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Gestão do Processo e da Força de Trabalho em Saúde

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Fundador e Presidente do Conselho de Administração:

Janguê Diniz Diretor-Presidente:

Jânyo Diniz

Diretor de Inovação e Serviços:

Joaldo Diniz

Diretoria Executiva de Ensino:

Adriano Azevedo

Diretoria de Ensino a Distância:

Enzo Moreira

Créditos Institucionais

Todos os direitos reservados 2020 by Telesapiens

Gestão do Processo e da Força

de Trabalho em Saúde

(2)

Olá. Meu nome é Camila Maria Silva Paraizo-Horvath.

Sou formada e mestra em Enfermagem pela Universidade Federal de Alfenas-MG (UNIFAL-MG). Atualmente, sou doutoranda em Ciências pelo programa de Enfermagem Fundamental da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP-RP). Já atuei como professora voluntária na UNIFAL-MG e, hoje, também pratico a docência nas atividades do doutorado junto aos alunos de Enfermagem. Sou apaixonada pelo que faço e adoro a docência. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar o seu elenco de autores independentes.

Estou muito feliz em poder te ajudar nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

A AUTORA

CAMILA MARIA SILVA PARAIZO-HORVATH

(3)

ICONOGRÁFICOS

Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem significam:

OBJETIVO Breve descrição do objetivo

de aprendizagem; +

OBSERVAÇÃO Uma nota explicativa

sobre o que acaba de ser dito;

CITAÇÃO Parte retirada de um texto;

RESUMINDO Uma síntese das últimas abordagens;

TESTANDO Sugestão de práticas ou exercícios para fixação do

conteúdo;

DEFINIÇÃO Definição de um

conceito;

IMPORTANTE O conteúdo em destaque

precisa ser priorizado;

ACESSE Links úteis para fixação do conteúdo;

Um atalho para resolver DICA algo que foi introduzido no

conteúdo;

SAIBA MAIS Informações adicionais

sobre o conteúdo e temas afins;

+ +

+ EXPLICANDO

DIFERENTE Um jeito diferente e mais simples de explicar o que acaba de ser explicado;

SOLUÇÃO Resolução passo a passo de um problema

ou exercício;

EXEMPLO Explicação do conteúdo ou

conceito partindo de um caso prático;

CURIOSIDADE Indicação de curiosidades e fatos para reflexão sobre

o tema em estudo;

PALAVRA DO AUTOR Uma opinião pessoal e particular do autor da obra;

REFLITA O texto destacado deve

ser alvo de reflexão.

(4)

SUMÁRIO

Conceitos Importantes Relacionados à Gestão na Área da

Saúde ...10

Alguns Conceitos Importantes para a Gestão na Saúde .... 10

Contextualização Histórica ...23

A História do Sistema Único de Saúde (SUS) ... 23

Os Princípios e Diretrizes do SUS ... 28

Gestão do SUS e a Sua Estrutura Organizacional ... 30

O que é o Processo de Trabalho em Saúde ...36

Conceitos ... 36

Trabalho em Saúde e Micropolítica ... 40

Gestão da Força de Trabalho ...48

Conceitos Relacionados à Força de Trabalho ... 48

Fatores que Interferem na Força de Trabalho ... 51

Mercado de Trabalho na Saúde ... 55

(5)

CONTEXTUALIZANDO A GESTÃO DO PROCESSO E DA FORÇA DE TRABALHO

UNIDADE

01

(6)

No decorrer desta unidade, serão apresentados alguns conceitos importantes para a sua formação, já que fazem parte do dia a dia de qualquer gestor da área da saúde. O objetivo é introduzi-lo na temática, trazendo conceitos e contextualizando- os dentro da área da saúde.

Tudo isso torna esta unidade de extrema importância, uma vez que ela aborda os conceitos que todo gestor deve conhecer e compreender, a fim de contribuir para um melhor aproveitamento das próximas unidades. Ressalto que, para um aprendizado cada vez mais qualificado, são de extrema importância as leituras complementares e a participação ativa nos debates com seus colegas de curso.

Espero que, ao concluir esta unidade, você esteja motivado e mobilizado para aplicar o conhecimento aprendido em sua prática de trabalho.

INTRODUÇÃO

(7)

Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos:

OBJETIVOS

Compreender conceitos importantes relacionados à gestão em saúde

Relembrar aspectos importantes relacionados à história da saúde no Brasil.

Aprender o que é processo de trabalho em saúde.

Entender o que é gestão da força de trabalho.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho!

2 1

4 3

(8)

Conceitos Importantes Relacionados à Gestão na Área da Saúde

OBJETIVO

Ao término deste capítulo, você conhecerá a definição de importantes termos relacionados à área da saúde, fundamentais para um profissional de saúde. .

Alguns Conceitos Importantes para a Gestão na Saúde

Para darmos início aos nossos estudos, é necessário realizar a definição de alguns termos relacionados à gestão na saúde. Primeiramente, quando falamos de “gestão”, o dicionário traz como significado: “administração; ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir negócios públicos ou particulares” (DICIO, [s.d.], on-line). Para complementar essa definição, podemos dizer que gestão é um conjunto de práticas e de atividades fundamentadas sobre certo número de princípios que visam uma finalidade (SCHULTZ, 2016).

A gestão é considerada uma das áreas das ciências humanas que tem como propósito a administração de instituições, para que alcancem seus objetivos de forma efetiva, eficaz e eficiente.

No entanto, apesar dos termos “gestão” e “administração”

aparecerem, muitas vezes, como sinônimos, é preciso ressaltar que há diferenças de contexto e aplicação. O termo “gestão”

é mais apropriado para ação sobre o bem privado, enquanto

“administração” sobre o bem público. Schultz (2016) explica que

(9)

definir o que é gestão se configura como uma tarefa árida, devido aos diversos posicionamentos em relação ao seu significado.

De forma geral, fazer gestão significa ter foco em resultados, levando em consideração objetivos e metas, na busca de transformar a realidade, as condições materiais, imateriais e, inclusive, simbólicas. Em outras palavras, fazemos gestão na busca de um mundo melhor.

OBSERVAÇÃO

+

A gestão é realizada em decorrência de problemas que a sociedade possui e que precisam ser solucionados. Temos um problema quando é identificada alguma discrepância entre uma determinada realidade e outra possível, que se deve esperar em face do conhecimento já adquirido e/ou tecnologia disponível. É possível afirmar, assim, que o primeiro passo da gestão é a identificação de problemas. Entretanto, alguns são identificáveis pelo senso comum e outros só são reconhecidos por profissionais.

Sabemos, ainda, que as nossas vidas são construídas em contextos organizacionais e somos influenciados constantemente pelas organizações e pelas relações que se estabelecem entre elas. Desse modo, a gestão é utilizada para se referir à direção e à administração que se realizam em uma organização.

(10)

DEFINIÇÃO

O que é organização? As organizações estão presentes em diferentes setores vitais e fazem parte das mais variadas atividades do nosso cotidiano, uma vez que elas afetam de forma significativa “cada aspecto da existência humana – nascimento, crescimento, desenvolvimento, educação, trabalho, relacionamento social, saúde, e até mesmo a morte”

(SILVA, 2013, p. 43). Podemos defini-la, portanto, como um conjunto articulado de pessoas, métodos e recursos materiais projetado para um dado objetivo e delimitado por um conjunto de imperativos determinantes (crenças, valores, culturas etc.) (MEIRELLES, 2003, p. 46).

