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3. ESTUDO DE CASO: A REDE DE COOPERAÇÃO EM LABORATÓRIOS DE

3.1 O MERCADO DE MEDICINA DIAGNÓSTICA

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Diagnóstica – SBPC (2014), o mercado de Medicina Diagnóstica engloba exames de análises clínicas, Radiologia e diagnósticospor imagem. Para Viera (2011), até o início dos anos 1990, os exames de análises clínicas eram conduzidos por médicos de uma forma não padronizada, nos seus consultórios ouem laboratórios de pequeno ou médio porte. O mercado era altamente fragmentado e dependente do reconhecimento de marcas locais. Ainda segundo esta organização, desde meados dos anos 90, o mercado de análises clínicas tem sofrido mudanças significativas, como resultado da aceleração do desenvolvimento tecnológico e da implementação de novas técnicas e serviços capazes de processar testes diagnósticos com alta precisão, eficiência e em volumes maiores. O uso dos recursos da robótica e da computação tem sido o diferencial nas estratégias competitivas. O nível de investimento necessário para a implementação de tais tecnologias aumentou a importância de se alcançar economias de escala, consequentemente conduzindo o movimento de integração do mercado.

Dados da SBPC (2014) demonstram que, atualmente, o segmento apresenta algumas tendências que são comuns entre os mercados globais e o brasileiro:

a. O desenvolvimento do diagnóstico por imagem como uma ferramenta importante para a o mercado de medicina diagnóstica;

b. O desenvolvimento de novas tecnologias para o desempenho das análises clínicas e o uso da robótica e de novas máquinas automatizadas capazes de processar exames em maior velocidade e precisão;

c. Consolidação do mercado, através de estratégias para aquisições em novas regiões, seguidas de expansão orgânica;

d. Oferecimento de serviços de apoio (serviços de laboratório-para-laboratório) para laboratórios de pequeno e médio porte, e mesmo para os grandes, em caso de exames raros;

e. Convergência entre análises clínicas, radiologia e diagnósticos por imagem - assim são feitos os dois tipos de exames na mesma unidade de atendimento, para a conveniência dos pacientes;

f. Aumento de segurança e confiança pelos médicos nos testes diagnósticos, aumentando, assim, a demanda por estes exames e a receita gerada por eles; g. Envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida;

h. Aumento do conhecimento público sobre saúde em geral e medicina diagnóstica por causa da mídia e da Internet;

i. Criação de novos exames direcionados para detecção de doenças, consolidando o conceito de medicina preventiva;

j. Constante desenvolvimento de novos medicamentos, gerando a demanda de pesquisa clínica para a sua aprovação;

k. Busca incessante por certificados de qualidade; l. Racionalização da administração.

Vieira (2011) comenta que os Laboratórios de Análises Clínicas - LACs, vem sofrendo transformaçõestecnológicas e científicas com o avanço dos métodos de diagnósticos e da medicina,desta maneira, o desenvolvimento das empresas e do comércio estão estabelecendonovas formas de conquistar o cliente. Este novo modelo de abordagem e fidelização, faz com que a área médica apresente reflexos desta nova forma de gestãodos serviços tendo a necessidade de adaptar-se às recentesexigências, tanto por partes dos consumidores, quanto pelos planos de saúde, conselhos profissionais e pelos órgãos governamentais.

Com toda a disputa de mercado, as empresas necessitam reavaliar sua gestão para garantirem a sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo e que vem sendo dominado pelas grandes redes nacionais e multinacionais.Diante do crescimento de grandes redes laboratoriais, surgimento delaboratórios públicos e incorporação de redes multinacionais na concorrência pelomercado, a sobrevivência de pequenos e tradicionais laboratórios fica cada vez mais ameaçada.

Ainda segundo Vieira (2011), diversas transformações políticas, sociais e mercadológicas modificaram osegmento dos negócios na área de análises clínicas. É possível perceber a necessidade deprofissionalização dos gestores, o aumento das exigências e percepção dos clientes,grandes laboratórios surgindo e tomando espaço no mercado, eliminando pequenoslaboratórios, influências políticas e complicações com planos de saúde e provedoresde receitas. O registro mais expressivo de todas essas mudanças é a ruptura delaboratórios com o sistema público de saúde, onde os laboratórios deixaram deatender usuários do SUS após diversas tentativas para aumentar os honorários pagospelos serviços.

