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Capítulo 2 Instrumentos de gestão de energia em edifícios

2.8 Estudo sobre as condições de utilização de energia dos principais equipamentos energéticos

2.8.2 Medidas de URE sugeridas

A introdução de medidas de URE, neste sector, apresenta algumas dificuldades de implementação generalizada pelo facto de que, tratando-se de estabelecimentos pouco consumidores de energia, no caso de apuramento de economias de energia, os valores quantificados serão sempre diminutos e se houver a necessidade de se investir em equipamentos alternativos aos existentes, devido por exemplo à substituição de uma forma de energia por outra, o período de retorno do investimento poderá não ser atractivo.

Um outro aspecto prende-se com a hipótese de se instalar sistemas centralizados de AVAC, que são seguramente menos consumidores que as unidades climatizadoras autónomas27. Esta

possibilidade terá dificuldades de implementação, devido aos grandes investimentos financeiros a efectuar em cada unidade, a menos que se verifique a existência de um programa de apoio específico a este sector.

Indicam-se a seguir um conjunto de medidas que foram sugeridas aos estabelecimentos hoteleiros auditados.

27 A este propósito, de referir o que é mencionado no n.º 5, do Artigo 7.º – Sistemas, do RSECE: “O recurso a unidades individuais de climatização para aquecimento ou arrefecimento em novos edifícios só é permitido nos espaços que apresentem cargas térmicas ou condições interiores especiais em relação às que se verificam na generalidade dos demais espaços da zona independente ou edifício, considerando-se para este efeito como novos todos os edifícios licenciados posteriormente à data de entrada em vigor deste regulamento.”

Actuações na envolvente

 Substituição de vidros simples por vidros duplos – esta medida visa essencialmente a melhoria do conforto térmico e acústico dos hóspedes;

 Isolamento térmico das coberturas exteriores;

 Colocação de dispositivos de sombreamento no exterior de vãos envidraçados – esta medida actua na vertente dos ganhos solares, reduzindo na estação quente as necessidades energéticas de arrefecimento. Inversamente, na estação fria convém tirar o máximo partido dos ganhos solares, por forma a reduzir as necessidades energéticas de aquecimento;

 Instalação nas entradas principais dos edifícios de portas com antecâmara (porta dupla automática), evitando desta forma entradas indesejáveis de ar exterior e, consequentemente, reduzindo as necessidades energéticas de climatização.

Sistemas de climatização

Instalação de sistemas centralizados do tipo chiller mais caldeira de água quente, ou do tipo bomba de calor – estas medidas só deverão ser aplicáveis em estabelecimentos que disponham de espaços com condições para a colocação destes equipamentos e a sua viabilidade económica dependerá de estudos aprofundados sobre esta matéria;

 Aplicação de sensores de janela – dispositivos que evitam o funcionamento do ar condicionado quando as janelas se encontram abertas28;

 Calafetagem das janelas e portas – é uma medida que pretende evitar infiltrações principalmente de ar frio, as quais influenciam o conforto dos clientes e aumentam as necessidades de funcionamento dos sistemas de climatização.

Sistemas de produção e distribuição de Águas Quentes Sanitárias (AQS)

 Isolamento das tubagens das redes de distribuição de AQS, de depósitos de acumulação de AQS e de todos os equipamentos do sistema de produção e distribuição de Águas Quentes Sanitárias passíveis desse isolamento;

28 Este tipo de medidas conduz normalmente a um elevado número de reclamações por parte dos clientes, dado que basta a porta ou janela se encontrar mal fechada para o aparelho de ar condicionado não funcionar.

 Instalação de estranguladores/redutores de caudal dos chuveiros e torneiras – estes dispositivos proporcionam, em média, uma redução de 23% do consumo de água quente. Trata-se de uma medida com dupla implicação – por um lado reduz o consumo de água e, por outro, as necessidades energéticas para a aquecer;

 Para as unidades hoteleiras que dispõem de sistemas solares térmicos com apoio de resistências eléctricas, conjugar os referidos sistemas com uma bomba de calor, em alternativa às resistências eléctrica. Apesar de ser um sistema que também consome energia eléctrica, a bomba de calor é mais eficiente que as resistências eléctricas, tendo ainda a vantagem de poder funcionar fora dos períodos mais onerosos do sistema tarifário de energia eléctrica;

 Limpeza periódica dos painéis solares – esta medida visa melhorar a eficiência do sistemas.

Rede eléctrica

 Alterar, se for caso disso, o contrato com a empresa fornecedora de energia eléctrica (a EDP, em todos as situações, pelo menos até à data), por forma a contratarem a opção mais favorável;

 Instalação de baterias de condensadores para a compensação do factor de potência, evitando desta forma custos de energia eléctrica reactiva;

Nota: estas duas medidas não são medidas de URE, visam sim a redução dos custos da factura de energia eléctrica.

 Substituição de lâmpadas incandescentes normais, predominantemente instaladas nos apartamentos, quartos, corredores e em algumas zonas públicas, por lâmpadas compactas fluorescentes (CFL);

 Substituição de lâmpadas de halogéneo, basicamente instaladas nos bares e nas salas de reuniões/conferências, mas também com importância na iluminação exterior e em algumas zonas colectivas, por lâmpadas da nova geração do tipo IRC – Infrared Coating;

 Instalação de balastros electrónicos de alta frequência nas lâmpadas tubulares fluorescentes;

 Instalação de sensores de presença nos corredores, nas casas de banho das zonas comuns, noutros locais de passagem e em espaços de utilização esporádica;

 Instalação de chaves corta corrente nos apartamentos/quartos;

 Para as unidades que beneficiam de uma boa iluminação natural, instalar sensores crepusculares para comando dos circuitos de iluminação – estes dispositivos interrompem o(s) circuito(s) de iluminação, sempre que se verifique uma boa iluminação natural;

 Utilização, sempre que possível, de águas quentes provenientes dos respectivos sistemas de produção de AQ, para a alimentação de máquinas de lavar roupa e loiça – esta medida visa minimizar o funcionamento das resistências eléctricas, de modo a estas apenas sirvam para o ajuste da temperatura da água (aquecimento suplementar, se necessário);

 Alteração do período de funcionamento dos principais equipamentos eléctricos das lavandarias (secadores de roupa e calandras), de modo a evitar a sua utilização nas horas de ponta;

 Substituição de secadores de roupa e calandra eléctricas por outros a gás; para as unidades hoteleiras que possuem lavandarias localizadas nas caves; esta medida só se tornará viável quando introduzirem o gás natural na região;

 Colocação no circuito de bombas de circulação das águas das piscinas de um dispositivo temporizador, por forma a tornar possível desligar automaticamente o referido circuito, durante o período da noite;

 Aquisição de um Sistema de Gestão de Energia (SGE), o qual proporcionará uma visão global centralizada do estado de funcionamento de toda a instalação, permitindo simultaneamente o seu controlo. Esta medida trará vantagens sobretudo em termos de optimização dos custos de exploração da instalação e equipamentos, da monitorização e controlo de todos os equipamentos, do conforto dos clientes, da contabilidade energética e do auxílio aos serviços de gestão e manutenção.

As medidas sugeridas aos estabelecimentos hoteleiros auditados representam uma redução de 25% dos custos da factura energética anual e uma redução de 17% do consumo de energia, sendo os investimentos recuperados em 2,5 anos (valor médio).