Nesse sentido, a função de um gestor é tirar o melhor das estruturas, das tecnologias, do capital e das pessoas, com o propósito de atingir as metas das organizações a curto, médio, longo prazo. Tais metas podem ser definidas como: o planejamento dos passos para alcançá-las; o diagnóstico e resolução dos problemas que venham a surgir no decorrer do caminho; e o aperfeiçoamento dos processos adotados pela instituição. Para atingir tais objetivos, é importante que haja o esforço permanente de aprendizado e a busca pela inovação.

(11)

SAIBA MAIS

A melhor forma como as organizações executam seus processos contribui para a redução de custos e do tempo de resposta ao cliente. Com isso, o nível de qualidade com que as operações são executadas aumenta e, consequentemente, aumentam-se, também, a satisfação dos clientes e os resultados financeiros.

DEFINIÇÃO

O que é processo? Um processo é o conjunto ordenado de atividades interligadas logicamente que consomem recursos. É possível inferir que uma boa gestão, que gerará maior eficiência nos processos, é importante para o cliente e para a organização, pois os processos possuem um papel imprescindível na garantia e na continuidade das organizações, independentemente da área de atividade em que essas organizações atuam.

Dando seguimento às definições, o trabalho é concebido como atividade essencialmente humana e de caráter eminentemente social. É resultante do dispêndio de energia tanto física quanto mental, as quais estão direta ou indiretamente relacionadas à produção de bens e serviços que venham a contribuir para a reprodução da vida humana, individual e social.

(12)

Fonte: @pixabay.

Já quando nos referimos ao trabalho em saúde, há a integração da prestação de serviços à saúde como parte do setor terciário da economia brasileira, possuindo, assim, características distintas do trabalho agrícola e industrial. Entre essas características, está o fato de que o trabalho na área da saúde não produz bens para serem estocados ou comercializados, e sim serviços que são consumidos no momento da assistência, seja ela coletiva, grupal ou individual.

Nessa perspectiva, a definição de trabalho na área da saúde permite compreender as atividades realizadas pelos profissionais de saúde não as considerando apenas um resultado do progresso técnico-científico, mas como intervenções que expressam uma determinada concepção do processo saúde-doença, assim como a dinâmica social e de organização dos serviços.

(13)

OBSERVAÇÃO

+

O trabalho em saúde pode ocorrer tanto na perspectiva da promoção quanto na prevenção e/ou recuperação da saúde. Isso se deve, visto que saúde não pode ser considerada apenas a ausência de doenças, mas também qualidade de vida.

O mesmo trabalho, no espaço institucional, envolve um conjunto de profissionais especializados. Já o número e a composição dessa equipe são definidos de acordo com critérios que consideram o tipo e a complexidade do serviço prestado.

Quando realizamos uma análise da organização do trabalho dentro desses espaços, devemos considerar os diversos processos de trabalho e as diferenças institucionais.

Quando falamos de instituições e serviços de saúde, não podemos deixar de conceituar a política em saúde, a qual é compreendida como:

A resposta social de uma organização (como o Estado) diante das condições de saúde das pes- soas, das populações e seus determinantes, bem como em relação à produção, distribuição, gestão e regulação de bens e serviços que afetam a saúde humana e o ambiente.

Ainda segundo esses autores, a política em saúde abrange questões relacionadas ao poder em saúde e ao que se refere ao estabelecimento de diretrizes, planos e programas de saúde.

Já enquanto disciplina acadêmica, a política em saúde abarca o estudo das “relações de poder na conformação da agenda, na formulação, condução, implementação e na avaliação de políticas”. Envolve, assim, estudos sobre o papel do Estado, suas relações Estado-sociedade, as reações às condições de saúde

(14)

da população e os seus determinantes, por meio de propostas e prioridades para a ação pública. Inclui, ainda, o estudo sobre a sua relação com as políticas econômicas e sociais, controle social, economia da saúde e financiamento.

O trabalhador da área da saúde é um profissional do cuidado que estabelece relações socioafetivas e políticas culturais, além de, na sua condição de trabalhador, desenvolver tarefas que envolvem a gestão em saúde. A gestão em saúde pode ser definida como o conhecimento que é aplicado na condução das organizações de saúde, abrangendo a gerência de redes, esferas públicas de saúde, laboratórios, clínicas, hospitais e entre outros.

SAIBA MAIS

Em 2009, a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS trouxe uma definição para a gestão em saúde que abrangia a questão da humanização. Nela, era considerado que a gestão em saúde é a capacidade de lidar com conflitos, de oferecer métodos, diretrizes e quadros de referência para análise e ação das equipes nas organizações de saúde. Por isso, é um campo de ação humana na qual se busca a coordenação e a definição dos termos “articulação”, “interação de recursos” e

“trabalho humano” para o alcance de objetivos. Por fim, por seu objeto, há o trabalho humano, o que exige a realização tanto da missão das organizações quanto dos interesses dos trabalhadores.

Em consequência disso, o propósito da gestão é o de propiciar e facilitar a organização da sociedade, buscando enfrentar os desafios e superar os problemas relacionados ao viver mais e melhor, ou seja, com menos doenças, mortes e incapacidades.

(15)

Portanto, a gestão em saúde implica administrar empreendimentos de saúde tanto na esfera pública quanto na privada. Para isso, deve-se avaliar as necessidades da instituição, bem como criar e aplicar políticas públicas (PAIVA et al., 2018).

A gestão em saúde também está relacionada a resolução de problemas sanitários, com a identificação de doenças e mortes, assim como ações na perspectiva de prevenção e promoção.

Em relação à gestão do cuidado em saúde:

DEFINIÇÃO

A gestão do cuidado em saúde pode ser definida como o provimento ou a disponibilização das tecnologias de saúde em conformidade com as necessidades particulares de cada indivíduo, nos diferentes momentos de sua vida, buscando o seu bem-estar, segurança e autonomia para seguir com a sua vida de forma produtiva e feliz (CECILIO, 2011).

Merhy (1997) elabora uma classificação para as tecnologias envolvidas no trabalho em saúde. Assim, as define em três tecnologias: a leve, que se refere às relações de produção de vínculo; a tecnologia leve-dura, a qual diz respeito aos saberes bem estruturados (saber científico) que operam no processo de trabalho em saúde; e a tecnologia dura, que se refere ao uso de equipamentos, máquinas.

Além disso, a gestão do cuidado em saúde pode ser desenvolvida em cinco dimensões: individual, familiar, profissional, organizacional, sistêmica e societária. A figura a seguir apresenta o quadro elaborado por Cecilio (2011), que

(16)

contém os elementos presentes nas várias dimensões da gestão do cuidado em saúde:

Figura 1 – Elementos presentes nas várias dimensões da gestão do cuidado em saúde

Dimensão da Gestão do

Cuidado

Atores ou Protagonistas

Principais Elementos: a Lógica da Dimensão Individual Cada um de nós

Cuidar de si Autonomia Escolha Familiar

Família

Ciclo de amigos Vizinhos

Apoio Proximidade Mundo da vida Profissional Profissionais de

saúde O médico

O preparo técnico Ética

Vínculos Organizacional A equipe de saúde

O gerente

Div. tec. do trabalho Coordenação

Sistêmica Os gestores

Linhas ou redes de cuidado

Financiamento Societária O Estado

A sociedade civil Políticas sociais

Fonte: CECILIO, 2011 (Adaptado).

