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3.1.1 – Problemática do estudo

“Uma investigação é, por definição, algo que se procura. É um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal, com todas as hesitações, os desvios e as incertezas que isto implica (…) o investigador deve obrigar-se a escolher rapidamente um fio condutor tão claro quanto possível, de forma que o seu trabalho possa iniciar-se sem demora e estruturar-se com coerência.”

(Quivy, 1992:27)

Segundo o Quivy (1992), o papel do investigador em ciências sociais é o “de conceber o conjunto do projecto e de coordenar as operações com o máximo de coerência e de eficácia”, ou seja, deve definir um método de trabalho que não se pode apresentar “como simples soma de técnicas, mas sim como um percurso global de espírito que exige ser reinventado constantemente” (Ibidem: 25). Ao longo da fundamentação teórica apresentada na parte I desta dissertação, procurámos identificar a importância que a investigação em educação atribui à influência do clima de escola e das relações interpessoais na construção da disciplina na escola. É no âmbito deste enquadramento conceptual que através de um estudo de caso, baseado numa “amostra” de actores intervenientes na comunidade educativa (“amostra” não estatística e seleccionada por critérios de conveniência e de representatividade sociológica tendo em conta a função e o estatuto dos sujeitos), pretendemos analisar “in loco” a realidade vivida por uma Escola do Primeiro Ciclo do Ensino Básico, EB1 D. Teresa23, suscitada através de uma questão

inicial que, pode ser enunciada sinteticamente da seguinte forma: Como se relacionam os factores ligados ao clima geral de uma determinada escola e em que medida se reflectem na problemática disciplinar e no bem-estar dos alunos?

Este trabalho, foi elaborado tendo em conta a possibilidade de se tornar um contributo para um futuro estudo, mais abrangente, a desenvolver à posteriori a fim de permitir um melhor conhecimento e compreensão do fenómeno da construção da disciplina em contexto escolar, a integrar no projecto “gerir e lidar com as indisciplinas nas escolas” (GERLINDES) da responsabilidade dos Professores João Amado e Isabel Freire.

Começaremos por especificar os objectivos do presente estudo, definindo a sua problemática e os instrumentos utilizados, pois “… não será possível elaborar nenhum projecto, nenhum estudo científico sem o conhecimento da realidade a que ele se refere, isto é, sem se conhecer o campo em que se vai intervir” (Estrela, 1994:23). Neste sentido, contactámos o Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas da escola que serviu de contexto ao nosso

estudo. Elaborámos um pré-projecto que foi apresentado e aprovado em Conselho Pedagógico por, na opinião de todos os elementos, “ser um tema muito pertinente devido às características do Agrupamento e ao aumento da indisciplina nos últimos tempos”24. Na tentativa de evitar

enviesamento e subjectividade neste estudo foi seleccionada uma escola na qual não trabalhamos.

3.1. 2 – Objectivos do estudo

A fim de se obter uma caracterização, o mais rigorosa possível das situações é necessário a definição de objectivos, que permitam ao investigador aquando da análise e triangulação de todos os dados obtidos, caracterizar de forma neutra e objectiva o contexto de estudo. Segundo Estrela (1994: 128), os observadores externos possuem maior probabilidade de “…de forma neutra e objectiva…analisar alguns aspectos essenciais do processo pedagógico em curso (…) Esta análise permitirá o levantamento dos indicadores necessários a uma caracterização rigorosa das situações observadas.” O estudo empírico que apresentamos na segunda parte deste trabalho de investigação, foi realizado tendo em vista descrever, compreender e interpretar um conjunto de fenómenos (em grande parte com forte dimensão subjectiva) que se verificam numa escola e em torno da problemática disciplinar. Os nossos objectivos foram então os seguintes:

a) Compreender de que forma é que o clima de escola se reflecte na problemática da (in)disciplina;

b) Compreender as redes de relações que se estabelecem numa Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico e o seu efeito sobre o clima de escola;

c) Conhecer as representações de diversos actores da comunidade escolar (não alunos) e em função do estatuto que aí assumem, acerca dos alunos, dos seus comportamentos, do ambiente disciplinar, da importância da organização da Escola na resolução de conflitos através de medidas preventivas e punitivas;

d) Verificar as práticas que a Escola promove no sentido de construir a disciplina em contexto escolar e analisar a importância que atribui às abordagens preventivas na resolução de conflitos;

f) Averiguar quais os objectivos e estratégias de intervenção privilegiados para manter/combater a (in)disciplina;

g) Estudar a importância que é atribuída pelos sujeitos da investigação às situações de (in)disciplina no Projecto Educativo de Escola;

h) Averiguar a relação existente entre a Escola, família e comunidade em geral.

