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3. Metodologia

3.1 - Amostra

A amostra deste estudo foi constituída por 91 jovens caucasianos (12-18 anos), dos quais 49 pertencem ao sexo Masculino e 42 correspondem ao sexo Feminino. A amostra foi agrupada de acordo com o quadro 5.

Quadro 5: Constituição da amostra.

Todos os elementos da amostra não apresentavam desordens músculo e/ou esqueléticas que pudessem condicionar a sua participação nos testes de aptidão física ou que pudessem ser agravadas com a sua concretização. O recrutamento da amostra foi realizado em duas escolas do norte de Portugal. Para efeitos de seleção, nenhum elemento da amostra era praticante de desporto federado, nem praticava atividade física planeada e supervisionada mais de duas vezes por semana. Previamente, foi efetuado um pedido à direção das Escolas, solicitando a autorização para a recolha dos dados e utilização das respetivas instalações. Foi também obtido um consentimento informado e assinado dos encarregados de educação, através do envio de uma autorização, onde estava registado o objetivo do estudo e as avaliações de medida a realizar. Em todos os dados recolhidos foi mantida e respeitada a sua confidencialidade, onde apenas a equipa de investigação teve acesso aos mesmos. Uma vez que a recolha dos dados foi realizada em contexto escolar, a mesma foi efetuada numa hora livre, para que os intervenientes não faltassem às suas aulas.

Amostra

Masculino Feminino TOTAL

N Média Idade ± DP N Média Idade ± DP N Média Idade ± DP

Grupo I

(12-13 anos) 23 12,78 ± 0,42 16 12,69 ± 0,48 39 12,74 ± 0,44

Grupo II

(14-16 anos) 12 14,83 ± 0,72 13 15,00 ± 0,82 25 14,92 ± 0,76

Grupo III

(17-18 anos) 14 17,71 ± 0,47 13 17,85 ± 0,38 27 17,78 ± 0,42

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3.2 - Desenho do estudo

O modelo de pesquisa deste estudo é do tipo transversal, sendo que as avaliações efetuadas foram realizadas por dois técnicos especializados, um em cada escola. O recrutamento da amostra foi efetuado durante as aulas de educação física, com o consentimento dos professores de cada turma. Nesta fase, o investigador selecionou os indivíduos para efeitos de amostra, e marcou com eles uma hora livre para as avaliações, respeitando, pelo menos três horas de jejum. Esta recolha ocorreu ao longo do segundo período de aulas. No dia da recolha, efetuou-se uma breve explicação de como se iria proceder à recolha dos dados. Após o período introdutório, iniciou-se a recolha dos dados com a medição da PA a cada elemento da amostra. De seguida, procedeu-se à avaliação antropométrica, que incluiu a apreciação do peso, da estatura, do PC, e da %MG. Posteriormente, e após uma estimulação ativa do sistema músculo-esquelético (aquecimento) de cerca de 5 minutos, procedeu-se à aplicação dos testes de aptidão muscular (Abdominais [ABD], Extensões de Braços [EXB], Senta e Alcança [SA] e Flexibilidade de Ombros [FLO]). Por fim, procedeu-se à avaliação da aptidão aeróbia, através do teste do Vaivém (VV).

3.3 - Avaliação da Pressão Arterial

A avaliação da PA foi efetuada com os indivíduos sentados corretamente numa cadeira, e após 5 minutos de repouso. Nesta medição utilizou-se um esfigmomanômetro portátil Omron®, modelo 705IT. A braçadeira foi colocada no braço direito, livre de roupas e sem garroteamento com roupas apertadas noutros locais do corpo. As medições da PA foram sempre realizadas pelo mesmo investigador, em cada escola, respeitando as normas e procedimentos da American Heart Association (Pickering et al., 2005) e da European Society of Hipertension (O'Brien et al., 2003). A cada indivíduo foram realizadas três aferições da PA, com intervalo mínimo de cinco minutos entre elas, estando o avaliado sempre em repouso. Após realização das três aferições, calculou-se a média aritmética das mesmas, e o valor encontrado foi analisado na tabela de valores de PA, de modo a encontrar o respetivo percentil de cada aluno. Os valores de corte da PA são definidos segundo o U.S. Department of Health and Human Services (2005), referidos anteriormente na revisão bibliográfica (pág. 17).

