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Mercado de Trabalho na Saúde

Uma questão importante no âmbito do mercado de trabalho da saúde é a regulação do trabalho, que corresponde a uma intervenção pública (ou da política) sobre a soberania dos mercados.

DEFINIÇÃO

Regulação do trabalho constitui um conjunto de regras, normas, hábitos e regulamentações extra mercado que se impõem sobre determinadas atividades sociais e econômicas.

A discussão sobre a regulação do trabalho envolve quatro atores:

No entanto, atualmente, uma grande parcela dos trabalhadores são assalariados e, além de serem submetidos a constrangimentos ambientais, também sofrem constrangimentos gerenciais. Assim, possuem cada vez mais dificuldades em desempenhar as suas atividades plenamente, sem interferências.

A década de 80 viveu a realidade pré-SUS, em que o país contava com 18.489 estabelecimentos de saúde e 573.629 empregos de saúde. Já o mercado de trabalho de saúde contava com 197.352 empregos de nível superior, 111.501 técnicos e auxiliares, e 264.776 de nível elementar (MACHADO; XIMENES NETO, 2018). Além disso, nessa década, a equipe de saúde era bipolarizada: médicos e atendentes de enfermagem que eram maioria.

Em contrapartida, desde a constituição do SUS, o Brasil tem a seguinte realidade sanitária: 200.049 estabelecimentos de saúde e 3.594.596 empregos de saúde. A equipe de saúde se tornou multiprofissional: enfermeiros, odontólogos, médicos, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, entre outros.

Com isso, o setor saúde passou a contar com: 1.104.340 empregos de nível superior; 889.630 técnicos e auxiliares; e 317.056 de nível elementar. A seguir, podemos visualizar a concentração dos empregos de saúde nos municípios de maior porte populacional: ela persiste e se aprofunda quando se observa o comportamento das quatro profissões básicas da assistência. Portanto, é perceptível que: os médicos somam 3,9% na região Norte; os odontólogos, 5,2%; os enfermeiros, 7%; e os farmacêuticos 7,9%. Situação oposta é percebida na região Sudeste, em que os médicos contabilizam 53%; os odontólogos, 49%; os enfermeiros, 45,9%; e os farmacêuticos, 46% (MACHADO; XIMENES NETO, 2018).

SAIBA MAIS

Quando falamos do mercado de trabalho na área da saúde nos dias atuais, sabemos que, infelizmente, ainda persistem alguns problemas estruturais que estão ligados principalmente a gestão da força de trabalho. São eles: desequilíbrio entre oferta e demanda; escassez de profissionais no interior do país; precarização do trabalho; terceirização dos serviços de saúde e, consequentemente, da mão de obra especializada (médicos, enfermeiros, técnicos em geral, entre outros).

Quando nos referimos ao trabalho precário na área da saúde, infelizmente é algo que atinge boa parte dos trabalhadores. A seguir, elencamos algumas dimensões inter-relacionadas de precariedade em contraposição ao trabalho decente e percebemos que todas estão relacionadas a inseguranças:

1. Insegurança do mercado de trabalho pela ausência de oportunidades de trabalho.

2. Insegurança do trabalho gerada pela proteção inadequada em caso de demissão.

3. Insegurança de emprego gerada pela ausência de delimitações da atividade ou até mesmo de qualificação de trabalho.

4. Insegurança de integridade física e de saúde em razão das más condições das instalações e do ambiente de trabalho.

5. Insegurança de renda, fruto da baixa remuneração e da ausência de expectativa de melhorias salariais.

6. Insegurança de representação quando o trabalhador não se sente protegido e representado por um sindicato.

ACESSE

Quer saber mais sobre o mercado de trabalho na área da saúde e a sua precarização? Recomendamos a leitura do artigo “A terceirização na saúde pública: formas diversas de precarização do trabalho”, disponível em: https://bit.ly/3mDtJ1c

Contatamos que, quando falamos de força de trabalho, seu uso é feito de forma descritiva e analítica, na busca pelo conhecimento de fenômenos, ou seja, referimo-nos a coisas, tais como a produção, o emprego, o desemprego, renda, entre outros. Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a força de trabalho em saúde tem sido considerada um dos grandes desafios, pois as ações que ocorrem na prática fogem do que foi proposto quando se criou o SUS. Entre essas questões, podemos abordar a terceirização do trabalho dos profissionais da saúde, o que tem contribuído para a precarização do trabalho.

Também observamos que a oferta de força de trabalho, no Brasil, passou por uma série de transformações nas últimas décadas. Além da transição demográfica que se configura, destacam-se outras duas macrotendências relevantes para o mercado de trabalho brasileiro. Em primeiro lugar, a PIA brasileira vem apresentando crescentes níveis de escolaridade, o que parece sinalizar que a expansão dos sistemas de ensino nas últimas duas décadas começou a dar frutos. Podemos perceber, também, a crescente incorporação da mulher ao mercado formal de trabalho.

RESUMINDO

Gostou do que lhe apresentamos? Aprendeu mesmo? Vamos relembrar alguns aspectos importantes que aprendemos nesta unidade? A gestão da saúde está relacionada à administração dos empreendimentos de saúde, na esfera pública e privada, avaliando as necessidades da instituição, propondo e implementando soluções. Assim, podemos afirmar que uma boa gestão resultará em uma maior eficiência nos processos.

Já quando nos referimos à gestão da força de trabalho, referimo-nos a questões analíticas e demográficas, como a divisão do trabalho. Por sua vez, o processo de trabalho está relacionado ao desenvolvimento de atividades, com o objetivo de se obter um determinado produto. São considerados componentes do objeto de trabalho: objetos, objetivos ou finalidades, agente ou sujeito e objetivos existenciais ou sociais.

Ao compreendermos um pouco a história do SUS, tivemos como objetivo refletir sobre a ideia proposta de um sistema de saúde pautado em diversos princípios. A partir dessa visão, é necessário pensar no processo e na força de trabalho em saúde, como têm sido desenvolvidos e quais são as mudanças necessárias para atingir o que foi proposto quando se criou o novo sistema de saúde brasileiro.

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