3.1.3 – Pressupostos metodológicos

O presente estudo (predominantemente de carácter exploratório, descritivo e interpretativo) desenvolveu-se, tendo por base pressupostos da investigação fenomenológico/interpretativa, que se direcciona para a compreensão “de realidades sociais, centrada no modo como elas são interpretadas, entendidas, experenciadas e produzidas pelos próprios actores, com o objectivo de passar do conhecimento (registo e análise) à interpretação” (Amado, 2003:48). Procurámos compreender “o como, em vez de procurar o quê e o quanto” (Freire, 2001:152), ou seja, interpretar o “universo de significação dos actores” (Amado, 2001:191).

A metodologia qualitativa deve, segundo Bogdan e Biklen (1994: 47-50), possuir cinco características fundamentais: a fonte directa de dados deve ser o ambiente natural, ter o investigador como instrumento principal, ser descritiva, ter em conta que interessa mais o processo que das acções observadas do que simplesmente os resultados; a análise dos dados deve ser feita de forma indutiva; o significado deve possuir uma importância vital.

Zabalza (1994:21) salienta três condições essenciais para que se realize uma boa investigação qualitativa: o contexto de análise deve ser ampliado ao máximo a fim de se poder ter uma visão compreensiva da realidade que se pretende analisar; deve explicar-se o modo como se delineou cada um dos passos da investigação e descrever todo o processo seguido na obtenção e análise dos dados recolhidos; configurar a investigação como um autêntico processo de busca deliberativa.

Como estratégia de investigação optámos pelo estudo de caso que pode ser definido como “uma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo no contexto natural, especialmente, quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são claramente evidentes” (Yin, 1994:13). Segundo Stake o estudo de caso é “o estudo da particularidade e da complexidade de um caso singular para compreender a sua actividade em circunstâncias importantes” (1998:11). Este pode ser representado como um funil, ou seja, o estudo inicia-se representado pela parte mais larga do funil, o investigador selecciona o tema que quer investigar, o local, as pessoas, a fonte de dados e organiza o seu trabalho começando pela recolha de dados, revendo-os e explorando-os, vai tomando as suas decisões, organizando um plano de investigação no qual distribui o seu tempo, decide quem vai investigar e os aspectos a aprofundar (Bogdan e Bilken:89).

Seleccionámos como técnicas de recolha de dados, a observação naturalista, a entrevista, o questionário e o registo de observações ocasionais, tendo sempre em conta o seu rigor e adequação ao contexto do estudo.

A utilização de um quadro teórico seleccionando várias técnicas metodológicas, permitiu-nos abranger a realidade através de uma multiplicidade de informação que, após

seleccionada e sujeita a uma “análise de conteúdo” nos deu uma maior abrangência do fenómeno em estudo. A fim de se obterem dados acerca da organização do processo ensino – aprendizagem foram recolhidos, registados e sistematizados, todos os dados permitindo uma triangulação entre todos e a obtenção de informações fidedignas do contexto em estudo.

3.1.4 – Selecção e caracterização do campo de estudo A – Caracterização da escola e do meio

A Escola EB1 D. Teresa pertence a um Agrupamento Vertical de Escolas, Agrupamento de Escolas Quinta dos Cisnes25, da Zona Centro do País constituído por escolas públicas,

administrativamente afectas à DREC, situado no litoral, em zona semi-rural.

Aspectos Analisados Agrupamento de Escolas Quinta dos Cisnes

Criação

O Agrupamento de Escolas resultou da fusão de dois Agrupamentos Horizontais de Escolas com a Escola sede, em Agosto de 2003. Número de escolas/ níveis de ensino É constituído por: - Jardins-de-infância: 13 - Escolas do 1º Ciclo: 32 - Escola sede (2º, 3º Ciclos)

População estudantil da escola

- Ensino pré-escolar: 284 - Ensino básico – 1º Ciclo: 744 - Ensino básico – 2º Ciclo: 229 - Ensino básico – 3º Ciclo: 281 Corpo docente

- Total do pessoal docente, repartido por todos os níveis de ensino: 170.

