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4. ESTRUTURA CONCEITUAL E DESENVOLVIMENTO DE HIPÓTESES

4.6. ESTRUTURAÇÃO DO FRAMEWORK CONCEITUAL E

4.6.1. Metodologia de construção do framework conceitual

O processo de construção do framework conceitual derivou-se inicialmente de uma revisão sistemática da literatura, selecionando os modelos, dimensões, categorias e práticas verdes relacionadas ao gerenciamento das práticas verdes nas cadeias de suprimento. Num segundo momento, avaliaram-se as definições das dimensões, categorias e suas práticas verdes, a fim de apoiar na análise do conteúdo. Procurou-se entender as relações entre as dimensões e categorias; na sequência, a relação das práticas verdes com as categorias, permitindo uma análise da importância das dimensões perante as categorias e suas respectivas práticas verdes. Deste modo, com essa delimitação, foi possível esboçar as primeiras versões do framework, onde o mesmo foi sendo ajustado à medida que era avaliado pelos pesquisadores e, a posteriori, pelos especialistas. Nessa etapa, considerações foram realizadas, em especial quanto à organização das categorias junto ao framework conceitual, seguindo os passos expostos por Kassarjian (1977), Seuring e Müller (2008).

A partir da análise dos modelos e concomitante revisão da literatura, a Figura 15 representa o framework conceitual que considera as dimensões e categorias que sustentam a discussão acerca das práticas verdes na cadeia de suprimento. O framework conceitual propõe apoiar o gerenciamento das práticas verdes nas cadeias de suprimento. As categorias foram organizadas considerando suas relações com as dimensões do modelo, bem como observando suas relações com a cadeia de suprimento (atividades internas da cadeia de suprimento e suas relações com os parceiros a nível downstream e upstream).

Para a definição e disposição das categorias no framework, foram aproveitadas as informações disponibilizadas pelos artigos selecionados. Na sequência, os nomes e conceitos similares que foram encontrados foram ajustados de acordo com a sua proximidade (por exemplo, Green Design, Eco Innovation foram enquadrados como Eco Design). A revisão sistemática da literatura desdobrou uma quantidade imensa de informações e dados; porém, a sua organização foi fundamental para sustentar e orientar a condução da construção do

framework conceitual. Nesse sentido, as dimensões e categorias que foram encontradas a partir

94 agrupar e aprofundar as práticas verdes que foram identificadas.

Ademais, as reuniões com os especialistas oportunizaram a análise e avaliação das práticas verdes identificadas na revisão da literatura, bem como na análise das categorias e dimensões para a proposição do framework conceitual. Para a presente pesquisa, ocorreram três encontros com cada especialista, sendo que foram convidados três especialistas que possuem ampla experiência acadêmica e empresarial com o tema. As considerações dos especialistas concentraram-se no nível da disposição das práticas verdes junto às categorias, somado à organização das categorias junto às dimensões.

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Figura 15 - Framework conceitual para avaliação das práticas verdes nas cadeias de suprimento

Fonte: Própria do autor

Upstream Internal Supply Chain Downstream

DIMENSÃO E ST R A T É G IA IN O V A Ç Ã O O P E R A Ç Ã O CATEGORIA Estratégia Ambiental Desempenho Verde Cooperação Fornecedor Cooperação Cliente Comunicação Recuperação do Investimento Produto Verde Processo Verde Organizacional Marketing Verde Mercado Verde Tecnologia Ambiental Compras Verdes Manufatura Verde Armazenagem Verde Distribuição Verde Logística Reversa Prevenção da Poluição Redução da Poluição Destinação Final PRÁTICAS VERDES Comunicação . Fluxo de Informações; Estratégia Ambiental

. Planos e metas ambientais; . Gerenciamento do risco ambiental; . Certificação Ambiental– ISO 14001; Desempenho Verde . Programa de auditoria ambiental; . Monitoramento; . Acidentes ambientais; . Benchmarking; Cooperação Fornecedor . Suporte e educação; . Joint ventures; . Rotulagem Ecológica; . Embalagem Verde; . Cooperação com fornecedor na produção mais limpa; . Redução da utilização de material perigoso e tóxico;

Cooperação Consumidor . Joint ventures; . Cooperação com o consumidor na produção mais limpa; . Cooperação com o consumidor quanto a preocupação ambiental; Recuperação do Investimento . Venda de resíduos, material obsoleto, inventário em excesso.

