discurso está arraigado entre os indivíduos. E são os jovens a maioria dos que procuram empregos ali. Você cria uma idéia socialmente aceita de que transitar no mercado de trabalho é normal e que as pessoas precisam estar preparadas para isso, senão não vão se localizar. Tem que saber procurar, ter um capital de qualificação e – a terceira coisa interessante – tem que saber vender-se como desempregado: bem vestir, bem falar, ter currículo impresso...

– Qual é o perfil dos clientes destas agências?

– É bem diferente do perfil médio dos desempregados. Eles são muito mais jovens – metade da nossa amostra – muito mais escolarizados, uma fração muito importante deles têm segundo grau completo. Isso ocorre exatamente porque tivemos ganhos de escolaridade muito importantes que afetam os jovens. Então você tem essa conjunção entre escolaridade e idade. Mas é um mercado basicamente com pessoas muito mais jovens, muito mais escolarizadas, com muito menos experiência no mercado de trabalho, que com freqüência são primo-demandantes. É um mercado especial, embora não exclusivo.

– Este perfil é o mesmo nos vários tipos de agências?

– São características que se encontram tanto em agências privadas, sindicais ou governamentais. Embora nestas últimas as pessoas sejam mais pobres ainda, mais jovens ainda. É o menino que vai no Poupatempo fazer a carteira de trabalho, aproveita e procura trabalho. Vai procurar o programa Primeiro Emprego e faz a mesma coisa. Então as agências governamentais atraem a fatia mais de baixo desse mercado.

– E as agências são heterogêneas, com demandas diversas?

– Sim, meu caro! Absolutamente. Elas são heterogêneas, ainda que possamos indicar que a imensa maioria das vagas tem um ponto em comum, que é a má qualidade, com atividades mal remuneradas, Mas também em cada uma dessas agências há nichos de vagas boas. A Força Sindical, por exemplo, tem uma área VIP dentro da grande agência dela, que é monumental, é impressionante, só para atender o pessoal de nível superior que vai considerar uma humilhação ir para a fila às 5 horas da manhã. Temos uma etnografia nas filas – a experiência da fila é humilhante. Então tem uma sala VIP, você marca por telefone, se inscreve por internet, entende? Então você tem nichos de boas vagas tanto nas grandes agências, como nesse exemplo da Força, e tem nichos de boas vagas por empresas de intermediação especializadas, como head-hunters, ou especializadas em grandes clientes. “Eu recruto para a Renner, para grandes cadeias, recruto executivos”.

– Este tipo de demanda é predominante nas intermediadoras estudadas?

– Esses nichos não são maioria nem em relação ao número de vagas, nem ao número de demandantes, mas são interessantes porque as empresas estão botando para fora seus departamentos de recursos humanos. As empresas usuárias já não fazem mais recrutamento, elas contratam. Inclusive externalizaram a função de gestão de recursos humanos – isso também é interessante. Elas ficam cada vez mais focadas. Até o recrutamento e seleção foram para fora. É o domínio dos psicólogos que fazem disso um nicho e cercam profissionalmente. Ninguém entra. É preciso saber fazer testes, precisa ter o registro profissional. Existe uma verdadeira disputa no mercado.

– A pesquisa foi feita na Grande São Paulo. Mas pode-se dizer que é um fenômeno brasileiro?

– Não! É um fenômeno internacional. Na Europa, há países como Holanda, Inglaterra e Espanha, que são monumentais em termos de sistema de intermediação. E muito diversificada. Nos EUA isso é imenso. É um sistema que veio para ficar junto com esse movimento de flexibilização do trabalho.

– Diga-me, Nausícaa, o mercado de trabalho vai se tornando cada vez mais um mercado de fato?

– Isso. E é interessante porque você constrói um mercado dentro do mercado. Já há constituído, dentro do mercado de trabalho, um mercado de intermediação das informações de oportunidade de trabalho.

– Então, trata-se de um processo complexo em que pessoas são arregimentadas por uma agência que repassa este produto, o trabalhador, para outras agências, que vão intermediar a contratação final?

– Exato, o caminho pode ser tortuoso. Mas é engraçado, porque é um caminho em que cada ator quer fidelizar e criar estabilidade. Quer dizer, se uma empresa me contrata como agência de intermediação, eu tenho que funcionar muito bem para ela não mudar para o concorrente. Isso significa que o meu pessoal, que eu aloco na empresa, tem que estar sob meu estrito controle. Tem que ser um pessoal bom, fidelizado a mim, que na hora em que a empresa precisa, eu boto lá. Olha que paradoxo. Estou falando de um espaço de relações instáveis, supostamente precárias, mas onde a busca de fidelização é um alvo de todos.

