• Nenhum resultado encontrado

2. Sobre a incorporação agrícola dos cerrados

3.1 Meio ambiente e meio ambiente de trabalho

3.1.1 Meio ambiente de trabalho rural, tecnologia e os desafios

A história da industrialização demonstra o papel crucial do desenvolvimento tecnológico no processo de mudanças drásticas que ocorreram nas sociedades humanas (LUSTOSA, 2003).

Existe, atualmente, uma crença quase absoluta na tecnologia moderna, considerada capaz de solucionar todo e qualquer problema que se ponha diante do ser humano. Deposita-se assim, a máxima confiança neste padrão tecnológico, devendo-se isso, em grande medida, à função ideológica da manutenção dos paradigmas vigentes, relacionada a desenvolvimento e progresso (LAYRARGUES, 1998). É certo que o desenvolvimento econômico e

tecnológico baseado no uso intensivo de matérias-primas e energia aumentou a velocidade do uso dos bens naturais, transformados em recursos, sem dizer que os rejeitos dos processos produtivos foram se acumulando no meio ambiente, causando uma enorme degradação ambiental (LUSTOSA, 2003). Ademais, as inovações tecnológicas provocam mudanças sociais, refletida pelo consumo intensivo e imitativo, que torna as culturas, em medida considerável, mais ou menos padronizadas.

Tecnologia e mudanças sociais: as inovações tecnológicas são em ultima instância mudanças culturais, que refletem, não apenas na produção imitativa, mas também no consumo imitativo: para se evitarem os custos adicionais com a adoção de novos ajustes tecnológicos às realidades do país importador, as filiais das multinacionais procedem exatamente da mesma forma que a matriz inclusive –e sobretudo – quanto à propaganda e marketing. Investe-se na difusão de valores e hábitos de consumo dos países (ditos) desenvolvidos, completando, assim, o quadro da padronização cultural mundial sob o domínio hegemônico (em especial) da cultura norte-americana (LAYRARGUES, 1998, p. 172).

O desenvolvimento tecnológico é um dos vetores fundamentais do crescimento econômico, em grande parte guiado pelo interesse privado por obter benefício econômico a curto prazo (LUSTOSA, 2003). Particularmente no setor agrícola, a difusão das técnicas existentes tem sido a principal fonte de crescimento da sua produtividade nos países ditos subdesenvolvidos25. Ocorre que a introdução de tecnologias também causou a degradação do meio ambiente de trabalho rural.

À medida em que a economia passa a ser cada vez mais industrializada, as interdependências entre as atividades rurais e a industria dão novos contornos às funções da agricultura no desenvolvimento econômico. Os vínculos de interdependência ampliam-se na proporção em que a agricultura se torna absorvedora do progresso técnico e a indústria se adapta às necessidades da agricultura, fornecendo-lhe insumos e adquirindo-se produtos (SOUZA, 2005).

25 Como lembra Moraes (2000), os próprios termos ―desenvolvidos‖ e ―subdesenvolvidos‖, empregados nesse contexto, refletem a ideologia do padrão de progresso/desenvolvimento das sociedades industriais.

No setor rural brasileiro, o meio ambiente de trabalho agrícola passou gradativamente por profundas mudanças, a partir de 1950, devido à implementação de novas tecnologias na produção. Isso se refere à invenção e disseminação de novas sementes, máquinas, agroquímicos e práticas que permitiram, nas décadas de 1960 e 1970, um grande aumento na produção agrícola em países considerados menos desenvolvidos. Como base dessas transformações a intensiva utilização de sementes melhoradas (particularmente sementes híbridas), insumos industriais (fertilizantes e agrotóxicos), mecanização e diminuição do custo de manejo, bem como uso intensivo de tecnologia no plantio, na irrigação, na colheita e no gerenciamento da produção (SANTOS, 2006). A referida Revolução Verde, assim, propiciou um incremento brutal na produção agrícola em países não industrializados, com destaque para Brasil e Índia.

O Brasil, a partir da década de 1970, passou a desenvolver as próprias tecnologias através de instituições privadas e governamentais, como a Embrapa e universidades. Assim, nos anos de 1990, essa tecnologia foi disseminada, provocando no país um imenso desenvolvimento agrícola, com ampliação de sua fronteira agrícola, inclusive com avanços na incorporação do cerrado e no aumento da produtividade. Chega o Brasil, então, a ser recordista em produtividade de soja, milho e algodão, entre outros, consolidando-se no país à era do agrobusiness (SANTOS, 2006).

