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Tomando como partida o conhecimento do processo de desenvolvimento de um

incêndio e dos riscos deste, o arquiteto pode definir junto ao projeto arquitetônico medidas de

proteção contra incêndio. As medidas de proteção contra incêndios podem ser classificadas como medidas de proteção passivas e ativas.

Segundo, Silva, Vargas e Ono (2010, p.17), ―Proteção passiva é conjunto de medidas de proteção contra incêndio incorporadas à construção do edifício e que devem, portanto, ser

previstas e projetadas pelo arquiteto. Seu desempenho ao fogo independe de qualquer ação externa.‖

Ainda, esses autores, para as proteções ativas afirmam que:

Na segurança contra incêndio, os sistemas de proteção ativa são complementares aos de proteção passiva, e somente entram em ação quando da ocorrência de incêndio, dependendo para isso de acionamento manual ou automático. Um sistema de proteção ativa é essencialmente constituído de instalações prediais para detecção e alarme do incêndio (que dá o alerta para inicio da desocupação e do combate), para combate ao fogo (chuveiros automáticos, hidrantes, extintores, etc.), para orientação do abandono (iluminação e sinalização das rotas de fuga), dentre outros.

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Para o arquiteto, as medidas de proteção passiva são as mais aplicáveis a sua atividade projetual, tendo a autonomia de definir quais destas medidas estarão presentes no seu projeto

e quanto destas estarão indo além do exigido pela legislação de SCI aplicável. Como medidas de proteção passivas têm-se:

I. Separação entre edificações

A distância entre as edificações servirá de isolamento de uma em relação à outra tendo

em vista as possibilidades de um incêndio se propagar. Neste contexto cabem observações do

arquiteto na locação da edificação no terreno, na distribuição e dimensionamento das aberturas das fachadas, bem como dos materiais e sistemas construtivos dos revestimentos

externos, das paredes externas, e ainda da cobertura. A dimensão, formas e materiais das aberturas, janelas, portas de sacadas, etc., influenciam diretamente as possibilidades de

propagação.

O afastamento das edificações é calculado em função da área de abertura em relação à

área de cada pano de fachada considerado como painel radiante no caso de incêndio (altura x largura). A distância dita segura é função do percentual da área de aberturas na fachada, da

classificação da edificação quanto a sua carga de incêndio (severidade), da presença de compartimentação e ainda outros fatores como o TRRF – Tempo Requerido de Resistência ao Fogo das paredes e cobertura.

Deve-se verificar a possibilidade de fornecer, ainda, o espaço necessário ao acesso dos

caminhões de combate a incêndio e socorro de vítimas quando nestes afastamentos entre edificações comportarem vias de tráfego.

A separação entre as edificações pode ser efetuada com a utilização de barreias de isolamento com paredes corta-fogo e abas que garantam o isolamento e a propagação das

chamas.

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O isolamento de ambientes e andares com uso de elementos construtivos como paredes, abas, parapeitos, constituídos de materiais com TRRF adequado, oferecem condições de:

evitar a propagação interna e externa do fogo; diminuir o tempo do incêndio através do confinamento; reduzir os efeitos de degradação do patrimônio; favorecer a fuga segura dos

usuários e ainda o acesso às equipes de combate e socorro.

III. Saídas de emergência / rotas de fuga;

A determinação da quantidade de saída de emergência, o tipo, as suas dimensões mínimas e as distâncias máximas a serem percorridas até ela são definidas nas normas e

códigos, através da ocupação e da população a ser atendida. A população pode já ser determinada no projeto através de layout ou indicação, ou ainda ser calculada através de

índices normatizados de acordo com a ocupação da edificação e sua área.

O layout pode diminuir erros no cálculo das distâncias percorridas. Segundo Purser (2009) os tempos de evacuação são muito dependentes de considerações críticas sobre a

dinâmica de movimentação da população, das suas características e da rota de fuga, e que mesmo as simulações de computador mais sofisticadas podem dar resultados enganosos se

todos esses fatores não forem representados de forma adequada.

Compreendem saídas de emergências as descargas a área externa da edificação, os

acessos a áreas de refúgio, escadas, rampas e ainda, as passagens, as portas, circulações e corredores que sejam definidas como pertencentes à rota de fuga.

IV. Definição de materiais de acabamento e revestimento com critérios de reação ao fogo;

A definição dos materiais componentes dos acabamentos e revestimentos com características de reação ao fogo adequada influencia na carga de incêndio do edifício, e pode

minimizar os efeitos tanto no início quanto no desenvolvimento do incêndio evitando sua propagação. A influência está na possibilidade de escolher materiais com características de

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combustão como: a baixa velocidade de propagação do fogo na superfície; a grande quantidade de calor necessária para iniciar a ignição; menor quantidade de fumaça gerada, etc.

V. Verificação e escolha dos elementos construtivos de acordo com a resistência ao fogo necessária;

Da mesma forma, a escolha de materiais com características de resistência ao fogo adequada a sua função estrutural e de isolamento, influencia no desenvolvimento do incêndio

e diminui a sua carga. Esses materiais tem favorecida a conservação de suas características

(estanqueidade, isolamento térmico, incolumidade) garantindo maior segurança estrutural e tempo para as ações de evacuação, combate e socorro. Além disto, oferecem minimização dos

danos patrimoniais causados por possíveis colapsos estruturais. VI. Controle de fumaça;

O controle da fumaça fornece garantia das condições de uso das rotas de fuga, do socorro e combate, evita a propagação do calor e do incêndio. O controle da fumaça pode ser

pensado ainda nas soluções arquitetônicas que envolvem: a definição da altura dos ambientes (pé direito), as dimensões e posicionamento das aberturas, do uso de barreiras de contenção e

direcionamento (abas, claraboia, lanternins, etc.). Sendo a maior causadora de vítimas em incêndios, a fumaça interfere na visibilidade do ambiente e das rotas de fugas, causa

intoxicação pelos gases que a compõe e ainda transmite o calor para o ambiente e para os ocupantes. Dos mesmos efeitos complicadores são atingidas as equipes de salvamento e

combate quando o ambiente incendiado não tem controle da fumaça produzida.

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