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3 – A TRAJETÓRIA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA E SUAS ORIENTAÇÕES HISTÓRICO-IDEOLÓGICAS

MESTRADO ANO DE

DEFESA

AUTOR CATEGORIAS DE EIXO TEMÁTICO

1984 COLESANTI, Marlene Teresinha de Muno História do Livro Didático de Geografia: currículo e clima

1987 RIBEIRO, Luiz Antonio de Moraes Estudo Comparativo / Correlacional: população

1989 MEDEIROS, Luciene das Graças Miranda História do Livro Didático de Geografia 1989 PEREIRA, Diamantino Alves Correia História do Livro Didático de Geografia 1990 FRANCO, Maria Madalena Alencar Análise de Conteúdo: Amazônia 1991 CORREA, Sônia Maria Mafassioli Análise de Conteúdo: espaço social 1991 COURI, Paulo Rogério Xavier Análise de Conteúdo: meio ambiente 1992 CORREA, Francinete Massulo Análise do Conteúdo: Amazônia 1992 RUA, João Formação de Professores: livro didático e

autonomia

1993 ROCKENBACH, Denise Estudo Comparativo / Correlacional: Geografia Urbana

1994 COUTO, Marcos Antonio Campos Análise de Conteúdo: trabalho 1995 MATOS, Marilene Acioly de Análise de Conteúdo: urbanização 1995 OLIVEIRA, Irani Martins de Avaliação do Livro Didático de Geografia 1995 ALVES, Denise de Oliveira Estudo de Caso: relação professor / livro

didático de Geografia 1995 ASSIS NETO, Francisco Análise de conteúdo: meio ambiente 1996 LOURENÇO, Claudinei Análise de Conteúdo: natureza 1998 MORAES, Climério Manoel Macedo Estudo de Caso: produção acadêmica /

produção didática 1999 CARDOSO, Maria Eduarda Garcia Análise de Conteúdo: paisagem 2000 GONZAGA, Márcia Maciel Reis Análise do Discurso: terminologia 2001 CARVALHO, Alessandra Mendes de Análise de Conteúdo: solos 2001 LUIZ, Angela Análise de Conteúdo: paisagem e

representação

2002 CAL, Maria Madalena Pavelacki Análise de Conteúdo: conceitos geográficos 2002 SANTOS, Clézio Análise de Conteúdo: Cartografia

Continuação 2002 SOBREIRA, Paulo Henrique Azevedo Análise de Conteúdo: astronomia 2002 PAVELACKICAL, Maria Madalena Análise de Conteúdo: conceitos 2003 BOLIGIAN, Levon Análise de Conteúdo: território 2003 BUENO, Magali Franco Análise de Conteúdo: Amazônia 2003 MARQUES, Edna Cristina de Lucena Análise de Conteúdo: Geologia 2003 PEREIRA, Carolina Machado Rocha Busch Avaliação do Livro Didático de Geografia:

políticas públicas

2003 GONÇALVES NETO Antônio Análise de Conteúdo: meio ambiente 2004 FERREIRA, Tânia Gentil Goulart Análise do Discurso: Geografia Crítica 2004 MARTINS, Jacirema das Neves Pompeu Avaliação do Livro Didático de Geografia:

políticas públicas / práticas docentes 2004 SOARES, Marcos de Oliveira Análise de Conteúdo: espaço geográfico

DOUTORADO

1996 PASSINI, Elza Yasuko Análise de Conteúdo: gráficos e livros didáticos de Geografia

2002 TONINI, Ivaine Maria Análise de Conteúdo: representação e produção de identidades

QUADRO 8 – Panorama temático dos trabalhos de pós-graduação sobre o livro didático de Geografia (1984-2004).

FONTE: Pinheiro (2003); www.capes.gov.br. ORGANIZAÇÃO: SILVA, Jeane Medeiros; 2005.

Em Análise do Discurso, há os trabalhos de Gonzaga (2000), com um estudo terminológico das Geografias Tradicional e Crítica e Ferreira (2004), com uma análise do discurso geográfico crítico. No Estudo Comparativo/Correlacional, vê-se a dissertação de Ribeiro (1987), focado no estudo do tema “população” e de Rockenbach (1993), centrada na Geografia Urbana. Na categoria Estudo de Caso, a pesquisa de Alves (1995) investiga a relação do professor com o livro didático de Geografia e Moraes (1998), que relaciona a produção acadêmica com a produção didática. Em História do Livro Didático de Geografia, têm-se os trabalhos de Colesanti (1984), estudando a constituição do livro de Geografia no contexto de

diversas reformas educacionais, analisando os conteúdos do clima nesse contexto, Medeiros (1989), e Pereira (1989), perfazendo trajetos do livro didático de Geografia. Cada um desses três eixos temáticos comparece duas vezes em suas categorias, perfazendo, cada categoria, 6% do conjunto total dos trabalhos acadêmicos mencionados.

