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Metodologia do Plano de Segurança de Saneamento

CAPÍTULO 1 ESTADO DA ARTE

1.3. PLANO DE SEGURANÇA

1.3.3. Metodologia do Plano de Segurança de Saneamento

A metodologia de um PSA pode ser vista na figura 3 e está dividida em 11 módulos de aprendizagem, como exemplificado na figura 4:

Figura 4 – Metodologia de um PSA (PSA, Vieira et al. 2005)

Por sua vez, um PSA está dividido em 5 fases distintas, das quais fazem parte cada um dos módulos:

 Fase de preparação;

 Fase de avaliação do sistema;

 Fase de monitorização operacional;

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 Fase de revisão e melhoria.

A mesma metodologia será aplicada à criação do PSS tendo em conta as respetivas modificações a efetuar. Para tal serão apresentados os pontos-chave a ter em conta no desenvolvimento de cada um dos módulos.

MÓDULO 1 - Constituir a equipa do PSS:

O ponto fulcral deste módulo é a seleção de profissionais que detenham quer as qualificações, quer a dedicação necessária para a elaboração e aplicação e manutenção do plano.

“A constituição de uma equipa qualificada e dedicada é um pré-requisito para assegurar a

especialização técnica necessária para desenvolver um Plano de Segurança da Água (PSA)” – (AdP –

Manual do PSA)

Esta equipa deve ser constituída por elementos da entidade gestora do sistema de saneamento bem como por elementos fora desta, mas que sejam considerados parte interessada.

Este módulo, por si só constitui a fase de preparação de um PSS. MÓDULO 2 – Descrever o sistema de saneamento:

Como referido anteriormente os sistemas de saneamento são sistemas muito complexos. Embora todos tenham pontos em comum, cada um deles (cada sistema independente) tem particularidades especiais, devendo ser analisados com cuidado devido a este facto.

Assim, antes de se iniciar a criação do Plano de segurança é necessário fazer um estudo cuidado de cada sistema para que nada passe despercebido.

“A primeira tarefa da equipa do PSA é descrever todo o sistema de abastecimento de água.” – (AdP –

Manual do PSA)

Para tal é necessário estudar todos os pontos-chave do sistema, tais como:

 A composição e a origem da água residual a tratar;

 O traçado e especificidades da rede de drenagem e os materiais que a constituem;

 O esquema de tratamento na ETAR, incluindo os processos de tratamento e os reagentes a utilizar;

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Só com uma cuidada análise destes fatores se poderá implementar um PSS fidedigno. MÓDULO 3 – Identificar os perigos e eventos perigosos e avaliar os riscos.

Este módulo tem dois pontos distintos que devem ser desenvolvidos em simultâneo: a identificação dos perigos/eventos perigosos e a avaliação dos seus riscos.

No primeiro ponto é necessário criar uma base de dados de todas as possíveis ocorrências no sistema, as suas características e estabelecer uma correlação com outros possíveis riscos a ocorrer, nomeadamente implicações que estes possam ter a jusante no sistema, ou se pode ser um problema causado por efeitos a montante.

Para tal pode-se aplicar o mesmo sistema utilizado no PSA:

Figura 5 – Base de dados de risco (PSA, Vieira et al. 2005)

No segundo ponto, deve-se iniciar pela criação de uma matriz de classificação de riscos como a utilizada no PSA, para tal considera-se um peso crescente para cada risco ou ocorrência conforme a probabilidade de isso acontecer ao longo de um dia.

Figura 6 – Exemplo de escala de probabilidade de ocorrência (PSA, Vieira et al. 2005)

De seguida cruzam-se estes dados com uma escala de severidade das consequências provocadas por um acidente no sistema, o qual terá um peso crescente conforme a gravidade das consequências para o próprio sistema e o meio envolvente.

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Figura 7 – Exemplo de escala de severidade das consequências (PSA, Vieira et al. 2005) Resultando assim, pelo cruzamento destas duas escalas, a matriz de Classificação de riscos.

Figura 8 – Matriz de classificação de riscos (PSA, Vieira et al. 2005)

Que será aplicada a cada um dos riscos identificados na primeira fase, concluindo-se assim este módulo.

MÓDULO 4 – Determinar e validar as medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos.

Para validar a aplicação do PSS é necessário que os métodos de controlo sejam apertados e fidedignos.

“As medidas de controlo (também referidas como "barreiras" ou "medidas de mitigação de riscos") são etapas no sistema de abastecimento de água para consumo humano que afetam diretamente a sua qualidade e garantem que a água cumpre permanentemente as metas de qualidade estabelecidas.

São atividades e processos aplicados para reduzir ou diminuir os riscos.” – (AdP – Manual do PSA)

Se houver falhas na monitorização do sistema é impossível determinar se o plano está a ser aplicado de forma eficaz. Logo um dos primeiros pontos deste módulo é garantir uma correta monitorização do sistema.

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A outra questão a ter em conta nesta fase é a reavaliação dos riscos, bem como a criação de uma matriz de priorização qualitativa dos riscos que será obtida a partir da matriz de Classificação de riscos.

Figura 9 – Matriz de priorização qualitativa de riscos (PSA, Vieira et al. 2005) Estes dois módulos deverão ser efetuados conjuntamente devido à sua interdependência. MÓDULO 5 – Desenvolver, implementar e manter um plano de melhoria.

É importante que o PSS esteja em constante atualização e melhoria. Assim é necessário manter um constante desenvolvimento do mesmo, mantendo-o o mais adequado possível a novos problemas a ocorrer no sistema.

