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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2 Mensuração da Mobilidade Populacional

Segundo Rigotti (1999), em cada quesito ou técnica a ser adotada na análise das migrações deve-se ter cautela, pois sempre possuem vantagens e desvantagens a serem consideradas. Dito isso, nesta pesquisa, para mensurar a migração que pode ter sido gerada pelo Projeto de Transposição, será adotado o quesito última etapa porque permite captar a população migrante com menos de 4 anos de residência.

O quesito última etapa questiona aquelas pessoas sobre seu local de residência anterior (município, unidade da federação ou país estrangeiro), ou seja, a residência que a pessoa estava antes de mudar para o município de residência na data de referência do Censo. Sem a delimitação temporal, estará considerando no cálculo tanto os migrantes que residem ali a pouco tempo quanto aqueles que estão a mais tempo (RIGOTTI, 1999). Assim, ao cruzar essa informação com a variável tempo ininterrupto de residência no município, é possível identificar os grupos de indivíduos que informaram residir a menos de 4 anos no município atual, por exemplo, bem como aqueles com mais de 4 anos.

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Uma limitação do quesito última etapa está em estimar apenas as trocas migratórias líquidas e não os ganhos líquidos (saldos migratórios) que são resultados do uso de duas datas fixas, como é utilizado no quesito de data fixa que interroga as pessoas com cinco anos ou mais de idade sobre seu local de residência (município, unidade da federação ou país estrangeiro) há cinco anos da data de referência do Censo (RIGOTTI, 1999; QUEIROZ, 2013). Tendo em vista a limitação do quesito última etapa, ao trabalharem com mudanças migratórias com menos de 10 anos, Brito, Garcia e Souza (2004) e Queiroz (2013) utilizaram as trocas líquidas como “proxy” dos saldos migratórios.

Portanto, o tempo ininterrupto a ser considerado é de menos de 4 (quatro) anos, haja vista o ano de início da obra de transposição, em 2007, e a periodicidade da base de dados, Censo de 2010. Além disso, informações mais recentes dos deslocamentos migratórios podem dar maior robustez aos resultados da pesquisa, por reduzir o erro de memória da declaração pelos entrevistados, assim como erros relacionados a reemigração, que quanto maior o tempo considerado maior a exposição a esse fenômeno.

Assim, considerando a migração de cada área de influência com restante dos municípios brasileiros a definição de imigrante e emigrante para ambas as áreas em estudo (AID e AII) com menos de 4 anos de residência é a seguinte:

i) imigrante – indivíduo (natural ou não natural) que na data de referência do

censo de 2010 estava residindo em um município da área de estudo (AID e AII), mas há menos de 4 anos morava em outro município fora da área de estudo (AID e AII); e

ii) emigrante – indivíduo (natural ou não natural) que na data de referência do

censo de 2010 estava residindo em outro município fora da área de estudo (AID e AII), mas há menos de 4 anos morava em um município da área de estudo (AID e AII).

Trocas migratórias: representa a diferença entre imigrantes e emigrantes de última

etapa.

Já para os imigrantes e emigrantes que se deslocam dentro de cada área de influência (intra-área de influência), para ambas as áreas em estudo (AID e AII) também com menos de 4 anos de residência, a definição é a seguinte:

i) imigrante – indivíduo (natural ou não natural) que na data de referência do

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AII), mas há menos de 4 anos morava em outro município da área de estudo (AID e AII); e

ii) emigrante – indivíduo (natural ou não natural) que na data de referência do

censo de 2010 estava residindo em outro município da área de estudo (AID e AII), mas há menos de 4 anos morava em um município da área de estudo (AID e AII).

Dessa maneira, o resultado da diferença entre imigrantes e emigrantes será denominado de trocas líquidas. Mas, como apontado por Brito, Garcia e Souza (2004) e Queiroz (2013), estas trocas líquidas podem ser tidas como proxy dos saldos migratórios. Assim, será tomada esta sugestão.

No que se refere a mensuração da mobilidade pendular (deslocamento diário para fins de estudo ou trabalho), esta será realizada apenas para o ano de 2010. Conforme o Censo de 2010, a variável a ser utilizada para mensurar o deslocamento por estudo responde a seguinte indagação: em que município e unidade da federação ou país estrangeiro frequenta escola (ou creche)? As categorias de respostas são: i) neste município; ii) em outro município; e iii) em país estrangeiro. Já para o deslocamento por trabalho a variável a ser utilizada responde o seguinte: em que município e unidade da federação ou país estrangeiro trabalha? As categorias de respostas são: i) no próprio domicílio; ii) apenas nesse município, mas não no próprio domicílio; iii) em outro município; iv) em país estrangeiro; e v) em mais de um município ou país.

Para facilitar a análise, pode-se dividir ambos os deslocamentos em intramunicipal e intermunicipal. Dessa maneira, no caso do deslocamento por motivo de estudo a primeira categoria (neste município) pode ser considerada como deslocamento intramunicipal e a segunda categoria (em outro município) como intermunicipal.

No caso do deslocamento por trabalho, foi utilizada apenas a segunda categoria (apenas nesse município, mas não no próprio domicílio) para criar o deslocamento intramunicipal e a soma da terceira (em outro município) com a quarta (em mais de um município ou país estrangeiro) para criar o intermunicipal.

Dessa maneira, pretende-se verificar o volume da população que trabalha ou estuda segundo o local de trabalho ou estudo, isto é, a partir da soma total dos deslocamentos (trabalho mais estudo) considerando os quesitos ‘intramunicipal’ e ‘intermunicipal’ para ambas as áreas de influência do empreendimento.

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Além da forma tradicional de calcular as migrações, também foi adotado como análise complementar o Índice de Eficácia Migratória (IEM). O IEM permite verificar a capacidade de perda, rotatividade ou retenção de população na área em estudo. Este índice varia entre -1 e +1. Valores próximos a -1 representam áreas com perda migratória elevada; valores próximos a 0 (zero) figuram como áreas de rotatividade migratória; e valores próximos a 1 diz respeito a áreas que retém população. Tal indicador é calculado através do quociente entre a migração líquida (I-E) e a migração bruta (I+E). Assim, a classificação é dada da seguinte forma: i) - 1,00 a -0,13, área de perda migratória; ii) -0,12 a 0,12, área de rotatividade migratória; e de iii) 0,13 a 1,00, área de retenção migratória (BAENINGER, 2012).