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A influência da aptidão física e da composição corporal, na pressão arterial de jovens em idade escolar

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

A INFLUÊNCIA DA APTIDÃO FÍSICA E DA

COMPOSIÇÃO CORPORAL, NA PRESSÃO

ARTERIAL DE JOVENS EM IDADE ESCOLAR

SANDRO MIGUEL VIEIRA DA SILVA

Orientador: Professor Doutor Nelson Joaquim Fortuna Sousa

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

A INFLUÊNCIA DA APTIDÃO FÍSICA E DA COMPOSIÇÃO

CORPORAL, NA PRESSÃO ARTERIAL DE JOVENS EM

IDADE ESCOLAR

SANDRO MIGUEL VIEIRA DA SILVA

Orientador: PROFESSOR DOUTOR NELSON JOAQUIM FORTUNA SOUSA

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Doutor Nelson Joaquim Fortuna de Sousa.

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I

Agradecimentos

A elaboração deste estudo não seria possível sem a colaboração direta ou indireta de várias pessoas, que nos ajudaram a ter sucesso na sua realização. A eles é dedicado este capítulo, onde lhes queria expressar toda a minha gratidão, pois, de algum modo, me ajudaram a terminar uma etapa de árduo empenho, crescimento pessoal e desenvolvimento profissional. Desta forma, gostaríamos de manifestar um profundo agradecimento:

Ao meu orientador, Professor Doutor Nelson Joaquim Fortuna Sousa, por ter arcado a orientação deste trabalho, pela competência e exigência transmitida, e pela disponibilidade e interesse manifestado ao longo de toda a realização deste trabalho.

Às Professoras Doutoras Graça Pinto e Catarina Abrantes, pela cedência do material que nos ajudou na recolha dos dados.

Ao André Pereira, pela disponibilidade e ajuda demonstrada no tratamento estatístico dos dados.

Aos alunos da Escola Secundária de S. Pedro, em Vila Real, e da Escola Secundária de Arcozelo, em Ponte de Lima, pela sua participação e dedicação.

À Professora Paula Ferreira, pela constante ajuda e cooperação nos pedidos burocráticos para a recolha dos dados.

À minha família, especialmente aos meus pais, avós e irmão, por toda a paciência, compreensão e apoio demonstrado durante todo o meu percurso escolar e universitário.

À Sara Pinto, pela companhia constante, e pela compreensão e apoio incondicional transmitido em qualquer ocasião.

Aos colegas universitários, Elsa Cerqueira, Diogo Coutinho e Jorge Ferreira, pelo ilimitado apoio, pela troca de ideias, e acima de tudo pela amizade criada.

Por fim, aos amigos de infância, André Sousa, André Vieira, Francisco Silva, Pedro Pinheiro e Tiago Oliveira, pela companhia inseparável, e por todos os momentos de divertimento e descontração passados.

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Resumo

Os efeitos benéficos da prática regular de atividade física nos níveis de pressão arterial (PA), e na consequente prevenção das doenças cardiovasculares (DCV) são sem dúvida uma importante questão para a manutenção de saúde ao longo da vida. Apesar das DCV manifestarem-se normalmente apenas na vida adulta, muitas vezes estas doenças têm o seu período de incubação durante a idade jovem. Neste contexto, deve-se dar atenção ao surgimento dos fatores de risco das DCV durante a idade jovem, de modo a evitar o surgimento destas doenças na idade adulta. O objetivo do presente estudo consistiu na análise da influência que os níveis de aptidão física e os níveis de composição corporal possuem nos níveis de PA de jovens entre os 12 e os 18 anos, inseridos no contexto escolar. A amostra foi constituída por 91 jovens caucasianos (12 - 18 anos) pertencentes a duas escolas do norte de Portugal. Posteriormente, a mesma foi agrupada em 3 grupos, onde no grupo I foram incluídos jovens dos 12 aos 13 anos, no grupo II foram incluídos jovens dos 14 aos 16 anos, e por fim, no grupo III, foram incluídos jovens dos 17 aos 18 anos. A todos os indivíduos da amostra foi avaliado o nível de aptidão física, os valores da PA em repouso, e as componentes da composição corporal. Depois da recolha dos dados, cada variável foi categorizada de acordo com a especificidade da mesma, de modo a qualificar a amostra. Os resultados permitiram identificar que as variáveis da aptidão física possuem uma reduzida influência nos níveis de PA, em contrapartida com as componentes da composição corporal, onde o índice de massa corporal (IMC) foi a variável que mais se relacionou com um aumento significativo nos níveis de PA, principalmente entre os 14 e os 18 anos de idade. Identificou-se ainda que uma reduzida prática de atividade física semanal está associada a níveis mais baixos de aptidão física, e níveis de pressão arterial sistólica (PAS) superiores ao desejável. Os resultados obtidos sugerem que indivíduos com baixos níveis de atividade física estão susceptíveis a sofrerem de pré-hipertensão e de hipertensão, com uma maior influência dos níveis de composição corporal, nomeadamente o IMC. Em suma, jovens em contexto escolar que possuam baixos níveis de atividade física, tendem a possuir níveis elevados de PA, aumentando desta forma o risco de sofrer no futuro de uma DCV.

Palavras-chave:

Pressão arterial, Atividade física, Aptidão física, Composição corporal, Hipertensão, Jovens, Escola.

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III

Abstract

The beneficial effects of regular practice of physical activity on blood pressure levels, and in the consequent prevention of cardiovascular diseases are certainly an important issue for maintaining lifelong health. Despite the cardiovascular diseases normally begin to manifest itself only in adulthood, often these diseases have their incubation period during young age. This way, it´s important to be alert to the signs of risk factors of cardiovascular diseases during young age, to avoid the emergence of these diseases in adult age. The goal of this study was to analyze the influence that physical fitness levels and body composition levels have on levels of blood pressure in young people between 12 and 18 years, inserted in the school context. The sample study was made in 91 Caucasian young people (12-18 years) belonging to two schools in the North of Portugal. Later on, the same sample was divided in 3 groups, where in group I was included young people from 12 to 13 years, in group II young people from 14 to 16 years, and finally, in group III, were included young people from 17 to 18 years. All the sample in this study was evaluated in the levels of physical fitness, blood pressure and body composition. After collecting the data, each variable was categorized according to the specificity of it, so as to qualify the sample. The results indicated that the variables of physical fitness had a reduced influence on blood pressure levels, in contrast with the components of body composition, where the body mass index was the variable that most provides a significant increase in blood pressure levels, mainly between 14 and 18 years of age. Also was identified that a reduced physical activity life style is associated with lower levels of physical fitness, and with systolic blood pressure levels higher than desirable. The results obtained suggest that individuals with low levels of physical activity tend to suffer from pre-hypertension and hypertension, with a greater influence of body composition levels, in particular the body mass index. Finally, young people inserted in school context who have low levels of physical activity may have elevated levels of blood pressure, which increases the risk of suffering in the future of a cardiovascular diseases.

Key-words: Blood Pressure, Physical Activity, Physical Fitness, Body Composition,

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Índice Geral

Agradecimentos ... I Resumo ... II Abstract ... III Índice Geral ... IV Índice de Quadros ... V Índice de Figuras ... VI Lista de Abreviaturas ... VII

1. Introdução ... 2

1.1 - Pressupostos e limitações ... 7

2. Revisão bibliográfica ... 9

2.1 - Atividade física, Aptidão física e Exercício físico ... 9

2.2 - Avaliação da aptidão física ... 11

2.3 - Benefícios da atividade física e o seu contributo para a redução das DCV ... 12

2.4 - Pressão arterial e a sua evolução até à Hipertensão ... 16

3. Metodologia ... 21

3.1 - Amostra ... 21

3.2 - Desenho do estudo ... 22

3.3 - Avaliação da Pressão Arterial ... 22

3.4 - Avaliação da Composição Corporal ... 23

3.5 - Avaliação da Aptidão Física ... 25

3.6 - Análise estatística ... 28

4. Resultados ... 30

5. Discussão dos resultados ... 43

6. Conclusões ... 50

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V

Índice de Quadros

Quadro 1: Componentes da aptidão Física (Caspersen et al., 1985). ... 10

Quadro 2: Benefícios para a saúde da prática de atividade física (U.S. Department of Health and Human Services, 2008). ... 13

