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Metodologia e planificação da formação de utilizadores

No documento Relatório profissional (páginas 53-57)

Parte II – Percurso profissional, descrição, análise e reflexão

Capítulo 3 – Implementação de projetos na área da Formação de Utilizadores

3.3 Metodologia e planificação da formação de utilizadores

Antes de estabelecermos os objetivos gerais e específicos que nos propúnhamos atingir com este programa de formação de utilizadores, decidimos ter em conta, na elaboração desta formação, o estipulado nos referenciais e modelos da área da literacia, modelos que foram sendo elaborados aos longos dos anos. Pareceu-nos importante consultar estes documentos, pois neles estão estabelecidos parâmetros e indicadores que nos podiam servir de guia, de forma a desenvolver as competências dos alunos, independentemente do grau ensino.

Assim, tendo em conta os aspetos apontados pelos diversos referenciais sobre o desenvolvimento das literacias, procurámos incidir a formação no desenvolvimento de competências que permitissem;

 Formar utilizadores que reconhecessem as suas necessidades de formação;

 Dotar os utilizadores de ferramentas e estratégias que permitissem saber como aceder à informação, utilizando para o efeito os diversos recursos disponíveis;

 Desenvolver o espírito crítico que lhes permitisse avaliar a informação e as suas fontes;

 Utilizar a informação recolhida para aprender, criar ou produzir novos conhecimentos;

 Saber como utilizar a informação para resolver problemas ou utilizá-la para tomar decisões conscientes;

 Pesquisar e usar a informação relacionada com os seus interesses pessoais;

 Dar uma utilização criativa à informação recolhida;

 Usar a informação para uma cidadania ativa e participativa;

 Formar utilizadores autónomos e independentes.

O primeiro passo na elaboração do plano do programa de formação foi decidir os objetivos gerais que nos propúnhamos atingir;

 Dar a conhecer os fundos e os recursos da biblioteca municipal;

 Fomentar a utilização dos fundos e recursos, nomeadamente as obras de referência e as áreas temáticas;

 Explicar a forma de organização dos documentos e as principais áreas temáticas;

 Transmitir noções sobre a Classificação Decimal Universal (CDU);

 Ensinar os utilizadores a orientarem-se pelo espaço;

 Ensinar a fazer pesquisas em livre acesso;

 Dar a conhecer os instrumentos de seleção, os critérios de pesquisa e de acesso à informação;

 Ensinar a elaborar referências bibliográficas;

 Divulgar o catálogo informático e ensinar a utilizá-lo;

 Desenvolver competências na utilização das TIC;

 Fomentar a inscrição de novos leitores;

 Aumentar o número de empréstimos.

Os objetivos específicos foram sendo definidos à medida que elaborávamos as atividades e auxiliaram-nos a determinar o tipo de tarefas a desenvolver e o seu plano. Para as atividades referentes à utilização dos recursos da biblioteca, definimos como objetivos específicos que os alunos no fim da formação deveriam ser capazes de:

 Conhecer os recursos disponíveis em vários suportes;

 Orientar-se no espaço, utilizando a sinalética existente;

 Localizar um documento na estante (pesquisa em livre acesso);

 Compreender o funcionamento e a utilidade da CDU;

 Utilizar corretamente as obras de referências e ser capaz de apontar as características e diferenças de cada uma.

Para as atividades relacionadas com a utilização do catálogo informático, pretendíamos que no fim da formação os utilizadores fossem capazes de;

 Compreender a importância do catálogo na organização e recuperação da informação;

 Fazer pesquisa e recuperar os recursos através de vários pontos de acesso (autor, título, assunto, etc.);

 Diferenciar o papel dos operadores booleanos e utilizá-los de forma adequada;

 Identificar os diversos elementos que compõem uma referência bibliográfica;

 Elaborar uma referência bibliográfica e perceber a sua importância.

A definição do nosso público-alvo foi também um aspecto importante, pois para atingirmos os objetivos a que nos propusemos, seria necessário adequar o grau de dificuldade da formação aos diferentes níveis de ensino, além de que pensámos desenvolver competências diferentes para os diversos níveis de ensino e faixas etárias. Cientes de que as formações de utilizadores devem começar o mais cedo possível, de preferência logo nos primeiros anos de escolaridade, decidimos iniciar as formações junto dos alunos do 1º ciclo, a partir do 3º e 4º ano. Parecia-nos importante intervir junto dos mais novos desenvolvendo precocemente as competências da literacia da informação.

