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Metodologia de Projetos

No documento mariagildadeoliveiraalves (páginas 99-103)

1 A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA NO BRASIL, O SISTEMA MINEIRO DE

2.1 Os Eixos de Análise

2.1.4 Metodologia de Projetos

Atualmente, as escolas, assim como outras organizações, possuem grandes desafios, entre eles o de criar condições para apresentar desempenhos mais eficazes e ajustáveis às crescentes demandas que vão surgindo. A responsabilidade de superar esses desafios é direcionada, principalmente, às figuras de seus representantes, que precisam criar estratégias para efetivar os objetivos da instituição que representam.

A presente subseção apresenta um entendimento objetivo do que é necessário para o sucesso e de como pode ser promovido, pois disso depende a sobrevivência e competitividade de qualquer organização moderna, inclusive das instituições de ensino.

Segundo Dinsmore (1992 apud Lück, 2013), um projeto é um empreendimento com começo e fim definidos, dirigidos por pessoas, para cumprir metas estabelecidas dentro de parâmetros de custo, tempo e qualidade.

De acordo com a visão de Lück (2015b), a prática de elaboração de projetos atende, entre outras funções, às necessidades de:

i) sistematizar e integrar em conjuntos organizados ações que, do contrário, permaneceriam desarticuladas e até mesmo conflitantes entre si; ii) definir claramente, e com visão realista, os resultados pretendidos pelas ações, de modo a maximizar os esforços para a consecução dos resultados mais significativos; iii) agir a partir de situações claramente entendidas; iv) dimensionar, articular e organizar os recursos, as condições, a energia e o talento de equipe para a sua efetivação; v) oferecer condições de retroalimentação e melhoria contínua das ações; vi) compreender, pela reflexão a partir do monitoramento e avaliação, a relação entre processos e resultados (LUCK, 2015b, p.16).

Percebe-se que, muitas vezes, os processos de mudanças, de enfrentamento de problemas, partem de opiniões e de ideias vagas, sem um diagnóstico aprofundado da realidade que se vive, podendo levar a um agravamento da situação-problema. No sentido de buscar resolver situações problemáticas, faz-se necessário ter uma visão global, crítica e analítica da realidade conforme pontua Lück (2015b, p. 18):

Elaborar projetos vem atender a essas necessidades, pois constitui um processo de concentração de inteligência, articulação de esforços e de condições necessárias para garantir o enfrentamento de desafios e a superação desejada de obstáculos específicos e claramente delineados, assim como o aproveitamento de oportunidades de desenvolvimento (LUCK, 2015b, p.18).

O método de projetos na gestão, em geral, traz múltiplas vantagens, pois é considerado fundamental à efetividade do trabalho dos gestores e, consequentemente, de suas organizações:

Estabelecer novos horizontes e patamares mais elevados de serviços [...]; promover consistência e unidade de propósito e das ações necessárias à sua efetivação [...]; definir operacionalmente condições e estratégias para apoiar melhorias necessárias; mobilizar e direcionar esforços [...] delinear condições necessárias para a realização de objetivos e metas organizacionais; dimensionar adequadamente os insumos necessários [...]; maximizar o uso e distribuição do tempo [...]; estabelecer o ordenamento e a especificação dos procedimentos necessários à ação; garantir controle sobre as situações desencadeadas, recursos e energias mobilizados e seus resultados; garantir o registro da história das ações e movimentos da organização [...]; estruturar as condições necessárias ao monitoramento e avaliar as ações e processos desde o seu início até seu término, o que possibilita sua retroalimentação e necessária autocorreção, quando necessário; estabelecer compromisso e comprometimento com a ação voltada à produção de resultados; permitir, pelo processo de análise dos projetos desencadeados, a avaliação de seus resultados, o amadurecimento da organização e a empregabilidade dos envolvidos; comunicar a imagem da organização aos seus colaboradores, usuários e clientes (LÜCK, 2015b, p. 19).

Apesar de todas as vantagens elencadas na citação anterior, na elaboração de projetos, há de se considerar também as inúmeras dificuldades encontradas nesse processo devido à resistência dos gestores e professores. O Quadro 12

apresentado a seguir traz as dificuldades mais comuns apontadas pelos gestores a respeito da elaboração de projetos:

Quadro 12 – Dificuldades Apontadas na Elaboração de Projetos

1 Falta de tempo para planejar.

2 Preocupação com soluções imediatistas. 3 Influência de pressões do contexto de trabalho. 4 Hesitação em assumir responsabilidades.

5 Falta de conhecimentos sobre o planejamento e a habilidade em planejar. 6 Falta de conhecimento sobre o objeto de planejamento.

7 Descrédito quanto ao planejamento.

8 Dificuldades pessoais do gestor-planejador.

Fonte: Lück (2015b).

No exercício da função de dirigente escolar, há, conforme explicitado no Quadro 12, dificuldades que desvirtuam a realização de um trabalho eficaz dentro da instituição. Destaca-se, principalmente, a falta de tempo de planejar, a falta de conhecimentos sobre o ato de planejar e ainda o descrédito em relação ao planejamento. De acordo com Lück (2015b, p. 49), a elaboração de projetos “[...] é um processo complexo que envolve uma variedade de aspectos, cuja compreensão permite ao gestor desempenhar de modo mais eficaz essa importante função de gestão”. Os principais aspectos considerados pela referida autora dizem respeito às fases de elaboração dos projetos e ao processamento de informações.

No que se refere ao primeiro aspecto, são identificadas três fases em sua elaboração: estudos preliminares, anteprojeto e projeto (HOLANDA, 1974 apud Lück, 2015b). Os estudos preliminares permitem uma aproximação do projeto ao objeto para o direcionamento mais efetivo das necessidades e perspectivas. Com essa finalidade, são realizadas investigações exploratórias na busca de definição das pessoas que devem ser envolvidas na elaboração e implementação do projeto. Através do anteprojeto, delineia-se o processo de decisão, feito a partir da coleta e análise de dados mais aprofundada mediante processo participativo dos envolvidos. A terceira e última fase apresenta a definição do projeto final de maneira bem detalhada mediante análise ampla e objetiva dos dados e informações coletados.

O Quadro 13 a seguir mostra as características principais que os projetos devem ter para a garantia de funcionamento:

Quadro 13 – Características de Projetos que Funcionam

1 Aplicabilidade 7 Globalidade

2 Clareza 8 Objetividade

3 Consistência 9 Responsabilização

4 Coerência 10 Unidade

5 Criatividade 11 Visão estratégica 6 Flexibilidade

Fonte: Lück (2015b, p. 82).

Além das características apresentadas, que são imprescindíveis para a garantia da qualidade da ação desencadeada, pois servem para direcionar, organizar e mobilizar a ação e os recursos, promovendo os resultados pretendidos. Outro fator importante é a participação e o envolvimento dos atores, vistos como condição básica para evitar resistências e tensões desnecessárias, uma vez que essa melhoria depende de ação comprometida e coletiva. Essa constatação vai de encontro ao fato de, na escola em questão, o cumprimento do Módulo II ser realizado pelos professores de forma individual, desprezando-se o momento para reflexões e planejamentos coletivos.

Em 2007, o governo mineiro implantou em sua rede o Projeto de Intervenção Pedagógica, popularmente conhecido como PIP. O referido projeto, enquanto elaboração, implementação e monitoramento de um plano de intervenção, era entendido como uma ação de gestão estratégica. Entretanto, com base nos estudos apresentados, ele não funcionou porque fez parte de uma política Top/Down, ou seja, que foi imposta pela secretaria às escolas. Ele não foi elaborado no “chão das escolas”, o que gerou uma grande resistência por parte dos docentes. Vê-se que o envolvimento e o comprometimento dos atores educacionais na execução de ações são fundamentais para o sucesso de qualquer ação de intervenção pedagógica, principalmente dos professores, que estão diretamente em salas de aulas com os estudantes. Como descrito no capítulo anterior, no Ensino Médio, as dificuldades eram ainda maiores, uma vez que os alunos não dispunham de tempo para as aulas

do projeto. Ademais, também a falta de monitoramento, tanto pela escola quanto pela regional, levou ao desgaste e ao insucesso do PIP.

Com base no que foi exposto na pesquisa bibliográfica neste capítulo, os desafios colocados à gestão da Escola no que se refere à apropriação dos dados do SIMAVE envolvem questões complexas que se interligam a partir dos eixos de análise apresentados: gestão escolar democrática, apropriação de resultados, planejamento estratégicos e metodologia de projetos. A seção seguinte apresenta o percurso metodológico percorrido para o desenvolvimento desta pesquisa.

No documento mariagildadeoliveiraalves (páginas 99-103)