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PARTE II – ESTUDO EMPÍRICO

1- METODOLOGIA DO ESTUDO

Est e est udo t em como t ema cent ral a perceção dos pais sobre a imunização dos adolescent es do sexo masculino cont ra o HPV.

A f ase met odológica, o invest igador det ermina num desenho a f orma de proceder para realizar o est udo de invest igação (Fort in, 2009).

Nest e capít ulo iremos def inir os obj et ivos e quest ões de invest igação, o t ipo de est udo, o cont ext o e os part icipant es no est udo, a t écnica de recolha de dados, as considerações ét icas, as est rat égias de t rat ament o e análise dos dados.

1. 1 – Objetivos e Questões de Investigação

Após a f ormulação da pergunt a de part ida dest e est udo: Qual a perceção dos pais dos adol escent es do sexo masculino relat ivament e à vacina cont ra o Vírus do Papiloma Humano?, f oram surgindo out ras quest ões de invest igação. Segundo Fort in (2009), as quest ões de invest igação são quest ões precisas, regist adas na at ualidade e incluem uma ou duas variáveis e a população a est udar. Assim emergiram as seguint es quest ões de invest igação:

• Que conheciment os é que os pais dos adolescent es do sexo masculino t êm acerca do HPV?

• Será que os pais dos adolescent es do sexo masculino t êm conheciment o de que a vacina cont ra o HPV j á se encont ra disponível t ambém para o sexo masculino?

47 A def inição dos obj et ivos da invest igação indica porque se leva a cabo a mesma (Fort in, 2009). Dest e modo def iniram-se os seguint es obj et ivos nest e est udo:

• Carat erizar sociodemográf icament e os pais dos adolescent es do sexo masculino;

• Avaliar os conheciment os dos pais dos adolescent es do sexo masculino em relação ao HPV.

• Ident if icar a perceção dos pais dos adolescent es do sexo masculino acerca da imunização cont ra o HPV.

1. 2 - Tipo de Estudo

Face à problemát ica em est udo, à quest ão de part ida, às quest ões de invest igação e aos obj et ivos def inidos ant eriorment e, opt ou-se por realizar um est udo de nat ureza qualit at iva, explorat ório e t ransversal.

Os mét odos qualit at ivos ocupam um reconhecido lugar ent re as várias possibilidades de est udar os f enómenos que envolvem os seres humanos e as suas problemát icas relações sociais, em diversos ambient es. Procuram e envolvem uma série de t écnicas e procediment os int erpret at ivos que procuram essencialment e descrever, descodif icar e t raduzir o sent ido e não a f requência dos event os ou f enómenos do mundo social (Teixeira, 2003).

A pesquisa qualit at iva é, habit ualment e, ut ilizada para analisar grupos ou experiências relacionadas com a saúde ou doença pouco conhecidas ou compreendidas (Driessnack, Sousa e Mendes, 2007). Segundo St reubert e Carpent er (2002) a invest igação qualit at iva t em-se dif undido mais nest es últ imos anos, à medida que a invest igação quant it at iva se most rou incapaz de descrever complet ament e os aspet os cult urais, os valores e os cont act os humanos. Os est udos qualit at ivos permit em enf at izar a perceção que se t em sobre o assunt o em est udo e est udar em prof undidade as pequenas unidades sociais. O est udo das realidades part iculares permit e explicar de f orma minuciosa, det alhada e rigorosa t oda a ação do est udo. Os invest igadores qualit at ivos dedicam-se á descobert a at ravés de múlt iplos modos de conheciment o, f azendo pergunt as sobre o

48 f enómeno em est udo de f orma a encont rar um mét odo ou uma abordagem apropriada para responder a esse f enómeno.

Foi um est udo explorat ório o que permit iu compreender e examinar os part icipant es da invest igação e t ransversal o que possibilit ou obt er uma visão geral próxima dos part icipant es naquele moment o (Fort in, 2009).

1. 3 – Contexto e Participantes

Nest e est udo, t odos os part icipant es residiam num concelho do Grande Port o. Est e possui uma área t ot al de 168, 42 km² , sit uado na margem sul do rio Douro (Inst it ut o Nacional de Est at íst ica - INE, 2012). A população resident e é no t ot al, segundo os Censos (INE, 2011), de 302.295 indivíduos, dist ribuídos pelas seguint es f aixas et árias: dos 0 aos14 anos são 46. 641 indivíduos; dos 15 aos 24 anos são 325. 544 indivíduos; dos 25-64 anos são 176. 452 e dos 65 ou mais anos são de 46. 658 indivíduos. Dest es 144. 490 são do sexo masculino e 157. 805 do sexo f eminino (INE, 2012).