Quadro 3: Fatores de risco das DCV (Pyörälä et al., 1994). ... 15

Quadro 4: Classificação dos níveis de PA (U.S. Department of health and human services, 2003). ... 17

Quadro 5: Constituição da amostra. ... 21

Quadro 6: Valores de corte do IMC (Cole et al., 2000). ... 23

Quadro 7: Valores de corte para o PC (Taylor et al., 2000). ... 24

Quadro 8: Valores ótimos para a %MG (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007). 25 Quadro 9: Valores de corte para o Teste do VV (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007). ... 26

Quadro 10: Valores de corte da aptidão muscular (The Cooper Institute for Aerobics Research, 2007). ... 28

Quadro 11: Análise descritiva da amostra. ... 30

Quadro 12: Teste do X2 para a PAS, com as variáveis da aptidão física e da composição corporal. ... 36

Quadro 13: Relação entre a PAS e o IMC no grupo II. ... 36

Quadro 14: Relação entre a PAS e o PC no grupo II... 37

Quadro 15: Relação entre a PAS e a FLO no grupo III... 38

Quadro 16: Relação entre a PAS e o IMC no grupo III. ... 38

Quadro 17: Teste do X2 para a PAD, e as variáveis da aptidão física e composição corporal. 39 Quadro 18: RLM para PAS e PAD no grupo II... 40

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Índice de Figuras

Figura 1: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos no teste do VV; e à direita, a relação

entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 31

Figura 2: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos no teste SA; e à direita, a relação entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 31

Figura 3: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos no teste da FLO; e à direita, a relação entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 32

Figura 4: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos no teste de ABD; e à direita, a relação entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 32

Figura 5: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos no teste de EXB; e à direita, a relação entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 33

Figura 6: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos da PAS; e à direita, a relação entre PAS normal, pré-hipertensão e hipertensão em cada grupo. ... 33

Figura 7: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos da PAD; e à direita, a relação entre PAD normal, pré-hipertensão e hipertensão em cada grupo. ... 34

Figura 8: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos do IMC; e à direita, a relação entre IMC normal, sobrepeso e obesidade em cada grupo. ... 34

Figura 9: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos do PC; e à direita, a relação entre aptos e inaptos em cada grupo. ... 35

Figura 10: À esquerda, a distribuição dos valores obtidos na %MG; e à direita, a relação entre indivíduos magros, saudáveis e com excesso de gordura em cada grupo. ... 35

