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Chile 18/ 10/ 1935 ratificada Noruega 04/ 07/ 1949 denunciada em 29/ 06/ 1950 Suécia 01/ 01/ 1936 denunciada em 18/ 07/ 1950 Finlândia 13/ 01/ 1936 denunciada em 22/ 12/ 1951 Turquia 27/ 12/ 1946 denunciada em 23/ 01/ 1952 Espanha 27/ 04/ 1935 denunciada em 05/ 05/ 1971 México 21/ 02/ 1938 denunciada em 01/ 03/ 1991 Argentina 14/ 03/ 1950 denunciada em 19/ 09/ 1996 República Checa 01/ 01/ 1993 denunciada em 09/ 10/ 2000 Bulgária 29/ 12/ 1949 denunciada em 24/ 03/ 2005 Eslováquia 01/ 01/ 1993 denunciada em 25/ 07/ 2007

TABELA 3. Ratificação e denúncias do Convenção 34.

Fonte: http:/ / www.ilo.org/ ilolex/ cgi-lex/ convde.pl?C034.

De acordo com o Item (a) do Artigo 1, a C034 define as “agências de emprego remuneradas” como aquelas que têm fins lucrativos, ou seja,

toda pessoa, sociedade, instituição, escritório ou outra organização que sirva de intermediário para procurar um emprego a um trabalhador ou um trabalhador a um empregador, com objetivo de obter de um ou outro um benefício material direto ou indireto; esta definição não se aplica aos classificados de jornais ou outras publicações, a não ser que tenham como objetivo exclusivo ou principal o de atuar como intermediários entre empregadores e trabalhadores.

As agências de colocação sem fins lucrativos, os serviços de colocação de sociedades, instituições, agências e outras organizações que, mesmo sem ter como principal objetivo o lucro, viessem a obter algum benefício material do empregador ou do trabalhador – cotas, taxas ou participação etc – também estavam definidas pela C034 como “agências de emprego remuneradas”.

99 Disponível em: <http://www.constitution.org/cons/costaric.htm>. 100 Disponível em: <http://www.constitution.org/cons/peru.htm>.

101 Chile, Noruega, Suécia, Finlândia, Turquia, Espanha, México, Argentina, República Checa, Bulgária e Eslováquia.

O Artigo 2 decretava o fechamento, a “supressão”, a “abolição” das agências definidas no Artigo 1, dentro de um prazo de três anos. E dizia mais: durante o período que precederia ao seu fechamento nenhuma nova agência com fins lucrativos poderia ser estabelecida e as que já existissem ficariam sujeitas à vigilância da autoridade competente, e suas receitas e despesas só poderiam ser efetivadas se constassem nas tarifas aprovadas sob autorização. Terminado o prazo de três anos não se poderia autorizar o estabelecimento de novas agências com fins lucrativos. Há algumas exceções, mas todas regulamentadas como, por exemplo, o recrutamento de estrangeiros, apenas possível em virtude de acordo entre os países interessados.

As legislações nacionais dos países que ratificaram a C034 estabeleceram penas e sanções prevendo inclusive o cancelamento da licença ou da autorização das empresas que incorressem em qualquer infração às disposições da Convenção. Até então o Brasil continuava ausente e desobrigado das ações convencionadas. Outras ausências notáveis eram a Alemanha e o Japão.

FIG URA 5. As origens da O rganização Internacional do Trabalho – Lisboa.

Fonte: http:/ / www.oit.org/ public/ portugue/ region/ eurpro/ lisbon/ html/ portugal_visita_guiada_01a_pt.htm.

Aqui gostaria de fazer um aparte sobre o slogan da OIT. O trabalho, dentro do capitalismo, sempre foi uma mercadoria. A partir de sua compra e venda é que Karl Marx estabeleceu conceitos como os de força-de-trabalho e mais-valia, por exemplo, este último vindo a significar exatamente que o trabalhador ganha menos do que o que vale seu produto, o objeto por ele fabricado102. O que não deveria ser tido como mercadoria é a venda de vagas de trabalho, a venda de empregos. Contudo, e mais uma

102No século XIX, Karl Marx falou em mais-valia, a diferença entre o que um operário produz e o que ele

realmente ganha. Um marceneiro produz 15 cadeiras em um dia de trabalho, descontados os custos de produção, venda e distribuição das cadeiras, etc. Porém, ao final do dia, o operário recebe apenas o valor de oito cadeiras. Essa diferença é a mais-valia; e vai para o bolso do patrão. É o lucro, que faz com que o dono da empresa ganhe mais” Rafael Evangelista, jornalista e doutorando pela UNICAMP, 2007. Disponível em: <http://www.ared e.inf.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1141&Itemid=99>.

vez cometo um “achismo”, suponho que o slogan da OIT ganha mais força ao usar a palavra “trabalho” embora perca em exatidão.

Em 1944 o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt recebe uma delegação da Conferência Internacional do Trabalho, ao término da Conferência de Filadélfia103. Essa conferência tem particular interesse, sobretudo a declaração relativa aos fins e objetivos da OIT, que dizia:

A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, congregada na Filadélfia em sua vigésima sexta reunião, adota, no dia dez de maio de 1944, a presente Declaração dos fins e objetivos da Organização Internacional do Trabalho e dos princípios que deveriam inspirar a política de seus Membros.