Os part icipant es do nosso est udo f oram os pais de adolescent es do sexo masculino com idades compreendidas ent re os 13 e os 17 anos que respeit aram os seguint es crit érios:

• Ausência de problemas cognit ivos e de expressão oral; • Falassem a língua port uguesa;

• Aceit assem part icipar no est udo e assinassem o consent iment o inf ormado e esclarecido para part icipação na invest igação e para a gravação da ent revist a em f ormat o áudio.

Fort in (2009) menciona que na invest igação qualit at iva o invest igador deve t er em cont a as carat eríst icas dos part icipant es, sendo mais pert inent e recorrer a uma amost ra não probabilíst ica. Def ende ainda que os part icipant es respeit em crit érios precisos, dado que nest es est udos é import ant e que as pessoas t est emunhem a sua experiência. St reubert e Carpent er (2002) ref erem que numa invest igação qualit at iva, os indivíduos são selecionados de acordo com a sua prát ica, em primeiro lugar, cult ura, int eração social ou f enómeno de int eresse. A preocupação do invest igador é obt er uma explicação rica e densa do f enómeno em

49 est udo em vez de ut ilizar t écnicas de amost ragem que apoiem a generalização dos dados obt idos.

Para o recrut ament o dos part icipant es ut ilizou-se a t écnica met odológica designada “ bola de neve” ou snowball . Segundo Albuquerque (2009) em primeiro lugar est e t ipo de amost ragem permit e que o invest igador est abeleça alguns crit érios de inclusão para obt er os part icipant es do est udo; em segundo lugar, prevê que sej a pedido aos primeiros part icipant es no est udo inf ormações acerca de out ras pessoas que est ej am int eressadas em part icipar. A aut ora t ambém ref ere que o próprio invest igador pode ef et uar est e recrut ament o. Uma das limit ações dest a t écnica é o f act o das pessoas recrut adas pelo mét odo serem aquelas que est ão mais visíveis na população (Albuquerque, 2009).

Sanchez e Nappo (2002) ressalvam que o f act o de exist ir uma cadeia de pessoas que divulgam a ação pode assegurar uma maior het erogeneidade ent re os part icipant es, uma vez que permit e ident if icar pessoas pert encent es a diversos grupos sem relação de amizade ou parent esco, que cumprem os crit érios de seleção do invest igador. Est a t écnica permit e int egrar na amost ra, pessoas com perf is dif erent es e com dif erent es níveis económicos e sociais.

Nest e est udo, os primeiros part icipant es f oram recrut ados pela invest igadora e a seu pedido est es indivíduos deram inf ormações acerca de out ras pessoas com int eresse para part icipar no est udo (Fort in, 2009). No nosso est udo os part icipant es f oram 16 pais de adolescent es do sexo masculino com idades compreendidas ent re os 13 e os 17 anos. O período de colheit a de dados decorreu durant e o mês de abril de 2013.

1.4 - Técnica de Colheita de Dados

Na invest igação qualit at iva a f lexibilidade dos mét odos de colheit a de dados e análise permit e a descobert a de novos f enómenos ou o aprof undament o desses mesmos f enómenos. Nos est udos dest a nat ureza, a ent revist a é o principal mét odo de colheit a de dados (Fort in, 2009). A ent revist a é uma f orma part icular de comunicação verbal, est abelecida ent re o invest igador e os part icipant es, cabendo aos que part icipam decidir que inf ormações irão divulgar ao invest igador.

50 Pode desenvolver-se de uma f orma f ormal mas f lexível, permit indo capt ar o singular de cada ent revist ado (St reubert e Carpent er, 2002).

Na ent revist a, segundo (St reubert e Carpent er, 2002), o ent revist ador procura inf ormação ou a opinião do ent revist ado sobre o t ema em est udo. Para est es aut ores a ent revist a implica uma relação diret a, se bem que variável, ent re o ent revist ador e o ent revist ado. St reubert e Carpent er (2002) ref erem que a grande vant agem dest a t écnica de colheit a de dados é a sua f lexibilidade, podendo obt er-se dados sobre f act os e dados obj et ivos. Ao realizar a ent revist a o invest igador pode avaliar as condições em que est a se desenvolve, aj ust ar-se ao grau de conheciment o do ent revist ado e ao seu grau de compreensão. A ent revist a é út il para permit ir que a pessoa se j ust if ique, diga os porquês, diga o que pensa sobre o assunt o em discussão (St reubert e Carpent er, 2002).