Figura 11: Relação entre a PAS e o IMC no grupo II. ... 37

Figura 12: Relação entre a PAS e o PC no grupo II. ... 37

Figura 13: Relação entre a PAS e a FLO no grupo III. ... 38

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VII

Lista de Abreviaturas

%MG

- Percentagem de Massa Gorda

ABD

- Abdominais

cm

- Centímetros

DCV

- Doenças Cardiovasculares

EXB

- Extensões de Braços

FLO

- Flexibilidade de Ombros

GML

- Prega Geminal

IMC

- Índice de Massa Corporal

kg/m

2

- Quilogramas por metro quadrado

mmHg

- Milímetros de Mercúrio

PA

- Pressão Arterial

PAD

- Pressão Arterial Diastólica

PAS

- Pressão Arterial Sistólica

PC

- Perímetro de Cintura

RLM

- Regressão Linear Múltipla

SA

- Senta e Alcança

T

- Prega Tricipital

VV

- Vaivém

WHO

- World Health Organization

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2

1. Introdução

Nas últimas décadas, a industrialização alterou significativamente a atividade humana, devido à mecanização de atividades que substituíram variadas funções até então exercidas pelo Homem, proporcionando assim uma produção em série e em grande escala de variados instrumentos. Para a população, esta alteração permitiu melhorias a vários níveis, pois foram construídos e aperfeiçoados utensílios como os transportes públicos e privados, os eletrodomésticos, as máquinas agrícolas e industriais, o computador, diversos meios de comunicação, entre outros, que tiveram como efeito o aumento da esperança média de vida e a melhoria da qualidade de vida do ser humano (Padez, 2002). No entanto, apesar da evolução científica e tecnológica ocorrida possuir benefícios em inúmeros aspetos, deve-se também ter em consideração que esta evolução tem vindo a acarretar aspetos negativos para a civilização humana. A introdução das novas tecnologias reduziu bastante a quantidade de esforço requerido pelo Ser Humano (Padez, 2002). Segundo Mellerowicz & Franz (1981), à 100 anos atrás a energia despendida pelo homem no seu trabalho era de 90% da sua força muscular, e, hoje em dia, apenas atinge uns escassos 1%.

Devido à evolução tecnológica que ocorre todos os dias de forma significativa, o acomodar do Homem à tecnologia está cada vez mais presente na mentalidade de toda uma população, acarretando assim problemas de saúde à mesma, devido aos cada vez mais reduzidos níveis de atividade física. A comprovar esta afirmação, a World Health Organization (WHO, 2002) afirma que 17% da população mundial adulta é inativa fisicamente. Num estudo realizado pela Comissão Europeia, onde foi questionado se realizavam exercício físico pelo menos duas vezes por semana, os resultados mostraram que menos de metade dos entrevistados responderam afirmativo, embora os resultados variassem entre 18,8% na Grécia, e 77,8% no Luxemburgo (Comissão Europeia, 2002). O mesmo estudo comprova que, com o avanço da idade a atividade física diminui, pois entre os 15 e os 24 anos a percentagem varia entre 45 e os 88%, e aos 55 anos a percentagem varia entre os 8 e os 85%. De acordo com Varo et al., (2003), na Europa, uma menor prevalência de sedentarismo foi encontrada nos países do Norte, especialmente nos países escandinavos, em comparação com os países mediterrânicos, sendo a prevalência maior entre os fumadores, obesos, viúvos, indivíduos divorciados e indivíduos com baixa escolaridade. No contexto Português, a WHO (2008) verificou que 51% dos portugueses com mais de 15 anos possuíam uma insuficiente atividade física. Relativamente aos adolescentes, e comparando os dados de Portugal com os de outros países, a WHO (2004) refere que os jovens de 15 anos praticam em média uma hora ou mais de atividade Física em 2,95 dias por semana (2,7 raparigas e 3,4 rapazes), em contrapartida com os Estados Unidos da América que ocupa o lugar cimeiro (3,8 raparigas e 4,7 rapazes) e Malta que ocupa o último lugar (2,3 raparigas e 3,7 rapazes). Segundo um estudo realizado

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por Matos et al., (2001), com uma amostra do 6º, 8º e 10º ano de escolaridade, 71,9% dos jovens praticam atividade física duas ou mais vezes por semana, além das aulas de educação física, sendo que os rapazes possuíam valores superiores em relação às raparigas. Num outro estudo, que teve como amostra alunos entre os 10 e os 19 anos de idade, Vasconcelos & Maia (2001) voltaram a comprovar que os rapazes possuem valores médios de atividade física superiores às raparigas em todos os escalões etários, com a exceção dos 10 anos de idade. O facto de hoje em dia os níveis de atividade física serem baixos, como o constatado nos estudos anteriores, advém de vários fatores que a sociedade conferiu à sua população. Durante a infância e a adolescência, as atividades de lazer e ocupação do tempo livre são cada vez mais sedentárias, e os fatores que mais tem contribuído para esta causa são a visualização exagerada de televisão, os jogos de consola, o computador e a reduzida socialização entre pares (Andersen et al., 1998; Guimarães, 2002; Lazzoli et al., 1998). Para toda a população, mas, especialmente para os mais jovens, nos dias de hoje a vida sem Internet, telemóvel e outros meios de comunicação parece ser impensável (Jäger & Samnøen, 2008). Na idade adulta, os computadores, os transportes públicos e privados, a introdução de máquinas industriais, entre outros, vieram reduzir a quantidade de energia despendida durante o trabalho, reduzindo também os níveis de atividade física (Padez, 2002, Mellerowicz & Franz, 1981).

É unânime que a prática de atividade física é um comportamento de grande importância para a promoção de um estilo de vida saudável (Lopes et al., 2001). A atividade física e o incentivo à adoção de um estilo de vida saudável são importantes desde a infância (Gaspar, 2004; Matsudo et al., 2000), pois este é um período crucial para o crescimento e desenvolvimento saudável das mesmas (Heitzler et al., 2011), e também porque vários estudos defendem que hábitos de prática de atividade física incorporados durante a infância e adolescência, provavelmente serão transferidos para a vida adulta (Laakso & Viikari, 1997; Taylor, 1999). As aulas de Educação Física, nas Escolas, têm sido apontadas como uma ótima oportunidade para a promoção da atividade física nos jovens (Schneider & Cooper, 2011), tornando-se assim veículos para uma possível obtenção de níveis de aptidão física favoráveis, que provavelmente reduzem os problemas de saúde mais frequentemente relacionados com a inatividade física. Níveis satisfatórios de aptidão física relacionam-se favoravelmente com a manutenção/melhoria da capacidade funcional do organismo, atenuando o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), proporcionando assim, uma melhor qualidade de vida para a população (Boreham & Riddoch, 2001; Morris, 1994; Morton et al., 1994). Em sentido contrário, Heyward (1991) refere que níveis baixos de aptidão física constituem riscos para a saúde.

(15)

4

À medida que as pessoas envelhecem, as capacidades físicas vão diminuindo, e surgem também alterações psicologias, como por exemplo, o sentimento de velhice, a depressão e o stress (Matsudo et al., 2000). Tudo isto, aliado ao facto de as pessoas se tornarem menos ativas com o avanço da idade cronológica, facilita a aparição de doenças crónicas, que, agravam o normal processo de envelhecimento (Matsudo et al., 2000). Perante tais factos, os hábitos de atividade física promovidos e desenvolvidos durante os primeiros estágios de vida, poderão persistir na vida adulta, reduzindo assim a incidência de doenças crónicas associadas a estilos de vida sedentários. Torna-se assim consensual que a promoção e incentivo à prática de atividade física durante a infância e a adolescência, é um aspeto fundamental.

A atividade física é um aspeto basilar para o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente (Chaves et al., 2007), e tem sido cada vez mais indicada para a melhoria da saúde (Bortoni & Bojikian, 2007). A ausência de prática de atividade física está claramente agregada ao sedentarismo, sendo este um importante fator de risco para diversos problemas de saúde, nos quais as DCV assumem particular relevo (Bij et al., 2002). Independentemente do sexo, o sedentarismo é sem dúvida um dos fatores de risco com maior prevalência nas DCV (Ministério da Saúde - Brasil, 2002; Correia et al., 2010). Neste sentido, é importante adotar um estilo de vida ativo e saudável para ajudar a controlar e a diminuir outros fatores de risco das DCV, como o tabagismo, a hipertensão arterial, a hipercolesterolémia (Ministério da Saúde - Portugal, 2002). Além dos fatores supracitados, destacam-se também o excesso de peso e a obesidade, e alguns hábitos relacionados com os estilos de vida, como a alimentação rica em calorias e gorduras saturadas, o colesterol, o sal, e o consumo de bebidas alcoólicas (Pandey et al., 2006). A todos estes fatores deve ser dada uma especial atenção, de modo a adotar medidas preventivas que potenciem a redução da probabilidade de desenvolver uma DCV ao longo da vida (Ministério da Saúde - Portugal, 2002).

Depois de todos estes aspetos abordados, é consensual que o sedentarismo é um problema grave que atualmente afeta a população mundial, além de todos os problemas de saúde inerentes à mesma, os gastos que os países possuem no tratar as doenças que surgem devido à inatividade física são colossais. Exemplo disto, na Inglaterra, estima-se que a inatividade física custe cerca de 8,2 bilhões de libras por ano (9,37 bilhões de euros), onde este valor não inclui a contribuição da inatividade para a obesidade, em que o orçamento anual é cerca de 2,5 bilhões de libras (2,86 bilhões de euros) (Department of Health, Physical Activity, Health Improvement and Prevention, 2004). Perante tais fatores, é sugestivo afirmar que a prática de atividade física possui benefícios económicos, porque irá reduzir os custos dos tratamentos dessas mesmas doenças, além de acarretar benefícios físicos e psicológicos para o indivíduo (Direção Geral de Saúde, 2007). Fica patente a ideia que investir na prática de atividade física não será dinheiro desperdiçado, porque desta forma, reduzir-se-á o dinheiro gasto a tratar os problemas associados à inatividade física.

