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Melhoria da viabilidade ecológica do sistema atual de unidades de conservação O outro objetivo geral do projeto é o incremento da viabilidade do atual sistema de

DESCRIÇÃO DO PROJETO

B) Melhoria da viabilidade ecológica do sistema atual de unidades de conservação O outro objetivo geral do projeto é o incremento da viabilidade do atual sistema de

unidades de conservação, reduzindo os fatores de risco para a conservação da biodiver- sidade dentro dos seguintes objetivos específicos: a) ajudar a atender às necessidades humanas básicas das populações locais dos corredores, sem com isto assumir as atribui- ções daquelas instituições dedicadas especificamente a esta tarefa; e b) desenvolver, implementar e disseminar práticas de uso de recursos de baixo impacto nas regiões alvo deste projeto. Técnicas de planejamento participativo serão usadas em comunidades- alvo para identificar áreas de interesse mútuo e desenvolver projetos-piloto direcionados a este objetivo.

Duas principais visões, ou propósitos, são colocados frente a estes dois objetivos gerais colocados acima. A primeira delas é a realização de atividades em caráter piloto em escala bio-regional, aqui consubstanciada em “corredores ecológicos”, de forma integra- da e participativa, visando a conservação da biodiversidade local e o uso sustentado dos recursos naturais na área dos corredores (inclusive no interior de algumas unidades de conservação mais críticas, conforme a premência da necessidade, conforme o entendi- mento das agências administradoras destas unidades, e conforme a possibilidade legal de fazê-lo).

A segunda visão, ou propósito, é estender o envolvimento dos atores sociais interes- sados àqueles setores mais tradicionalmente dedicados e comprometidos com a causa desenvolvimentista. Este projeto considera, dentro de suas premissas básicas, que as áreas de corredores não se constituem em figuras legais de preservação ou categorias de unidades de conservação. Também considera que, dentro das áreas delimitadas como corredores, é possível a coexistência de iniciativas conservacionistas e desenvolvimen- tistas já implementadas anteriormente, ou ainda por serem concebidas e aplicadas. Por este motivo, os corredores ecológicos abrangem, inclusive, grandes cidades e pólos tradicionais de desenvolvimento regional.

Dentro destes corredores, com o envolvimento e participação destes aqui chamados “setores desenvolvimentistas”, pretende-se integrar esforços de desenvolvimento e con- servação de forma a minimizar os impactos dos primeiros sobre os últimos, e vice-versa. Não serão necessárias, para isto, novas medidas legais de natureza coercitiva. O arcabou- ço legal existente, disponibilizado por órgãos normativos da área (como a própria Consti- tuição Federal, o MMA, o Conama, o Ibama e as Supes, e outros) sob a forma de leis, decretos, portarias e resoluções, é suficiente para instrumentalizar esta coexistência.

Como se sabe, os principais entraves neste âmbito dizem respeito às dificuldades de executar ou aplicar o “arcabouço legal” já existente. Numa abordagem de integração de ações em áreas prioritárias definidas como corredores ecológicos, as possibilidades de sucesso neste âmbito são sensivelmente maiores. Não apenas por conta da concentração de recursos e esforços, mas, e principalmente, por conta de um processo de envolvimento de setores da sociedade que decorre numa co-responsabilidade pelas decisões tomadas e por sua implementação na escala local, estadual e regional.

Este projeto pressupõe que tanto ações de desenvolvimento quanto ações de conser- vação da biodiversidade e de uso sustentado dos recursos naturais são complementares na promoção do homem e da sociedade, possibilitando uma melhor qualidade de vida para as futuras gerações e mesmo algumas melhorias em curto/médio prazos, ainda por serem gozadas por esta atual geração.

Esta posição está claramente estabelecida nos documentos produzidos pela Comis- são de Meio Ambiente das Nações Unidas, e objetivamente reconhecida e absorvida pelos documentos oficiais do Governo do Brasil divulgados nos últimos anos acerca do desenvolvimento sustentável, aplicável não apenas às florestas tropicais brasileiras (e suas populações residentes) como, de resto, a todo o território nacional, como na Agenda 21.

5.1 DESCRIÇÃO QUALITATIVA

Os objetivos gerais dos corredores amazônicos são os mesmos que aqueles expostos para este projeto como um todo. Entretanto, a aplicação do conceito de corredores stricto

sensu na Amazônia é reconhecidamente mais viável que na Mata Atlântica, como explica-

do anteriormente. Como os níveis de fragmentação do bioma amazônico são muito meno- res, ocorrem ainda grandes extensões não perturbadas, ou em estado muito leve de per- turbação.

Assim, em vários pontos da Amazônia, as populações e subpopulações de espécies efetivamente realizam comunicação e, especialmente, contato por meio de sua livre movi- mentação. Obviamente, inúmeros processos estocásticos estão atuando (em ambos os sentidos) nesta movimentação, inclusive a interferência humana. Porém, de um modo geral, pode-se dizer que as perturbações humanas ainda não estrangularam a capacidade de fluxo entre populações (muito ao contrário, a presença humana aparentemente tem causado oportunidades para contato entre populações e subpopulações de espécies que, sem a presença humana, provavelmente nunca teriam ocorrido. As conseqüências disto para a biogeografia amazônica ainda estão por ser determinadas).

Pode-se afirmar que os graus de conectividade entre unidades de conservação são muito elevados, especialmente no Corredor da Amazônia Central. Mesmo observando-se uma situação de mosaico no interior dos corredores (áreas protegidas, terras indígenas, diferentes formas de uso do solo e da paisagem), da mesma forma que na Mata Atlântica, as grandes extensões dos corredores amazônicos e a integralidade destas extensões, porém, permitem elevados graus de contato.

Deste modo, os objetivos dos corredores ecológicos para o bioma da Amazônia são distintos daqueles para o da Mata Atlântica. Na Amazônia, pretende-se manter ao máxi-

mo a integralidade existente nestas grandes extensões sem que as populações locais sejam por este motivo penalizadas. Se estabelecemos que a existência de mosaicos é

tolerável dentro da concepção básica de corredores, um futuro processo participativo de zoneamento interno do corredor poderá definir, dentro da atual legislação pertinente, áreas de maior impacto onde já se realizam (ou poderão estabelecer-se) ações mais impactantes.

Estas áreas, entretanto, deverão permanecer alvo das ações já previstas na legislação vigente acerca da proteção do meio ambiente contra ações impactantes (poluentes, de- gradantes etc.), acerca do uso de recursos naturais, uso do solo e das paisagens naturais, etc. A composição de conselhos deliberativos nos corredores, envolvendo inclusive atores ligados à questão do desenvolvimento regional, ambientes urbanos, pólos indus- triais, fazendeiros, empresários, políticos e outros, propiciará uma integração de esforços

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OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS