4. Estudo de caso: montadora de caminhões Iveco
4.1 Mercado brasileiro de caminhões
Para objeto de análise desse trabalho, serão abordados os dados do mercado brasileiro de caminhões em um período de cinco anos, entre 2007 e 2011. Conforme demonstra o Tabela 1, elaborado a partir dos dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de caminhões no País passou de 133.791 unidades no início do período para 223.388 no final, o que representa um crescimento de 67%.
Em relação ao volume de vendas no mercado interno, a progressão foi de 98.498 para 172.902 veículos comercializados. O percentual de crescimento neste indicador foi de 75,5%.
Tabela 1 – Produção e Vendas de Caminhões no Brasil Ano Produção Venda
2007 133.791 98.498
2008 163.681 122.349
2009 120.994 109.873
2010 189.941 157.694
2011 223.388 172.902
Fonte: Anfavea/Elaboração da Autora
Analisando o gráfico 1 pode-se observar que a evolução de vendas do segmento de caminhões no mercado brasileiro nesse período só não foi maior devido à quebra provocada em 2009 pela crise econômica internacional.
Em 2010, entretanto, houve uma retomada acelerada em relação ao ano anterior, centro da crise, com alta de 43,5%, mas, sobretudo, de 28,9% sobre 2008, anterior ao período de instabilidade.
Em 2011, as vendas mais uma vez tiveram alta, de 9,6%, muito acima da evolução do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em 2,7% segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já a produção cresceu em 2010 aproximadamente 57% sobre 2009, mas também 16% em relação a 2008. Em 2011, quando a indústria nacional apresentou desenvolvimento de apenas 0,3%, as montadoras de caminhões alcançaram incremento de 17,6%.
Gráfico 1: Comparativo entre produção e vendas
Fonte: Anfavea / Elaborado pela autora
Atualmente, seis marcas lideram o ranking de participação no mercado brasileiro de caminhões, conforme pode-se observar na tabela 2 e no gráfico 2.
São elas: MAN, Mercedes, Ford, Volvo, Iveco e Scania. Outras marcas com menor expressividade são Agrale, Hyundai e International. Essas fabricantes produzem modelos semileves, leves, médios, semipesados e pesados.
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 2007 2008 2009 2010 2011 Produção Venda
Tabela 2: Distribuição de mercado por marca
MAN Mercedes Ford Volvo Iveco Scania
2007 29.676 32.234 18.585 7.853 5.500 6.505
2008 37.112 37.565 21.902 10.134 10.043 8.010
2009 34.341 32.332 21.497 8.730 7.810 8.327
2010 48.649 46.505 29.627 16.224 13.539 15.411
2011 50.811 42.623 30.345 19.069 14.246 13.484
Fonte: Anfavea / Elaborado pela autora
Gráfico 2: Comparativo entre marcas
Fonte: Anfavea / Elaborado pela autora
O segmento de caminhões entra agora em nova fase no País. Entre 2010 e 2011, cinco novas marcas internacionais anunciaram a intenção de instalar fábricas no País: a holandesa DAF (Paccar), a norte-americana International, além das chinesas Foton, Sinotruk e Shacman.
Além do acentuado crescimento dos últimos cinco anos, há uma série de outros atrativos que parecem empolgar os fabricantes. O Brasil é atualmente o quarto maior consumidor de caminhões do mundo, atrás de China, Índia e Estados Unidos. A previsão de especialistas, divulgada por alguns órgãos de imprensa, é de que o
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 2007 2008 2009 2010 2011 MAN Mercedes Ford Volvo Iveco Scania
mercado brasileiro dobre de tamanho nos próximos 10 anos, impulsionado pelo crescimento econômico e pela necessária renovação da frota nacional, cuja idade média é de 15 anos. Além disso, o País é referência para as empresas que querem atuar também na América do Sul.
A DAF lançou a pedra fundamental de construção das novas instalações no Brasil em janeiro de 2012 na cidade de Ponta Grossa (PR). Com investimentos de US$ 200 milhões, a unidade deve começar a produzir em junho de 2013 e terá capacidade para fabricar 10 mil caminhões por ano. O objetivo da companhia é conquistar 10% do mercado nacional em cinco anos.
A norte-americana International, do grupo Navistar (mesmo da fabricante de motores MWM International), está voltada para um plano de internacionalização que lhe permitirá reduzir a dependência do mercado americano. Para isso, investirá nos países do BRIC, começando pelo Brasil. A fábrica no País ainda não tinha local definido em julho de 2012, mas deverá receber investimentos de US$ 200 milhões para começar a produzir em 2013 modelos de 10 a 74 toneladas PBTC (peso bruto total combinado).
Entre as chinesas, a Sinotruk deve chegar primeiro ao País, já que antecipou os planos de início das obras da fábrica de 2015 para julho de 2012. O investimento deverá ser de R$ 300 milhões e a capacidade de produção nos 12 primeiros meses de operação será de cinco mil unidades, com plano de alcançar oito mil.
A Foton pretende lançar sua pedra fundamental apenas em 2015 e negocia com os estados de São Paulo, Goiás e Pernambuco. A exemplo da americana International, a companhia baseia sua estratégia de internacionalização para os próximos anos nos BRICs, mas faz o caminho inverso. Está fincando suas bases na Rússia e na Índia, para somente então voltar-se ao Brasil. Já sobre a Shacman não haviam informações disponíveis até julho de 2012, além da intenção de instalar-se em terras brasileiras.
O mercado mundial de caminhões passou por um período de adequação tecnológica a partir de 2011 com o advento do Euro 5, que determinou a redução de emissões de poluentes para os motores a diesel. Desde 01 de janeiro de 2012, os fabricantes que atuam no Brasil tiveram que se adequar a norma do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que segue as regras do Euro
5. Além da redução das emissões, o programa determina o uso do diesel S-10, com teor de enxofre de 10 partículas por milhão, em substituição ao S-50, utilizado até então.
O Proconve, regulamentado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), subordinado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), trouxe um avanço tecnológico significativo ao mercado e forçou as empresas a investirem em novos motores, levando a maioria delas a rever toda a sua linha de caminhões.