Outro aspeto que nos fez optar por este público ficou a dever-se ao facto de ser mais fácil aceder a estes alunos, pois os professores do 1º ciclo tinham marcações na biblioteca para participarem em atividades no âmbito da promoção do livro e da leitura, nomeadamente na hora do conto, vindo por isso com regularidade à biblioteca municipal e havendo, portanto, um contacto frequente e habitual entre estes alunos e a biblioteca.

Surpreendentemente, após a elaboração destes programas de formação e ao propormos aos professores a participação das suas turmas nos mesmos, acabámos por ser confrontados com a relutância destes em inscreverem-se nestas atividades. Apesar dos professores considerarem estas formações importantes, pelo menos quando questionados sobre as mesmas, achavam que este tipo de ações era mais vocacionada para ciclos mais avançados e preferiam participar com os seus alunos em atividades na área da promoção do livro e da leitura, acabando por dar pouca importância ao desenvolvimento das competências da literacia e do papel destas na aprendizagem dos seus alunos.

Perante esta situação, decidimos que seria necessário fazer uma divulgação junto dos responsáveis das instituições educativas e dos coordenadores das bibliotecas escolares, de todos os níveis de ensino do concelho de Faro. A biblioteca municipal, no âmbito da sua política de difusão, preparou uma sessão de apresentação que decorreu no auditório da própria biblioteca municipal, onde foram divulgados todos os projetos e atividades desenvolvidas no Serviço Educativo, inclusive esta atividade de formação de utilizadores que denominámos À Descoberta da Biblioteca, e que passou a integrar a programação regular do setor infantojuvenil. Simultaneamente foram produzidos alguns materiais de divulgação da programação do Serviço Educativo que passaram a ser enviados regularmente para as instituições educativas do concelho.

Após esta sensibilização e divulgação, apercebemo-nos do maior interesse dos professores dos outros níveis de ensino em participarem nestas ações de formação. Perante este facto, decidimos que deveríamos preparar atividades para todos os níveis de ensino, do 1º ciclo ao secundário.

Durante a elaboração das atividade, consultámos alguns professores para percebermos quais as competências que estes gostariam de ver desenvolvidas nos seus alunos, assim como aquelas que eles achavam mais importantes para um bom desempenho académico. Verificámos que estas estavam muito próximas daquelas que tínhamos considerado na preparação das formações.

Na planificação das ações tentámos criar uma metodologia participativa e prática, baseada na estratégia de procura e localização da informação a partir de pontos de acesso, de modo a criar dinâmicas de trabalho em grupo, fomentando a interajuda e a partilha de tarefas. Procurámos também que as atividades, além de pedagógicas, fossem lúdicas, principalmente junto dos alunos mais novos.

Criámos um modelo de formação coletiva, destinado a turmas inteiras, pois percebemos que não seria possível realizar mais de uma sessão com cada turma e, na impossibilidade de dividir a turma em dois turnos optámos, por desenvolver atividades mais curtas.

Ao planificar estas formações tivemos também de ter em conta os recursos humanos necessários para o seu desenvolvimento. A execução deste tipo de ações requer o contributo de vários elementos da equipa da biblioteca que, para além das suas atividades habituais, têm que dar apoio a estas formações. Definimos que seria necessária a presença de três pessoas, para além de mim, e foram distribuídas tarefas e funções a cada elemento da equipa. Fizemos uma pequena formação para os membros da equipa, explicando-lhes os objetivos destas atividades, procurando envolver as pessoas para que estas se comprometessem com as formações em análise e percebessem a sua importância.

Tivemos também que elaborar todos os materiais para a ação, constituídos por guiões orientadores que estruturavam a pesquisa e definiam as várias tarefas que tinham de ser executadas. Estes guiões foram adaptados aos diferentes níveis de ensino. Todos os materiais produzidos e utilizados nas sessões foram elaborados e reproduzidos na biblioteca, exceto os materiais de divulgação.

Definimos também um calendário e um horário para a realização destas atividades, mas tentando ser flexíveis perante as solicitações dos grupos que nos procuravam. As sessões foram planificadas para durar entre 60 a 90 minutos.

No documento Relatório profissional (páginas 53-57)