– venda entre duas pessoas jurídicas diversas
– o lucro deve ser reconhecido no patrimônio da empresa investida – vendedora
• Para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial
– lucro não deveria ser considerado para aumentar o valor do investimento da empresa investidora
– isso geraria uma incoerência: quanto mais a empresa investidora pagasse por uma aquisição, mais receita (de equivalência patrimonial) ela teria.
– Metaforicamente:
– considerando o grupo econômico como um único corpo – “troca de dinheiro entre dois bolsos” não pode gerar ganhos.
– Solução
– desconsiderar o ganho auferido pela empresa investida para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial.
– resulta em uma quebra no método da sanfona (diferença entre o valor do PL da empresa investida e o valor do investimento).
– Essa solução – sempre com o mesmo espírito – é levemente diferente para:
– companhias em geral (seguindo a Lei das S/A) e
– para sociedades anônimas de capital aberto (seguindo a IN CVM 247, de 1996).
MEP - BP - resultados não realizados – Lei das S/A
• Parte final do inciso I do artigo 248 da Lei das S/A:
Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas:
I - ... no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas;
– Objetivo - evitar que a investidora reconheça ganhos da equivalência em função de lucros na investida, registrados em obediência ao princípio da competência, mas ainda não realizados.
– Na apuração do PL da investida não devem ser computados os lucros auferidos sobre a própria investidora ou sobre outras investidas, quando corresponder a resultado na baixa de ativos de qualquer natureza:
• alienados à investidora e que permaneçam no ativo da investidora, na data de seu balanço patrimonial, ou;
• alienados a outras controladas ou coligadas à investidora, avaliadas pela equivalência patrimonial, e que constarem do Ativo destas outras controladas ou coligadas.
Seja uma empresa investidora Dora S/A, que é titular de participação societária correspondente a 50% do capital da empresa investida Tida S/A, avaliada pelo método da equivalência patrimonial, conforme figura a seguir.
Caixa - ---PL Inv - Tida 500.000,00 50% 50% Obrigações Bens (+) Direitos ---PL Total do PL 1.000.000,00 Despesas Receitas Dora ativo Passivo Tida ativo Passivo Outros sócios
Considere que a empresa Tida S/A, ao final do exercício, tenha apurado um lucro de R$ 300.000,00, mas que, compondo esse lucro, haja uma venda de mercadorias para a própria empresa investidora (Dora S/A), com as seguintes características:
(. ) Valor da venda para a investidora 150.000,00 (-) Valor contábil da mercadoria vendida (100.000,00) (=) Lucro auferido na venda para a investidora 50.000,00
Abaixo encontra-se o balancete enviado à investidora Dora S/A
Obrigações Bens (+) Direitos ---PL lucro novo PL Total do PL 1.000.000,00 (+) 300.000,00 (=) 1.300.000,00 conforme lançamentos CM V 100.000,00 RBV 150.000,00 ==> ganho 50.000,00 de apuração do resultado do exercício -- lucro ==> 300.000,00 ativo Passivo Tida S/A Despesas Receitas
Nesse caso, a empresa investidora Dora S/A deverá atualizar o valor de seu investimento da seguinte forma:
Novo PL 1.300.000,00
(-) lucro não realizado (50.000,00) (=) Novo PL - para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial 1.250.000,00 (*) % de participação 50,00% (=) valor atualizado do investimento 625.000,00 (- ) valor inicial do investimento (500.000,00) (=) resultado em participações societárias - método da equivalência patrimonial 125.000,00
O fato contábil referente ao ajuste acima apurado encontra-se representado abaixo:
Caixa - Estoque 150.000,00 Inv - Tida 500.000,00 ---PL 125.000,00 625.000,00 RPPS-EP 125.000,00 Dora ativo Passivo Despesas Receitas
O lançamento contábil na empresa investidora – Dora S/A – é o seguinte: D = Investimentos - Tida S/A
C = a RPPS-EP 125.000,00
A configuração patrimonial após o ajuste encontra-se a seguir apresentada
Caixa - Estoque 150.000,00 ---PL Inv - Tida 625.000,00 50% 50% RPPS-EP 125.000,00 Obrigações Bens (+) Direitos ---PL Total do PL 1.300.000,00 Tida ativo Passivo Despesas Receitas Dora
MEP – BP – Resultados não realizados – Lei das S/A – considerações finais O valor do investimento – no ativo de Dora S/A – não se manteve na proporção de 50% do patrimônio líquido de Tida S/A.
Do PL da empresa investida, para fins de equivalência patrimonial, é excluído o valor de R$ 50.000,00 referente à venda de estoque para a empresa investidora e que ainda se encontra no patrimônio da investidora.
Nos períodos futuros, o lucro de R$ 50.000,00 (que foi desconsiderado do PL da empresa investida/alienante) somente continuará sendo desconsiderado no caso das mercadorias vendidas continuarem no ativo da empresa investidora/adquirente.
Assim, se no período seguinte somente continuarem no ativo da empresa investidora 90% das mercadorias adquiridas, 90% do lucro de R$ 50.000,00 deverá ser descontado do PL da empresa investida/alienante, para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial, e assim por diante.
A Lei das S/A não se refere somente a lucros, mas sim a “resultados”. Dessa forma, seguindo o disposto na lei, devem ser realizados ajustes para, respectivamente:
(1) excluir o valor do lucro não realizado do patrimônio líquido da investida, para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial e
(2) adicionar o valor do prejuízo não realizado do patrimônio líquido da investida, para fins de aplicação do método da equivalência patrimonial.
O exemplo acima foi relativo a venda de mercadorias, mas se aplica à alienação de qualquer bem (pode ser aplicado, também, à venda de um ativo imobilizado – por exemplo)
MEP - BP - resultados não realizados – IN-CVM
• Para companhias abertas- IN CVM 247, de 1996:
– Ajustes decorrentes de resultados não realizados, com duas diferenças:
• (1) a IN não se refere a resultados, mas especificamente a lucros não realizados e
• (2) a IN não determina a exclusão desse valor do PL, mas do valor do investimento após a aplicação do método.
• Art. 9º - O valor do investimento, pelo método da equivalência patrimonial, será obtido mediante o seguinte cálculo:
– I - Aplicando-se a percentagem de participação no capital social sobre o valor do patrimônio
líquido da coligada e da controlada; e
– II - Subtraindo-se, do montante referido no inciso I, os lucros não realizados, conforme definido no
§ 1º deste artigo, líquidos dos efeitos fiscais.
– § 1º - Para os efeitos do inciso II deste artigo, serão considerados lucros não realizados aqueles
decorrentes de negócios com a investidora ou com outras coligadas e controladas, quando:
• a) - o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e correspondido por
inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial da investidora; ou
• b) - o lucro estiver incluído no resultado de uma coligada e controlada e correspondido por
inclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço patrimonial de outras coligadas e controladas.
– § 2º - Os prejuízos decorrentes de transações com a investidora, coligadas e controladas não devem
ser eliminados no cálculo da equivalência patrimonial.
– § 3º - Os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e as despesas decorrentes de negócios que
tenham gerado, simultânea e integralmente, efeitos opostos nas contas de resultado das coligadas e controladas, não serão excluídos para fins de cálculo do valor do investimento.