Riam juntos do raciocínio paroxístico, crítico e certeiro de Nausícaa quando um atraente garçom se aproximou com uma atraente bandeja.

– Agora chega, amiga. Vamos matar quem está nos matando! Depois tenho outro assassinato para cometer: matar a curiosidade que não me deixa. Assim que chegar em casa vou pesquisar na internet sobre a Man Power. Bon appétit, ma chérie!107 Almoçaram acompanhados de um vinho francês e em seguida Odisseu chamou um táxi, declinando do oferecimento pro forma que Nausícaa fez para deixá-lo em casa. No caminho, uma das respostas de Nausícaa lhe provocou reflexões. Ele próprio já tinha pensando em visitar um escritório do SINE, mas algo o impedia sempre, talvez pela suspeita de que lá não encontraria o emprego adequado à sua qualificação. Lembrou-se também de que, quando viva, sua mãe se recusava a procurar empregados domésticos no sistema público alegando que essa função requeria um máximo de confiabilidade somente encontrada na indicação de pessoas de seu relacionamento. Era como se os que se cadastrassem a uma vaga no SINE não tivessem conseguido emprego de nenhuma outra forma, um estigma de incapacidade, falta de credibilidade, que parecia acompanhar esses trabalhadores e pelo que Nausícaa lhe tinha dito, para muitos era vergonhoso “entrar na fila do SINE”.

107 Nausícaa, personagem da Odisséia é, na “vida real” a Profa. Dra. Nadya Araújo Guimarães, Livre-Docente do Departamento de Sociologia da USP e pesquisadora do CNPq associada ao Centro de Estudos da Metrópole – CEM, com sede no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – CEBRAP. As falas referentes à conversa entre a Dra. Nadya e Odisseu (p.96-8) foram retiradas da entrevista por ela concedida ao Repórter Social da Agência Repórter em 18/9/2006. Desde 2005 a Dra. Nadya é pesquisadora do CEM, liderado por Eduardo Cesar Leão Marques e entre as suas linhas de pesquisa está À Procura de Trabalho: instituições de intermediação e redes

sociais na saída do desemprego. São Paulo numa perspectiva comparada, sendo ela uma especialista no

assunto. Quanto ao Colóquio, ele realmente aconteceu no lugar e hora descritos no texto. Disponível em: <http://www.reportersocial.com.br/entrevista.asp?id=124>; nadya@uol.com.br; http://www.fflch.usp.br/sociolo gia/nadya; http://lattes.cnpq.br/7856703867955956; <http://www.fflch.usp.br/sociologia/nadya/Col_quio_11_1 2_s et.pdf>.

Outro ponto, e esse sim, lhe impedia até de acompanhar as ruas que corriam desfocadas pelo vidro do carro, era a questão do emprego como mercadoria. A testa franzida, mudo, Odisseu se revoltava em pensamento:

A saúde e a educação são uma vergonha em nosso país, mercadoria, produto, de qualidade variada, sobras e restos para quem só tem como recurso o serviço público. Apenas quem tem algum poder aquisitivo pode comprar um atendimento digno. As escolas e hospitais privados são capazes de deixar pessoas sem atendimento, morrendo à mingua de deseducação e doença se seus bolsos estiverem vazios. Só faltava mesmo o emprego se transformar em “coisa”. Ter que pagar para trabalhar e ainda por cima encher os cofres das agências é algo inadmissível! Como chegamos a esse ponto? Como nós, a sociedade, eu, você e você – pensou olhando a nuca do motorista – permitimos e aceitamos com tanta normalidade esse fato? Essas agências de intermediação são a gota d’água. Onde fica o Governo nisso tudo, que não age no sentido de implantar um serviço de emprego decente? De que adianta a OIT oferecer um Prêmio para pesquisas sobre trabalho decente108? Decentes mesmo só os lucros empresariais, industriais e bancários; decentes, mas decentes mesmo, só as casas dos políticos e seus carros importados... o resto... pouco importa...

Odisseu mastigava o chiclete com mais força, espumava, era um ser de grande potencial passional, panfletário, muito embora essas manifestações de raiva durassem poucos minutos. Lembrou da Man Power, uma das primeiras agências de empregos, segundo Nausícaa. Queria saber mais sobre ela. Chegando em casa, partiu direto para o computador e, em alguns cliques, a empresa foi se revelando.