“Identificar no plano de melhoria a curto, médio e longo prazo as medidas de mitigação ou controlo

para cada risco significativo, reconhecendo que essas medidas podem controlar também outros riscos menos significativos.” – (AdP – Manual do PSA)

Os módulos 2 a 5 constituem a fase de avaliação do sistema. MÓDULO 6 – Definir a monitorização das medidas de controlo

“A monitorização operacional inclui a definição e validação da monitorização das medidas de controlo e o estabelecimento de procedimentos para demonstrar que os controlos continuam a funcionar. Estas

ações devem ser documentadas nos procedimentos de gestão.

A definição da monitorização das medidas de controlo requer também a inclusão de ações corretivas

necessárias quando as metas operacionais não estão a ser alcançadas” – (AdP – Manual do PSA)

Neste módulo define-se e documentam-se quais as medidas de monitorização a adotar para que os requisitos exigidos nos módulos anteriores sejam sempre cumpridos.

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“A verificação deve demonstrar que a conceção global e a operação do sistema são capazes de

fornecer sistematicamente água de qualidade especificada para cumprir as metas de proteção da

saúde. Caso não cumpra essas metas, o plano de melhoria deve ser revisto e implementado.” – (AdP –

Manual do PSA)

No módulo 7 deve ser verificada a eficácia das medidas adotadas no PSS e se estas estão a ter os resultados esperados na gestão de riscos para o sistema de saneamento.

Ao contrário do PSA em que este pode ser feito consultando os consumidores de água, no PSS é necessário que haja um controlo apertado dos meios recetores das águas residuais tratadas e do meio ambiente em que se inserem as condutas de drenagem de águas residuais, recorrendo a etapas de monitorização periódicas previamente definidas.

Aquando a deteção de uma anomalia não considerada no plano de segurança deve-se proceder à atualização do mesmo.

Com os módulos 6 e 7 conclui-se a fase de monitorização operacional do PSS. MÓDULO 8 - Preparar os procedimentos de gestão

Todas as ações do PSS devem estar devidamente documentadas, quer para quando o sistema está a funcionar na normalidade, quer para uma situação de acidente. Essas ações devem ainda ter em conta diferentes medidas a adotar consoante a severidade e o tipo de acidente em causa.

Assim sendo, apenas com uma correta definição de medidas de ação, devidamente documentadas e conhecidas por toda a equipa interveniente no PSS se poderá alcançar um eficaz Plano de Segurança para Saneamento.

“A documentação de todos os aspetos do PSA é essencial. (…) Se a monitorização detetar que um

processo está a funcionar fora dos limites críticos ou operacionais especificados, é necessário agir para

restabelecer o funcionamento, corrigindo o desvio.” – (AdP – Manual do PSA)

MÓDULO 9 - Desenvolver programas de suporte

“Programas de suporte são atividades que suportam o desenvolvimento de competências e conhecimentos dos colaboradores, o seu compromisso com a metodologia de PSA e a sua capacidade

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Em analogia o mesmo ocorre para sistemas de saneamento. É necessário criar metodologias de suporte à implementação do PSS, de forma direta ou indireta, entre as quais se verificam medidas que possam colmatar a falta de conhecimentos em determinadas áreas, nomeadamente qual será a resposta do meio ambiente a um acidente deste tipo.

Os módulos 8 e 9 compõem a fase de gestão e comunicação do Plano de Segurança de Saneamento. Os dois últimos módulos constituem a fase de revisão e melhoria do mesmo.

MÓDULO 10 - Planear e executar a revisão periódica do PSS

Com já foi referido, o PSS necessita de estar em constante atualização para que seja possível combater todos os possíveis riscos/problemas que podem ocorrer, quer na atualidade, quer no futuro.

Assim é de extrema importância que este acompanhe os desenvolvimentos científicos e tecnológicos na área do saneamento, bem como a constante atualização das normas que regem estes sistemas. Estas revisões devem ser executadas pela equipa responsável pelo PSS e efetuadas periodicamente ou sempre que haja alterações ou avanços importantes para o mesmo. A periocidade das revisões deve ser estabelecida por esta mesma equipa.

“A Equipa do PSA deverá reunir-se periodicamente para a revisão do plano como um todo e aprender

com as novas experiências e novos procedimentos (para além das revisões regulares do PSA através

da análise dos dados obtidos na monitorização).” – (AdP – Manual do PSA)

Este processo é fundamental para a correta aplicação do PSS. MÓDULO 11 - Rever o PSS na sequência de um incidente

Da mesma forma que é necessário rever o PSS periodicamente, isto também deve ser feito na sequência de um acidente/incidente no sistema, ou seja após a sua aplicação que resultou de uma ocorrência deste tipo. Essa ocorrência introduzirá alterações no sistema, sendo, muitas vezes necessária a sua remodelação e consequente atualização do PSS.

Por outro lado é importante que se faça uma análise cuidada da resposta do plano ao acidente, com vista a melhorá-lo no futuro, de forma a que se evitem novos acidentes do género, ou ainda a deteção de novos problemas, que só foi possível na sequência do ocorrido.

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“Para além da revisão periódica acima mencionada, é também importante efetuar uma revisão do PSA

sempre que ocorram situações de emergência, incidentes ou eventos inesperados, independentemente de serem identificados novos perigos, de maneira a assegurar que a situação não ocorra novamente e

verificar se a resposta foi suficiente ou se poderia ter havido uma resposta melhor.” – (AdP – Manual do PSA)

A utilização desta metodologia visa a construção de um Plano de Segurança de Saneamento fidedigno, cuja aplicação seja fácil e que contemple uma vasta gama de respostas a todas as possíveis ocorrências num sistema de saneamento.

1.4.

IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE UM PLANO DE SEGURANÇA PARA