• Nenhum resultado encontrado

Poesia aos Pedaços – Projeto para 2º e 3º ciclo e secundário

No documento Relatório profissional (páginas 99-115)

Parte II – Percurso profissional, descrição, análise e reflexão

Capítulo 4 – Atividades desenvolvidas na área da Promoção do Livro e da Leitura

4.7 Poesia aos Pedaços – Projeto para 2º e 3º ciclo e secundário

No Serviço Educativo da biblioteca municipal de Faro procurámos sempre desenvolver atividades para todas as faixas etárias e níveis de ensino. Mas desde a sua criação, em 2001, que nos apercebemos que a frequência e a participação nas nossas atividades não era a mesma em todos os níveis de ensino. Tínhamos uma maior procura por parte dos educadores do pré-escolar e dos professores do 1º ciclo que utilizavam a biblioteca e participavam com regularidade nas atividades desenvolvidas por este serviço. Devido a este facto, o Serviço Educativo acabou por criar e desenvolver uma programação diária mais direcionada para estes níveis de ensino.

Desde a inauguração da biblioteca houve a preocupação de criar serviços e atividades para um público jovem, do 2º ciclo ao ensino secundário, mas essa tarefa revelava-se muito complicada e infrutífera, sendo que a participação nas ações programadas para este público continuava a registar baixos níveis de participação. Apesar das dificuldades sentidas, este público nunca foi esquecido, chegando mesmo a ser criada uma área no setor de adultos destinada aos jovens do ensino secundário, um espaço com computadores e livros com temáticas com as quais eles se pudessem identificar. Também no setor infantojuvenil, procurámos adaptar o espaço às necessidades e expetativas deste público.

Quando passei a integrar a equipa do Serviço Educativo, tive a oportunidade de contactar de uma forma mais próxima com os utilizadores deste serviço e apercebi-me de que este grupo, composto por jovens entre os 13 e os 15 anos, não se sentia à vontade em partilhar o espaço com as crianças mais pequenas, com idades entre os 4 e os 8 anos. Em consonância com o que é preconizado pelas Directrizes da IFLA/UNESCO (2003), nas bibliotecas, de maiores dimensões, devem ser criadas áreas ou secções especiais para estes públicos, para que estes se sintam integrados no espaço, ultrapassando o sentimento de exclusão muito característico nesta faixa etária (ibidem, p.48). Perante a evidência que nos era dada a ver, decidimos alterar a própria organização do espaço da sala de leitura, criando áreas bem delimitadas e diferenciadas entre as crianças e os jovens, para que este grupo se sentisse mais à vontade e começasse a usufruir mais deste espaço.

Verificámos, através das estatísticas de ocupação do setor, um ligeiro aumento no número de jovens que passaram a utilizar este espaço, mas mesmo assim ficava aquém do que desejávamos.

Constatámos também que, à medida que o nível de escolaridade dos alunos ia aumentando, a frequência da biblioteca por parte destes ia diminuindo. Esta situação não é exclusiva da biblioteca de Faro, é uma situação detectada em outras bibliotecas, nomeadamente escolares, e analisada por Novo (2010, p.276), que afirma que os hábitos de leitura dos jovens vão diminuindo à medida que estes vão progredindo na escolaridade. Esta situação, segundo esta autora, ocorre por este grupo preferir ocupar o seu tempo livre com outras atividades. É também referido neste estudo, como outra das causas que justificam o afastamento dos jovens da leitura o facto de a escola promover a leitura com maior intensidade nos primeiros anos de escolaridade, e que com o avançar dos anos letivos se verifica um menor investimento na promoção e criação de hábitos de leitura junto deste público (ibidem).

Verificámos também que os professores destes níveis de ensino demonstravam menos disponibilidade em participar em atividades fora das suas escolas.

Devido a estas dificuldades, as ações para estes níveis de ensino passaram a ser realizadas de forma mais esporádica, e a maior parte das vezes executadas por elementos externos à equipa do Serviço Educativo.