Processo Verde . Estruturas de controle para redução de defeitos; . Conformidade com padrões de qualidade;

. Design de processo visando redução de desperdício; . Princípios Lean para evitar o uso excessivo; Eco Design . Definição de componentes e matéria-prima; . Definição de produtos e componentes; . Característica do produto; . Uso de energia; . Resíduos; Produto Verde . Projeto de produtos que evite ou reduza o uso de produtos perigosos e / ou seu processo de fabricação; . Projeto de produto que valorize a reutilização, reciclagem, recuperação de materiais e componentes; . Design para eficiência de recursos; Organizacional

. Compromisso dos gerentes seniores; . Suporte para gerentes de nível médio e estratégias de GSCM; . Estratégia Organizacional; . Cooperação multifuncional para preservação ambiental; . Número de patentes; . Certificação ISO 14001;

Marketing Verde

. Atualização de sites da empresa sobre questões ambientais; . Adotando argumentos de conservação de recursos e energia em Marketing;

. Atrair clientes com iniciativas e serviços ecológicos; . Fornecendo aos clientes informações de serviço ecologicamente corretas;

. Investir em publicidade ecológica;

Green Market . Produtos com características ambientais; Tecnologia Ambiental . Ferramentas de gestão ambiental; . Habilidades em P&D; . Design inovador; Armazenagem Verde . Armazenagem e construção verde; Green Distribution . Embalagem e documentação; . Distribuição de produtos; Manufatura Verde . Qualidade do serviço interno;

. Produção Mais Limpa; . Gerenciamento do inventário;

. Plano interno de produção verde;

Logística Reversa . Remarketing; . Retorno das embalagens; . Inspeção e Classificação;

Prevenção da poluição . Sistema de prevenção de risco; . Materiais perigosos e tóxicos;

Compra Verde . Especificações para fornecedores; . Embalagem Verde; . Seleção de Fornecedor; . Auditoria de Fornecedor; . Avaliação de fornecedores de segundo nível; Redução da poluição . Lixo sólido; . Gerenciamento do carbono; . Consumo de água e energia; Destinação Final . Lista de substâncias; . Uso de filtros; Eco-design

96 O framework conceitual considera, mesmo que de forma holística, os macros processos encontrados nas cadeias de suprimento, sendo elas: (i) relação no nível upstream; (ii) internal

supply chain; (iii) relação a nível down stream. Os macros processos congregam um conjunto

de 21 categorias distribuídas em 03 dimensões. A distribuição das categorias está organizada conforme sua interação na cadeia. Na dimensão estratégica, as categorias estratégia ambiental (SEURING, 2013), performance verde (DARNALL; JOLLEY; HANDFIELD, 2008), recuperação do investimento (ZHU; SARKIS; LAI, 2013) e comunicação (SEURING; MULLER, 2008) relacionam-se nos três níveis. A categoria cooperação relaciona-se tanto no nível upstream – Cooperação com o fornecedor (ZHU; SARKIS; LAI, 2013), quanto no nível

down stream – Cooperação com o Cliente (JABBOUR et al., 2014). Na dimensão inovação, a

categoria Eco Design (ZHU; SARKIS; LAI, 2013) relaciona-se no nível interno da cadeia e

upstream. Enquanto, as categorias produto verde (BOSE; PAL, 2012) e processo verde (BOSE;

PAL, 2012) estão presentes no nível interno da cadeia de suprimento.

As dimensões Marketing Verde (GREEN JR; WHITTEN; INMAN, 2012) e mercado verde (SELLITTO et al., 2015) relacionam-se no nível interno da cadeia de suprimento e down

stream. E a categoria tecnologia ambiental (RAO; HOLT, 2005) e organizacional (ZHU;

SARKIS; LAI, 2013) relacionam-se nos três níveis da cadeia. Na dimensão operações, a categoria manufatura verde (BOSE; PAL, 2012) está presente no nível interno da cadeia de suprimento. Além de estar presente na gestão interna da cadeia de suprimento, as categorias compras verdes interagem no nível de relacionamento upstream (ZHU; SARKIS; LAI, 2013) e a categoria distribuição verde e armazenagem verde (PEROTTI et al., 2012) no nível de relacionamento down stream (RAO; HOLT, 2005). Por último, as categorias logística reversa, prevenção da poluição, redução da poluição e destinação final relacionam-se nos três níveis da cadeia (RAO; HOLT, 2005).