(17)

SAIBA MAIS

A dimensão individual é considerada a mais nuclear de todas as demais dimensões, pois engloba o cuidar de si, a autonomia e o processo de escolha da pessoa. Essa dimensão passa pelas concepções sobre o que é estar saudável e o que a pessoa entende por estar saudável.

Já a dimensão familiar é aquela que assume relevância diferente em momentos distintos da vida. A dimensão organizacional se relaciona com os serviços de saúde referentes à equipe de trabalho, à coordenação das atividades, à comunicação e a função gerencial.

Por sua vez, a dimensão sistêmica busca construir conexões formais entre os serviços de saúde, criando, assim, redes de cuidado, com o propósito de torná-los mais amplos e abrangentes. Para desenvolver tal dimensão, é necessário que o profissional entenda o seu papel e a forma como deve atuar.

Por último, a dimensão societária engloba os diversos atores que influenciam e são influenciados mutuamente, abrangendo a sociedade civil e o estado.

SAIBA MAIS

Quer saber um pouco mais sobre as dimensões apresentadas?

Leia o artigo “Apontamentos teórico-conceituais sobre processos avaliativos considerando as múltiplas dimensões da gestão do cuidado em saúde”, o qual está disponível no link a seguir:

https://bit.ly/33XuFFo

(18)

Em suma a gestão do cuidado em saúde pode ser considerada o momento de encontro entre o profissional/equipe e a pessoa atendida. Desse modo, configura-se como um espaço de diálogo entre os que possuem necessidades de saúde e aqueles que se dispõem a cuidar (LEITE et al., 2016).

RESUMINDO

Em geral, independentemente do tipo de gestão (de processos, em saúde, do cuidado em saúde, entre outros), o planejamento se configura como uma parte fundamental para que seja feita a organização do trabalho, mapeando as prioridades, a fim de se preparar para imprevisibilidades, diminuir a sobrecarga de trabalho, auxiliar na elaboração de planos de ação e realizar continuamente a melhoria dos processos (PAIVA et al., 2018)

Para isso, o gestor deve ter algumas aptidões que nortearão as suas ações para atuar na melhoria da qualidade dos serviços oferecidos aos usuários. Nesse sentido, deve atender três dimensões, segundo Paiva et al. (2018):

1. Dimensão política: relacionada com a finalidade do trabalho.

2. Dimensão organizacional.

3. Dimensão técnica: relaciona a prática com o monitoramento e avaliação desse trabalho.

Percebe-se que o gestor deve assumir responsabilidades que vão desde a infraestrutura física da unidade de saúde, passando pela integração entre equipes, pelo acompanhamento das atividades e monitoramento de indicadores e metas

(19)

pactuadas, até chegar à mediação de conflitos que possam vir a existir (PAIVA et al., 2018).

Figura 2 – Questões importantes relacionadas ao trabalho do gestor

Fonte: Elaborado pela autora.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o gestor da saúde e as aptidões necessárias para o cargo, leia o artigo “O papel do gestor de serviços de saúde: revisão de literatura”, o qual está disponível no link a seguir: https://bit.ly/3mHw2QV

(20)

As questões relacionadas a conceituações, tais como gestão, gestão em saúde, entre outros, possuem um vasto campo para discussões. No entanto, trazer ao menos um apanhado geral sobre esses termos é fundamental para o desenvolvimento da disciplina.

RESUMINDO

Gostou do que lhe apresentamos? São bastantes informações, não é mesmo? Agora, só para auxiliar na fixação do conhecimento, faremos um breve resumo do que estudamos nesta unidade. A gestão pode ser considerada um ramo das ciências humanas e o seu surgimento está relacionado com a busca pela solução de problemas que surgem nas mais diferentes organizações.

Quando levamos a gestão para a área da saúde, estamos envolvendo os trabalhadores da saúde, as pessoas atendidas por eles e os processos realizados para esse atendimento. Para isso, é necessário um amplo conhecimento acerca da política de saúde, pois ela está relacionada ao estabelecimento de diretrizes, planos e programas de saúde. Surge, assim, a chamada “gestão em saúde”, que implica na administração dos empreendimentos de saúde na esfera pública e privada, avaliando as necessidades da instituição, propondo e implementando soluções.

Já quando falamos de “gestão do cuidado”, estamos nos referindo à utilização das tecnologias de saúde de acordo com a necessidade de cada pessoa. Diante disso, ela pode ser desenvolvida em cinco dimensões: individual, familiar, profissional, organizacional, sistêmica e societária. Para o desenvolvimento da gestão, em geral, é necessário que o gestor tenha algumas aptidões e assuma diversas responsabilidades, as quais atenderão três dimensões: a política, a organizacional e a técnica.

(21)

Contextualização Histórica

OBJETIVO

Ao término deste capítulo, você terá compreendido como se deu a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), sua organização e estruturação. Assim, você poderá entender melhor o papel do gestor no SUS. Iniciemos nossos estudos!

A História do Sistema Único de Saúde (SUS)

Nosso Sistema Único de Saúde (SUS) constitui uma política pública voltada para todos e é considerado um dos maiores sistemas de saúde públicos do mundo. Conhecer a sua história de criação é fundamental para compreendê-lo como um processo de construção contínua e como um espaço social de conquista da cidadania.

No sistema de saúde anterior ao SUS, predominava-se um sistema de assistência médica individual, a partir de um modelo de seguro social público, seletivo e hierarquizado em um sistema integrado com ações e serviços de saúde especializados de média a alta complexidade.

Os serviços de saúde existentes não eram garantidos para todos. Somente aqueles que tivessem um emprego com carteira assinada tinham acesso a esses serviços. Se fosse um trabalhador que não tivesse a carteira assinada, ele só teria acesso aos serviços de saúde que pudesse pagar; caso contrário, era tratado como indigente.

(22)

OBSERVAÇÃO

+

O sistema antigo possuía diversos e graves problemas. Entre eles, estavam: centralização no nível federal; ausência de coordenação e de integração entre as diversas instituições de saúde existentes;

coexistência de vários modelos de organização da assistência inadequados ao perfil epidemiológico da população; enormes dificuldades de acesso; ineficácia e ineficiência das ações e programas; forte influência de interesses lucrativos; clientelismo;

inexistência de participação social e de controle sobre a qualidade dos serviços dispensados à população.

O final dos anos 70 foi marcado pelas lutas em busca da redemocratização do país contra as instituições centralizadas e autoritárias, frutos do regime político instaurado pelos militares.

Foi nesse contexto amplo de mudanças político-sociais, com predominância de uma visão liberal da sociedade, que surgiu o SUS, a partir da proposta de uma ampla reforma sanitária.

Assim, em 1986, foi realizada a VII Conferência Nacional de Saúde, momento de elaboração do primeiro esboço do projeto da reforma sanitária.

SAIBA MAIS

Quer saber mais sobre a VII Conferência Nacional de Saúde?

Recomendamos a leitura do artigo “A VII Conferência Nacional de Saúde”, o qual está disponível no link a seguir: https://bit.

ly/2G23bFY

(23)

O sanitarismo defendia a intervenção do Estado nos problemas que os indivíduos e a iniciativa privada não eram capazes de resolver, com a proposta de uma legislação sanitária e ações para o enfrentamento de epidemias, sendo essa a base da saúde pública.