Apesar de os níveis de frequência continuarem fracos, tentámos sempre inverter esta situação e procurámos atraí-los à biblioteca através de ações promovidas pela antiga DGLB que, até há dois anos, oferecia às bibliotecas municipais um programa de itinerâncias, com ateliers de escrita criativa, formações e espetáculos na área da promoção do livro e da leitura. Recorríamos a este programa para colmatar a ausência, na nossa programação regular, de atividades dirigidas a este público.

O facto de colaborar com a equipa do Serviço Educativo e simultaneamente desenvolver funções no SABE permitia-me um contacto mais próximo e regular com as escolas e os professores. Através destes contactos fui-me apercebendo de que os professores do 2º e 3º ciclo e do ensino secundário continuavam interessados em participar com os seus alunos em atividades de promoção do livro e da leitura, mas sentiam alguns constrangimentos que condicionavam a sua participação. Os obstáculos eram semelhantes aos descritos anteriormente neste relatório em relação à participação destes níveis de ensino nas ações de formação de utilizadores, ou seja, as dificuldades tinham

mais a ver com a organização e funcionamento das próprias escolas que limitam as saídas dos alunos para realizarem atividades extraescolares.

No 3º ciclo e secundário, além das dificuldades referidas, colocam-se também outras que se prendem com os currículos desses anos, mais extensos e exigentes que não deixam margem para outras atividades que não as letivas. Existe uma tendência dos professores, e até dos próprios alunos, para se concentrarem no que consideram essencial e que pode contribuir para o sucesso académico.

Perante estes dados, percebemos que tínhamos em primeiro lugar de elaborar uma atividade que fosse vista como útil em termos curriculares e, em segundo lugar, a realização destas ações não podia estar condicionada por datas pré-definidas, estas teriam de ser flexíveis e de ter sempre em conta a disponibilidade dos docentes interessados em participar. No decurso das conversas com os professores apercebi-me de que estes gostariam de ter a oportunidade de participar em atividades de escrita criativa e em horas do conto, pois consideram que este tipo de ações poderia ser útil para desbloquear a resistência dos alunos em relação às obras literárias de leitura obrigatória A poesia destacava-se como um dos géneros literários que os docentes sentiam mais dificuldade em abordar. Quando a poesia começava a ser estudada os professores deparavam-se com alunos desmotivados e desinteressados.

Ao verificar que havia interesse por parte dos professores em participarem neste tipo de atividades comecei a elaborar um atelier de poesia que denominei Poesia aos Pedaços. O desenvolvimento deste tipo de atividade fazia parte dos meus projetos desde a minha frequência em algumas formações de leitura em voz alta e em ateliers de escrita criativa. O facto de ter percebido que havia um público interessado em participar contribuiu para a rápida implementação e integração desta ação na programação da biblioteca.

Sabia, pela experiência junto de públicos mais jovens, que a poesia podia funcionar como um elemento fundamental para desenvolver as capacidades de leitura e escrita, além de ser um auxiliar precioso no desenvolvimento da capacidade comunicativa. Não temos dúvidas de que a escola é o lugar privilegiado na formação dos indivíduos e o local ideal para promover hábitos de leitura, mas também sabemos que a leitura em sala de aula de obras literárias, devido ao seu carácter obrigatório, é vista como uma atividade pouco atrativa. Já Pennac (2002, p.1) afirma que: «O verbo ler não suporta o imperativo».

Concordamos com a afirmação de Jean (1995) de que: «[…] é na escola que a criança se encontra com poesia […]. Para a grande maioria das crianças de hoje, os primeiros contactos com a poesia não ocorrem regra geral, ou ocorrem poucas vezes, na família e no ambiente social da criança.» (ibidem, p.121). Mas este autor também refere que à medida que o nível de escolaridade dos alunos aumenta a poesia passa a ser tratada como: «[…] um “género” literário entre os demais. É matéria de programa e, muitas vezes, objecto de trabalho escolar e aborrecimento.» (ibidem, p.158). O mesmo autor defende que a poesia deve ser matéria de estudo na escola, mas esta deve ser descolarizada: «através da ligação entre as actividades necessárias da literatura e as actividades livres de criação.» (ibidem).

Este uso utilitário da poesia é também referida por Franco (1999), que afirma que existe na escola uma instrumentalização dos textos poéticos para exercícios de linguagem, de compreensão e de análise de conteúdos que não são motivadores para desenvolver o gosto pela poesia e pela leitura (ibidem, p.44).