(16)

Visto isto, um estilo de vida que contemple a prática de atividade física regular, possivelmente irá contribui para um melhor funcionamento dos vários sistemas corporais, assim como reduzir o risco de contrair várias doenças degenerativas, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas (Bouchard et al., 1994). Perante estes factos, tentar detetar precocemente a presença de fatores de risco nas crianças e jovens deverá ser uma prioridade, para que seja possível planear e a implementar programas preventivos direcionados à redução da probabilidade de manifestação de DCV na idade adulta. O presente estudo irá centrar-se a este nível, pois tem como objetivo verificar se os jovens possuem já algum fator de risco, com especial atenção à hipertensão arterial. De todos os fatores de risco das DCV, procurou-se focalizar, sobretudo, a hipertensão arterial, pois indivíduos hipertensos têm um risco aumentado para sofrer de DCV no futuro, como a arteriosclerose, os acidentes vasculares cerebrais, o enfarte agudo do miocárdio, a doença renal, entre outras (U. S. Department of Health and Human Services, 2003; Salgado & Carvalhaes, 2003; Corrêa et al., 2005), sendo estas algumas das principais causas de morbilidade e/ou mortalidade prematura em Portugal e nos restantes países industrializados (Gaspar, 2010). Oliveira (2011), refere que a hipertensão é reconhecida como um dos principais fatores de risco das DCV. Aliado a isto, Guilbert (2003) estima que o número de pessoas com hipertensão no mundo é de cerca de 1 bilhão, e o número de mortes por ano devido à hipertensão é de 7,1 milhões de pessoas. Em Portugal, segundo um estudo realizado por Fiuza et al., (2008), a prevalência da hipertensão arterial, após ajustamento ao sexo e idade foi de 43,5% para homens, e de 43,25% para as mulheres. Os fatores que podem estar associados à elevação da pressão arterial (PA) são o sedentarismo, o stress, o tabagismo, o envelhecimento, o histórico familiar, a raça, o género, o peso e os fatores dietéticos (Molina et al., 2003). Embora a idade e os fatores genéticos possuam alguma importância na prevalência da hipertensão, existem fatores de risco que são influenciados por modificações nos estilos de vida (Rique et al., 2002), sendo a estes fatores de risco que o estudo dará mais relevância.

Depois desta breve reflexão sobre a realidade atual dos níveis de atividade física e as suas consequências para a saúde, nomeadamente a sua influência no aparecimento de DCV, formulou-se o seguinte objetivo para o estudo: Estudar a influência que os níveis de aptidão física e de composição corporal possuem nos níveis de PA em jovens entre os 12 e os 18 anos de idade. Neste sentido, e com base no objetivo delineado, formularam-se as seguintes hipóteses para o estudo:

H01 – Não existe uma associação significativa entre os níveis de aptidão muscular, e os valores

de PA (pressão arterial sistólica [PAS] e pressão arterial diastólica [PAD]), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

(17)

6

H02 – Não existe uma associação significativa entre os níveis de aptidão aeróbia, e os valores

de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H03 – Não existe uma associação significativa entre os valores do índice de massa corporal

(IMC), e os valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H04 – Não existe uma associação significativa entre os valores do perímetro de cintura (PC),

e os valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H05 – Não existe uma associação significativa entre os valores da percentagem de massa

gorda (%MG), e os valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H06 – Não existe uma relação significativa entre a variação dos níveis de aptidão muscular, e a

variação dos valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H07 – Não existe uma relação significativa entre a variação dos níveis de aptidão aeróbia, e a

variação dos valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H08 – Não existe uma relação significativa entre a variação dos valores do IMC, e a variação

dos valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H09 – Não existe uma relação significativa entre a variação dos valores do PC, e a variação

dos valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

H10 – Não existe uma relação significativa entre a variação dos valores da %MG, e a variação

dos valores de PA (PAS e PAD), em jovens com diferentes idades escolares (12-13; 14-16; 17-18 anos).