A primeira e grande conquista do Movimento da Reforma Sanitária foi em 1988, com a definição, na Constituição Federal, relativa ao setor da saúde, ao afirmar que a saúde é o direito de todos e dever do Estado. Já o parágrafo único do Art. 198 determina que “o sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes” (BRASIL, 1988, on-line).

OBSERVAÇÃO

+

O Brasil se organiza em um sistema político federativo constituído por três esferas de governo – União, estados/Distrito Federal e municípios – que são considerados, pela Constituição, como entes com autonomia administrativa e sem vinculação hierárquica.

Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas leis federais nº 8.080 e nº 8.142, o novo modelo de saúde descrito é pautado em princípios e diretrizes conhecidos como:

universalidade, equidade, integralidade, descentralização e participação social, que serão melhor abordados mais adiante.

(24)

SAIBA MAIS

A participação social é garantida por meio dos Conselhos de Saúde (nacional, estadual ou municipal). O Conselho é um órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários. Sua atuação está relacionada com a formulação de estratégias e o controle da execução da política de saúde.

Em relação ao seu número de membros, deverá ser obedecida a seguinte composição: 50% de entidades e movimentos representativos de usuários; 25% de entidades representativas dos trabalhadores da área de saúde; e 25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados ou sem fins lucrativos. [[Saiba Mais]]

A gestão das ações e dos serviços de saúde, no SUS, deve ser solidária e participativa. No quadro a seguir, podemos visualizar as responsabilidades do Ministério da Saúde, estados e municípios:

Quadro 1 – Responsabilidade do Ministério da Saúde, estados e municípios na gestão do SUS

Fonte: Elaborado pela autora.

(25)

SAIBA MAIS

Uma das grandes mudanças trazidas pelo SUS, além de sua cobertura atender toda a população brasileira, é o fato de que é sua responsabilidade o desenvolvimento de ações que vão desde a prevenção da saúde até a assistência médica para as patologias que exigem um alto nível de complexidade tecnológica, ou seja, atende todo tipo de doença e clientela. Esse modelo representou uma mudança significativa na forma de pensar e de agir sobre a saúde em contexto nacional.

O SUS é considerado um arranjo organizacional que veio como suporte para a efetivação da política de saúde no Brasil.

Com essa nova visão, a saúde passou a ser compreendida como um processo que resulta das condições de vida da população, os quais podem ser visualizados na figura a seguir:

Figura 3 – Condições de vida da população que interferem na saúde

Fonte: Elaborado pela autora.

(26)

Foi apresentado apenas um apanhado geral sobre a história do SUS, mas já podemos perceber que a criação desse novo sistema de saúde foi algo de grande importância para a saúde dos brasileiros e trouxe diversas propostas inovadoras. Contudo, sua implantação não é algo fácil e rápido: podemos considerar que, após 30 anos de criação desse sistema, ainda estamos em fase de implantação. Assim, é preciso superar diversas barreiras e devem ser realizadas adaptações de acordo com os diversos contextos sociais do nosso imenso e heterogêneo país.

Grandes conquistas já ocorreram, mas a luta ainda continua na busca de um sistema pautado na universalidade, equidade e integralidade. Nós, como atores sociais, temos responsabilidades junto a essa luta.

Os Princípios e Diretrizes do SUS

As diretrizes e os princípios do SUS estão na Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, foram regulamentados pela Lei nº 8.080, de 1990, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde. Os princípios doutrinários e os organizativos podem ser visualizados no organograma presente na figura a seguir:

Figura 4 – Princípios do SUS

Fonte: Elaborado pela autora.

(27)

Contudo, o que significada cada um desses princípios?

Realizemos uma explicação rápida sobre cada um deles.

Universalidade

Todas as ações e serviços do sistema de saúde devem ser acessíveis a todos. Portanto, a saúde passou a ser compreendida como um direito de cidadania independentemente de qualquer contribuição.

Equidade

Os recursos do sistema de saúde devem ser aplicados como uma forma de reduzir as desigualdades sociais existentes.

Para isso, a alocação dos recursos financeiros, bem como a oferta dos serviços e ações de saúde devem contribuir para a redução das desigualdades sociais.

Integralidade

O indivíduo deve ser considerado em todas suas características biopsicossociais e espirituais, abrangendo, assim, todas as necessidades de saúde dessa pessoa nos três níveis de atenção: primária, secundária e terciária.

Descentralização

Transferência do poder de decisão e responsabilidades dos níveis centrais (federal) para os mais periféricos (estado e municípios) do sistema de saúde.

Regionalização

Trata-se da organização da rede de atenção à saúde de acordo com as características semelhantes, populacionais, situação de saúde, entre outros.

Hierarquização

É a organização da atenção à saúde de acordo com os níveis de complexidade (atenção primária à saúde, atenção secundária à saúde e atenção terciária à saúde).

(28)

Participação popular

Criação dos conselhos e das conferências de saúde, que visam formular estratégias, bem como controlar e avaliar a execução da política de saúde, permitindo, assim, a participação da sociedade no dia a dia do sistema.

IMPORTANTE

O princípio da integralidade é de extrema importância para a integração de todos os níveis de atenção à saúde.

Conhecer esses princípios é fundamental para que um gestor da saúde desenvolva as suas funções de forma adequada.

Gestão do SUS e a Sua Estrutura Organizacional

Para a gestão do SUS, foi implantado um sistema federativo que possui a participação das três esferas de governo, sem hierarquia. A seguir, apresentamos cada esfera e as suas respectivas responsabilidades:

(29)

Quadro 2 – As três esferas de governo e as suas responsabilidades na gestão do SUS

Fonte: Elaborado pela autora.

A criação do SUS foi, sem dúvidas, uma grande conquista para o nosso país. No entanto, sua implantação não seria uma tarefa fácil, tendo em vista a grande extensão territorial do Brasil, que carrega uma grande diversidade de contextos sociais, econômicos, culturais e políticos.

A mudança não poderia ser feita em um curto período de tempo. Assim, a implantação desse sistema passou a ser entendida como um processo lento e progressivo. Além disso, a estrutura organizacional do SUS passou a ser regida por diversas portarias do Ministério da Saúde, além das Normas Operacionais de Base (NOB), que orientam o processo de implantação desse sistema de saúde.

Para regulamentar a Lei nº 8.080, veio o Decreto nº 7.508/11, que dispõe sobre a organização do SUS. Estabelece, portanto, que a organização do SUS deve ser feita em regiões de saúde, as quais são instituídas pelo Estado mediante articulação com seus municípios, com os objetivos de:

Garantir o acesso resolutivo e de qualidade à rede de saúde.

(30)

Efetivar o processo de descentralização, com responsabilização compartilhada.

Reduzir as desigualdades loco-regionais.

OBSERVAÇÃO

+

A rede de saúde é constituída por ações e serviços de atenção primária, vigilância à saúde, atenção psicossocial, urgência e emergência, e atenção ambulatorial especializada e hospitalar.

A gestão da saúde pública no Brasil é organizada em três níveis. A seguir, serão apresentados esses níveis e suas definições.

Atenção primária à saúde

Esse nível é conhecido como a porta de entrada no sistema de saúde. É representado pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelas Estratégias de Saúde da Família (ESF). É caracterizado por diversas ações de saúde desenvolvidas no âmbito individual e coletivo, abrangendo a promoção e a proteção da saúde, a prevenção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Tais ações são dirigidas a populações de territórios bem definidos.