3.4 - Avaliação da Composição Corporal

O peso foi mensurado em roupa interior e descalço, com uma balança digital portátil Toshiba®. A altura foi medida recorrendo a um estadiómetro portátil graduado em milímetros, sendo a medição realizada com o indivíduo em posição antropométrica e sem calçado. A leitura do resultado foi feita após uma inspiração profunda, com aproximação a 0,1 centímetros (cm), depois de a haste superior do estadiómetro estar colocada sobre o topo da cabeça (Heyward & Stolarzcky, 1996). Recorrendo a estas duas variáveis, foi determinado o IMC através da seguinte fórmula:

IMC = Peso (quilogramas) / Altura 2 (metros)

Os valores de corte propostos por Cole et al., (2000) para o IMC são os apresentados no quadro 6.

Quadro 6: Valores de corte do IMC (Cole et al., 2000).

Idade (anos)

Valores de Corte (cm)

Sobrepeso Obesidade

Feminino Masculino Feminino Masculino

12 21,7 21,2 26,7 26,0 13 22,6 21,9 27,8 26,8 14 23,3 22,6 28,6 27,6 15 23,9 23,3 29,1 28,3 16 24,4 23,9 29,4 28,9 17 24,7 24,5 29,7 29,4 18 25 25 30 30

O PC foi apreciado com uma fita antropométrica em milímetros, tendo sido cumpridos os procedimentos definidos por Callaway et al., (1988). A medição foi efetuada na zona de menor perímetro entre a grelha costal e as cristas ilíacas, tendo sido efetuadas pelo menos duas medições, com uma tolerância de 1 cm entre elas.

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Os valores de corte usados para o PC foram os propostos por Taylor et al., (2000), que são apresentados no quadro 7.

Quadro 7: Valores de corte para o PC (Taylor et al., 2000).

Idade (anos) Valores de Corte (cm)

Feminino Masculino 12 73,8 74,7 13 75,6 76,9 14 77,0 79,0 15 78,3 81,1 16 79,1 83,1 17 79,8 84,9 18 80,1 86,7

A %MG foi obtida utilizando a equação desenvolvida e validada por Slaughter et al., (1988), sendo esta a equação utilizada na bateria de teste do FITNESSGRAM®. A equação é apresentada de seguida, e utiliza a prega tricipital (T) e a prega geminal (GML).

%MG = 0.735 (T + GML) + 1.0

Esta equação tende a sobrestimar a densidade corporal com um erro total de 0.0112 g/cc, ou 5.4% de massa gorda nos rapazes (Francisco, 2009).

A medição das pregas foi efetuada com um adipómetro Slimguide®. Para a T, os indivíduos mantiveram-se em posição antropométrica. Na GML, os indivíduos sentaram-se em cima de uma mesa, de modo a manterem as pernas pendentes. Foram efetuadas duas medições para cada prega (no mínimo), com aproximação a 1mm, e considerado um limite de tolerância de 1mm (Harrison et al., 1988).

Para a medição das pregas adiposas, foram traçadas duas linhas perpendiculares, uma definindo o eixo maior da prega, e outra, a profundidade a que seria colocado o adipómetro. Recorrendo aos dedos polegar e indicador esquerdo, a prega foi elevada cerca de 1 cm proximal do ponto antropométrico, estando os mesmos distanciados entre si cerca de 8 cm (Harrison et al., 1988). Depois de elevada a prega, o adipómetro foi colocado sobre o ponto antropométrico, perpendicularmente ao eixo maior da prega a cerca de 1 cm de profundidade. (Harrison et al., 1988). O valor obtido foi depois anotado na ficha de registo.

As pregas mensuradas foram as seguintes: Geminal:

A direção da prega é vertical, sendo o ponto de referência a zona de maior perímetro, na parte média e interna da perna direita.

Tricipital:

O ponto de referência é a meia distância entre o acrómio da omoplata e a apófise olecraneana do cúbito. A direção da prega é vertical, e foi medida na parte média e posterior do braço direito.

Os valores ótimos recomendados para a %MG são os apresentados no quadro 8:

Quadro 8: Valores ótimos para a %MG (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007).