Segundo (Fort in, 2009) exist e t rês t ipos de ent revist as:

• A ent revist a não dirigida, em que a f ormulação e a ordem das quest ões não são det erminadas previament e, sendo deixadas ao crit ério do ent revist ador, mas na maior part e das vezes é o ent revist ado que decide a direção a dar à ent revist a. O invest igador int roduz o t ema e os ent revist ados são encoraj ados a f alar livrement e sobre os t emas propost os pelo ent revist ador;

• A ent revist a dirigida, em que o ent revist ador t em um elevado cont rolo sobre o cont eúdo e o desenvolviment o da ent revist a. As quest ões são det erminadas ant ecipadament e, são f echadas e o ent revist ador é obrigado a seguir um quadro def inido. A ent revist a desenrola-se da mesma f orma para t odos os ent revist ados;

• A ent revist a semi-dirigida é muit o ut ilizada nos est udos qualit at ivos quando o invest igador quer compreender o signif icado de um acont eciment o ou de um f enómeno. Nest e t ipo de ent revist a o ent revist ador det ermina os t emas e as quest ões a realizar numa ordem que j ulga ser apropriada, deixando-se guiar pelo f luxo da ent revist a. Est e t ipo de ent revist a assemelha-se a uma conversa inf ormal, em que se pode começar pelas pergunt as mais simples e progressivament e colocar as mais complexas. No f inal da ent revist a t odos os t emas deverão t er sido t rat ados.

Tendo em cont a est es conceit os, opt ou-se pela ent revist a semi-dirigida, uma vez que est a é ut ilizada principalment e nos est udos explorat órios, quando o ent revist ador pret ende compreender o signif icado at ribuído pelos part icipant es a um acont eciment o ou a um f enómeno (Fort in, 2009).

51 As ent revist as realizadas t iveram como base um guião (Anexo I). O guião da ent revist a f oi const it uído por quat ro blocos, const ruídos a part ir da revisão da lit erat ura e dos obj et ivos do est udo. O primeiro bloco de pergunt as dirigiu-se à legit imação da ent revist a; o segundo, à carat erização sociodemográf ica dos pais dos adolescent es do sexo masculino; o t erceiro á avaliação dos conheciment os dos ent revist ados acerca do t ipo de doenças associadas ao HPV, ao modo como est as se t ransmit em e como se podem evit ar. No quart o conj unt o de pergunt as, pret endeu-se saber qual a perceção dos pais dos adolescent es acerca da vacina exist ent e para prevenir as inf eções causadas pelo HPV no sexo masculino.

Após a elaboração do guião da ent revist a f oram realizadas duas ent revist as como pré t est e, com a f inalidade de validar o seu cont eúdo, segundo Fort in, (2009), deve-se assegurar que a ent revist a sej a represent at iva do domínio que se desej a avaliar. A realização do pré t est e t eve como obj et ivo principal avaliar a ef icácia e a pert inência da ent revist a, bem como a sua adequação semânt ica das quest ões, o t empo necessário à sua aplicação e ext ensão da ent revist a. As pessoas ent revist adas eram pais de adolescent es do sexo masculino com idades compreendidas ent re os 13 e os 17 anos que respeit avam os crit érios ref eridos ant eriorment e. No f inal das duas ent revist as não f oi necessário f azer nenhuma alt eração ao guião da ent revist a est abelecido.

Na f ase de realização das ent revist as, inicialment e, a invest igadora, est abeleceu cont at o com os part icipant es, explicando os obj et ivos da pesquisa e agendando os encont ros. As ent revist as f oram conduzidas individualment e, f ace a f ace, em locais selecionados pelos part icipant es, no sent ido de promover a conf idencialidade, o conf ort o e f acilit ar a part ilha da inf ormação (St reubert e Carpent er, 2002).

Todas as ent revist as realizadas, f oram gravadas em f ormat o áudio e, post eriorment e, t ranscrit as na sua globalidade para f acilit ar a sua análise. Foram ainda codif icadas de E1 a E16, permit indo assim a conf idencialidade dos dados. Relat ivament e à duração das ent revist as, est as t iveram em média uma duração de 13 minut os.

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1. 5 – Questões Éticas

Na invest igação qualit at iva colocam-se desaf ios ét icos, que são cada vez mais complicados quando envolvem seres humanos. Os dilemas ét icos aument am no nosso quot idiano prof issional e a invest igação qualit at iva, por si só, acarret a considerações ét icas (St reubert e Carpent er, 2002).