Atenção secundária à saúde

É composta pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, bem como realiza procedimentos de média complexidade. Compreende, assim, serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e para o tratamento, além do atendimento de urgências e emergências que são desenvolvidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA)

(31)

Atenção terciária à saúde

É o nível de alta complexidade, pois é composto de um conjunto de terapias e procedimentos de maior especialização.

Responsável, também, por procedimentos que envolvem alta tecnologia e/alto custo, como os transplantes, neurocirurgia, cardiologia, oncologia e entre outros.

Para auxiliar na gestão e na organização desses níveis, existem alguns sistemas específicos de informação que são gerenciados pelo Ministério da Saúde. São eles:

Fonte: Adaptada pela autora.

(32)

ACESSE

o site do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) para conhecer um pouco mais sobre esses sistemas de informação.

Disponível em: http://datasus.saude.gov.br/

Na condição de gestor ou equipe gestora, um dos grandes desafios é desenvolver coletivamente um planejamento que contribua para melhorar a saúde da população de seu território, agregar a adesão das equipes, atingir resultados e, assim, fortalecer o SUS. Processos coletivos são complexos e precisam ser estrategicamente trabalhados.

RESUMINDO

Você compreendeu um pouco a história do Sistema Único de Saúde (SUS), que surgiu em um momento de redemocratização do país por meio da luta de toda a população. Entre as grandes mudanças trazidas por esse novo modelo de saúde, está a sua cobertura de atendimento a toda população, além de desenvolver ações que vão desde a prevenção da saúde até a assistência médica de alta complexidade.

(33)

Aprendemos, também, que o SUS segue alguns princípios, tais como os doutrinários (universalidade, equidade, integralidade) e os organizacionais (descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular). Já quando nos referimos à gestão e organização do SUS, compreendemos que suas responsabilidades são divididas nas três esferas do sistema federativo, sem hierarquia, que são: União, estados/

Distrito Federal e municípios.

Além disso, entendemos que o SUS é dividido em três níveis de atenção à saúde: atenção primária, atenção secundária e atenção terciária, as quais devem sempre se articular entre si, a fim de oferecerem um atendimento adequado ao indivíduo.

Para ajudar na gestão e organização desses níveis, temos alguns sistemas específicos de informação, que são: SINAN, SISAB, SINASC e SIM.

(34)

O que é o Processo de Trabalho em Saúde

OBJETIVO

Ao término deste capítulo, você terá compreendido o que é o processo de trabalho em saúde. Por intermédio desse conhecimento, será possível compreender melhor a importância do seu papel como um profissional de saúde e qual é a sua relação com a gestão. .

Conceitos

Assim como já sabemos, um processo pode ser compreendido como um conjunto ordenado de atividades interligadas logicamente que consomem recursos (DORNELLES;

GASPARETTO, 2015). Constitui, assim, o modo pelo qual todos os recursos de uma organização são utilizados de forma confiável, de acordo com seus objetivos.

Também é possível afirmar que o processo de trabalho pode ser considerado a relação do homem com a natureza, já que é por meio dela que o indivíduo utiliza a sua energia e força para transformar, manter, ou produzir bens necessários à sua sobrevivência. De acordo com essa relação que o homem estabelece com a natureza, pode, também, resultar no processo saúde-doença.

(35)

DEFINIÇÃO

Podemos definir trabalho como um conjunto de procedimentos pelos quais os homens atuam, por intermédio de meios de produção, transformando-o para obter um determinado produto.

Como componentes do processo de trabalho, temos:

Figura 5 – Componentes do processo de trabalho

Fonte: Elaborado pela autora.

Para que haja uma melhor compreensão sobre o assunto, explicaremos um pouco mais cada um desses componentes.

Objetivos ou finalidades

Todo processo de trabalho é realizado com o propósito de atingir algum objetivo ou finalidade e é a partir desse objetivo que são definidos os critérios para a realização do processo de trabalho.

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Fonte: @pixabay.

Sendo assim, o processo de trabalho tem como objetivo a produção de um determinado objeto ou condição e, com esse produto, busca-se responder alguma necessidade humana.

Para a realização do processo de trabalho e alcance do objetivo, é necessário o uso de diversos meios específicos para cada condição particular. Entre eles, podemos citar:

Ferramentas e estruturas físicas. São exemplos – máquinas, equipamentos, instrumentos, edificações e o ambiente.

Conhecimentos e habilidades. Podemos citar as tecnologias leves e leves-duras.

Estruturas sociais – configuram-se como importantes determinantes para as relações de poder no trabalho e para a remuneração dos diversos tipos de trabalho.

Objeto

O processo de trabalho sempre é realizado sobre algum objeto, o qual será transformado. Podemos considerar como

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objetos a serem transformados: matérias-primas ou certos estados ou condições pessoais ou sociais. Já como instrumento ou meio de produção, temos: máquinas, ferramentas, equipamentos, conhecimentos e habilidades.

Agente ou sujeito

Trata-se do sujeito (processo de trabalho individual) ou até mesmo do conjunto de sujeitos (processo de trabalho coletivo) que executam as ações, estabelecem as finalidades ou objetivos, as relações de adequação dos meios e as condições na busca pela transformação do objeto. Ressaltamos que todo processo de trabalho possui um sujeito ou mais.

Quase todos os processos de trabalho, sejam eles individuais ou coletivos, acontecem entre organizações, sejam elas sociais ou instituições, que são constituídas de um determinado fim.

Objetivos existenciais ou sociais

Nem sempre o desenvolvimento do processo de trabalho tem por objetivo a modificação de matérias-primas, o que resulta em objetos úteis para o uso individual ou coletivo, como transformar um pedaço de madeira em uma mesa.

Entretanto, quando nos referimos à prestação de serviços, o propósito é a produção de certas condições ou estados para aquelas pessoas que demandam os serviços, como pintar um cabelo, lavar uma roupa. Nesse caso, é importante considerarmos que os consumidores do serviço também são sujeitos ou agentes do processo de trabalho e, em algumas situações, também podem ser objeto desse processo de trabalho. Como exemplo, podemos citar o processo de trabalho na saúde e na educação.

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OBSERVAÇÃO

+

Em algumas situações de realização do processo de trabalho em que temos os objetivos existenciais ou sociais, são transformados não apenas os consumidores do serviço, mas também os agentes.

Isso ocorre principalmente nos processos de trabalho que se baseiam em relações interpessoais.

Um exemplo: no processo de trabalho em saúde, muitas vezes atendemos mulheres que foram vítimas de violência doméstica. Quando são realizadas ações de cuidado junto a essas mulheres, na busca da sua recuperação (transformação), os prestadores do serviço também sofrem transformações, as quais, neste caso, podem estar relacionadas ao processo de solidarização com a vítima e à indignação referente ao que ela sofreu, resultando em novos aprendizados.

Trabalho em Saúde e Micropolítica

Incialmente, é importante ressaltar dois conceitos:

Fonte: Elaborado pela autora.

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Quando utilizamos a expressão “trabalho vivo é capturado”, significa que o homem não consegue exercer nenhuma ação de forma autônoma, tornando-se um trabalho morto.

Exemplo: Para tornar mais clara a compreensão, exemplifiquemos:

Em uma linha de montagem em que o dono estrutura o trabalho e define previamente todas as características do produto final, deixando o trabalhador sem autogoverno, o trabalho vivo é capturado e se transforma em trabalho morto.