Órgãos de direcção/ gestão

- Assembleia de Escola

- Conselho Executivo - Conselho Pedagógico - Conselho de Docentes

- Conselho de Docentes Titulares de Turma

Quadro 1 – Caracterização do Agrupamento de Escolas

A selecção desta escola deveu-se a razões de ordem prática, uma vez que é a maior Escola do 1º CEB deste Agrupamento e fica situada na sede do Concelho. O pedido de autorização (Anexo I) foi formalmente dirigido à Presidente do Conselho Executivo, que solicitou parecer ao conselho Pedagógico, tendo, assim, sido autorizada a investigação na escola.

A EB1 D. Teresa, é uma escola que pertence ao modelo P3, possui quatro salas de aula, um pavilhão polivalente26, uma cozinha, sala de professores e casas de banho. Na entrada

principal possui um pequeno espaço coberto e uma área ajardinada. O espaço envolvente encontra-se arborizado e murado embora careça, em certas zonas, de vedação em rede, devido à

25 Nome fictício atribuído ao Agrupamento de Escolas afim de salvaguardar a sua identificação. 26 Que funciona também como sala de ATL e biblioteca, apesar de não estar dividido.

sua proximidade com estrada pública. O pátio do recreio, grande nas suas dimensões, é muito acidentado e sub-aproveitado, é poeirento e muito quente no Verão, lamacento e sem condições por falta de escoamento de águas, no Inverno. Devido ao seu fácil acesso torna-se por vezes palco de diversões para quem o escolhe para jogar à bola, quando a Escola não está a funcionar ou até mesmo durante os horários lectivos o que perturba imenso o regular funcionamento das actividades lectivas.

O mobiliário, em condições razoáveis, é constituído por mesas de ferro com tampos em madeira prensada, cadeiras individuais do mesmo género e armários diversos que se encontram espalhados pelos diferentes espaços. A escola possui também televisão, vídeo, fotocopiadora e dois computadores com ligação à Internet.

Esta escola possui uma relação muito próxima com a autarquia fomentada pelos projectos e parcerias existentes. Alguns exemplos são o projecto: “Ler e escrever com prazer”; os concursos e o Gabinete de Apoio à Família da Câmara Municipal que disponibiliza, sempre que possível, uma psicóloga, uma assistente social e uma professora. Os documentos de gestão da escola referem como direitos e deveres da autarquia, entre outros, o de “implementar e/ou apoiar projectos que, pela sua natureza, contribuam para solucionar ou minimizar problemas detectados na comunidade escolar e que, naturalmente, promovam o desenvolvimento pessoal, social e cultural das crianças e jovens do concelho.”27

A escola em estudo possui ainda uma parceria com a APPACDM relativa aos almoços (que são fornecidos nesta instituição) e aos tempos livres (que são assegurados por monitores da mesma).

B – Caracterização do corpo docente e discente

A Escola possui cinco docentes titulares de turma e um de apoio educativo, noventa e cinco alunos, uma auxiliar de acção educativa, uma tarefeira para uma aluna com dificuldades de mobilidade e uma monitora de ATL.

As turmas encontram-se distribuídas da seguinte forma:

Turma Horário N.º Total de

alunos Alunos com NEE Anos de escolaridade A 13h15 – 18h15 17 1 1º B 9h – 12h/ 13h30 – 15h30 14 0 1º e 3º C 8h – 13h 24 1 2º D 9h – 12h/ 13h30 – 15h30 20 2 3º E 9h – 12h/ 13h30 – 15h30 20 1 3º e 4º Total 95 5

Quadro 2 – Distribuição dos alunos por turma

3.1.5– Técnicas de recolha de dados e instrumentos de investigação

A primeira parte da pesquisa empírica teve uma natureza essencialmente exploratória do campo em que pretendíamos entrar, abordando-o de forma global, estabelecendo hipóteses predefinidas em relação ao objecto de estudo.

Numa segunda fase realizámos entrevistas semi-estruturadas: à Presidente do Conselho Executivo, à Presidente do Concelho Pedagógico28 e ao Vice-Presidente que representa o 1º

CEB do Agrupamento Vertical ao qual pertence a Escola em estudo. Realizámos também entrevistas a duas docentes, ao Coordenador, à Auxiliar de Acção Educativa e ao representante dos Encarregados de Educação da EB1 D. Teresa. Por fim, aplicámos um questionário a todos os alunos da escola a fim de se obterem informações provenientes de todos os actores do contexto escolar. Ao longo de todo este processo foram-se recolhendo as notas de campo, por fim foi feita a análise e triangulação dos dados para a qual contribuiu também a análise documental.

