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Mensuração do custo de oportunidade 30 

CAPÍTULO 1 – CUSTO REGULATÓRIO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

1.3. METODOLOGIA 28 

1.3.2 Mensuração do custo de oportunidade 30 

Para a análise proposta neste trabalho, é necessário considerar um tipo de custo importante na avaliação, mas geralmente desconsiderado na análise do desempenho, em especial das instituições financeiras. Os custos contábeis incluem itens diferentes do que os economistas usam, porque a visão, principalmente destes últimos, é voltada para o futuro, tendo-se a preocupação com a alocação de recursos escassos. Assim, preocupa-se com os custos que poderão ocorrer no futuro e com os critérios utilizados pelas empresas para reduzir seus custos e melhorar seus resultados. (PINDYCK e RUBINFELD, 2007).

19 Para mais informações sobre uso de métodos econométricos em custo regulatório, ver Benston

(1975).

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Os trabalhos de Smith (1977), Baer (1988) e Hannan (1988, 1989) são exemplos de estudos que empregaram analogias para determinação de custos regulatórios.

De acordo com estes autores, os economistas têm em mente o custo econômico, que é o custo da utilização de recursos na produção, devendo-se distinguir os custos controláveis pela empresa dos que não são controláveis por ela. Neste custo econômico, tem-se outro conceito fundamental que é o de custo de oportunidade, que geralmente não aparece no custo contábil, mas que foi apontado por Elliehausen (1998) como um dos componentes do custo regulatório. Custo de Oportunidade pode ser definido como o valor de um recurso em seu melhor uso alternativo. Deste modo, para a teoria econômica, o custo de oportunidade surge quando o agente econômico opta por uma determinada alternativa em detrimento de outras viáveis mutuamente exclusivas, representando o benefício que foi desprezado ao escolher uma determinada alternativa em função de outras.

O que se busca então é a maximização da satisfação pelo consumidor ou maximização do lucro pelo empresário. Considerando um conjunto

{

a i N

}

X = i: =1,2,3,..., , com N alternativas de investimento disponíveis a um agente econômico, todas com mesmo nível de risco21, e designando por ri o retorno da alternativa ai, o custo de oportunidade de escolher a alternativa ai, denotado por

) (ai co , é, por definição: = ) (ai

co max {r : para todo j j ≠ i} (1)

ou seja, o custo de oportunidade é o retorno da alternativa de investimento mais rentável que se deixa de ganhar por se ter escolhido determinada alternativa de investimento (SANTOS, 2007).

No que se refere ao escopo contábil, as definições apresentadas por muitos autores mostram uma forte preocupação em operacionalizar o conceito de forma objetiva, apesar de este conceito não ser adotado nos sistemas formais de informação contábil, principalmente na elaboração dos demonstrativos contábeis externos, até mesmo por questão de restrição legal.

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Muitas vezes, torna-se complicado, apesar de necessário, avaliar a questão do risco para análise do custo de oportunidade. Martins (1995: 208) propõe um tratamento ao problema: “Duas alternativas poderíamos analisar, sem entrar em muito detalhe: ou entendemos o custo de oportunidade com relação a outro investimento de igual risco ou tomamos sempre como base o investimento de risco zero”.

A Tabela 4 apresenta um resumo com a definição de custo de oportunidade dos principais autores tanto com enfoque econômico quanto contábil. Seja qual for o enfoque adotado, quando se trata de custos de oportunidade, existem em comum alguns pontos básicos que se referem primeiramente ao fato de que, para aplicação do conceito de custo de oportunidade, é necessária a existência de alternativas de decisão mutuamente exclusivas e viáveis para o agente econômico.

Em segundo lugar, o custo de oportunidade refere-se a algum atributo específico do objeto de mensuração ou avaliação, quer seja o custo de determinado fator de produção ou recurso;o sacrifício incorrido em certa alternativa abandonada; o benefício líquido sacrificado; a renda líquida da próxima melhor oportunidade abandonada; o recebimento líquido de caixa da próxima melhor alternativa abandonada; o valor presente de lucros futuros (SANTOS, 2005). E por último, embora não explícito nas definições, o custo de oportunidade está associado sempre ao valor de mercado dos bens e serviços utilizados nas alternativas.

Tabela 4 – Conceitos de Custo de Oportunidade sob os enfoques econômicos e contábeis

ENFOQUE ECONÔMICO ENFOQUE CONTÁBIL

WIESER (1860)

Renda líquida gerada pelo uso de um bem ou serviço no seu melhor uso alternativo

EDWARDS & BELL

(1961,p.78)

O custo de oportunidade de um ativo representa o melhor valor de saída que poderia ser obtido para o ativo se ele fosse vendido no presente momento.

MEYERS (1942,p.194)

Custo de produção de qualquer unidade de mercadoria é o valor dos fatores de produção empregados na obtenção desta unidade - o qual se mede pelo melhor uso alternativo que se poderia dar aos fatores se aquela unidade não tivesse sido produzida.

MATZ,

CURRY e FRANK

(1973,p.72)

O valor mensurável de uma oportunidade secundária, pela rejeição de um uso alternativo dos recursos.

