• Nenhum resultado encontrado

2. REVISÃO DE LITERATURA E REFERENCIAL TEÓRICO

2.2 COOPERAÇÃO E REDES

2.2.1 Redes de Cooperação Horizontais

Segundo Sordi et al. (2009), uma rede de cooperação horizontal é caracterizada pela intensa movimentação de informações técnicas entre atores que, apesar de competidores, conseguem cooperar entre si. Percebe-se assim, que as redes de cooperação horizontais possuem um escopo amplo, expandindo-se até otratamento deorganizações, indivíduos, seus objetivos, valores e interesses. É também ponto comum entre diversos autores, que tais redes seguem uma tipologia de redes sociais,assumindo assim dois vieses característicos fundamentais de existência: o viés operacional e oviés sócio técnico.

Para Carvalho (2010), uma rede de cooperaçãohorizontal trata-se também de um agrupamento geográfico e setorial de empresas, decorrente da realização de ações conjuntas de cooperação e de economias externas (externalidadesestatísticas e dinâmicas que impulsionam o crescimento econômico regional como a presençade fornecedores de bens e serviços especializados, disponibilidade de mão de obraqualificada, tecnologia e um conhecimento setorial avançado).

As características acima descritas trazem como consequências a geração de ganhos na eficiência coletiva dos atoresparticipantes da rede, incentivo à geração de vantagens competitivas e oportunidades para inserção emnovos mercados: possibilidades estas que, em geral, seriam dificilmente geradas mediante uma ação isolada.

Amato Neto (2009) e Carvalho (2010) comentam que a formação de redes decooperação horizontais de empresas de um mesmo setor gera impactos diretos na escala eprodutividade dos atores envolvidos, na formação de novos negócios e no poder de inovaçãodaquele grupo de empresas.

Neste aspecto, Chennamaneni e Desiraju (2011) argumentam que essas empresas sãobeneficiadas por meio dos ganhos obtidos através da especialização e da concentração dosetor, gerando e obtendo vantagens competitivas por meio da cooperação interorganizacional. Tal cooperação interorganizacional pode ser entendida como eficiência coletiva, capaz de gerar possibilidades de ganhos múltiplos como inserção dessas empresas em novos mercados, redução de custos, acesso a fornecedores e desenvolvimento de novos

processos e produtos. Este movimento baseado em ganhos multilaterais pode ser chamado de coopetição.

Ainda sim, apesar de todas as informações disponíveis na área, a caracterização de uma rede de cooperação horizontal é bastante difícil, considerandoque esse modelo de sistema produtivo algumas vezes não pode ser distinguido claramente emcategorias aglomeradas ou dispersas, ou seja, a delimitação dentre essas categorias muitas vezesnão se fazem nítidas e, em determinadas situações, pode se fazer presente um mix de dois oumais formatos de organização (AMATO NETO, 2009).

É preciso deixar claro que o ganho em eficiência de uma empresa não resulta somente do fato dela estar vinculada a uma rede, mas da capacidade efetiva de construção da eficiência coletiva. Eficiência esta, somente alcançada por meio do entendimento de queesta se traduz nos resultados gerados pelos processos de inter-relação dentre as empresasconstituintes da rede, ou seja, por meio do fluxo informacional e de cooperação entre elas.Amato Neto (2009) aponta que essa cooperação exige algumas necessidades dasempresas quando estas se organizam em redes como: a divisão do ônus voltado à Pesquisa e Desenvolvimento-P&D, ocompartilhamento dos custos e riscos, a combinação de conhecimento tecnológico ecompetências, a proposição de uma gama de produtos mais diversificada e de qualidadesuperior, o compartilhamento de recursos e a ação conjunta para executar uma maior pressãosobre o mercado em que atuam.

Partindo desse pressuposto, o autor aponta três variáveis-chaves na formação deredes de cooperação horizontais: a flexibilidade, a diferenciação e ainterdependência interorganizacional. No que tange à flexibilidade, sendo esta voltada ao aspectoprodução e no aspecto inovação, como também no aspecto organizacional, esta se faz uma dasmaiores prioridades de uma rede de cooperação horizontal, pois em algumas situações a rede pode se auto-arranjar deacordo com suas necessidades e contingências.

Já no aspecto de diferenciação, este se trata diretamente em prover os benefíciosinovadores gerados pela atuação em rede para todos seus atores.E a interdependênciainterorganizacional é traduzida por ser um mecanismo capaz de predizer a formação de redes por meioda adoção de uma unidade organizacional.

Esta unidade organizacional é denominada governança e é definida por Silva(2006) como um conjunto de procedimentos, regras, instituições e atitudes que direcionam aatuação de seus administradores com o objetivo de suprir os interesses das partes relacionadasdas empresas e dos financiadores da rede. De acordo com o autor, a conceituação degovernança abarca um objetivo mais amplo direcionado a geração de condições das quaispermitam a estruturação de uma organização com maior nível de racionalização, ética epluralização generalizada da economia e sociedade.

Partindo dessas três variáveis formuladoras de mixes de modelos ou tipologias deatividade empresarial ou industrial organizadas em rede, emerge o construto da coopetição,traduzido como o montante de ações e resultados mais específico ocorrente dentro de umarede de cooperação horizontal.

O construto da coopetição é composto pela junção de dois outros fatores comuns às empresas dos mais variados setores, estejam elas inseridas ou não em uma rede formalizada: acooperação e a competição interorganizacional. Tal construto, a partir da década de 1990 vem setornando evolutivamente mais popular, atestado isso por meio dos trabalhos deHarbison ePekar Jr. (1998),Raweewan(2006),Gnyawali, He e Madhavan(2006),Gnyawali e Park (2011), Merofa e Bueno (2009),Hollerweger e Rohden (2012), dentre outros, onde, num consensogeral dentre esses autores, surge o contexto de que cooperar com o rival ou concorrente setrata da capacidade de se trabalhar em conjunto com este rival, tornando-se o trabalho emconjunto um fator determinante para o sucesso da empresa nos casos de formação de redesinterorganizacionais.

Entretanto, a coopetição auxilia a customização da diversidade tecnológica e dacombinação de formatos complementares de utilização de recursos entre empresasrivais,objetivando o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. Tais aspectos positivosfomentados pela coopetição em redes de cooperação horizontais aguçam a importância de se mapear profundamenteseus atores, conhecendo-os por completo (GARCÍA; VELASCO, 2007).