Dest e modo, segundo as aut oras ant es ref eridas, f oram t idos em cont a os seguint es princípios ét icos:

• Princípio da não malef icência: os part icipant es não devem ser prej udicados com a invest igação, ist o é, se no decorrer do est udo o invest igador se aperceber que a ent revist a est á a f azer emergir dados que podem acarret ar sérias consequências, deve prot eger o bem-est ar dos part icipant es, t erminando a ent revist a ou f ornecendo aconselhament o; • Princípio da aut onomia: em que cada pessoa t erá a liberdade de decidir

livrement e sobre a sua part icipação ou não na invest igação;

• Princípios de benef icência e j ust iça: aplicam-se para garant ir a conf idencialidade e anonimat o aos part icipant es no est udo. É imperat iva a promessa de conf idencialidade ao part icipant e, garant indo-lhe que qualquer inf ormação que f orneça não seria divulgada publicament e ou t ornada acessível a quem não est iver envolvido na invest igação.

Tendo em cont a est es princípios, na nossa invest igação f oi explicado aos part icipant es o t ipo de est udo que est ava a ser realizado, se concordassem em f azer part e do est udo, f oi-lhes pedido o consent iment o inf ormado e esclarecido para a part icipação na invest igação e para gravação áudio da ent revist a. Permit indo uma legit imidade da decisão do ent revist ado e inf ormado de f orma volunt ária e compet ent e. Os consent iment os inf ormados f oram realizados em conf ormidade com o modelo de consent iment o inf ormado e esclarecido para part icipação em Invest igação (Anexo II) e o modelo de consent iment o inf ormado livre e esclarecido para gravação áudio (Anexo III) emanados pela Comissão de Ét ica para a Saúde da Administ ração Regional de Saúde do Nort e (ARS-Nort e). Todos os part icipant es assinaram os dois consent iment os, sem nenhuma obj eção.

As ent revist as f oram gravadas em f ormat o áudio, sendo garant ida a sua dest ruição ao f im de seis meses após a sua gravação.

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1. 6 - Estratégias de Análise e Tratamento de Dados

Na análise da inf ormação colhida ut ilizamos a análise de cont eúdo de acordo com o modelo de Bardin (2002). Segundo est a aut ora a análise de cont eúdo é carat erizada por um conj unt o de t écnicas de análise das comunicações, que emprega procediment os sist emát icos e obj et ivos de enumeração do cont eúdo das mensagens.

Bardin (2002) def ine t rês f ases para análise de cont eúdo: • A pré-análise;

• A exploração do mat erial ou codif icação;

• O t rat ament o dos result ados, a inf erência e a int erpret ação.

A pré-análise é considerada a f ase de organização. Segundo Bardin (2002), corresponde a um período de int uições, que t em por obj et ivo operacionalizar e sist emat izar as ideias iniciais. Est a primeira f ase t em por missão: a escolha dos document os ou def inição do corpus de análise, a f ormulação dos obj et ivos de análise e das hipót eses e a elaboração de indicadores que f undament am a int erpret ação f inal. No present e est udo, nest a f ase, procedeu-se à leit ura f lut uant e das ent revist as, f ormularam-se os obj et ivos de análise e as hipót eses e elaboramos os indicadores que nos aj udaram na int erpret ação f inal.

A f ase de exploração do mat erial, segundo Bardin (2002), é a et apa da codif icação em f unção das regras previament e def inidas pelo invest igador. A codif icação é o processo pelo qual os dados em brut o são t ransf ormados invariavelment e e agregados em unidades, que permit em a sua inclusão em cat egorias. As cat egorias são classes que reúnem unidades de regist o sob um t ít ulo genérico. Est e agrupament o é const it uído de acordo com os element os que apresent am part icularidades comuns. As cat egorias devem obedecer aos seguint es requisit os: exclusão mút ua; homogeneidade; pert inência; obj et ividade; f idelidade e produt ividade.

No nosso est udo, opt ou-se pela const rução de uma análise t emát ica, recorrendo à ident if icação e cont agem de um sist ema de cat egorias e subcat egorias, adot ando a f requência como unidade de enumeração. A const rução das cat egorias pode ser f eit a ant es ou depois da análise do cont eúdo, ou at ravés da combinação dest es dois processos. No present e est udo as cat egorias surgiram depois da análise do cont eúdo das ent revist as.

54 A t erceira f ase da análise de cont eúdo Bardin (2002), t rat ament o dos result ados permit e que os cont eúdos recolhidos se const it uam em dados quant it at ivos e/ ou análises ref lexivas, em observações gerais e individuais das ent revist as. Est a fase começa a desenvolver-se na et apa da pré-análise, mas é nest a que at inge maior at ividade, pois é aqui se realiza o t rabalho de maior ref lexão, ist o é, nest a f ase é que se aprof undam ideias, const it uem ligações indicam-se modif icações à realidade est udada.

Na present e invest igação, os cont eúdos recolhidos nas ent revist as f oram apresent ados de uma f orma descrit iva e f oram suj eit os a uma análise ref lexiva.

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