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4 A REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE (RMPA): UMA

4.2 A GOVERNANÇA METROPOLITANA NA RMPA

4.2.1 Meio ambiente e governança na RMPA

No Estado do RS, existem instâncias de governança que determinam e acompanham as políticas públicas ambientais no território estadual. A RMPA é uma região institucionalizada e está sob responsabilidade estadual. Logo, essas instâncias de governança procuram convergir e reduzir as assimetrias de políticas públicas ambientais também no território metropolitano. Essas instâncias de governança são: i) o CONSEMA; ii) o CRH; iii) o CONESAN.

i) O CONSEMA

Previsto na Lei n° 10.330, de 27 de dezembro de 1994 (Lei n° 10.330/1994), o CONSEMA compõe o SISEPRA como um órgão superior de caráter deliberativo e normativo. É responsável pela aprovação e acompanhamento da POLEMA32.

Além de ser responsável pela POLEMA, o CONSEMA estabelece diretrizes para avaliação, controle, manutenção, recuperação e melhoria da qualidade do meio ambiente, além da conservação e preservação dos recursos naturais. Deve atuar também colaborando com pesquisas científicas para o meio ambiente e recursos naturais (Lei n° 10.330/1994). É atribuída ao CONSEMA, a deliberação sobre conflitos entre valores ambientais diversos, bem como deve estabelecer critérios de orientação de educação ambiental, garantindo a discussão pública nas áreas de conservação, preservação e melhorias ambientais. É função do CONSEMA

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promover e estimular a participação da sociedade na preservação, conservação e melhoria da qualidade ambiental (Lei n° 10.330/1994).

O CONSEMA está estruturado com a Plenária do Conselho, suas respectivas Câmaras Técnicas e uma Secretaria Executiva (CONSEMA, 2015). Esse conselho é formado por 28 representantes, com representações oriundas da administração pública e da sociedade civil organizada. A administração pública é representada por 15 conselheiros, enquanto a sociedade civil organizada é representada por 13 conselheiros.

A sociedade civil está representada por um conselheiro dos CBHs e por conselheiros representando os trabalhadores da agricultura e dos recursos hídricos. Ainda, fazem parte do CONSEMA os representantes dos profissionais de engenharia e representantes da indústria e do comércio. Os CBHs mesmo estando presentes no CONSEMA, estão vinculados diretamente com outro conselho ambiental: O CRH.

ii) O CRH

O CRH atua na resolução de conflitos dos recursos hídricos, sendo o órgão deliberativo superior do SRH. É formado por conselheiros representantes das Secretarias de Estado, por representantes dos CBHs e representantes do Sistema Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SEMA, 2018).

O CRH foi estabelecido juntamente com o SRH, pela Lei Estadual n° 10.350, de 30 de dezembro de 1994 (Lei n° 10.350/1994). A Lei n° 10.350/1994 também estabeleceu as diretrizes da POLERH.

Dentre as atribuições do CRH está a de propor alterações na POLERH. O CRH também acompanha a situação dos recursos hídricos no Estado, acompanhando os CBHs, além de definir critérios de outorga do uso da água. O CRH é o espaço de governança responsável por solucionar os conflitos pelo uso da água (Lei n° 10.350/1994).

Além do cargo da presidência, o CRH é composto por 9 membros do Poder Executivo Estadual, 2 membros do Poder Executivo Federal, representando o Sistema Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Meio Ambiente e 7 membros dos CBHs (SEMA, 2018):

O CRH possui 8 Câmaras Técnicas Permanentes33 e é assessorado administrativamente por 1 Secretaria Executiva e tecnicamente pelo Departamento de Recursos Hídricos (DRH). A Secretaria Executiva é responsável pelo assessoramento e articulação política e institucional junto ao SRH (SEMA, 2018). O DRH coordena e acompanha a execução do PERH, além de ser o responsável pelo relatório anual sobre a situação hídrica do Estado (Lei n° 10.350/1994). As Câmaras Técnicas devem atuar como mecanismos de assessoramento técnico.

