6 COGNIÇÃO
6.1 Memória das Pessoas Afetadas Pela Deficiência Mental
Apesar dos estudos teóricos desenvolvidos nas áreas clínicas e dos
educadores em geral, afirmarem que as pessoas afetadas pela deficiência
mental apresentam sérias e irreversíveis problemáticas na memória mediata e
imediata, e de acordo com estas afirmações, discursadas como um fator
interveniente negativo e inviabilizante para os processos de alfabetização,
conseqüentemente da leitura e da escrita. (Observar os anexos 10.5).
Entretanto, em estudos anteriores e na prática educativa, a alfabetização
de pessoas com necessidades educativas especiais, com atividades
desenvolvidas cognitivamente, escutando-se atentamente o que o aluno tem
para dizer, principalmente as observações assistemáticas, que posteriormente
outros “educandos especiais", pois a memória do educador também pode
apresentar falhas. É possível verificar significativa capacidade de
armazenamento e de recuperação das informações nas PADM, principalmente
frente aos processos cognitivos que estimulam as questões interrelacionadas à
análise e à síntese.
Os estudos de Fialho (2000, p.83), designam que
Os exercícios que nos condicionam a memorizar determinadas regras, não podem ser consideradas de fato, como aprendizagem por descoberta. Se o estudante ousa descobrir uma resposta diferente daquela estabelecida pela cultura em que vive, é punido. O que ocorre, de fato, é um adestramento, ou, em linguagem mais psicológica, condicionamento. Poderíamos brincar, inclusive, com o léxico de ‘amestrar”. Até que ponto o mestre, em vez de educar, não domestica seu aluno, impedindo-o de construir-se em sua plenitude potencial?
O estudioso dos circuitos nervosos Xavier (1998, p. 6), nas pesquisas
sobre os mecanismos da memória, designa a memória declarativa como
Aquela que mesmo depois de uma única experiência se é capaz de reter e mais tarde evocar, pois no momento da recepção da informação, a mesma foi considerada imensamente relevante pelo sistema nervoso, significando que toda a fisiologia da pessoa, suas emoções e tensões estavam envolvidas, indicando que aquele momento deveria ser arquivado.
Então, o que ocorre é que quando se cria uma memória, cria-se um
circuito nervoso facilitado. O cérebro é constituído de bilhões de células
nervosas. Cada uma delas é capaz de responder quimicamente a
estimulações, em sua maioria das próprias células do sistema nervoso. Cada
célula recebe projeções de, em média, mil a vinte mil células, que por sua vez
se projetam em outras mil ou vinte mil. Se isso ocorre com cada uma das
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caminho por onde a informação pode trafegar no sistema nervoso varia de
forma quase infinita.
Essa associação - continua Xavier (1998, p. 7):
Seria representada por um certo conjunto de circuitos que entra em atividade. Arquivar uma informação significa criar os circuitos, ou seja, de alguma forma o sistema nervoso fortalece o contato entre as células nervosas e isso faz com que aquele caminho a ser percorrido seja facilitado. Assim, todas as vezes que for gerada, uma atividade elétrica ou eletroquímica naquele circuito, eventualmente se terá a lembrança de determinado momento.
Arquivar uma informação depende não apenas do momento, do antes e
do depois, mas também das emoções envolvidas. E para que haja o
arquivamento definitivo é preciso tempo já que ele se dá em associação com
outras informações.
O processo da lembrança ocorre normalmente devido a estímulos do
ambiente que, de alguma forma, se assemelham aos do momento da aquisição
da informação.
O estímulo de agora é um dos componentes da memória global. Ao
receber essa informação, pode-se gerar um padrão de atividade elétrica que
aciona este componente e, como ele está interconectado com outros, acessa a
memória inteira. Pode ser um cheiro, um som, uma cor. Como somos capazes
de formar memória sobre as coisas e o cérebro humano é particularmente
especial neste sentido, somos capazes de introduzir, entre os vários estímulos
que compõem a memória, componentes positivos ou negativos.
É comum que as informações que recebemos tenham estes traços
efetivos em função do momento, da história de vida de cada um, que vão gerar
sensações agradáveis ou desagradáveis e que serão associadas às
informações a serem arquivadas. Ao ser exposto a estas seqüências, o ser
necessitando-se de pesquisas mais aprofundadas, aliando-se as afirmações
teorizadas com as práticas desenvolvidas junto á “pessoas especiais”, pois é
provável que surjam novas conceituações, viabilizando-se a maior ênfase na
alfabetização deste segmento educacional.
No ponto de vista de Fialho (2000, p. 284) “as atividades mentais que
interferem nessas aprendizagens são, por um lado, as atividades de
compreensão, principalmente sob a forma de construção de estruturas
conceituais, e por outro lado, as atividades de memorização e inferência”.
Complementando ainda, que:
A aquisição de conhecimentos seja uma função de grande importância para o homem, não existe atividade mental que lhe seja específica. A aquisição resulta de se colocar em prática as diversas atividades cognitivas, das quais, algumas, somente, são mentais. É o subproduto das atividades de compreensão, dos processos de memorização seletiva concernentes aos resultados da ação, das inferências feitas à partir dos elementos memorizados para formar e verificar hipóteses, generalizar resultados, ou reconhecer, após ter resolvido um problema, que este faz parte de uma classe de problema para os quais já existe um procedimento.
Comparando-se com a alfabetização, a idéia do autor acima, pode
parecer paradoxal na medida em que a aprendizagem é confundida, em
situação escolar, com uma memorização de texto. Veremos que, de fato, a
aquisição de conhecimentos pode ser analisada a partir somente das
atividades de compreensão, memorização e inferência, reforçando-se que os
educadores necessitam desenvolver estas atividades na busca de um quadro
cognitivo mais positivo para os seus educandos com necessidades educativas
“especiais”.
Apesar de todas as classificações teóricas sobre PADM, na prática e no
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instante em que o indivíduo compreende as relações existentes entre todos os
fatores de uma situação, estabelecendo entre eles um vínculo solucionador.,
que demonstram uma capacidade intelectual além da classificada pelos
estudiosos da intelectualidade.
Inclusive quando este alunado apresenta a possibilidade da linguagem
expressiva preservada, verifica-se de forma mais enfática os acima citados
“insights”.
Mas no convívio diário, percebe-se que as PADM, recordam-se
inúmeras vezes, com riqueza de detalhes, de fatos que aconteceram há muito
tempo, e que pelos educadores foram há muito esquecidos.
De acordo com Fialho (2000, p.284), “o ponto de vista cognitivista sobre
a aprendizagem insiste na importância dos conhecimentos anteriores. Um
conhecimento não se constrói a partir do nada, esta construção supõe um
conhecimento existente”.
Um fator desencadeante de problemáticas mnemónicas em adultos,
afetados por DM, que deve ser pesquisado exaustivamente por especialistas
da área da neurologia, psiquiatria e psicologia, através do diagnóstico por
exclusão da Doença de Alzheimer, que acomete significativa parcela da
população desta pesquisa, após a terceira ou quarta década de vida, exigindo
tratamentos onerosos, a longo prazo, gerando na pessoa deficiente mental