Nesse processo, a agricultura se tornou uma atividade profundamente relacionada ao capital e à indústria, com tecnologias avançadas no sistema de produção visando ao aumento da produtividade, sempre na busca do maior lucro.

(...) o processo de modernização da agropecuária (...) se consubstancia na mudança da base técnica da produção nacional que se dá no pós-Segunda Guerra, mediante a importação de tratores e fertilizantes, com o fim de incrementar a atividade da agropecuária. A mudança da base técnica da produção da agropecuária pressupõe introduzir novas culturas e/ou novos cultivares, e também transformar a agropecuária extensiva em agropecuária intensiva de base mecanizada (MONTEIRO, 2002, p. 90).

Na trajetória de um crescente processo de modernização agrícola, o meio ambiente de trabalho rural passou, nas ultimas décadas, por profundas

mudanças no padrão tecnológico de produção agropecuária, as quais atingiram diretamente trabalhadores/as rurais e a sociedade.

Importa salientar, no entanto, que as transformações ocasionadas não foram somente negativas, já que algumas tecnologias trazem melhoria ao ambiente de trabalho, nas que compreendem a segurança e proteção à saúde do/a trabalhador/a. Porém, outras, quando usada de forma inadequada e sem os devidos cuidados, causam danos imensos à saúde não só de trabalhadores/as, mas também ao meio ambiente, em sentido amplo, como no caso a utilização inadequada, na agricultura, de produtos químicos.

É impossível vislumbrar a realidade do trabalho sem a visualização da atividade econômica, uma vez que o trabalho humano está presente em todas as etapas do processo produtivo. Por outro lado, não há atividade econômica sem influência no meio ambiente (PADILHA, 2002), sendo, nos dias atuais, a preservação do meio ambiente geral, incluindo-se o meio ambiente de trabalho, um imperativo de sobrevivência na Terra. Dessa forma, questiona- se: como trabalhar, produzir e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo? Como manter um meio ambiente de trabalho equilibrado?

No âmbito rural, por exemplo, para produzir uma lavoura é necessário derrubar a vegetação nativa, interferir no meio ambiente natural com produtos químicos e máquinas, modificar geneticamente sementes para que a planta se adapte ao meio, etc. Mas, se não se produzirem alimentos para uma população em crescimento demográfico, como alimentá-la?

As respostas a essas questões talvez sejam um dos maiores desafios do nosso século.

Uma das alternativas para minimizar os efeitos causados ao meio ambiente pela atividade econômica é a busca do equilíbrio entre a interferência no meio ambiente e sua efetiva preservação. Transportando esta idéia para o meio ambiente de trabalho que, segundo PADILHA (2001) pode ser compreendido pela inter-relação da força do trabalho humano (energia) e sua atividade no plano econômico, através da produção (matéria), afetando o seu meio (ecossistema), o que se deve mesmo buscar, nessa inter-relação, é o equilíbrio.

Dessa forma, um meio ambiente de trabalho equilibrado deve assegurar condições mínimas para uma razoável qualidade de vida de

trabalhadores/as e da sociedade porventura afetada pela sua, não se limitando à relação obrigacional (patrão-empregado) nem ao espaço físico do estabelecimento, porque se estende ao meio e população por ele atingidos. Oliveira (1998) afirma que assim como homens e mulheres não buscam apenas saúde no sentido estrito, mas também anseiam por qualidade de vida e, trabalhadores/as não desejam somente ter higiene para desempenhar suas funções, mas também qualidade de vida no trabalho.

Não é fácil avaliar o que seja qualidade de vida, pois, segundo Vecchia (2005), esse conceito se relaciona à autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos, como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, a situação dos valores culturais e éticos, a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego ou com atividades diárias, o ambiente em que se vive, etc. Trata-se, assim, de uma construção subjetiva dependente de fatores socioculturais, da faixa etária e das aspirações individuais.