Idade (anos) Valores Ótimos (%)

Feminino Masculino 12 16,9 – 24,5 16,0 – 22,0 13 17,5 – 24,5 16,6 – 23,0 14 17,5 – 25,0 17,5 – 24,5 15 17,5 – 25,0 18,1 – 25,0 16 17,5 – 25,0 18,5 – 26,5 17 17,5 – 25,0 18,8 – 27,0 18 17,5 – 26,0 19,0 – 27,8

3.5 - Avaliação da Aptidão Física

Na avaliação da aptidão aeróbia foi utilizado o Teste do VV, instrumento do FITNESSGRAM®. Neste teste, foram cumpridos com rigor todos os procedimentos descritos no respetivo manual (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007). Previamente, o investigador explicou detalhadamente todos os procedimentos do teste aos intervenientes, passando depois à aplicação do teste a cada 8 indivíduos. O Teste do VV terminava quando o executante concretizava os 21 patamares de esforço, ou falhava dois sinais sonoros, não necessariamente consecutivos. Por fim, anotou-se na ficha de registo o nível que cada indivíduo atingiu, sendo este posteriormente convertido em número de percursos efetuados.

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Os valores de corte recomendados para o Teste do VV são os apresentados no quadro 9:

Quadro 9: Valores de corte para o Teste do VV (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007).

Idade (anos) Valores de corte (percursos)

Raparigas Rapazes 12 23 32 13 23 41 14 23 41 15 23 51 16 32 61 17 41 61 18 41 61

Na bateria de teste do FITNESSGRAM®, os testes de força, resistência muscular e flexibilidade foram combinados numa única categoria de aptidão física, uma vez que a principal componente em avaliação é o estado funcional do sistema músculo-esquelético (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007). Para cada item referido, foi aplicado um dos testes recomendados. Previamente, todos estes testes foram explicados e exemplificados aos elementos da amostra. A amostra executou 2 vezes cada teste antes de cada avaliação, com o intuito de verificar se os mesmos estavam a ser corretamente executados. Foi também efetuada uma breve estimulação ativa (aquecimento) de 5 minutos, onde se recorreu a uma corrida lenta e à mobilização geral de todas as articulações.

Para a força e resistência muscular, o teste adotado foi o Teste de ABD. Neste teste, o executante realizou o maior número de ABD até ao máximo de 75 repetições, a uma cadência específica definida por uma música reproduzida num leitor de CD`s. Os elementos da amostra efetuaram esta prova em decúbito dorsal sobre um colchão, e uma faixa de medida com 75 cm x 11,5 cm. Com as pernas ligeiramente fletidas e afastadas, os pés sempre em contacto com o colchão e os braços ao longo do tronco, realizaram flexão anterior do tronco, de forma contínua e ritmada, deslizando os dedos desde a extremidade proximal até à extremidade distal da faixa medida. Por fim, registou-se o número de execuções efetuadas.

O teste adotado para a avaliação da força e resistência muscular na região superior do corpo foi o Teste da EXB. Este teste consiste na execução do maior número possível de EXB, a uma cadência definida por uma música reproduzida num leitor de CD`s. Para um desempenho correto do teste, o executante assume inicialmente uma posição de decúbito ventral, colocando as mãos por debaixo dos ombros, dedos estendidos, membros inferiores em extensão, ligeiramente afastados e apoiando-se nas pontas dos pés. O executante elevava-se apenas com a força dos braços até os estender, mantendo sempre as costas e as pernas alinhadas, ou seja, o corpo formava sempre uma linha reta da cabeça até aos pés. Em

seguida, o executante fletia os membros superiores até os cotovelos formarem um ângulo de 90º, com os braços paralelos ao solo. Este movimento foi repetido tantas vezes quantas possíveis, até à segunda execução incorreta, momento este que coincidiu com o final do teste. No final registou-se o número total de extensões corretamente executadas.

Para a avaliação da flexibilidade, foi aplicado um teste para avaliar a flexibilidade na região inferior do corpo (músculos posteriores da coxa), e outro para avaliar a flexibilidade da região superior do corpo (cintura escapular), estimando assim a flexibilidade em duas regiões distintas do corpo.

