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CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

4.2 Metodologia de Pesquisa

Nas ciências humanas, os fatos observáveis não podem ser tratados como coisas, pois estão sujeitos às interpretações dos indivíduos a eles relacionados imprimindo diferentes reações a uma dada situação. “É igualmente o caso do pesquisador: ele também é um ator agindo e exercendo sua influência” (LAVILLE e DIONNE, 1999, p. 33). Seu papel vai além do modelo positivista de mero observador da realidade, porque se envolve com ela, interage, interpreta, interfere. Por isso, temos a plena consciência de que os resultados desta pesquisa são relativos e provisórios.

Nesta pesquisa, busca-se compreender a mobilização de habilidades de leitura no momento de responder a itens de prova de leitura, procurando descrever sua complexidade

para então propor intervenções eventuais. Portanto, com vistas a determinar os fatores múltiplos envolvidos nas situações observadas compreendendo sua complexidade, cientes dos limites de nossa compreensão – que a tornam relativa – nossa pesquisa baseia-se em escolhas e interpretações, o quanto possível, racionais e objetivas.

Neste capítulo, pois, nos concentramos em detalhar a operação de objetivação que empreendemos ao colher, tratar e interpretar os dados. Diante do problema frente ao qual se deparou, no início do doutoramento – verificar como itens de avaliação de leitura eram formulados pelos professores e como tais itens poderiam revelar um diagnóstico dos estágios no processo de compreensão da leitura em que se encontravam os alunos avaliados – percebeu-se a necessidade de se colher novos dados. Por isso esta pesquisa tem dois Blocos de dados: o primeiro composto por avaliações elaboradas por professores e aplicadas a seus alunos entre 2007 e 2011; e o segundo com itens elaborados em 2013, especialmente para a testagem dos conhecimentos e habilidades mobilizados pelos alunos no momento do teste; tendo agora, como hipótese, o fato de que os alunos mobilizam as mesmas habilidades quando confrontados com itens de mesma espécie, ainda que elaborados de forma muito distinta, por exemplo, questões abertas e questões de múltipla escolha, buscando concluir que a interferência da formulação do item sobre o resultado do aluno é mínima ou quase nula.

Lançamos mão de diferentes aspectos de múltiplas abordagens metodológicas visando a explicar de modo bastante adequado e suficientemente objetivo o conjunto de fenômenos sobre os quais nos dedicamos a pesquisar e compreender. E, nesse sentido, assumimos uma visão piagetiana da aprendizagem em que se procura saber quais as operações mentais o aprendiz efetua no momento da construção do saber, no nosso caso, mais especificamente, como aprende a ler – no sentido mais amplo do termo – e ainda como

tornar esses alunos capazes de fazer tais operações, ou seja, adquirir, desenvolver e consolidar habilidades de leitura, por meio da prática pedagógica.

Trata-se, portanto, de uma pesquisa essencialmente quali-quanti, interpretativa, de cunho observacional e crítico, com materialidade e visualização das questões descritas por meio de entes estatísticos e numéricos. A convergência de diferentes metodologias inclui indução, de comparação, de estatística básica.

As etapas e procedimentos da execução desta pesquisa encontram-se no quadro a seguir:

ETA- PAS

PROCEDIMENTOS

1 Levantamento dos produtos gerados nos cursos de formação para professores ocorridos de 2007 a 2011: Provas de Leitura e Relatórios de Desempenho.

2

Seleção dos registros para a geração de dados de pesquisa, de acordo com o seguinte critério: recolher e utilizar as avaliações aplicadas a alunos do 5º ano de escolas das redes municipais de Alfenas (2008), Boa Esperança (2007), Bom Sucesso (2009), Cana Verde (2007), Carmo da Cachoeira (2007), Carmo da Cachoeira (2010), Coqueiral (2007), Luminárias (2007), Paraguaçu (2011), Santa Rita do Sapucaí (2009) e São Gonçalo do Sapucaí (2007). (As provas elaboradas constam do CD de anexos).

3 Realização de análise estatística dos dados, a partir das tabelas e gráficos dos relatórios da consultoria prestada pelo pesquisador.

4 Classificação dos itens das provas selecionadas em 4 categorias: A) Mais recorrentes, B) Com mais alto desempenho, C) Com mais baixo desempenho, e D) Menos recorrentes.

5

Análise quantitativa dos dados de desempenho dos alunos para posterior observação da presença de padrão nos resultados, quando comparada uma mesma habilidade em provas distintas.

6 Análise qualitativa dos itens em busca de explicações para o desempenho dos alunos nas provas selecionadas, considerando-se duas habilidades por categoria.

7 Análise qualitativa dos itens de cada uma das habilidades de cada uma das categorias. 8 Novo redirecionamento no tratamento dos dados.

9 O novo recorte metodológico: consideradas habilidades relevantes verificadas em itens da Categoria A , Categoria B e Categoria C. A Categoria D foi desprezada da análise.

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Levantamento de problemas de construção dos itens e análise da qualidade dos diagnósticos realizados pela consultoria a partir dos índices estatísticos de desempenho dos estudantes.

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Nova coleta de dados, agregando-se à investigação, as atividades desenvolvidas por bolsistas do PIBID em escolas parceiras da cidade de Alfenas, MG, durante o primeiro semestre de 2013.

12

A partir das contribuições da Análise Textual dos Discursos, foi elaborado novo teste, em 4 versões distintas e aplicadas por bolsistas do PIBID a dois grupos amostrais de alunos das turmas que os graduandos acompanham em suas atividades.

13 Os testes realizados antes dessa etapa compreendem o Bloco 1, e os desenvolvidos e aplicados pelos bolsistas, passam a integrar o chamado Bloco 2 de dados da pesquisa.

14 Verificação de desempenho aferido para a análise da natureza das respostas dos alunos.

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Análise estatística do desempenho (acertos e erros) dos alunos dos grupos amostrais no teste e estabelecimento de relação entre desempenho e análise qualitativa (conteúdo das respostas dadas pelos alunos e das justificativas redigidas por eles).

Da análise dos dados colhidos após os cursos de formação continuada verificaram-se aspectos da estrutura textual expressos por meio de “descritores” de habilidades envolvidas na leitura dos textos, tais como a inferência, o reconhecimento da função de elementos linguísticos referenciais (repetições, substituições, elipses, formas pronominais) e ainda o estabelecimento de relações lógico-discursivas entre partes e elementos do texto, dentre outros.

Tais elementos, evidenciados pela Linguística Textual, são tratados pelos manuais das avaliações sistêmicas (SEE/Caed, 2009) como indicadores de algumas habilidades de leitura e traduzidos em “descritores” de habilidades/capacidades que alimentam a “Matriz de Referência” das avaliações, conforme se verá no capítulo 5, a seguir, reservado à análise dos dados do Bloco 1.