Assim, qualidade de vida é um termo empregado para descrever a qualidade das condições de vida, levando em consideração fatores como a saúde, a educação, o bem-estar físico, psicológico, emocional e mental, a expectativa de vida, bem como outros elementos, como família, amigos, emprego, etc. A OMS definiu qualidade de vida como ―a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações‖. Aliás, na tentativa de buscar um instrumento que lhe medisse, a OMS criou um projeto multicêntrico que teve como resultado a elaboração do WHOQOL-100, um questionário composto por 100 itens (WHOQOL GROUP, 1998).

Concebe-se, destarte, a qualidade de vida como individual, porém alguns indicadores podem, em geral expressá-la em relação a um grupo. Nesse sentido, avaliando-se as condições de saúde (física e mental), higiene e segurança no trabalho, afere-se um aspecto geral da qualidade de vida no meio ambiente de trabalho.

Isso leva a supor que um meio ambiente de trabalho rural equilibrado deve estar fundado na perspectiva de um desenvolvimento

sustentável da agricultura, contemplando a conservação dos recursos naturais, a utilização de tecnologias apropriadas e a viabilidade econômica e social.

3.2 Sobre a proteção legal do meio ambiente de trabalho

A proteção legal do meio ambiente de trabalho é o conjunto de normas que regulamentam a ação do ser humano em relação a esse ambiente, a fim de protegê-lo e às pessoas que nele convivem. Normas jurídicas são as de um sistema que, em caso de violação, prevê, no final, uma sanção, isto é, uma força organizada, especialmente uma pena ou uma execução (KELSEN, 2003).

No campo jurídico, existem três critérios de valoração das normas jurídicas: o da justiça, o da validade e o da eficácia das normas.

Segundo Bobbio (2005), quanto à justiça, uma norma justa é aquela que atinge aos valores últimos ou finais que inspiram um determinado ordenamento jurídico, ou seja, o bem comum.

A validade expressa a existência da norma como regra jurídica. Para saber se uma norma é válida, é necessário investigar três aspectos: 1) se a autoridade de quem emanou tinha o poder legítimo para fazê-lo; 2) se não foi ab-rogada; 3) se não é incompatível com outras normas do sistema. Já a eficácia de uma norma jurídica se dá quando as pessoas a quem esta se dirige, seguem-lhe os preceitos. O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em termos de legislação ambiental, o que também ocorre com relação ao meio ambiente do trabalho (MELO, 2008).

A Constituição Federal de 1988, assim como todas as declarações internacionais, consagram o direito mais fundamental de homens e mulheres: o direito à vida. Porém, segundo a Constituição Federal, no artigo 225, essa vida tem que ter qualidade e, para isto, é necessário assegurar trabalho decente e em condições seguras e salubres, além de garantir a todos/as o direito ao meio ambiente equilibrado.

O artigo 170 da Carta Magna diz que a ordem econômica deve se fundar na valorização do trabalho e na livre iniciativa, assegurando a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado como princípio a

defesa do meio ambiente (MELO, 2008), além de garantir o direito à saúde, segundo o artigo 196. A Constituição garante ainda reparação dos prejuízos sofridos pelo trabalhador, como o seguro contra acidente do trabalho, a reparação pelo trabalho penoso, insalubre e perigoso (art. 7, inc. XXVIII) e o direito à resposta proporcional ao agravo, sem dizer da indenização material, moral ou à imagem (art. 5, V, X). Dessa forma, o meio ambiente de trabalho, devido à sua importância, recebe proteção constitucional adequada, a qual precisa, no entanto, sair do papel para a prática, para efetivar a garantia desses direitos a trabalhadores/as.

No âmbito estadual, a Constituição do Piauí traz, no capítulo VII, normas regulamentadoras sobre o meio ambiente e incumbências para a sua efetiva preservação, garantindo a proteção ao meio ambiente de trabalho, e saúde. O seu art. 203, parágrafo único, dispõe que:

Art. 203. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantidos mediante políticas sociais e econômicas que visem à extinção dos riscos26 de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços destinados a sua promoção, proteção e recuperação, com prioridade para as atividades preventivas e de vigilância epidemiológica.

Parágrafo único – O direito à saúde pressupõe:

I – condições dignas de trabalho e renda, saneamento, moradia, alimentação, educação, transporte e laser;

II – respeito ao meio ambiente sadio e ao controle da poluição ambiental;

Na esfera das normas institucionais infraconstitucionais, destacam- se a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT, Portarias e Normas Regulamentadoras, Convenções da OIT e normas penais.