Ao transpor essa questão para a área da saúde, sabemos que existem diferenciações quando nos que referimos à autonomia do trabalho vivo, que podemos considerar bem ampla, se comparada aos outros setores da economia. Sendo assim, é extremamente difícil capturar o trabalho vivo desenvolvido na área da saúde.

EXPLICANDO DIFERENTE

+ +

+

Um trabalhador de uma fábrica tem o seu processo de autonomia controlado, pois previamente é decidido o produto do seu trabalho. No entanto, na saúde, mesmo que o “trabalho vivo” seja

“capturado” pelas tecnologias mais estruturadas (tecnologias duras e leves-duras) ou também estiver submetido ao controle empresarial, no encontro entre o usuário e o consumidor, ocorre o “espaço intercessor”, com possibilidades de mudanças, de atos criativos. Esse é um aspecto conflituoso, visto que há diversas possibilidades de desdobramentos.

Dessa forma, é possível considerar que, no encontro do trabalhador de saúde e o seu cliente, é estabelecido entre eles um espaço intercessor que sempre ocorrerá em seus encontros e em ato.

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ACESSE

Quer saber mais sobre o trabalho em saúde? Recomendamos a leitura do artigo “Trabalho em Saúde”, disponível em: https://

bit.ly/3iTrftu

Segundo Merhy (1997), no encontro de sujeitos, são criados espaços de relações em que ocorrem interseções entre os dois. Esse encontro não se configura uma simples somatória de um com outro, mas é o resultado de um processo singular pelo encontro dos dois em um único momento. Nesse encontro, o “agente produtor” porta conhecimentos, equipamentos, tecnologias, enquanto o “agente consumidor” também expressa seus conhecimentos e representações.

Figura 6 – Agente produtor e consumidor

Fonte: Elaborado pela autora.

No entanto, há, ainda, nos espaços de saúde, as relações nas quais se predomina a “voz” do trabalhador e a “mudez” do usuário.

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IMPORTANTE

Segundo Malta e Merhy (2003), se o trabalhador não se sente sujeito ativo no processo de reabilitação, ele perderá contato com elementos que potencialmente estimulam a sua criatividade, não se responsabilizando pelo objetivo final da sua intervenção.

Para reverter esse quadro, é preciso aproximar o trabalhador do resultado do seu trabalho e valorizar o seu orgulho profissional pelo esforço singular de cada caso.

Outro aspecto importante é a necessidade de se construir caminhos para sair das polaridades representadas que se configuram na especialização excessiva. Ela é a geradora da verticalidade na organização dos processos de trabalho em saúde, com profundo desentrosamento das equipes, e de uma completa horizontalização, na qual todos os profissionais são igualados sem se ater às especificidades de cada profissão.

Nesse contexto, surgem dois conceitos fundamentais:

“núcleo” e “campo” de competência e responsabilidade.

Figura 7 – Núcleo e campo da competência e responsabilidade

Fonte: Elaborado pela autora.

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Dessa forma, é preservada a maior autonomia profissional e das equipes. Não só, mas se mantém:

o exercício de “núcleos” específicos, próprios da intervenção de cada profissional, além de alargar os “campos” comuns, melhorando a qualidade da assistência, permitindo respostas mais abrangentes por parte dos profissionais. (MALTA; MERHY, 2003, p. 65) Nesse sentido, o processo de trabalho em saúde, como micropolítica, configura-se como um lugar estratégico de mudança. Suas ações devem fugir do modelo médico- hegemônico e se pautar na ética do compromisso com a vida, ao assumir uma postura acolhedora e ao estabelecer vínculos, com o objetivo de se obter a resolutividade e a criação da autonomia dos usuários.

Segundo Merhy e Franco (2003), ao observar a conformação dos modelos assistenciais, existem os conceitos de

“tecnologias materiais” para os instrumentos e de “tecnologias não materiais”. Contudo, para além dos instrumentos e conhecimento técnico, há outro: o das relações, o qual tem se verificado como fundamental para a produção do cuidado.

Figura 8 – Modelo assistencial proposto por Merhy e Franco

Fonte: Elaborado pela autora.

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ACESSE

Quer saber mais sobre a ideia de modelo assistencial proposto por Merhy e Franco? Recomendamos a leitura do artigo “Por uma composição técnica do trabalho centrada no campo relacional e nas tecnologias leves”, disponível em: https://bit.ly/3mJKXtX

Propõe-se, portanto, o desenvolvimento de um processo de trabalho em saúde não apenas em sua capacidade de execução de procedimentos biomédicos, mas um trabalho que valorize as singularidades de cada indivíduo. Tudo isso, a fim de impactar o núcleo do cuidado ao compor uma hegemonia do trabalho vivo sobre o trabalho morto.

Com objetivo de reorganizar o processo de trabalho na saúde esse passa pela qualificação da força trabalho dos profissionais, integração dos profissionais na assistência, resgate do sentido do trabalho multiprofissional e qualificação o produto final ofertado.

ACESSE

Quer conhecer a visão dos profissionais da saúde sobre o seu processo de trabalho? Recomendamos a leitura do artigo

“Reflexões de profissionais de saúde acerca do seu processo de trabalho”, disponível em: https://bit.ly/3iQ7pz8

Outro aspecto que também tem sido bastante considerado é a ampliação dos espaços de discussão e decisão pautados na democracia, a fim de ampliar os espaços de escuta, de trocas e

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decisões coletivas. Não só, mas também se busca a criação de novos formatos do trabalho em saúde pautados na necessidade de se responder ao sofrimento dos usuários. Para que os modelos de assistência possam romper essa situação, devem ser calcados nos seguintes pressupostos:

1. Garantia do acesso e acolhimento aos usuários.

2. Responsabilização/vínculo.

3. Integralidade na assistência.

4. Democratização (participação de trabalhadores e usuários na gestão).

5. Gestão pública e adequação à realidade local.

Para que isso se concretize, são necessários alguns aspectos que um modelo tecnoassistencial deveria conter:

a. Garantir a universalidade, a integralidade e a equidade.

b. A atenção a grupos populacionais específicos (idosos, adolescentes e outros).

c. Atenção a doenças crônicas, tendo em vista os custos crescentes e a incorporação tecnológica.

d. Metodologias e tecnologias de educação e promoção de hábitos e comportamentos saudáveis, entre outros.

Tais pressupostos e aspectos que devem ser considerados estão embasados nos princípios do SUS. Isso evidencia a importância de se persistir nessa proposta de um sistema de saúde universal, equânime e de qualidade.

RESUMINDO

Compreendemos que o processo de trabalho está relacionado a um conjunto ordenado de atividades interligadas logicamente.

Além disso, aprendemos que há, como componentes do processo de trabalho: objetos; objetivos ou finalidades; agente ou sujeito;

objetivos existenciais ou sociais

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Como conceitos importantes, estudamos o trabalho vivo (refere-se ao trabalho em ato, o trabalho criador) e o trabalho morto (refere-se a todos os produtos-meios que são resultado de um trabalho anterior e que o homem os utiliza para realizar um dado trabalho). Além disso, há a expressão “trabalho vivo capturado”, que é utilizada quando o homem não consegue exercer nenhuma ação de forma autônoma, tornando-se um trabalho morto.

