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Os metais-traço estão presentes na litosfera, pedosfera, atmosfera e hidrosfera. Os processos naturais que controlam e modulam a transferência destes elementos entre os diferentes compartimentos vem interagindo ao longo do tempo. Entretanto, a atividade humana, principalmente exercida durante este século, tem alterado os ciclos biogeoquímicos que influem a transferência destes elementos. (SALOMONS & FÖRSTNER, 1984).

Os elementos-traço ocorrem e permanecem em forma natural, porém seu estado químico pode ser alterado por ações físico-químicas, biológicas ou antrópicas. Estas atividades podem modificar drasticamente a toxicidade destes elementos e suas formas químicas. Apesar de serem tóxicos, quando presentes em concentrações elevadas, possuem relativo valor para o ser humano, por seus usos na indústria, agricultura, medicina e farmacologia. Em alguns casos, são essenciais em funções bioquímicas e fisiológicas. No entanto, esses elementos podem causar danos a saúde do homem, por serem absorvidos e acumulados por meio da teia trófica e através da contaminação do ar e dos mananciais hídricos, muito prejudicados quando estão próximos às atividades de indústrias e mineração (SALGADO, 1996).

Alguns elementos são causadores de tumor maligno em seres humanos e animais. Os elementos arsênio (As), níquel (Ni), cloro (Cl) e seus componentes têm se mostrado cancerígenos, sendo que algumas pesquisas indicam o provável surgimento de câncer através de alguns elementos. O sistema nervoso central (SN) é geralmente o mais afetado pelos elementos tóxicos, como mercúrio (Hg) e outros compostos sob a forma de vapor de metil-mercúrio. Segundo LU (1996), compostos orgânicos de chumbo (Pb) são principalmente neurotóxicos e sua exposição a níveis elevados podem causar encefalopatia. Os rins atuam como organismos excretores do corpo e, desta forma, são alvos de alguns metais-traço. O cádmio (Cd) afeta diversas funções, causando excreção de pequenas moléculas, proteínas, aminoácidos e glicose por via urinária. Alguns componentes de Hg, Pb, Cr e Pt também podem afetar de maneira negativa o sistema renal. O sistema respiratório é o primeiro a sofrer conseqüências da exposição excessiva de metais, levando

a variados tipos de reações, como inflamação e irritação das vias respiratórias. O prolongado tempo de exposição de alumínio (Al) e ferro (Fe) pode ocasionar fibroses (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 1999).

III.13.1 - Os efeitos do Pb

O chumbo (Pb) é um dos mais abundantes elementos tóxicos e está presente em vários lugares. Este elemento tem sofrido um acrécimo ambiental acentuado devido ao crescimento industrial que requer um aumento nas atividades de mineração. Normalmente os níveis de chumbo (Pb) no solo, são da ordem de 5 a 25 mg/Kg; no nível freático de 1 a 60 µ/L e valores baixos na superfície da água; no ar o nível é de cerca de 1 µ/m3, podendo

estes níveis se elevarem nas áreas de tráfego intenso de veículos (LU, 1996). Trabalhos recentes (ENVIRONMENTAL HEALTH CRITERIA – EHC, 1995), alertam para evidências de que a exposição a baixos níveis de chumbo pode causar significativos efeitos na saúde, particularmente em bebês e jovens. A maior fonte de contaminação para adultos, está na alimentação, bebidas e água. O chumbo (Pb) pode ser retido em tecidos e ossos, principalmente quando as dietas são deficientes em cálcio (Ca), fosfato (PO4-2), selênio (Se)

e zinco (Zn) (EHC, 1995). O maior uso industrial talvez seja o de aditivo na gasolina, além de pigmentos para pinturas, que contribuem para aumentar os níveis de Pb no ambiente. Ainda que tenham sido gradualmente diminuídos, persistem em baterias e cabos condutores.

Segundo LU (1996), a toxicidade do Pb influi, principalmente, no sistema sanguíneo. A anemia é evidente quando uma exposição moderada de Pb ocorre, levando à concentração de 50µg/dl, sendo que outros efeitos podem ser observados com poucos níveis de exposição. O sistema nervoso também é vítima do Pb, sendo que altos níveis de exposição, em torno de 80µg/dl no sangue, podem desenvolver edema cerebral (LU, 1996).

Há mais de 4.000 anos o chumbo é utilizado sob várias formas, principalmente por ser uma fonte de prata. Antigamente, as minas de prata eram de galena (minério de chumbo), um metal dúctil, maleável, de cor prateada ou cinza-azulada, resistente à corrosão. Os principais usos estão relacionados às indústrias extrativa, petrolífera, de baterias, tintas e corantes, cerâmica, cabos, tubulações e munições.O chumbo pode ser incorporado ao cristal na fabricação de copos, jarras e outros utensílios, favorecendo o seu brilho e durabilidade. Assim, pode ser incorporado aos alimentos durante o processo de industrialização ou no preparo doméstico. Compostos de chumbo são absorvidos por via respiratória e cutânea (SALGADO, 1996). Os chumbos tetraetila e tetrametila também são absorvidos através da pele intacta, por serem lipossolúveis. O sistema nervoso, a medula óssea e os rins são considerados órgãos críticos para o chumbo, que interfere nos processos genéticos ou cromossômicos e produz alterações na estabilidade da cromatina em cobaias, inibindo reparo de DNA e agindo como promotor do câncer (ATSDR, 1997). A relação chumbo - síndrome associada ao sistema nervoso central depende do tempo e da especificidade das manifestações. Destaca-se a síndrome encéfalo-polineurítica (alterações sensoriais, perceptuais, e psicomotoras), síndrome astênica (fadiga, dor de cabeça, insônia, distúrbios durante o sono e dores musculares), síndrome hematológica (anemia hipocrômica moderada e aumento de pontuações basófilas nos eritrócitos), síndrome renal (nefropatia não específica, proteinúria, aminoacidúria, uricacidúria, diminuição da depuração da uréia e do ácido úrico), síndrome do trato gastro-intestinal (cólicas, anorexia, desconforto gástrico, constipação ou diarréia), síndrome cardiovascular (miocardite crônica, alterações no eletrocardiograma, hipotonia ou hipertonia, palidez facial ou retinal, arteriosclerose precoce com alterações cerebrovasculares e hipertensão) e síndrome hepática (interferência de biotransformação). Outra doença provocada pelo chumbo muito conhecida, é o saturnismo devido à exposição crônica de chumbo e seus compostos

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