FIGURA 5 – Produções de pós-graduação sobre o livro didático de Geografia (1984-2004): distribuição por categorias de eixos temáticos (%).

FONTE: PINHEIRO, Antonio Carlos; 2003; www.capes.gov.br. ORGANIZAÇÃO: SILVA, Jeane Medeiros; 2005.

Os eixos temáticos encerram-se com um trabalho na categoria Formação de Professores – o trabalho de Rua (1992) – que discute a formação e a prática de docentes, no tocante ao livro escolar de Geografia, a partir da perspectiva da autonomia.

Partindo dos quadros e dos gráficos que sistematizam as informações obtidas sobre a pesquisa do livro didático de Geografia no Brasil, se fazem centrais os seguintes questionamentos: por que se começa a estudar tão tarde o livro

didático de Geografia em pesquisas de maior fôlego (em 1984 apenas, sendo raríssimas as análises anteriores à década de 1980, quando muito, em pequenos artigos)? Por que o “boom” de pesquisas sobre o livro didático nos anos 2000 (quando em apenas cinco anos aparece quase o dobro de pesquisas correspondentes às duas décadas anteriores)?

Evidentemente que a resposta a esses questionamentos requer seus próprios caminhos de investigação. Porém, a reflexão sobre o perfil de pesquisas delineado acima pode indicar pelo menos duas hipóteses.

Pensando uma primeira hipótese, quanto ao início tardio dessas pesquisas, parece pertinente considerar o início igualmente tardio dos estudos sobre o ensino de Geografia brasileiro, no gênero das dissertações e teses, apenas engrenado em princípios da década de 1970; por outro lado, o distanciamento dos trabalhos quantitativos em educação, ou seja, o mergulho na “atmosfera” das análises qualitativas e de “crítica ideológica” emergente a partir de meados dos anos 1970 teria trazido os livros didáticos a um patamar de “seriedade” digno do debate intelectual, como se procurou demonstrar, de alguma maneira, no Capítulo anterior e neste. Assumindo o lugar da Geografia acadêmica, sabe-se que o livro didático desta matéria não tem reconhecido o papel, inclusive histórico, que os compêndios têm na Geografia brasileira desde os primórdios do pensamento geográfico no Brasil: o preconceito, de certa forma, ainda tolhe a compreensão destes manuais escolares. Na formulação de uma outra hipótese, sobre o crescimento expressivo de trabalhos acadêmicos enfocando os livros didáticos de Geografia, pode-se avaliar o papel das novas políticas públicas do livro didático, que trazem de volta velhas questões e colocam outras (novas) no cenário. Talvez se esteja vivenciando no Brasil uma “terceira onda” de expansão e consolidação, às vezes apenas quantitativa, da educação (pública), se se forem considerados os movimentos empreendidos pelo Estado Novo e pela Ditadura Militar: a quantidade de legislações, as novas unidades escolares, as políticas públicas de incentivo que contornam um movimento neste sentido.

No conjunto de trabalhos reunidos neste levantamento, destaca-se o início de pesquisas dos livros de Geografia de acordo com os fundamentos teórico- metodológicos da Análise do Discurso. Ressalva-se que são iniciativas situadas em

Instituições de pós-graduação em Lingüística, inclusive com abordagens teóricas divergentes – Gonzaga (2000), partindo de uma abordagem da Análise do Discurso francesa, realiza um trabalho de análise lexical de manuais de Geografia e Ferreira (2004) posiciona-se em outra tendência epistemológica, a Análise do Discurso Crítico. Deste modo, a presente dissertação estabelece-se como uma primeira pesquisa filiada à Análise do Discurso em uma instituição de Geografia, que é, sem dúvida, uma novidade teórico-metodológica na pesquisa do compêndio desta disciplina, bem como para qualquer outro conjunto de materialidade lingüística, na qual, conforme visto, é predominante a orientação das “análises de conteúdo”.

* * *

Os livros didáticos de Geografia analisados nesta pesquisa inserem-se como elementos da trajetória apresentada nestes Capítulos.

No próximo Capítulo, estreitando mais a aproximação com o objeto desta pesquisa, coloca-se o discurso geográfico-político em seu contexto de desenvolvimento, evidenciado como a Geografia Política e a Geopolítica instituem- se como formações discursivas da ciência geográfica e como/por quê estes saberes participam do ensino de Geografia, sublinhando-se o papel que representam e podem representar na constituição do estudante do Ensino Médio.

4 – RELAÇÕES DE PODER NO ESPAÇO GEOGRÁFICO: delimitando