Aprendemos que o processo de trabalho na saúde possui, entre suas particularidades, o encontro de sujeitos, no qual temos o agente produtor (porta conhecimentos, equipamentos e tecnologias) e o agente consumidor (expressa seus conhecimentos e representações). Porém, foi ressaltada a predominância, ainda, no processo de trabalho, da voz do profissional e a mudez do usuário.

Outra questão importante trabalhada foram as polaridades percebidas, representadas pela especialização excessiva (verticalização) e a definição de todos os profissionais como iguais, sem considerar suas especificidades profissionais (horizontalização). Constatamos, assim, a necessidade de se pensar em um modelo assistencial que tem sido empregado na prática. Alguns autores sugerem, como modelo assistencial, a associação entre as tecnologias materiais, as tecnologias não materiais e as relações. Por fim, não pudemos nos esquecer de que, para conseguir uma reorganização do processo de trabalho, precisamos que os profissionais sejam qualificados para isso e as ações devem sempre seguir os princípios propostos pelo SUS.

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Gestão da Força de Trabalho

OBJETIVO

Ao término deste capítulo, você terá compreendido o que é força de trabalho em saúde e a sua gestão. Iniciemos os nossos estudos!

Conceitos Relacionados à Força de Trabalho

Quando falamos dos trabalhadores da área da saúde, são usadas duas formas distintas para tratar esses profissionais dentro da economia política clássica:

Recursos humanos: essa expressão vem da ciência da administração e é utilizada em função explícita de intervir em uma determinada situação com o objetivo de produzir, aprimorar e administrar esse recurso, que é a capacidade de trabalho dos indivíduos. Em outras palavras, subordina a ótica de quem desempenha alguma função gerencial ou de planejamento (NOGUEIRA, 1983).

Força de trabalho: seu uso é feito de forma descritiva e analítica, na busca pelo conhecimento de fenômenos demográficos e macroeconômicos.

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DEFINIÇÃO

Nessa visão, quando falamos de força de trabalho, referimo- nos a coisas, tais como produção, emprego/desemprego, renda, divisão de trabalho, setor de emprego, assalariamento. Quando falamos em recursos humanos, referimo-nos a planejamento, capacitação, seleção, plano de cargos e salários.

Figura 9 – Conceito de força de trabalho e recursos humanos

Fonte: Elaborado pela autora.

O setor da saúde é o responsável por uma parcela significativa da população economicamente ativa do nosso país. Mesmo com a evolução da tecnologia, seu crescimento é constante, o que pode estar relacionado com a questão interpessoal que envolve o processo de trabalho em saúde.

Desde a promulgação das leis nº 8.080 e nº 8.142 em 1990, a questão da força de trabalho em saúde no Sistema único de

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Saúde (SUS) tem sido considerada um dos nós críticos para desenvolver o que foi proposto para a saúde. A década foi marcada pela elaboração do projeto de contrarreforma do Estado, com a gestão da força de trabalho em saúde por meio da estratégia de terceirização. Essa estratégia se trata da contratação temporária de um determinado profissional, ou seja, o contrato possui um tempo determinado.

Entretanto, o que muitas vezes observamos em algumas situações é que esses contratos têm sido prorrogados de forma indefinida. A terceirização tem contribuído para a precarização do trabalho, pois acarreta menores salários, ausência de benefícios ou salários indiretos, contribui para o aumento da rotatividade e diminuição dos níveis de proteção social do trabalho.

Os sindicalistas afirmam, ainda, que a terceirização tem provocado fragmentação e desmobilização dos trabalhadores.

Com isso, os sindicatos têm perdido o seu poder de barganha, pois as negociações acabam perdendo o seu caráter coletivo para se tornarem localizadas e até mesmo individualizadas.

No panorama do setor da saúde, a precarização das relações de trabalho é evidenciada pelas diversas formas de contratação, que podem ser a terceirização, a cooperativização, além do contrato individual.

DEFINIÇÃO

As cooperativas, na área da saúde, são formadas por profissionais que têm por objetivo prestar serviços em suas diferentes áreas de atuação. Orientam-se pela doutrina do cooperativismo, que preconiza a colaboração e a associação de pessoas ou grupos com os mesmos interesses, a fim de se obter vantagens comuns em suas atividades econômicas.

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Nesse panorama, a gestão da força de trabalho em saúde se realiza na prática totalmente contrária aos princípios estabelecidos pela reforma sanitária e pelo SUS.

Fonte: @pixabay.

Fatores que Interferem na Força de Trabalho

Quando nos referimos à quantidade da força de trabalho disponível em um determinado país, ela depende de três fatores:

Figura 10 – Quantidade da força de trabalho e seus três fatores dependentes

Fonte: Elaborado pela autora.

Já quando nos referimos à qualidade da força de trabalho, ela está relacionada ao nível educacional. Discorreremos melhor sobre esses fatores que têm contribuído para as mudanças no perfil da oferta da força de trabalho brasileira.

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Transição demográfica

É entendida como o processo de transição de uma situação em que ambos os níveis, de fecundidade e de mortalidade, encontram-se elevados. A segunda etapa dessa transição é quando o crescimento populacional está em um ritmo mais acelerado, em decorrência da queda nos níveis de mortalidade e do alto nível de fecundidade.

O Brasil passou por essa etapa de alto crescimento populacional durante o século XX. Posteriormente, veio a etapa que carregava combinações de taxas de mortalidade baixas e um processo de queda da taxa de fecundidade, levando a um crescimento populacional moderado e com taxas cada vez menores que convergem, após certo período de tempo, para uma estabilização, que caracterizaria o quarto estágio da transição demográfica.

A velocidade com que se deu a queda da taxa de fecundidade brasileira foi considerada uma característica marcante da transição demográfica em nosso país. Isso resultou em efeitos significativos sobre a estrutura etária da população e que serão observados ainda durante várias décadas (NONATO et al., 2012).

Essa redução no curto prazo da proporção da população jovem resultará, em médio e longo prazo, na redução da população em idade ativa (PIA) e levará a um aumento crescente da proporção de idosos, o que gerará um processo de inversão da pirâmide populacional (NONATO et al., 2012).

Fonte: @freepik.

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Ao observar a pirâmide apresentada, podemos constatar o envelhecimento populacional ocorrido nos anos de 2012 a 2018.

Isso pode ser observado em detrimento da menor porcentagem encontrada, em 2018, dos grupos etários mais jovens, ao passo que houve um aumento das porcentagens dos grupos de idade, que ficam no topo da pirâmide (NONATO et al., 2012).

Na perspectiva do mercado de trabalho, esses efeitos da transição têm afetado diretamente o tamanho e a composição da população em idade ativa brasileira, e refletido diretamente na disponibilidade de mão de obra do país. A evolução do tamanho total da população em idade ativa (PIA) e a sua taxa de crescimento entre 1980 e 2050 ocorreram com taxas decrescentes ao longo de todo o período, o que resultará em uma expansão da oferta de força de trabalho pelo crescimento da população predominantemente ativa (15-64 anos) somente até meados da década de 2020, quando se iniciará uma tendência de queda em termos absolutos (NONATO et al., 2012).

Fonte: @freepik.

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As projeções a partir de meados de 2020 darão início a um processo de encolhimento da força de trabalho disponível no país. Isso será acompanhado de um aumento da razão de dependência, o que tem levado a uma discussão sobre um possível ônus demográfico.

Outra tendência demográfica que contribuirá para alterar o perfil da força de trabalho brasileira nos próximos anos é a redução da mortalidade nas idades mais avançadas.