A presidência das reuniões plenárias é exercida pela titular34 da Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA). No caso da sua ausência, quem assume a presidência é o titular da Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação. O Secretário de Obras, Saneamento e Habitação exerce a presidência titular do Conselho Estadual de Saneamento. Esse Conselho deve estar integrado ao CRH.

iii) O CONESAN

Criado pela Lei Estadual n° 12.037, de 19 de dezembro de 2003 (Lei n° 12.037/2003), o CONESAN foi estabelecido para atuar como um órgão estratégico dentro da POLESAN. A Lei n° 12.037/2003 estabelece que o CONESAN realize articulação com o CRH para compatibilizar o Plano Estadual de Saneamento (PLANESAN) com o PERHS e com o CONSEMA.

Dentre as atribuições do CONESAN, estão os assuntos relacionados ao PLANESAN. Além de formular, implantar e acompanhar as políticas estaduais de saneamento e as estabelecer (Lei n° 12.037/2003).

O CONESAN possui uma Secretaria Executiva para realizar o assessoramento administrativo e institucional e Câmaras Técnicas Setoriais para o assessoramento técnico. O CONESAN é formado pelo Secretário Estadual de Obras, Saneamento e Habitação no cargo de presidente e ainda por mais 7 Secretários Estaduais, totalizando 8 representantes do Executivo Estadual. Além deles, o CONESAN possui 3 representantes dos municípios. 2 representantes das operadoras de saneamento, sendo que 1 das vagas é destinada à representação das operadoras

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As Câmaras Técnicas Permanentes no âmbito do CRH são: Acompanhamento do PERH; Assuntos institucionais e jurídicos; Gestão da Região Hidrográfica do Litoral; Gestão da Região Hidrográfica do Uruguai; Gestão da Região Hidrográfica do Guaíba; Águas superficiais; Águas subterrâneas; e Fundo de Recursos Hídricos.

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municipais, enquanto a outra vaga é destinada à Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN). Também compõem o CONESAN, 3 representantes dos CBHs indicados pelo CRH: 1 representante da União (Fundação Nacional da Saúde); 1 representante de entidade sem fins lucrativos atuante na área do saneamento e meio ambiente; e 1 representante de entidade empresarial, atuante no setor de saneamento e meio ambiente.

Observa-se que tanto o CONSEMA, quanto o CRH ou o CONESAN apresentam distanciamento com a fragmentada governança da RMPA. Porém, essa relação de distanciamento se intensifica quando colocada sob a ótica da governança ambiental.

No entanto, há um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode significar um posicionamento de aproximação entre a governança ambiental estadual e a governança das regiões metropolitanas. A Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.84235, julgada pelo STF em 6 de março de 2013, considerou que a função pública do saneamento básico extrapola o espaço local da municipalidade em áreas como as regiões metropolitanas.

Dessa forma, o saneamento básico passa a ser considerado uma função de natureza de interesse comum em microrregiões, em aglomerações urbanas e em regiões metropolitanas, conforme a Constituição Federal36. Esse posicionamento do STF indica a necessidade de ações regionais para funções públicas de interesse comum, o que exigiria uma maior integração entre os fragmentados órgãos componentes do arranjo institucional de governança metropolitana da RMPA e da governança ambiental estadual.

Assim, surge a necessidade de construção de uma governança integrada na RMPA entre as instâncias de governança, aproximando definitivamente os COREDEs, os CPIs, os CBHs, o CONSEMA, o CRH e o CONESAN. Para tanto, seria necessário um instrumento normativo que pudesse robustecer e incentivar a construção de uma governança integrada.

35 Ação Direta de Inconstitucionalidade contra Lei Complementar nº87/1997, Lei nº2.869/1997 e

Decreto nº24.631/1998, todos do Estado do Rio de Janeiro.

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4.2.2 O Estatuto da Metrópole: instrumento de empoderamento da integração