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entre ´atomos no estado excitado, esper´avamos obter uma dependˆencia quadr´atica da taxa de crescimento do filme em fun¸c˜ao da densidade, o que n˜ao ´e verificado pelas medidas da taxa de crescimento do filme em fun¸c˜ao da densidade, para as quais obtemos uma dependˆencia linear. Nas pr´oximas se¸c˜oes, apresentamos resultados que eliminam a possibilidade desses processos de colis˜oes como o mecanismo principal do processo de adsor¸c˜ao induzida.

5.3

Medidas do espectro de fluorescˆencia

Na se¸c˜ao 5.2, sondamos o crescimento do filme realizando v´arias medidas da taxa de crescimento do filme em fun¸c˜ao de uma s´erie de parˆametros. Medimos a taxa de crescimento do filme em fun¸c˜ao da intensidade do laser de bombeio e da densidade do vapor atˆomico, obtendo que a taxa de crescimento do filme varia com o cubo da intensidade do laser de bombeio, no regime de n˜ao satura¸c˜ao do vapor atˆomico, e varia linearmente com a densidade apresentando um limiar na densidade do vapor atˆomico. Medimos tamb´em como a taxa de crescimento varia em fun¸c˜ao da dessintoniza¸c˜ao do laser em torno da linha D2 do c´esio.

Verificamos que as curvas da taxa de crescimento em fun¸c˜ao da dessintoniza¸c˜ao do laser de bombeio s˜ao semelhantes `as curvas de fluorescˆencia emitida pelo vapor excitado pelo laser ressonante.

As curvas de fluorescˆencia, como discutimos brevemente na se¸c˜ao anterior, resultam do decaimento de ´atomos que populam uma grande quantidade de n´ıveis atˆomicos do c´esio. Esses n´ıveis s˜ao populados via processos de colis˜oes entre ´atomos no estado excitado. A an´alise do espectro de emiss˜ao permite ent˜ao identificar quais desses n´ıveis s˜ao populados, permitindo analisar como a popula¸c˜ao desses n´ıveis variam em fun¸c˜ao de parˆametros do laser de bombeio, como intensidade e frequˆencia.

Nessa se¸c˜ao, caracterizamos a fluorecˆencia emitida pelo vapor atˆomico dentro das condi- ¸c˜oes em que induzimos o crescimento do filme de c´esio. Medimos o espectro da fluorescˆencia emitida, Figura5.12, com o objetivo de identificar quais n´ıveis do vapor atˆomico s˜ao popula- dos pelos processos de colis˜oes. Tamb´em, medimos como a amplitude de cada pico observado no espectro de fluorescˆencia varia em fun¸c˜ao da intensidade do laser de bombeio, com o ob- jetivo de identificar a dependˆencia com a intensidade e como a fluorescˆencia emitida varia

5.3. Medidas do espectro de fluorescˆencia 92

quando o laser ´e sintonizado em torno da linha D2 do c´esio. Essas medidas foram feitas para

diferentes intensidades do laser de bombeio e densidades do vapor atˆomico.

l (nm)

Amplitude(unid.arb.)

340 425 510 595 680 765 850 935 1020 0 3 6 9 510 530 852 875 890 913 455 352 416 437 369 459 760 790 1002 1012

Figura 5.12– Espectro da fluorescˆencia emitida pelo vapor excitado por um laser sintonizado na linha D2 do c´esio. A linha pontilhada marca a posi¸c˜ao em que o laser de bombeio ´e sinto-

nizado. Esse espectro foi medido na c´elula com janela de safira mantida a 215 ◦C, densidade do vapor atˆomico 12, 2 × 1014cm−3 e o laser ´e sintonizado −750 MHz em rela¸c˜ao ao m´aximo de uma absor¸c˜ao linear da linha D2 (medida em uma c´elula auxiliar `a temperatura ambiente).

Pr´oximo de cada pico, est´a o seu comprimento de onda, em nanˆometros.

As medidas s˜ao realizadas usando-se o aparato experimental descrito na se¸c˜ao4.3. Empre- gando-se uma lente de 6, 0 cm de comprimento focal, coletamos a fluorecˆencia retro-espalhada e com um monocromador resolvemos o espectro de fluorescˆencia. Como estamos interessados apenas no espectro de fluorescˆencia, as medidas s˜ao realizadas rapidamente em um ou dois minutos, para n˜ao haver tempo de forma¸c˜ao de um filme na interface diel´etrico-vapor.

Na Figura 5.12, apresentamos um t´ıpico espectro de fluorescˆencia, obtido usando uma c´elula com janelas de safira a 215 ◦

C e densidade do vapor atˆomico 12, 2 × 1014 cm−3. A

potˆencia do laser de 6, 0 mW com o diˆametro do feixe de aproximadamente 2, 0 mm e dessintoniza¸c˜ao de −750 MHz em rela¸c˜ao a linha D2 do c´esio garantem o regime de n˜ao

satura¸c˜ao do vapor atˆomico. Podemos observar v´arios picos. A linha traceja vertical marca a posi¸c˜ao em que o laser de bombeio ´e sintonizado. No espectro, identificamos o comprimento de onda de emiss˜ao de cada pico. E na Tabela 5.1, identificamos os comprimentos de onda emitidos e as correspondentes transi¸c˜oes atˆomicas ocupados devido `a colis˜ao entre ´atomos

