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CAPÍTULO 1 – CUSTO REGULATÓRIO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

1.5. RESUMO E CONCLUSÕES 61 

As cooperativas de crédito, na condição de componentes do sistema financeiro nacional, se submetem a uma minuciosa regulamentação a fim de resguardar a segurança sistêmica do segmento e da economia. Contudo, a regulação tem implícito um custo de adequação e submissão às suas exigências, sendo relevante avaliar estes custos, dada a grande contribuição que o cooperativismo exerce como propulsor do desenvolvimento local e instrumento de inclusão financeira.

Este capítulo se dedicou a analisar os CRs de 194 cooperativas filiadas ao Sicoob entre os anos de 2004 a 2009. Três grupos de contas compuseram o custo analisado, sendo o primeiro referente a compliance/risco, o segundo definido pelo custo de oportunidade da regulação e o terceiro referente às demais despesas.

O CR apresentou valores médios que aumentaram de R$ 439.263,00 em 2004 para R$ 1.313.319,00, sendo que o teste de Wilcoxon valida a diferença entre as medianas para 2005-2006, 2006-2007 e 2008-2009, nos outros anos, as médias foram estatisticamente iguais.

Observou-se ainda que pequenas e médias cooperativas e pequenas e grandes cooperativas têm valores medianos de CR estatisticamente diferentes. No caso de médias e grandes cooperativas, apesar de terem valores muito maiores para o segundo grupo, foram encontradas médias estatisticamente iguais, indicando um mesmo nível de CR. As dez cooperativas com maiores CRs são responsáveis por 36% do total deste custo em cada ano, mostrando sua discrepância em relação às outras.

Na estrutura dos custos, verificou-se que quase 85% do CR se refere ao custo de oportunidade, taxa determinada primordialmente pelo que as cooperativas deixam de ganhar por causa da reserva de liquidez exigida.

Ainda sobre a análise do CR, viu-se que os valores representam cerca de 11% da receita obtida pela cooperativa no ano, lembrando que a maior parte deste valor se refere ao que a cooperativa deixou de ganhar devido à restrições da regulação. Ressalta-se ainda que este custo de oportunidade foi calculado levando em conta que no caso de não haver restrições sobre o montante disponível para ser movimentado, a cooperativa teria utilização plena destes custos, o que nem sempre pode ser real,

dado que as condições de demanda podem se encontrar abaixo da oferta dos serviços financeiros da cooperativa.

Este capítulo se ateve a quantificar o CR das cooperativas de crédito, valor que será empregado na análise de eficiência no próximo capítulo. Futuras pesquisas podem buscar quantificar também os benefícios decorrentes desta mesma regulação e realizar uma análise custo - benefício, avaliando se as cooperativas estão se beneficiando da atual exigência regulatória ou se os custos superam os pontos positivos.

De qualquer maneira, cabe às cooperativas avaliar, dada esta estrutura do CR, onde seria viável a redução do mesmo, sem o comprometimento do sistema cooperativista junto ao sistema financeiro nacional. Uma das medidas pode ser a redução destes custos, especialmente os não decorrentes do custo de oportunidade, por meio de ganho de escala, trabalhando em conjunto com as cooperativas centrais. Isto fortalecerá estas cooperativas de 2º grau e reduzirá despesas para as singulares.

Em relação ao valor da reserva de liquidez, deve ser analisado pelas partes o percentual adotado, avaliando se este é realmente o valor necessário e condizente com as necessidades das cooperativas brasileiras. O Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU) sugere que o valor de recursos movimentados pelas cooperativas esteja entre 70 e 80% do total dos ativos, tendo as cooperativas brasileiras uma margem de mais de 10%41 para ser movimentado, segundo indicação da WOCCU. Isto reduziria o custo regulatório, sendo necessário avaliar o impacto sobre o risco de liquidez com esta medida.

É importante lembrar que o CR obtido se refere ao custo regulatório total e centrou-se no custo regulatório frequente, dada a dificuldade em calcular o CR incremental e o CR inicial (start-up). Outras pesquisas podem se dedicar a obter o custo de start-up, ou seja, o custo advindo da mudança na regulação e o custo incremental, que é o custo da regulação apenas para os procedimentos que as cooperativas não adotariam caso a regulação não as obrigasse. Além disso, futuras pesquisas podem ampliar a amostra, inserindo outras cooperativas de sistemas diferentes, tanto com perfil verticalizado quanto horizontalizado e verificar se os sistemas influenciarão no CR. Outra linha a ser pesquisada é comparar a estrutura de

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Dado que o total dos ativos deve ser maior que apenas o valor dos depósitos da cooperativa, os 30% dos depósitos são menores que os 30% dos ativos, elevando esta margem de 10% de aumento na reserva brasileira, que se baseia em depósitos.

CR das cooperativas e dos Bancos, como as diferenças entre estas IFs afetaria de forma diferenciada esse custo regulatório?

Em síntese, as cooperativas de crédito incorrem num custo regulatório muito elevado devido ao custo de oportunidade, visto que as taxas cobradas pela cooperativa em suas operações de crédito, apesar de serem menores que nas demais IFs, são mais atrativas que o rendimento real dos recursos. Além disso, o tamanho das cooperativas indica o comportamento do CR, já que grandes cooperativas têm maiores custos que pequenas.