Isso, associado a uma melhora nas condições de saúde e de autonomia da população idosa, deverá conduzir a um aumento da permanência da população no mercado de trabalho, levando a uma mão de obra mais envelhecida e com maior experiência.

Aumento da participação na força de trabalho e a expansão da escolaridade entre as mulheres

OBSERVAÇÃO

+

Outro fator que deverá afetar de maneira decisiva o perfil da mão de obra brasileira nos próximos anos é o maior destaque da população feminina. Isso se deve ao aumento das suas taxas de participação no mercado de trabalho e o aumento do seu nível de escolaridade, que está maior que a média masculina.

A maior participação das mulheres na atividade econômica se intensificou a partir da década de 70, no contexto de expansão econômica, com o acelerado processo de expansão da economia mediante o crescente processo de industrialização e urbanização, além das mudanças no papel social da mulher.

Enquanto a taxa de participação masculina mantém certa estabilidade ao longo do tempo, as mulheres elevam a sua participação em todas as idades, reduzindo, assim, as desigualdades nesse aspecto. A força de trabalho brasileira tem

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se mostrado cada vez mais escolarizada e, segundo os dados disponíveis pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), são exatamente as mulheres quem mais têm contribuído para essa maior escolarização da PIA.

Mercado de Trabalho na Saúde

Uma questão importante no âmbito do mercado de trabalho da saúde é a regulação do trabalho, que corresponde a uma intervenção pública (ou da política) sobre a soberania dos mercados.

DEFINIÇÃO

Regulação do trabalho constitui um conjunto de regras, normas, hábitos e regulamentações extra mercado que se impõem sobre determinadas atividades sociais e econômicas.

A discussão sobre a regulação do trabalho envolve quatro atores:

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No entanto, atualmente, uma grande parcela dos trabalhadores são assalariados e, além de serem submetidos a constrangimentos ambientais, também sofrem constrangimentos gerenciais. Assim, possuem cada vez mais dificuldades em desempenhar as suas atividades plenamente, sem interferências.

A década de 80 viveu a realidade pré-SUS, em que o país contava com 18.489 estabelecimentos de saúde e 573.629 empregos de saúde. Já o mercado de trabalho de saúde contava com 197.352 empregos de nível superior, 111.501 técnicos e auxiliares, e 264.776 de nível elementar (MACHADO;

XIMENES NETO, 2018). Além disso, nessa década, a equipe de saúde era bipolarizada: médicos e atendentes de enfermagem que eram maioria.

Em contrapartida, desde a constituição do SUS, o Brasil tem a seguinte realidade sanitária: 200.049 estabelecimentos de saúde e 3.594.596 empregos de saúde. A equipe de saúde se tornou multiprofissional: enfermeiros, odontólogos, médicos, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, entre outros.

Com isso, o setor saúde passou a contar com: 1.104.340 empregos de nível superior; 889.630 técnicos e auxiliares;

e 317.056 de nível elementar. A seguir, podemos visualizar a concentração dos empregos de saúde nos municípios de maior porte populacional: ela persiste e se aprofunda quando se observa o comportamento das quatro profissões básicas da assistência. Portanto, é perceptível que: os médicos somam 3,9% na região Norte; os odontólogos, 5,2%; os enfermeiros, 7%; e os farmacêuticos 7,9%. Situação oposta é percebida na região Sudeste, em que os médicos contabilizam 53%; os odontólogos, 49%; os enfermeiros, 45,9%; e os farmacêuticos, 46% (MACHADO; XIMENES NETO, 2018).

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SAIBA MAIS

Quando falamos do mercado de trabalho na área da saúde nos dias atuais, sabemos que, infelizmente, ainda persistem alguns problemas estruturais que estão ligados principalmente a gestão da força de trabalho. São eles: desequilíbrio entre oferta e demanda; escassez de profissionais no interior do país;

precarização do trabalho; terceirização dos serviços de saúde e, consequentemente, da mão de obra especializada (médicos, enfermeiros, técnicos em geral, entre outros).

Quando nos referimos ao trabalho precário na área da saúde, infelizmente é algo que atinge boa parte dos trabalhadores.

A seguir, elencamos algumas dimensões inter-relacionadas de precariedade em contraposição ao trabalho decente e percebemos que todas estão relacionadas a inseguranças:

1. Insegurança do mercado de trabalho pela ausência de oportunidades de trabalho.

2. Insegurança do trabalho gerada pela proteção inadequada em caso de demissão.

3. Insegurança de emprego gerada pela ausência de delimitações da atividade ou até mesmo de qualificação de trabalho.

4. Insegurança de integridade física e de saúde em razão das más condições das instalações e do ambiente de trabalho.

5. Insegurança de renda, fruto da baixa remuneração e da ausência de expectativa de melhorias salariais.

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6. Insegurança de representação quando o trabalhador não se sente protegido e representado por um sindicato.

ACESSE

Quer saber mais sobre o mercado de trabalho na área da saúde e a sua precarização? Recomendamos a leitura do artigo “A terceirização na saúde pública: formas diversas de precarização do trabalho”, disponível em: https://bit.ly/3mDtJ1c

Contatamos que, quando falamos de força de trabalho, seu uso é feito de forma descritiva e analítica, na busca pelo conhecimento de fenômenos, ou seja, referimo-nos a coisas, tais como a produção, o emprego, o desemprego, renda, entre outros. Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), a força de trabalho em saúde tem sido considerada um dos grandes desafios, pois as ações que ocorrem na prática fogem do que foi proposto quando se criou o SUS. Entre essas questões, podemos abordar a terceirização do trabalho dos profissionais da saúde, o que tem contribuído para a precarização do trabalho.

Também observamos que a oferta de força de trabalho, no Brasil, passou por uma série de transformações nas últimas décadas. Além da transição demográfica que se configura, destacam-se outras duas macrotendências relevantes para o mercado de trabalho brasileiro. Em primeiro lugar, a PIA brasileira vem apresentando crescentes níveis de escolaridade, o que parece sinalizar que a expansão dos sistemas de ensino nas últimas duas décadas começou a dar frutos. Podemos perceber, também, a crescente incorporação da mulher ao mercado formal de trabalho.

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RESUMINDO

Gostou do que lhe apresentamos? Aprendeu mesmo? Vamos relembrar alguns aspectos importantes que aprendemos nesta unidade? A gestão da saúde está relacionada à administração dos empreendimentos de saúde, na esfera pública e privada, avaliando as necessidades da instituição, propondo e implementando soluções. Assim, podemos afirmar que uma boa gestão resultará em uma maior eficiência nos processos.

Já quando nos referimos à gestão da força de trabalho, referimo-nos a questões analíticas e demográficas, como a divisão do trabalho. Por sua vez, o processo de trabalho está relacionado ao desenvolvimento de atividades, com o objetivo de se obter um determinado produto. São considerados componentes do objeto de trabalho: objetos, objetivos ou finalidades, agente ou sujeito e objetivos existenciais ou sociais.

Ao compreendermos um pouco a história do SUS, tivemos como objetivo refletir sobre a ideia proposta de um sistema de saúde pautado em diversos princípios. A partir dessa visão, é necessário pensar no processo e na força de trabalho em saúde, como têm sido desenvolvidos e quais são as mudanças necessárias para atingir o que foi proposto quando se criou o novo sistema de saúde brasileiro.

Referências

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