5.3. Medidas do espectro de fluorescˆencia 93 λ (nm) Transi¸c˜ao atˆomica 352 10P(1/2 ou 3/2) → 6S1/2 369 9P(1/2 ou 3/2) → 6S1/2 455 7P3/2 → 6S1/2 459 7P3/2 → 6S1/2 760 8S1/2 → 6P1/2 790 8S1/2 → 6P1/2 852 6P3/2 → 6S1/2 875 6D3/2 → 6P1/2 890 6P1/2 → 6S1/2 1002 4F(5/2 ou 7/2) → 5D3/2 1012 4F(5/2 ou 7/2) → 5D5/2

Tabela 5.1 – Comprimento de onda dos picos do espectro de fluorescˆencia e respectivas transi¸c˜oes atˆomicas.

no estado excitado. A ocupa¸c˜ao desses n´ıveis ´e poss´ıvel devido a um processo conhecido na literatura como “energy pooling” (Jabbour et al. 1996), que ´e a transferˆencia de energia do estado translacional do ´atomo excitado para o estado eletrˆonico durante as colis˜oes. Assim, da colis˜ao entre dois ´atomos ´e poss´ıvel transferir um deles para um estado com o dobro da energia, mais ou menos a energia translacional transferida para o estado eletrˆonico.

Quando realizamos a experiˆencia de crescimento de filme met´alico, os processos de colis˜oes d˜ao origem a uma grande quantidade de ´atomos em estados excitados formados pr´oximos da superf´ıcie. Quanto maior o n´umero quˆantico principal, maior ´e a intera¸c˜ao do ´atomo com a superf´ıcie, sendo ent˜ao essa uma das raz˜oes, para explorar o espectro de fluorescˆencia, com a finalidade de identificar algum rela¸c˜ao desses n´ıveis ocupados por colis˜ao, com a forma¸c˜ao do filme. Para isto, medimos como cada pico do espectro de fluorescˆencia varia em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio, com o intuito de comparar essas medidas da fluorescˆencia com as medidas da taxa de crescimento do filme em fun¸c˜ao da intensidade do laser de bombeio. Na Figura 5.13, apresentamos quatro gr´aficos de como os picos do espectro de fluorescˆencia variam em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio. Esses resultados foram obtidos para uma dessintoniza¸c˜ao de −750 MHz em rela¸c˜ao `a linha D2, TS = 215◦C e a

5.3. Medidas do espectro de fluorescˆencia 94

n = 12, 2×1014cm−3. O diˆametro do feixe do laser de bombeio ´e mantido constante ≈ 2 mm

e para variar a intensidade variamos apenas a potˆencia do laser.

Figura 5.13– Espectros da fluorescˆencia emitida em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio em v´arias regi˜oes espectrais. Os n´umeros em vermelho acima dos picos s˜ao os comprimentos de onda em nanˆometros dos picos.

Para analisar os resultados em quest˜ao, fizemos um gr´afico da varia¸c˜ao do m´aximo de cada pico em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio. Na Figura 5.14, apresentamos quatro gr´aficos nos quais mostramos como o m´aximo dos quatro primeiros picos observados no espectro de fluorescˆencia, Figura 5.12, variam em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio. Os resultados obtidos s˜ao ent˜ao ajustados por uma lei de potˆencia,

 dA dt  n,δ,TS = aPb (5.6)

onde A ´e a amplitude m´axima dos picos, P ´e a potˆencia do laser de bombeio.

O procedimento descrito acima ´e realizado para todos os picos observados no espectro de fluorescˆencia na Figura 5.12. Como estamos interessados apenas na lei de potˆencia, ´e

5.3. Medidas do espectro de fluorescˆencia 95

feita uma normaliza¸c˜ao dividindo-se os dados, da Figura 5.14, pelo respectivo parˆametro a do ajuste. Em em seguida, os gr´aficos s˜ao tra¸cados em uma escala log-log, evidenciando o expoente b para cada pico.

0 5 10 0 2 4 Amplitude(unid.arb.) Amplitude(unid.arb.) Amplitude(unid.arb.) Potência (mW) 0 5 10 0,0 0,8 1,6 Potência (mW) 0 5 10 0 1 2 Amplitude(unid.arb.) Potência (mW) 0 3 6 9 0,0 0,8 1,6 2,4 Potência (mW)

Figura 5.14 – Varia¸c˜ao do m´aximo de alguns dos picos do espectro de fluorescˆencia em fun¸c˜ao da potˆencia do laser de bombeio. Quadrados, c´ırculos, triˆangulos e diamantes s˜ao respectivamente os picos de fluorescˆencia em 352, 369, 416 e 437 nm.

Na Figura5.15, apresentamos os resultados obtidos. Observa-se que todos os picos tˆem uma dependˆencia no m´aximo quadr´atica com a potˆencia. As trˆes linhas: tracejada, pon- tilhada e tracejada-pontilhada correspondem respectivamente a uma lei de potˆencia com coeficiente b igual a 3, 2 e 1, que s˜ao usadas como referˆencia. Como vemos, todos o re- sultados obtidos correspondem apenas a leis de potˆencia entre 2 e 1. Como nenhum dos gr´aficos apresentou uma dependˆencia com a potˆencia 3, interpretamos que nenhum desses processo est´a relacionado com a forma¸c˜ao do filme, o qual tem uma dependˆencia com o cubo da intensidade.

5.4. Medidas com dois campos 96