Pensamos que é aqui que as bibliotecas podem intervir, pois são os espaços ideais para realizar atividades ligadas ao desenvolvimento da criatividade, livres de avaliações e sem objetivos de atingir metas de aprendizagens, ou seja, ações capazes de fomentar experiências positivas e lúdicas no âmbito da leitura.

Nestes ateliers pretendíamos também utilizar a leitura em voz alta como uma das estratégias de abordagem dos textos poéticos. Concordamos com Jean (2000, p.134) quando refere que a leitura em voz alta: «[…] permite uma abordagem semântica eficaz de textos considerados “difíceis”, “opacos”, “obscuros”.».

Além disso, a leitura em voz alta é um processo que, segundo Soares (2003): «[…] proporciona um maior concretismo à palavra, tornando o leitor/auditor e o auditor/leitor mais sensíveis aos mecanismos que permitem o trânsito de histórias através de palavras […]» (ibidem, p.53-54).

Pela nossa experiência, consideramos que a leitura em voz alta tem a capacidade de transmitir o prazer de ler por contágio. Além disso ler em voz alta treina a concentração, desenvolve a capacidade de escuta, a memória, a imaginação e anima a leitura.

Temos noção de que a promoção de hábitos de leitura deve ser iniciada o mais cedo possível, e que este público, com o qual nos propúnhamos trabalhar, está numa idade em que dificilmente adquire hábitos de leitura. Com estas atividades o nosso objetivo não é formar leitores, mas resgatar leitores através de ações que os possam cativar,

criando condições para os aproximar da leitura e simultaneamente da biblioteca promovendo a sua utilização.

4.9 Metodologia e planificação

Esta atividade e as estratégias utilizadas têm como objetivo aproximar os jovens e adolescentes da poesia de uma forma descolarizada e criar um ambiente propenso à criatividades. O texto poético pelas suas características próprias (ritmo, musicalidade) é considerado por muitos autores como uma forma de expressão altamente motivadora para a leitura.

O ideal seria que os jovens tivessem um contacto frequente com a poesia, mas sabemos que não é essa a realidade. Muitos destes jovens apenas leem poesia durante a escolaridade obrigatória, integrada no programa curricular. Das conversas com os professores apercebemo-nos que a poesia é olhada com desconfiança e mal-amada pelos alunos. Por isso, ao elaborarmos as atividades da Poesia aos Pedaços procurámos criar um ambiente informal e descontraído, propiciador da comunicação que fomentasse o envolvimento dos jovens. Tentámos também que as ações tivessem uma componente lúdica.

O papel do mediador é destruir os obstáculos e criar um ambiente que propicie a participação de todos, em que cada um se sinta à vontade e motivado para experimentar sem medo de errar ou ser censurado. Elaborámos atividades que pudessem ser executadas em grupo, evitando que os jovens se sentissem inseguros e inibidos. O trabalho em grupo proporciona uma maior segurança, pois não individualiza os “fracassos” ou “erros”.

Procurámos também selecionar autores portugueses contemporâneos e poemas com características diferentes, de modo a fomentar o contacto dos jovens com a maior diversidade possível de textos poéticos. As escolhas centraram-se também em textos que pela sua ironia, irreverência e humor, por vezes de pendor satírico, pudessem cativar os alunos. Tentámos seguir as sugestões de Franco (1999), quando este recomenda que para estimular a criatividade devemos recorrer a temas: «[…] menos clássicos e susceptíveis de provocar novidades […]» (ibidem, p. 89).

Nestas atividades tentámos dessacralizar a poesia e afastarmo-nos das abordagens que as escolas fazem deste género literário. O objetivo deste atelier não é analisar ou

interpretar os poemas, mas sobretudo colocar os jovens em contacto com os autores e os textos poéticos.