A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81) tem grande importância para o meio ambiente do trabalho, pois define a poluição

26

Risco é uma construção social para a qual concorrem tanto disciplinas científicas, quanto grupos e classes. Tal construção é sempre mediada por valores socioculturais. Constitui-se em atributo ambíguo, indeterminado, que aponta para liminaridades e virtualidades. Refere estado de incerteza de uma situação, e encontra-se presente entre dois pólos nos processos de vida de indivíduos ou grupos. Tal fenômeno encerra pode e saber no cerne de relações de natureza política, ideológica e mágico-religiosas que conformam práticas e representações distintas. Acidentes, doenças e mortes constituem momentos de ruptura e redefinição do risco (RANGEL, 2009). Para abordagens mais amplas da sociedade de risco ver Beck (1997), Giddens (1997), e Guivant (2001).

como a degradação da qualidade ambiental resultante da atividade que, direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população (art. 3, III), responsabilizando o poluidor. Saliente-se que, quando a Lei se refere a meio ambiente, devem ser entendidos também o meio ambiente de trabalho, e o meio ambiente natural, físico e cultural.

A CLT trata, no capítulo V, da segurança e medicina do trabalho trazendo normas que, se efetivamente cumpridas, avançarão na prevenção do meio ambiente de trabalho. O capítulo determina obrigações das empresas para cumprir e fazer cumprir tais normas, fornecendo equipamentos de proteção e orientando trabalhadores/as, sob pena se sanção proporcional à gravidade do ato. A CLT também incumbe às DRTs a competência de fiscalizarem e punirem, com multas, a empregadores que transgredirem as normas ambientais laborais, podendo até interditá-las, dependendo da gravidade da transgressão.

A CLT ainda delega ao Ministério do Trabalho (MTE) a competência de editar normas regulamentadoras sobre segurança, medicina e higiene no trabalho, como a Portaria 3.214/77 e várias Normas Regulamentadoras (NRs) de uso diário nos ambientes de trabalho. Aliás a Portaria 3.214/77 foi elaborada pelo MTE que, por meio de várias NRs (quadro 2), regulamentou o meio ambiente laboral no que diz respeito à segurança, higiene e medicina do trabalho.

Essas normas regulamentadoras foram elaboradas de forma tripartite, com participação do governo, trabalhadores e empregadores, representando um avanço na melhoria das condições ambientais de trabalho e a democratização das relações laborais (MELO, 2008). As NRs e NRR são de responsabilidade da fiscalização do MTE, através das Superintendências e Delegacias do Trabalho. As NRs em vigência são as seguintes:

NR 1 Disposições gerais NR 2 Inspeção prévia

NR 3 Embargos ou interdição

NR 4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho NR 5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

NR 6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

NR7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) NR 8 Edificações

NR 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) NR 10 Instalações e serviços em eletricidade

NR 11 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais NR 12 Máquinas e equipamentos

NR 13 Caldeiras e vasos de pressão NR 14 Fornos

NR 15 Atividades e operações insalubres NR 16 Atividades e operações perigosas NR 17 Ergonomia

NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria de Construção NR 19 Explosivos

NR 20 Líquidos, combustíveis e inflamáveis NR 21 Trabalho a céu aberto

NR 22 Trabalhos subterrâneos NR 23 Proteção contra incêndios

NR 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho NR 25 Resíduos industriais

NR 26 Sinalização de segurança

NR 27 Registro de profissional de Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho

NR 28 Fiscalização e penalidades

NR 29 Segurança e saúde no trabalho portuário NR 30 Segurança e saúde no trabalho aquaviário

NR 31 Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura

NR 32 Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde NR 33 Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados NRR 1 Disposições gerais

NRR 2 Serviços Especializados em Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural (SEPATR) NRR 3 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho Rural (CIPATR)

NRR 4 Equipamentos de Proteção Individual – EPI NRR 5 Produtos químicos

Quadro 2: Normas Regulamentadoras do ambiente laboral Fonte: MTE (2009)

No campo internacional também existem várias convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificadas pelo Brasil, que tratam de normas de prevenção do meio ambiente de trabalho, no sentido de garantir saúde e segurança a trabalhadores/as (quadro 3).