DEAN (1951, p.352)

Tomam a forma de lucros originários de riscos alternativos que são superados pelo uso de vantagens limitadas por um propósito particular. ANTHONY (1976, p.411) É o sacrifício envolvido em aceitar a alternativa em consideração, de preferência à melhor oportunidade possível . continua....

Tabela 4 – Conceitos de Custo de Oportunidade sob os enfoques econômicos e contábeis

ENFOQUE ECONÔMICO ENFOQUE CONTÁBIL

BILAS (1967, p.168)

Os custos dos fatores para uma empresa é igual aos valores destes mesmos fatores em seus melhores usos alternativos.

GRAY & JOHNSTON (1977, p.162)

É o lucro que poderia ter sido conseguido se um conjunto de recursos tivesse sido aplicado num certo uso alternativo. Pode ser positivo (lucro perdido), negativo (despesa evitada), ou nulo.

LIPSEY & STEINER

(1969, p.215)

O custo de se utilizar alguma coisa num empreendimento específico é o benefício sacrificado (ou custo de oportunidade) por não utilizá-lo no seu melhor uso alternativo

MORSE (1978, p.32)

É o recebimento líquido de caixa esperado que poderia ser obtido se o recurso fosse usado na outra ação alternativa mais desejável.

LEFTWICH (1970, p.123)

O custo de uma unidade de qualquer recurso usado por uma firma é o seu valor em seu melhor uso alternativo.

KAPLAN (1982, p. 28)

O Custo de oportunidade de um ativo é o seu valor quando o mesmo é utilizado na próxima melhor alternativa

MILLER (1981,p.188)

É o valor do recurso no seu melhor uso alternativo.

BACKER & JACOBSEN (1984, p.10)

É o custo resultante de uma alternativa à qual se tenha renunciado.

BURCH & HENRY

(1974, p.120)

É o sacrifício envolvido quando um recurso ou conjunto de recursos limitados requeridos pela alternativa sob consideração é deslocado de seu melhor uso alternativo.... é o valor total de sacrifícios envolvidos.

HORNGREN (1986, p.528)

É o sacrifício mensurável da rejeição de uma alternativa; é o lucro máximo que poderia ter sido obtido se o bem, serviço ou capacidade produtivos tivessem sido aplicados a outro uso operacional.

BAUMOL & BLINDER (1991, p.6)

O custo de oportunidade de certa decisão é o valor da próxima melhor alternativa que se desistiu por causa desta decisão.

GLAUTIER & UNDERDOW N

(1986, p.638)

Pode ser medido como o valor da próxima melhor alternativa abandonada, ou o recebimento líquido de caixa perdido como resultado de preferir uma alternativa ao invés da melhor seguinte

PINDYCK e RUBINFELD (1994, p. 257)

São custos associados com as oportunidades que serão deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus recursos em sua utilização de maior valor.

MARTINS (1990, p.208)

O quanto a empresa sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invés de em outra.

Fonte: adaptado de SANTOS (2005)

A forma de mensurar o custo de oportunidade é uma dificuldade implícita ao conceito. Para Varian (1994), os preços dos fatores de produção, que são os insumos

utilizados na geração de bens e serviços, deveriam ser medidos pelo valor de mercado em termos de fluxos, como horas de trabalho por semana, salários em unidades monetárias por hora, o que nem sempre é simples de fazer.

O que se tem como certeza é que, pelo enfoque econômico, a mensuração do custo de oportunidade dos recursos de produção é fornecida e validada pelo mercado. Isso pode ser feito através de um valor pontual no tempo, ou por meio do valor presente dos serviços futuros, do fluxo de benefícios líquidos esperados, ou através de uma determinada taxa de juros. Muitas vezes, estes valores não são obtidos de imediato no mercado, e estimativas devem ser efetuadas.

De acordo com Beuren (1993), do ponto de vista operacional, autores, em especial da área contábil, concordam em considerar os juros sobre o capital próprio um custo de oportunidade, uma forma específica (simplificada) de contemplar o assunto. Entretanto, diferenças de opinião são encontradas sobre a taxa de juros e a base de cálculo a ser utilizada, tendo-se basicamente duas opiniões a respeito da taxa de juros a ser aplicada: taxa de juros do mercado financeiro e taxa de juros do custo de capital.

Em geral o que se observa é que, se estão sendo avaliados investimentos no mercado financeiro, a taxa de juros das alternativas de investimento associada aos graus de risco e liquidez, deduzidos dos impostos, corresponde ao custo de oportunidade das opções dos usos alternativos do capital. Santos (2005) justifica ainda que a utilização das taxas de juros praticadas no mercado financeiro, para o cálculo do custo de oportunidade, é uma simplificação necessária e operacional, que propicia bases objetivas de avaliação, pois está implícito que se os recursos estivessem disponíveis, seriam imediatamente aplicados no mercado financeiro, embora se reconheça que talvez não seja a melhor alternativa disponível para ambos com o mesmo grau de risco. Assim, no cálculo do custo de oportunidade realizado neste trabalho, serão utilizadas as taxas do mercado.

1.3.3. Procedimento para o cálculo dos custos regulatórios nas