As cooperativas de crédito, na condição de componentes do sistema financeiro nacional, se submetem a uma minuciosa regulamentação a fim de resguardar a segurança sistêmica do segmento e da economia. Contudo, a regulação tem implícito um custo de adequação e submissão às suas exigências, sendo relevante avaliar estes custos, dada a grande contribuição que o cooperativismo exerce como propulsor do desenvolvimento local e instrumento de inclusão financeira.

Este capítulo se dedicou a analisar os CRs de 194 cooperativas filiadas ao Sicoob entre os anos de 2004 a 2009. Três grupos de contas compuseram o custo analisado, sendo o primeiro referente a compliance/risco, o segundo definido pelo custo de oportunidade da regulação e o terceiro referente às demais despesas.

O CR apresentou valores médios que aumentaram de R$ 439.263,00 em 2004 para R$ 1.313.319,00, sendo que o teste de Wilcoxon valida a diferença entre as medianas para 2005-2006, 2006-2007 e 2008-2009, nos outros anos, as médias foram estatisticamente iguais.

Observou-se ainda que pequenas e médias cooperativas e pequenas e grandes cooperativas têm valores medianos de CR estatisticamente diferentes. No caso de médias e grandes cooperativas, apesar de terem valores muito maiores para o segundo grupo, foram encontradas médias estatisticamente iguais, indicando um mesmo nível de CR. As dez cooperativas com maiores CRs são responsáveis por 36% do total deste custo em cada ano, mostrando sua discrepância em relação às outras.

Na estrutura dos custos, verificou-se que quase 85% do CR se refere ao custo de oportunidade, taxa determinada primordialmente pelo que as cooperativas deixam de ganhar por causa da reserva de liquidez exigida.

Ainda sobre a análise do CR, viu-se que os valores representam cerca de 11% da receita obtida pela cooperativa no ano, lembrando que a maior parte deste valor se refere ao que a cooperativa deixou de ganhar devido à restrições da regulação. Ressalta-se ainda que este custo de oportunidade foi calculado levando em conta que no caso de não haver restrições sobre o montante disponível para ser movimentado, a cooperativa teria utilização plena destes custos, o que nem sempre pode ser real, dado que as condições de demanda podem se encontrar abaixo da oferta dos serviços financeiros da cooperativa.

Este capítulo se ateve a quantificar o CR das cooperativas de crédito, valor que será empregado na análise de eficiência no próximo capítulo. Futuras pesquisas podem buscar quantificar também os benefícios decorrentes desta mesma regulação e realizar uma análise custo - benefício, avaliando se as cooperativas estão se beneficiando da atual exigência regulatória ou se os custos superam os pontos positivos.

De qualquer maneira, cabe às cooperativas avaliar, dada esta estrutura do CR, onde seria viável a redução do mesmo, sem o comprometimento do sistema cooperativista junto ao sistema financeiro nacional. Uma das medidas pode ser a redução destes custos, especialmente os não decorrentes do custo de oportunidade, por meio de ganho de escala, trabalhando em conjunto com as cooperativas centrais. Isto fortalecerá estas cooperativas de 2º grau e reduzirá despesas para as singulares.

Em relação ao valor da reserva de liquidez, deve ser analisado pelas partes o percentual adotado, avaliando se este é realmente o valor necessário e condizente com as necessidades das cooperativas brasileiras. O Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU) sugere que o valor de recursos movimentados pelas cooperativas esteja entre 70 e 80% do total dos ativos, tendo as cooperativas brasileiras uma margem de mais de 10%42 para ser movimentado, segundo indicação da WOCCU. Isto reduziria o custo regulatório, sendo necessário avaliar o impacto sobre o risco de liquidez com esta medida.

É importante lembrar que o CR obtido se refere ao custo regulatório total e centrou-se no custo regulatório frequente, dada a dificuldade em calcular o CR incremental e o CR inicial (start-up). Outras pesquisas podem se dedicar a obter o

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Dado que o total dos ativos deve ser maior que apenas o valor dos depósitos da cooperativa, os 30% dos depósitos são menores que os 30% dos ativos, elevando esta margem de 10% de aumento na reserva brasileira, que se baseia em depósitos.

custo de start-up, ou seja, o custo advindo da mudança na regulação e o custo incremental, que é o custo da regulação apenas para os procedimentos que as cooperativas não adotariam caso a regulação não as obrigasse. Além disso, futuras pesquisas podem ampliar a amostra, inserindo outras cooperativas de sistemas diferentes, tanto com perfil verticalizado quanto horizontalizado e verificar se os sistemas influenciarão no CR. Outra linha a ser pesquisada é comparar a estrutura de CR das cooperativas e dos Bancos, como as diferenças entre estas IFs afetaria de forma diferenciada esse custo regulatório?

Em síntese, as cooperativas de crédito incorrem num custo regulatório muito elevado devido ao custo de oportunidade, visto que as taxas cobradas pela cooperativa em suas operações de crédito, apesar de serem menores que nas demais IFs, são mais atrativas que o rendimento real dos recursos. Além disso, o tamanho das cooperativas indica o comportamento do CR, já que grandes cooperativas têm maiores custos que pequenas.

CAPÍTULO 2 – REGULAÇÃO E EFICIÊNCIA NAS

COOPERATIVAS DE CRÉDITO DO SICOOB