Convenção 12 sobre indenização por acidente de trabalho, ratificada em 1957 Convenção 16 sobre o exame médico das crianças – trabalho marítimo – ratificada

em 1936

Convenção 19 sobre a igualdade de tratamento nos acidentes de trabalho, ratificada em 1957

Convenção 42 sobre doenças profissionais, ratificada em 1936

Convenção 45 sobre trabalho subterrâneo de mulheres, ratificada em 1938 Convenção 81 sobre a inspeção do trabalho, ratificada em 1989

Convenção 113 sobre o exame médico dos pescadores, ratificada em 1965 Convenção 115 proteção contra radiações ionizantes, ratificada em 1967

Convenção 136 proteção contra os riscos de intoxicação pelo benzeno, ratificada em 1994

Convenção 139 prevenção e controle de riscos profissionais causados pela substâncias ou agentes cancerígenos, ratificada em 1991

Convenção 148 proteção dos trabalhadores contra os riscos profissionais devido à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho, ratificada em 1983

Convenção 152 segurança e higiene nos trabalhos portuários, ratificada em 1991 Convenção 155 segurança e higiene do trabalhador e do meio ambiente de trabalho

em geral, em todas as áreas da atividade econômica, ratificada em 1993

Convenção 159 reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes, ratificada em 1991

Convenção 161 diretrizes para orientar os serviços de saúde e segurança no trabalho, ratificada em 1991

Convenção 162 utilização do asbesto como segurança, ratificada em 1991

Convenção 164 sobre a proteção da saúde e assistência médica aos trabalhadores marítimos, ratificada em 1998

Convenção 167 sobre saúde e segurança na construção, ratificada em 2007 Convenção 170 sobre produtos químicos, ratificada em 1998

Convenção 176 sobre segurança e saúde nas minas, ratificada em 2007 Quadro 3: Convenções Internacionais de prevenção do ambiente laboral Fonte: Melo (2008)

A normatização referente à saúde e segurança no trabalho prevê maneiras de conviver e lidar com risco, saúde e segurança no ambiente laboral. Assim, prescreve-se um conjunto de estratégias padronizadas, ou não, no âmbito de normas e políticas de segurança às quais subjaz um conjunto de saberes, representações, ideologias e práticas de saúde e segurança. As estratégias padronizadas têm significado para gerentes e trabalhadore/as e dizem respeito a: programa de segurança; formas de participação de trabalhadore/as; normas e procedimentos de segurança; CIPA; códigos de segurança no espaço e no tempo e nas atividades laborativas. Assim, a política de segurança prevê formas de controle e disciplina de trabalhadore/as, regulando os conflitos em segurança.. Por um lado, o discurso empresarial é racionalizador e gerenciador dos riscos. Por outro, trabalhadore/as se submetem ou não aos riscos, conforme interesses e capital sociocultural. As normas e procedimentos de segurança funcionam, muitas vezes, na prática,

através de uma linguagem silenciosa que se revela em símbolos, cores, etiquetas. São instrumentos que regulam três tipos de conflitos: técnicos de segurança/trabalhadores; técnicos de segurança/gerências; trabalhadores/gerências. (RANGEL, 2009)

Na esfera penal também há algumas disposições legais relacionadas ao meio ambiente de trabalho, como o art. 132 do Código Penal que define como crime o ato de expor trabalhadores/as a perigo direto e iminente, além dos crimes de perigo comum, previstos nos artigos 250 a 259. Aplicam-se também no campo laboral as penalidades por acidentes ocorridos com trabalhadores/as, previstos nos artigos 121 a 129 do mesmo Código.

A Lei dos Crimes Ambientais tipifica esses crimes, com suas respectivas penas, aplicáveis também ao meio ambiente de trabalho, sem dizer que o § 2º do art. 19 da Lei 8.213/91 considera contravenção penal a falta de cumprimento das Normas Regulamentadoras.

Cabe ainda destacar o importante papel das negociações coletivas laborais na busca de implementação de ambientes de trabalho sadios e seguros e, como consequência, o ajuizamento de dissídios coletivos perante a Justiça do Trabalho para criar normas atinentes ou interpretar as já existentes, como fonte de regulamentação infraconstitucional da prevenção dos riscos ambientas no trabalho (MELO, 2008).

Documentos relacionados