A Conferência reafirma os princípios fundamentais sobre quais está baseada a Organização e, em especial, os seguintes:

a) o trabalho não é uma mercadoria; [grifo meu]

b) a liberdade de expressão e de associação é essencial para o progresso constante; c) a pobreza, em qualquer lugar, constitui um perigo para a prosperidade de todos; d) a luta contra a necessidade deve prosseguir com incessante energia dentro de cada nação e mediante um esforço internacional contínuo e orquestrado, no qual os representantes dos trabalhadores e dos empregadores, colaborando em pé de igualdade com os representantes dos governos, participem de discussões livres e de decisões de caráter democrático, a fim de promover o bem-estar comum.

Era uma questão de ética, de honra, de respeito aos grupos trabalhadores que uma vaga de emprego não fosse vista como mais um produto na cadeia pungente dos lucros e acumulações. A alínea (a) da Conferencia da Filadéfia seria aos poucos suprimida pela ganância. O desemprego seria paulatinamente transformado em valiosa mercadoria produzida em série pelo próprio sistema de acúmulo e capitalização, que no momento mesmo em que a produz já lucra com ela (quando demite em massa, reduz os salários e substituição da mão-de-obra por tecnologia), e lucra novamente, em seguida, ao vendê-la, mantendo-se perfeitamente dentro de sua lógica de reestruturação.

A Convenção 88 – C088104 trata da Organização do Serviço de Emprego, tendo sido realizada em São Francisco, no ano de 1948 e ratificada por 85 países, alguns que já tinham ratificado a C002 e a C034. Os membros da OIT que ratificassem

103 Em 1944, os delegados à Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia que, em anexo à Constituição, constitui ainda hoje a Carta dos Fins e Objetivos da OIT. Esta Declaração antecipou e serviu de modelo à Carta das Nações Unidas e à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/info/download/constituicao_oit.pdf; http://www.oit.org/public/portugue/region/eurpr o/lisbon/h tml/portugal_visita_guiada_01a_pt.htm.

104 C88 Convenio sobre el servicio del empleo, 1948 - Convenio relativo a la organización del servicio del empleo (Nota: Fecha de entrada en vigor: 10:08:1950). Lugar: San Francisco; Fecha de adopción: 09:07:1948; Sesion de la Conferencia: 31; Sujeto: Política y promoción del empleo. Disponível em: <http://www.ilo.org/ilo lex/portug/docs/C088.htm>.

a C088 se comprometiam a manter um serviço público e gratuito de emprego, que realizasse, juntamente com organismos públicos e privados “a melhor organização possível do mercado de trabalho como parte integrante do programa nacional tendente a assegurar e a manter o pleno emprego, assim como a desenvolver e a utilizar os recursos produtivos”. O serviço de emprego deveria ser constituído por um sistema nacional de delegações sob a direção de uma autoridade nacional e compreender uma rede de delegações locais e regionais, em número suficiente para “beneficiar todas as regiões geográficas do país em conformidade com as necessidades de patrões e trabalhadores”, visando basicamente a planificação/unificação da política do serviço de emprego. O Artigo 6 define as funções desse serviço público:

a) Auxiliar os trabalhadores a encontrar um emprego adequado e os patrões a recrutar os trabalhadores que convenham às necessidades das empresas; deverá, particularmente, de acordo com as regras formuladas a nível nacional:

i) Registrar os pedidos de emprego, anotando as qualificações profissionais, experiência e preferências dos que os formulam, interrogá-los com vista ao seu emprego, controlar, se for necessário, as suas aptidões físicas e profissionais, e ajudá-los a obter, se tal for conveniente, uma orientação, uma formação ou uma readaptação profissionais;

ii) Obter dos patrões informações precisas sobre os empregos vagos por estes comunicados ao serviço, e sobre as condições que devem possuir os trabalhado- res por eles procurados para ocupar esses empregos;

iii) Dirigir para os empregos vagos os candidatos que possuam as aptidões profissionais e físicas requeridas;

iv) Organizar a compensação das ofertas e procuras de emprego entre as várias delegações, quando aquela que for primeiro consultada não tiver possibilidade de, convenientemente, colocar os candidatos ou prover os empregos vagos, ou quando quaisquer outras circunstâncias o justifiquem;

b) Tomar as disposições apropriadas para:

i) Facilitar a mobilidade profissional com vista a ajustar a oferta de mão-de-obra às possibilidades de emprego nas diversas profissões;

ii) Facilitar a mobilidade geográfica a fim de auxiliar a deslocação dos trabalhadores para as regiões que ofereçam possibilidades de empregos adequados;

iii) Facilitar as transferências temporárias de trabalhadores entre as diversas regiões, a fim de atenuar desequilíbrios locais e momentâneos entre a oferta e a procura de mão-de-obra;

iv) Facilitar, entre países, as deslocações de trabalhadores tais como tenham sido aceites pelos governos interessados;

Da C002 à C088 passaram-se 30 anos e nesse tempo as convenções retratam as lutas dos trabalhadores por melhores salários mínimos, proteção à maternidade, idade mínima de trabalho, indenização por desemprego e acidentes de trabalho, direito à associação, adicional por trabalho noturno, auxílio-doença, fim do trabalho forçado etc. Enquanto as convenções se sucedem, o agravo do desemprego obriga os países a

repensarem suas políticas de emprego, sua legislação trabalhista e a se preocuparem com o nível de qualificação dos trabalhadores, indivíduos “inválidos” e com a orientação profissional para jovens e adolescentes, conforme pode ser lido nos Artigos 7 e 8 da C088: