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O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica

No documento mariagildadeoliveiraalves (páginas 38-41)

1 A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA NO BRASIL, O SISTEMA MINEIRO DE

1.2 O SIMAVE e a Escola Vista Alegre

1.2.3 O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica

O PROEB, instrumento avaliativo instituído pelo SIMAVE, foi elaborado com o objetivo de medir, de forma censitária, o desempenho dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática na Educação Básica mineira. Nesse sentido, apresenta-se a seguir, na Figura 5, a evolução histórica desse programa:

Figura 5 – Linha do Tempo PROEB

Fonte: SIMAVE, 2015.

Conforme mostra a Figura 5, com dados retirados da Revista Eletrônica do SIMAVE, o PROEB avaliou, até 2014, os alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio das escolas estaduais e municipais de Minas Gerais. No primeiro Ciclo do PROEB, em 2000, as disciplinas avaliadas foram Língua Portuguesa e Matemática. No ano seguinte, foram avaliadas as Ciências Humanas e as Ciências da Natureza. Em 2002, foi avaliada Língua Portuguesa, exclusivamente, e, em 2003, Matemática. Nos anos de 2004 e 2005, não foram aplicadas as avaliações externas do SIMAVE. Entre 2006 e 2014, o programa voltou a avaliar as disciplinas estabelecidas em sua criação: Língua Portuguesa e Matemática (SIMAVE, 2015).

Com base na Figura 5, também é possível observar que, em 2015, o PROEB sofreu alterações em seu desenho, que vinha sendo aplicado desde 2006. O intuito do novo contorno foi alinhá-lo às avaliações nacionais e ampliar a abrangência das informações relativas ao desempenho alcançado pelos alunos. Em relação à nova dimensão de aplicação dos testes, foram incluídos o 7º ano do Ensino Fundamental e o 1º ano do Ensino Médio nos anos ímpares. Nos anos pares, manteve-se a avaliação do 5º e do 9º anos do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio (SIMAVE, 2015).

No que se refere à nova composição dos testes e aos procedimentos de aplicação, no sítio eletrônico do SIMAVE há informação de que no PROEB, de 2006 a 2014, a avaliação acontecia em dois dias: um dia para Língua Portuguesa e outro para Matemática. Assim, as disciplinas eram avaliadas em cadernos separados, o que levava cada estudante a responder, em cada dia, a 39 itens, distribuídos em três blocos de 13 itens cada. Em 2015, observa-se que os estudantes passaram a responder, em um mesmo caderno, a 52 itens, distribuídos em Língua Portuguesa e Matemática, sendo 26 para cada uma das disciplinas, organizados em blocos de 13 itens cada (SIMAVE, 2015).

A justificativa para as mudanças no PROEB é de que, assim, o programa passa a utilizar o mesmo desenho da Prova Brasil, ou seja, igual número de cadernos e de disciplinas e itens por caderno. Também em 2015, foi realizada uma revisão das Matrizes de Referência para a Avaliação do SIMAVE cuja elaboração fundamentou-se nas Matrizes de Referência do SAEB (7º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio) e na Matriz de Referência do ENEM (1º ano do Ensino Médio), bem como nos Conteúdos Básicos Comuns (CBC) e nas orientações curriculares da rede estadual de Minas Gerais.

Reitera-se que houve a redefinição dos padrões de desempenho estudantil utilizados até 2014 por se considerar que os quatro padrões (Baixo, intermediário, Recomendado e Avançado) são mais abrangentes na cobertura das habilidades avaliadas e mais precisos na distribuição dos alunos por grupos de desempenho.

Vale destacar também que, a partir de 2015, os resultados gerais do PROEB agregam todos os estudantes participantes, incluindo os alunos do sistema socioeducativo, das escolas indígenas e os alunos com deficiência.

Em relação à fase de aplicação dos testes do PROEB, em âmbito regional, há uma equipe, composta por duas inspetoras, que capacita previamente os diretores escolares para que estes realizem a capacitação de seus grupos de trabalho em suas respectivas escolas. No âmbito das unidades de ensino, as equipes de trabalho são compostas pelo diretor escolar, que coordena todo o processo de avaliação na escola; e pelo professor aplicador, atuante na própria escola, desde que não seja habilitado nas disciplinas avaliadas e, se possível, que não seja professor das turmas participantes. Além desses atores, forma-se uma comissão de acompanhamento, composta por pessoas da comunidade escolar para conduzir e assegurar a lisura na aplicação dos testes.

As avaliações do PROEB sofrem pouca variação em relação à época de aplicação. Os testes são aplicados geralmente entre o fim do mês de outubro e início do mês seguinte. Entretanto, seus resultados são divulgados em meados do ano subsequente. Essa morosidade no processo recebe críticas por parte dos educadores, mesmo considerando-se a extensão da rede educacional mineira. Os dados da participação das escolas são divulgados através dos Boletins Pedagógicos, disponibilizados no site do SIMAVE. Até a edição de 2014, os professores recebiam as Revistas Pedagógicas das disciplinas avaliadas, as quais, além do Boletim, continham informações básicas para a análise e interpretação dos resultados. Além dessas, a escola recebia uma revista específica voltada para o gestor: a Revista da Gestão Escolar, a qual trazia considerações a respeito da importância da utilização dos dados no cotidiano escolar. A edição de 2015 trouxe a Revista Eletrônica, que pode ser acessada através do site do SIMAVE19. A Revista apresenta os objetivos do SIMAVE, os principais conceitos relativos ao processo (Matriz, Item, Escala de Proficiência, Padrões de Desempenho). Ademais, traz uma Escala Interativa, na qual é possível inserir o resultado da escola e/ou de um aluno e ter uma visão de seu desempenho. Ao passar o mouse por seus intervalos, é possível verificar as habilidades já desenvolvidas e as não desenvolvidas pelos estudantes, bem como obter exemplos de itens de cada nível, com notas para sua resolução.

Apesar de tudo isso, para que os objetivos de ambos os sistemas de avaliação (nacional e estadual) sejam alcançados, faz-se necessário um trabalho

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amplo e coletivo no âmbito da escola acerca de sua utilização e da apropriação de seus resultados por todos os atores educacionais envolvidos nesses processos. Entretanto, o que se observa no contexto das escolas estaduais de Minas Gerais, de uma forma geral, é que nem sempre os dados obtidos através dessas avaliações são bem interpretados e, por isso, seu uso fica muito limitado. Segundo a secretária estadual de educação, Macaé Evaristo, a apropriação dos resultados das avaliações sistêmicas se configura em um desafio a ser enfrentado:

O desafio agora é pensar mecanismos para que os profissionais da educação e as escolas se apropriem do processo de avaliação, dos seus resultados e principalmente tenham uma visão de cada um dos estudantes, para que possam compreender melhor esses resultados e, portanto, produzir respostas a partir dessas avaliações. Também é importante que o SIMAVE possa ser compartilhado com as famílias, permitindo-lhes acessar esses dados (MINAS GERAIS, 2014, p. 5).

Nesse contexto, é fundamental que as escolas avaliadas, além de receber esse feedback de resultados, realizem, a partir dele, um acompanhamento minucioso no sentido de orientar tanto a prática dos docentes em sala de aula quanto o trabalho da equipe gestora da escola na apropriação dos resultados dos alunos.

É importante reconhecer que ações mais efetivas precisam chegar às escolas, uma vez que é de lá que vão partir as melhorias que refletirão nos resultados do estado de Minas Gerais nas avaliações nacionais e, consequentemente, no resultado do Brasil nas avaliações internacionais das quais participa.

Nesse cenário, desempenhando um papel mediador entre a SEE-MG e a instituição de ensino, foco desta pesquisa, está a SRE-Muriaé, cuja localização, estrutura organizacional e competência são apresentadas na próxima subseção.

No documento mariagildadeoliveiraalves (páginas 38-41)