Relativamente à avaliação da flexibilidade dos músculos posteriores da coxa, o teste utilizado foi o SA. Este teste consiste na tarefa de alcançar a distância especificada na zona saudável de flexibilidade para ambos os lados do corpo. Recorreu-se a uma caixa com cerca de 30 cm de altura, sobre a qual se colocou uma fita métrica, de modo a ficar a marca dos 22,5 cm na extremidade distal da caixa, e a extremidade “0” da fita ficar mais proximal do executante. Para a correta realização do teste, o executante deve estar descalço e sentado junto à caixa, com uma perna em completa extensão (a planta do pé está em contacto com a exterminada da caixa), e a outra perna fletida, (a planta do pé está assente no solo, a uma distância de aproximadamente 5 a 8 cm do joelho da perna que está em extensão). Os braços deverão estar estendidos para a frente e colocados sobre a fita métrica, com uma mão sobre a outra. Com as palmas da mão voltadas para baixo, o executante tem de fletir o corpo para a frente 4 vezes intervaladamente, mantendo as mãos sobre a fita métrica pelo menos 1 segundo, de modo a verificar a distância atingida. É permitido neste teste o movimento do joelho fletido para o lado devido ao movimento do tronco para a frente. Depois de medir um dos lados, o executante troca a perna fletida, e repete o mesmo processo. Por fim, apenas foi registado o melhor resultado obtido de ambos os lados.

Para avaliar a flexibilidade da região superior do corpo, o teste adotado foi o Teste da FLO. Este é um teste bastante simples, onde o executante tem de tocar as pontas dos dedos de ambas as mãos por trás das costas. Para avaliar a flexibilidade do ombro direito, o executante deve alcançar o meio das costas com a mão direita, por cima do ombro direito. Simultaneamente, a mão esquerda deve ser colocada por trás das costas, tentando alcançar os dedos da mão direita. Para avaliar o ombro esqueço, o processo é o inverso. Na aferição dos resultados, foi medida a distância a que as mãos ficaram uma da outra no caso de não conseguir tocar. Para os indivíduos que conseguiram tocar, foi medida a distância de sobreposição das mãos. O valor de corte é o valor “0”, ou seja, foi atribuída uma distância negativa a quem não conseguiu tocar, e uma distância positiva a quem conseguiu tocar. Todos os executantes que obtiveram valores negativos são considerados inaptos neste teste.

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Os valores de corte indicados para a aptidão muscular são os apresentados no quadro 10:

Quadro 10: Valores de corte da aptidão muscular (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007).

Idade (anos)

Valores de corte - Aptidão muscular

ABD (execuções) EXB (execuções) SA (cm)

Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes

12 18 18 7 10 25,5 20 13 18 21 7 12 25,5 20 14 18 24 7 14 25,5 20 15 18 24 7 16 30,5 20 16 18 24 7 18 30,5 20 17 18 24 7 18 30,5 20 18 18 24 7 18 30,5 20 3.6 - Análise estatística

A análise estatística dos dados foi realizada informaticamente, utilizando o programa SPSS® 17.0, e o software de cálculo Microsoft Excel 2007 para a representação gráfica.

Inicialmente efetuou-se um estudo exploratório da amostra, onde se testou a normalidade da amostra, e caracterizou-se as variáveis em relação aos valores médios e desvio padrão, para cada grupo. Para cada variável, foi também apresentado o gráfico de dispersão, e um gráfico com a percentagem de sujeitos aptos e inaptos.

Depois de devidamente categorizadas, foi aplicado a cada grupo os testes estatísticos do Qui- Quadrado de Pearson (X2), de modo a testar a independência ou associação existente entre os testes de aptidão física e composição corporal, com a PAS e PAD.

De seguida, foi aplicada uma regressão linear múltipla (RLM) a cada grupo, de modo a analisar o efeito que cada teste de aptidão física e que cada variável da composição corporal possui na PAS e na PAD.

Nesta análise foram consideradas como variáveis dependentes a PAS e a PAD. As variáveis independentes foram os testes de aptidão física (VV, FLO, SA, ABD e EXB), e as componentes da composição corporal (IMC, PC e %MG).

Considerou-se um grau de significância de 5%, sendo este o valor de referência normalmente utilizado nas Ciências Socias para testar hipóteses.

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