Atendendo à complexidade do tema em estudo e à necessidade que sentimos em confrontar dados quantitativos com dados qualitativos, tornou-se necessária a utilização de várias técnicas e instrumentos de recolha de dados.

A – Observação ocasional/notas de campo

É através da observação da situação em contexto real e do conhecimento deste que se traduz a primeira etapa do nosso trabalho. Os dados recolhidos permitiram dar início à caracterização e descrição do campo de estudo. Segundo Estrela, “a observação naturalista quando aplicada sistematicamente ao campo da pedagogia, permite o levantamento de uma informação muito diferente da que normalmente se obtém através de outras técnicas. As suas unidades de observação são a expressão dessa diferença, verificável tanto nos tempos que utilizam como na qualidade e na quantidade de informação que veiculam. A observação caracteriza-se por um trabalho em profundidade, mas limitado a uma situação (no sentido lato do termo) e a um tempo de recolha de dados” (1994:11), “o investigador regista directamente as informações. Os sujeitos observados não intervêm na produção da informação procurada” (Quivy, 1992:165).

No nosso trabalho de investigação, esta técnica foi apenas utilizada quando possível, ou seja, aquando da calendarização das entrevistas, da sua realização ou da aplicação dos questionários aos alunos. Foi uma observação esporádica, não contínua, ocasional. Os dados recolhidos foram registados num caderno de campo (anexo II), “notas soltas”, que foram

28 Neste Agrupamento a presidente do Conselho Executivo é simultaneamente a Presidente do Conselho

posteriormente trabalhadas e confrontadas com dados obtidos por outras técnicas. Aquando da utilização desta técnica centrámo-nos nas situações de relacionamento: aluno/aluno, aluno/auxiliar de acção educativa, aluno/professor, professor/professor e professor/auxiliar de acção educativa.

B – Análise documental

Os documentos são potenciais fontes de informação (Poupart et al., 1997), onde podemos “encontrar informações úteis” (Quivy e Campenhoudt, 1992: 201), neste sentido julgámos importante a consulta de alguns documentos elaborados pela e para a escola. A selecção desses mesmos documentos resultou da sua importância nas escolas, por isso, seleccionamos o Projecto Educativo da Escola, que contribuiu para a caracterização da escola, assim como do seu meio envolvente. Para além deste documento analisamos o Regulamento Interno, o Plano Anual de Actividades, o Projecto Curricular de uma das turmas da EB1 em estudo e algumas actas, a fim de complementarmos, o mais rigorosamente possível, este estudo. Esta consulta foi efectuada considerando ser um complemento aos outros métodos utilizados: “os métodos de entrevista e de observação são frequentemente acompanhados pela análise de documentos relativos aos grupos ou aos fenómenos estudados” (Quivy e Campenhoudt, 1992: 204).

C – Entrevistas semi-estruturadas/semi-directivas

A entrevista semi-directiva permite “a recolha de dados de opinião que permitam não só fornecer pistas para a caracterização do processo em estudo, como também conhecer, sob alguns aspectos, os intervenientes no processo… [e os seus] quadros conceptuais” (Estrela, 1994:342) e averiguar o que está na cabeça das pessoas, do não-observável. Na formulação das questões das entrevistas tentámos ser o mais claros possível quanto ao tipo de informação que pretendíamos obter e sobre o porquê de necessitarmos dessa informação a fim de no nosso quadro de investigação “recolher informação pertinente face aos propósitos da investigação adequadamente interpretável e validamente comparável” (Foddy, 2002:213).

A opção técnica da utilização da entrevista a actores privilegiados, por serem representantes nos diferentes órgão de gestão existentes na escola (quadro 3), teve como finalidade tentar compreender qual a sua opinião acerca da “construção” da disciplina em contexto escolar e o que pensam acerca da sua influência no clima de escola e do meio. Tendo em conta que a investigação se deve desenrolar “ em torno dos actores sociais e dos processos nos quais eles são protagonistas” (Alves, Cabrito, Canário e Gomes, 1996:51), realizámos entrevistas à Presidente do Conselho Executivo, à Vice-Presidente responsável pelo 1º CEB, à Presidente da Associação de Pais, a dois Docentes Titulares de Turma (uma do 1º e outra do 2.º

e 3.º anos de escolaridade) da escola em estudo, ao Coordenador da EB1 e à Auxiliar de Acção Educativa.