Para Pinheiro (2012), a oferta de maior número de exames ou utilização de um método de análisenão é mais determinante para escolha de um laboratório. As facilidades de acesso aosequipamentos analisadores, aquisição de kits diagnósticos, e a utilização dos serviçosde

laboratórios de apoio já permitem a paridade entre os grandes pequenos laboratórios. A evolução doslaboratórios é resultado do surgimento de novos equipamentos, da céleretransformação da tecnologia laboratorial, do progresso da informática, da inserção demétodos, que eram restritos a laboratórios de pesquisa, nas rotinas laboratoriais, alémda associação entre empresas e laboratórios como também pela compra de pequenoslaboratórios por redes de grande porte. Com todos esses elementos, na procura demaior excelência do processo produtivo, torna-se obrigatório a profissionalização dosgestores e administradores do laboratório.

Ainda para Pinheiro (2012), cientes de que profissionaissem capacitação desqualificam os laboratórios para disputa de mercado, proprietários e gestores vêem percebendo que épreciso repensar os rumos dos laboratórios, direcionando seus serviços de forma a atender as expectativas e asnecessidades dos clientes.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial - SBPC/ML, com um número estimado de 15 000 laboratórios, o setor de análises clínicas no Brasil tem sido palco de aquisições agressivas, lideradas pelos gigantes Diagnósticos da América - DASA e Grupo Fleury. Juntos, estes dois grupos compraram 40 empresas nos últimos dez anos, fortalecendo suas posições de líderes e transformando a rotina dos laboratórios de pequeno e médio porte num constante desafio. Já o Laboratório Sabin iniciou seu processo de aquisições e fusões em 2010 e, somente em 2012, 38 unidades de laboratórios clínicos foram acrescentadas ao grupo.

Na Bahia, grupos com Fleury, DASA e Sabin também têm atuado cada vez mais fortemente. A mais recente aquisição de laboratórios baianos foi feita em 2012 pela Sabin, que comprou as operações do Laboratório Labaclen, que contava com onze unidades na Bahia.

Estudos da SBPC/ML ainda trazem os seguintes dados sobre o mercado brasileiro:

1. Tamanho do Mercado – US$ 5.2 bilhões 2. Crescimento Anual - 7,3%

Quanto ao serviço público de saúde, existem cidades com pequenoslaboratórios públicos municipais, construídos com alto investimento, cominstrumentos modernos e aquisição de analisadores de alto nível tecnológico,tornando-se também mais um concorrente para os laboratórios tradicionais depequenas cidades.

Para Vieira (2011), também se deve levar em consideração a influência da política de implantação de sistemas de qualidade, impostas por fatores mercadológicos e governamentais. Com a criação de requisitos e critérios de avaliação,torna-se maior a cobrança das vigilâncias sanitárias já que os padrões e normas já definidos, tornam os laboratórios passíveis da aplicação de multas e autuações, bem como arescisão do alvará sanitário de funcionamento. Independente dos objetivos da criação das certificações de qualidade sejam elas comerciais, políticas ou fiscais, os laboratórios sãosubmetidos às leis e regulamentações que devem ser obedecidas, segundo a legislaçãovigente.

Atualmente, um dos principais embates dos laboratórios de análises clínicas se dá em relação aos preços pagos pelos planos de saúde pela realização dos exames. Muitos planos sebaseiam na tabela de valores paga pelo SUS para não reajustar seus valores, naexecução dos mesmos exames do plano público. Este fato tem atingido, sobremaneira, a capacidade das empresas de gerarem resultados suficientes para seu crescimento e evolução. A consequência mais evidente desta situação é a quebra decontrato de alguns laboratórios com o sistema público de saúde. Nesse sentido oslaboratórios sofrem exigências para melhoria da prestação do serviço, porém, semincentivos e sem auxílio financeiro para os investimentos necessários à adaptaçãoexigida pelo governo e pelo mercado, torna-se necessário a criação de estratégias alternativas de sobrevivência e crescimento. Uma destas alternativas é a criação de redes de cooperação para inovação e fortalecimento das ações de pequenos laboratórios, a exemplo da Rede LabForte, atualmente a maior rede de cooperação em laboratórios de análises clínicas do norte e nordeste do país.