Houve uma seleção cuidada dos textos, visto que estes desempenham um papel importante enquanto potenciadores da leitura. Nestes ateliers o gosto pessoal do mediador e os seus conhecimentos influenciaram as escolhas dos autores e dos poemas. Além dos conhecimentos que o mediador deve ter sobre literatura, as suas preferências são fundamentais para o sucesso de uma ação de promoção e mediação da leitura. Só se consegue transmitir o prazer de ler ou a beleza de um texto se gostarmos do que lemos. Prole (2005) também afirma que: «[…] a leitura, para além de ser um processo cognoscitivo, é também um processo afectivo. É por isso que se torna quase impossível a um não leitor, […], passar o gosto pela leitura.» (ibidem, p. 8). Foi a partir destas duas premissas que esta atividade foi elaborada.

Quando iniciámos a preparação destas ações sabíamos que íamos trabalhar com uma faixa etária que dificilmente adquire hábitos de leitura. Como já referimos anteriormente, a promoção de hábitos de leitura deve ser iniciada o mais cedo possível, por isso definimos alguns objetivos que pretendíamos atingir com estes ateliers:

 Dar a conhecer a obra poética de diferentes autores portugueses;

 Promover a leitura e a escrita de poemas;

 Desenvolver a criatividade e a sensibilidade;

 Permitir uma interação descontraída e livre de avaliações;

 Treinar a leitura em voz alta e a leitura expressiva.

Estes ateliers são realizados com turmas inteiras, habitualmente compostas por uma média de 25 alunos. Idealmente, seria preferível dividir a turma em dois turnos, mas na impossibilidade, adaptámos as atividades prevendo já um número elevado de participantes.

Cada atelier tem a duração mínima de 90 minutos que se podem prolongar, dependendo da disponibilidade de horário dos professores e realiza-se no auditório da biblioteca municipal. Este é o local ideal para realizar este tipo de atividades, pois possui uma bancada que recolhe, criando um espaço amplo e aberto, onde são colocadas mesas, cadeiras e almofadas para os jovens se sentarem. Tentámos criar um espaço acolhedor e

informal, decorando com livros de poesia e vários poemas, fotocopiados em folhas coloridas, que se encontram espalhados pelo auditório.

Quando elaborámos esta atividade percebemos que não seria possível envolver mais colegas na sua execução. Pelas características muito específicas desta atividade e também devido às faixas etárias a que se destinam, para além de mim, na biblioteca não há mais ninguém da equipa do Serviço Educativo que se disponibilizasse para realizar estes ateliers de poesia.

4.9.1 Descrição das atividades desenvolvidas

Quando planificámos as atividades para estes ateliers não pudemos deixar de ter em conta a faixa etária dos jovens. Como já referimos anteriormente, para que uma ação deste tipo tenha sucesso devemos adequar os textos ao desenvolvimento cognitivo dos jovens e também aos seus interesses. Selecionámos um conjunto de autores contemporâneos (Cfr. Apêndice 15), e poemas que pelas temáticas ou discurso poético achámos que pudessem agradar a estas faixas etárias.

Estes ateliers têm como objetivo trabalhar a leitura em voz alta, a colocação da voz, a entoação, o ritmo e a articulação das palavras, por isso, ao longo da sessão os jovens realizam várias leituras em voz alta, de forma a treinar a expressividade em função do ritmo e da entoação. Procurámos utilizar várias estratégias de animação da poesia, tais como a leitura coral ou a par, capazes de tornar a leitura mais lúdica.

Iniciamos a atividade com a receção ao grupo, o que permite ao mediador dar-se a conhecer, e explicamos como vai decorrer a sessão, deste modo os participantes sentem- se mais à vontade pois ficam a saber o que se espera deles. Este momento também é importante para se criar empatia com o grupo.

Em seguida fazemos um jogo de apresentação, no qual participa o mediador e o professor. Cada um recebe uma folha A3 colorida, onde deve escrever uma palavra, que vai ser lida ao grupo no momento em que se apresentarem. A palavra escolhida pode ser algo que os caracterize, uma palavra de que gostem ou que represente algo ou alguém importante para eles. Esta apresentação serve para o mediador conhecer um pouco a dinâmica do grupo e permite-lhe ter uma ideia de como se vai desenvolver a sessão. Ficamos também a perceber quais são os elementos mais irrequietos, o que nos permite criar estratégias para lidar com eles. Depois desta apresentação, o mediador faz uma

leitura de um poema ao grupo. Finda a leitura, a turma é dividida em quatro grupos, que ficam juntos até ao fim da atividade se a dinâmica entre eles se revelar boa.