Cargo

Código Data Idade

Sexo Formação

Tempo de serviço Tempo de serviço

n a es cola Tempo de serviço n o cargo Situação Profissional Presidente do Conselho Executivo (Acumula com Presidente do. Conselho Pedagógico) A Novembro 52 Feminino Licenciatura em História variante História da Arte 29 10º 8º Docente do Quadro de outra Escola Vice - Presidente responsável pelo 1º CEB B Dezembro

39 Feminino Licenciatura 18 0 1º Docente do QZP de Coimbra Presidente da Associação de Pais C Janeiro

39 Feminino Licenciatura 15 4º Assistente Social Coordenador da Escola do 1º CEB DA Ma io

51 Masculino Licenciatura 29 6º 1º Docente do Quadro da Escola Professora do 1º ano EB Ma io 37 Feminino Licenciatura em Português/ Francês 7 1º 1º Docente do QZP de Coimbra Professora do 3º e 4º ano EA Ma rç o 33 Feminino Licenciatura e Mestrado 6 2º 6ºº Docente do QZP de Coimbra Representante dos auxiliares G Novembro

40 Feminino 12º Ano 16 12º 12º Quadro da Escola

Quadro 3 – Caracterização dos entrevistados29

As entrevistas realizadas na EB1 D. Teresa tiveram lugar entre Novembro de 2005 e Janeiro de 2006, foram conduzidas com base num guião previamente construído30 (anexo III)

para cada um dos entrevistados, foram definidos os objectivos e os temas a tratar, admitiu-se variar a ordem de apresentação desses temas de acordo com a sequência discursiva criada pelos

29 De forma a manter o anonimato e a confidencialidade, todos os entrevistados são identificados pelo

código das entrevistas.

30 Os guiões foram elaborados por uma equipa de trabalho, sob orientação e coordenação de João Amado

e Isabel Freire, que se dedicou ao estudo da problemática da disciplina/indisciplina, no âmbito do Projecto Gerir e Lidar com as Indisciplinas nas Escolas.

entrevistados. As entrevistas foram gravadas com a aquiescência de cada um dos entrevistados e posteriormente foram objecto de transcrição integral. A sua realização decorreu na sala de professores da EB1 em estudo, ou numa sala livre na sede do Agrupamento, através de gravação áudio, com a aquiescência dos próprios, tendo sido, posteriormente, objecto de transcrição integral, resultando em “protocolos” de entrevistas, posteriormente sujeitas a análise de conteúdo (anexo IV).

D – O questionário

Os questionários visaram obter as mesmas informações que as entrevistas mas, do ponto de vista dos alunos.

Foram realizados questionários a 10 alunos do 1º ano, a 26 alunos do 3º ano e a todos os alunos do 2ºe 4º anos, da Escola EB1 D. Teresa do ano lectivo de 2004/2005, perfazendo um total de 76 alunos. Através do questionário aos alunos procurámos obter um bom complemento às informações obtidas através das entrevistas. Com base nele obtivemos a percepção do ambiente disciplinar da escola sob a perspectiva dos alunos. Com este instrumento (anexo V) procurámos compreender o modo como os alunos se sentem na escola sob o ponto de vista afectivo e do seu bem-estar e conhecer a auto-imagem que possuem relativamente ao aproveitamento escolar e os factores que lhe estão associados.

Estrutura-se em dois blocos organizados por um conjuntos de questões. O Bloco I destina-se à recolha de dados relativos a características individuais de cada aluno: ano de escolaridade, género, idade, pessoas com quem o aluno vive, profissão dos progenitores e frequência de Jardim - de - infância ou cresce. O Bloco II visa a obtenção de informação relativa à atitude de cada aluno em relação à escola (número de reprovações, gosto por andar na escola, gosto pelos professores, colegas de quem gosta ou não gosta, existência de indisciplina na escola, locais onde se verifica indisciplina na escola, o que mais gosta na escola, o que gostava que mudasse) e à auto-imagem do seu comportamento em ambiente escolar e do seu aproveitamento.

No Bloco I, as questões 1 a 4 e 7 são fechadas, permitindo apenas assinalar uma hipótese. As questões 6 e 8 são compostas por uma parte fechada (com apenas uma hipótese de resposta) e por outra aberta. A questão 4 permite a escolha de várias hipóteses em simultâneo.

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