A Man Power foi fundada em 1948 por Winter e Aaron Scheinfeld e seus primeiros escritórios estavam localizados em Milwaukee, no Estado de Wisconsin e em Chicago, no Estado de Illinois. Nos anos 1950, abriu filiais em vários outros estados, e seu primeiro escritório internacional no Canadá, em 1956. A partir daí se expandiu por toda a Europa, África, Oriente Médio, com agências inclusive na Rússia, Eslováquia e Eslovênia. Pioneira, na década de 1960, fez uma campanha de inclusão da mão-de-obra feminina no mercado:

During a time when women were uncommon in the workplace, Manpower introduces its “White Glove Girl” marketing campaign, which provides women with a bridge to employment109.

Na mesma década a Manpower chegou ao Brasil, a mais dez países da América do Sul e oito da América Central. Em 1964 a agência estabeleceu um escritório em Hong Kong. Atualmente ela opera em mais 11 países asiáticos: Austrália, China (PRC), Índia, Japão, Coréia, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Singapura, Taiwan e Tailândia. Em 1985 a Manpower contava com mais de 1000 escritórios em todo o

108 Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/news/nov/ler_nov.php?id=319. 109 Disponível em: <http://www.manpower.com/about/history.cfm?decade=1960>.

planeta. Em 1987 uma grande companhia de serviços de empregos britânica, a Blue Arrow, comprou “o passe” da Manpower. Contudo, no início da década de 1990 Mitchell Fromstein e outros investidores reorganizaram e restabeleceram a independência da Manpower. A expansão continuou e em 1998 a agência tinha 3000 escritórios em mais de 50 países com vendas de mais de US$10 bilhões.

Hoje, ao entrar no delicado e excelente site da Manpower, onde até a logomarca impressiona pelo design simples, colorido e objetivo, o internauta encontra a seguinte mensagem:

Welcome to Manpower Inc. Worldwide. In 78 countries and territories around the world, Manpower helps both companies and individuals navigate the ever-changing world of work. No other company has more experience or expertise. Nearly 60 years of experience providing recruitment, training, assessment and selection, outsourcing and consulting services means we can help you make sense of the forces shaping tomorrow’s workplace110.

A Manpower, embora seja uma agência privada, não cobra nada dos candidatos ao mesmo tempo em que lhes proporciona a garantia de emprego formal com carteira assinada. Muitos dos empregos são temporários, mas ela oferece igualmente oportunidades para indivíduos bem qualificados com chances de emprego mais duradouros e estáveis.

Se as convenções mencionadas anteriormente constrangiam as agências pagas e a elas se referiam como “agências de colocação não gratuitas”, a Convenção 181 –

C181111, de 1997, reviu essa posição e passou a nomeá-las como “agências de emprego privadas”. A C181 tem especial importância para essa tese, dado que a tardia regulamentação das empresas privadas talvez seja parte da explicação do porquê de não encontrarmos vestígios de empresas antes da década de 1980, salvo algumas exceções, como a Man Power (1948). No Brasil, entre as mais antigas pode-se citar a Ipiranga RH e Rohlem (1974), Manager (1975), Domesticas (1976), Catho (1977), Meta RH e Potencial RH (1983), ainda em suas versões off-line.

A C181 revê a C096, as disposições sobre as agências de colocação não gratuitas de 1949, por considerar a importância da flexibilidade no funcionamento dos

110 Disponível em <http://www.manpower.com>.

111 C181 Convenio sobre las agencias de empleo privadas, 1997. Convenio sobre las agencias de empleo privadas (Nota: Fecha de entrada en vigor: 10:05:2000) Lugar: Ginebra Sesion de la Conferencia: 85 Fecha de adopción: 19:06:1997 Sujeto: Política y promoción del empleo. Disponível em: <http://www.ilo.org/ilolex/cgi- lex/convds.pl?C181>.

mercados de trabalho, tendo em vista que o contexto atual é muito diferente em relação às condições que prevaleciam quando da adoção da C096, e reconhece o papel que as agências de emprego privadas podem desempenhar no bom funcionamento do mercado de trabalho. Seria uma espécie de síntese melhorada de algumas convenções anteriores. Considerando então as disposições sobre o trabalho forçado (1930); o serviço de emprego, a liberdade sindical e a proteção do direito sindical (1948); o direito de organização e de negociação coletiva (1949); a discriminação – emprego e profissão (1958); política de emprego (1964); idade mínima (1973); promoção do emprego e a proteção contra o desemprego (1988), entre outras, a C181 decidiu adotar diversas propostas relativas à revisão da convenção sobre as agências de colocação não gratuitas, e adotar a partir de 19/06/1997, a “Convenção sobre as agências de emprego privadas, 1997”. Diz seu Artigo 1:

1 – Para os efeitos da presente Convenção, a expressão “agência de emprego privada” designa qualquer pessoa singular ou coletiva, independente das autoridades