Estes ateliers são constituídos por quatro ações que passamos a descrever.

Poemas para completar

É entregue a cada grupo um texto com um poema integral. Este contém espaços em branco que devem ser preenchidos com palavras ou frases para que o poema adquira um sentido. Os poemas são apresentados sem pontuação. Nesta atividade utilizamos apenas dois poemas. O objetivo é mostrar, como a partir da mesma base se constroem diferentes textos e surgem novos significados (Cfr. Apêndice 16).

Os grupos devem dar atenção à construção das frases, fazer as concordâncias necessárias entre as palavras escolhidas e as palavras do poema e proceder também à pontuação do mesmo.

Quando o grupo termina de escrever o poema, deve preparar e ensaiar a leitura. Esta tem de ser feita, de preferência, por todos os membros do grupo. Nesta fase o mediador desempenha um papel importante, pois enquanto os grupos ensaiam vai circulando entre eles, sugerindo e propondo formas de leitura. Com esta primeira atividade começamos a treinar a postura corporal, informando os jovens que os poemas serão sempre lidos na posição erecta e sempre de frente para a plateia, explicando que desta forma se transmite segurança e vontade de comunicar. Referimos também a importância do contacto visual com a assistência de forma a criar empatia.

Por fim, cada grupo partilha o seu poema através de uma leitura expressiva. Este deve ser um momento de escuta e silêncio, demonstrando assim respeito pelo trabalho de cada grupo. Franco (1999, p.70) também refere a importância de “ouvir um outro”, segundo este autor, este hábito vai reforçar os laços entre os membros do grupo: «[…] promovendo o respeito pelo trabalho e pela participação de cada um, mas também permite expurgar o perigo do comentário ridicularizante ou da indiferença.» (ibidem). Depois da leitura dos poemas elaborados pelos jovens, o mediador lê os poemas originais e conversa-se sobre as diferenças entre este e os poemas elaborados pelos grupos. Neste momento é pedido aos jovens que deem a sua opinião, façam sugestões e comentários sobre as leituras feitas pelos vários grupos. Este momento tem-se revelado crucial, pois também os alunos fazem sugestões e propostas que são aproveitadas nas leituras seguintes. O moderador também aproveita para fazer sugestões, analisando as prestações dos jovens, destacando os aspetos positivos e propondo novas estratégias. Infelizmente, com algumas turmas nem sempre se consegue estabelecer este tipo de diálogo aberto e isento de críticas que é tão fundamental para o grupo se sentir à vontade para se expressar livremente.

Poema aos pedaços

Na atividade seguinte cada grupo recebe um envelope que contém um poema cortado aos pedaços (Cfr. Apêndice 16). Os grupos são confrontados com um poema “desarrumado”, que terá de ser reinventando e ordenado, de forma a dar-lhe um novo sentido. Depois de feita a organização das frases soltas é chegado o momento de colar as partes e compor o poema e proceder à pontuação do mesmo. Com esta atividade os participantes, de uma forma inconsciente, são levados a refletir sobre a pontuação e as suas regras. O poema é apresentado sem título e é pedido que o grupo lhe atribua um. Para terminar têm de ler o poema, devendo para o efeito preparar a leitura. Mais uma vez os grupos dispõem de algum tempo para decidirem como o vão fazer e para organizarem a sua apresentação.

A maior parte das vezes, esta leitura é mais interessante que a primeira, pois os grupos já perceberam o que lhes é pedido, visto que puderam assistir e ouvir as leituras dos outros colegas, conversar e compartilhar ideias entre si, e além disso, já se sentem mais à vontade com o mediador. Este, mais uma vez deve circular entre os grupos auxiliando- - os na preparação do poema, chamando atenção para a postura corporal no momento da

leitura, sugerindo estratégias que promovam a expressividade corporal e emocional dos participantes, demonstrando que o entusiasmo de quem lê também contagia quem ouve

Figuras 3.3: Poema aos pedaços

Após a leitura feita pelos grupos, o mediador lê os poemas originais, referindo as obras

No documento Relatório profissional (páginas 99-115)