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2.1. PROJETO DE ARQUITETURA – PROCESSO E QUALIDADE

2.1.2. Qualidade no projeto de arquitetura

2.1.2.2. Projetos de IFES Instituição Federal de Ensino Superior

Seguindo o processo de elaboração das obras públicas, os projetos de edifícios escolares, especificamente os de Instituições Federais de Ensino Superior, chamadas de IFES,

sofrem das mesmas mazelas dos demais projetos de prédios públicos: atender ao menor custo (Lei federal 8.666/93); obedecer a prazos curtos de planejamento, elaboração e execução;

sofrer influências da restrição de materiais catalogados nas planilhas utilizadas como base de composição dos orçamentos, entre outros.

Segundo Esteves (2013, p.36) ―Dentro do ambiente das universidades, o projeto também deve considerar as restrições e recomendações dos Planos Diretores dos campi e as

prioridades estabelecidas nos PDIs, assim como as prioridades da administração central e dos usuários.‖

Um fator que traz uma especificidade aos projetos de IFES é a interferência nos prazos de elaboração e execução das obras pela semestralidade dos períodos letivos. As cobranças de

celeridade nos processos produtivos dos projetos e das licitações são impulsionadas pela necessidade de atendimento das demandas de novas vagas oferecidas a cada semestre letivo.

Apesar da diversidade de cursos e atividades desenvolvidas em IFES as edificações

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Salvador (2011, p. 44) descreve certa padronização das IFES quanto aos seus projetos, facilmente verificados na realidade brasileira:

No modelo de universidade pública, principalmente, os edifícios são agrupados em função das especialidades e atividades afins e o zoneamento por áreas de atividades torna-se evidente. A implantação setorizada das edificações é definida pelo planejamento, e a racionalização de elementos construtivos - materiais, técnicas, modulação, produz espaços muitas vezes sem identidade própria.

Verifica-se na replicação de projetos nas IFES uma evidência dessa busca por redução de custos e dos prazos de elaboração dos processos licitatórios, como também do prazo de

execução das obras. A replicação de projetos carrega os possíveis erros ou falhas para outros locais e até a outros campis, o que, dependendo das variações dos condicionantes locais para o

projeto, amplia os efeitos e consequências dessas falhas na edificação.

Uma nomenclatura anteriormente utilizada ao Campus universitário (IFES -

universidades) era Cidade Universitária. Este nome se devia a sua diversidade de edificações e sua conformação espacial urbanística com o propósito de oferecer serviços de uma cidade,

inclusive dispunha de prédio administrativo denominado de Prefeitura do campus. Segundo Salvador (2011, p. 44):

A cidade universitária, diferenciada das cidades comuns pela função específica de abrigar as atividades de ensino e pesquisa, deveria oferecer os serviços próprios de qualquer cidade. Esse modelo, aspiração dos primeiros campi instalados no país, terminou por não se concretizar. Assim a denominação campus ou cidade universitária, termina definindo o mesmo tipo de espaço com os mesmos objetivos.

A configuração urbanística é utilizada na maioria dos campi universitários projetados hoje. Essa configuração urbanística dos campi universitários reforça no projeto,

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necessidade de serem adotadas medidas que visem à proteção a propriedade pública, a segurança das vidas humanas, e a continuidade da função social e de uso do edifício após um

sinistro.

As características do público usuário da edificação sugerem considerações às quais o

projetista deve ater-se como: quem são os ocupantes do edifício (servidores, público externo, professores, alunos, etc.) e quanto tempo deverão passar no edifício, entre outros aspectos. Os

edifícios de IFES tem uma grande diversidade de potencial para os incêndios devido às suas

especificidades acadêmicas e de pesquisas. Além de ambientes como salas de aulas, biblioteca e auditórios, encontram-se na grande maioria das IFES, laboratórios, refeitórios/restaurantes,

prédios administrativos, esportivos e de apoio operacional como oficinas mecânicas, depósitos, almoxarifados, gráficas dentre outros.

Algumas das edificações de IFES, como laboratório de pesquisas e bibliotecas sugerem, em caso de sinistros, grandes prejuízos de caráter intelectual e social, muitas vezes

imensuráveis e de inviabilizada reposição. Este fato infere ao projetista destes tipos de prédios maior atenção. A presença de grande número de pessoas nos três turnos é comum e aumenta

os cuidados com situações de riscos como um incêndio.

Desta forma a proteção da propriedade se torna ainda mais necessária e com isto o

projetista deve sempre buscar as soluções que permitam que o fogo seja extinto no seu local de origem, não se alastre a outros ambientes e não se perpetue por um tempo longo capaz de

causar danos aos elementos construtivos, podendo ocorrer, como consequência, o colapso do sistema estrutural da edificação.

A continuidade da função pública acadêmica é o um aspecto importante a ser analisado dentro da segurança de um edifício de IFES. Considerar as funções específicas que

são de vital importância para a continuidade do uso da edificação dentro de IFES, ainda, o fato de que estas não podem ser transferidas para outro espaço, é ponto crucial no projeto

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arquitetônico e de SCI. É importante pensar nas perdas decorrentes de um sinistro com destruição da propriedade pública, somadas à descontinuidade das funções de uma IFES e

suas edificações. Numa universidade, além dos prejuízos diretos do incêndio no imóvel, o usuário acabaria não tendo como continuar, temporariamente ou permanentemente, seus

compromissos acadêmicos e de pesquisas, o que acarretaria mais prejuízos diretos e indiretos a sociedade como um todo e a todos os envolvidos no sinistro.

Os projetos arquitetônicos de prédios escolares, incluídos nestes as IFES, vêm

sofrendo ao longo do tempo alterações decorrente da demanda de prédios para atender ao crescente do número de vagas oferecidas para alunos. A principal diferença arquitetônica é a

verticalização das edificações. A verticalização também sofreu influência da necessidade de otimização dos prédios nos terrenos com a finalidade de facilitar a integração e

operacionalização das atividades acadêmicas, como também aproveitamento de infraestrutura existente.

Com a verticalização, alguns dos requisitos de SCI ganham em importância como é o caso das saídas de emergências, constituídas neste caso de escadas, corredores e circulações,

rampas.

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