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1.1 - Pressupostos e limitações

Uma das limitações para a recolha dos dados antropométricos foi a utilização de equipamentos portáteis e não invasivos, que não sendo instrumentos “Goldens”, permitiram uma avaliação da composição corporal relativamente rápida e eficaz. Os investigadores foram devidamente treinados para a recolha dos dados, em que o mesmo investigador recolheu os dados a todos os indivíduos numa escola, e outro investigador recolheu os dados na outra escola. Como existiu apenas um momento de avaliação, não foi possível determinar o Erro Técnico de Medição intra-avaliador, pois segundo Perini et al., (2005), para fazer o cálculo do Erro Técnico de Medição intra-avaliador, têm de ser considerados os resultados das medidas das dobras cutâneas feitas em 20 sujeitos, num primeiro e num segundo dia de avaliação. Em contrapartida, os instrumentos de medição foram devidamente calibrados sob a coordenação do laboratório de aptidão física, exercício e saúde da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A avaliação da antropometria não foi possível ser efetuada em jejum, pois a avaliação dos jovens foi realizada nas respetivas escolas e condicionada pelos horários escolares. No entanto, foi respeitado um período de jejum mínimo de 3 horas.

Relativamente aos testes de aptidão física, os mesmos foram efetuados de acordo com o protocolo de testes do FITNESSGRAM®, utilizando o material sugerido pelo respetivo manual1. Igualmente à recolha dos dados antropométricos, o investigador foi devidamente treinado. Os testes escolhidos no FITNESSGRAM® foram os recomendados no manual1, para salvaguardar a solicitação motora dos vários grupos musculares do corpo humano.

Todos os sujeitos incluídos na amostra não praticavam atividade física mais do que 2 vezes por semana. No entanto, esta seleção foi efetuada apenas com uma pergunta verbal aos indivíduos, não tendo sido utilizado nenhum tipo de questionário para caracterizar os níveis de atividade física habitual dos jovens.

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2. Revisão bibliográfica

2.1 - Atividade física, Aptidão física e Exercício físico

A relação existente entre atividade física e aptidão física está amplamente estudada, sendo que elevados níveis de atividade física estão associados a bons níveis de aptidão física (Haskell et al., 1985; Malina, 2001; Astrand, 1992). A atividade física, a aptidão física e a saúde relacionam-se entre si de uma forma positiva, pois, indivíduos fisicamente ativos apresentam melhores níveis de aptidão e saúde que os seus pares menos ativos (Malina, 2001; Shephard & Bouchard, 1994). Um bom nível de atividade e aptidão física está normalmente associado à saúde, mas uma melhoria no nível de aptidão física não é um sinónimo exato de uma superior resistência às doenças ou às suas consequências (Haskell et al., 1985). Segundo a WHO (1946), saúde é definida como um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou efemeridade. A saúde deve ser mantida e promovida desde a infância e adolescência, evitando comportamentos de risco, de modo a diminuir a probabilidade de morbilidade e/ou mortalidade precoce (Glaner, 2003). A atividade física tem sido cada vez mais indicada para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida nas crianças e jovens (Bortoni & Bojikian, 2007). Segundo Caspersen et al., (1985), a atividade física é definida por qualquer movimento corporal produzido pela contração dos músculos esqueléticos, implicando um gasto energético acima dos níveis de repouso. A ausência de atividade física impede a manutenção de bons níveis de aptidão física (Maia, 1996), constituindo assim riscos para a saúde (Heyward, 1991), pois o sedentarismo é um importante fator de risco para diversos problemas de saúde, onde as DCV apresentam uma particular relevância (Bij et al., 2002). O Center for Disease Control and Prevention e o American College of Sports Medicine recomendam para todas as pessoas adultas, 30 minutos (podem ser acumulados) ou mais de atividade física de intensidade moderada na maioria dos dias da semana, de preferência todos (Pate et al., 1995). Recentemente, o American College of Sports Medicine e a American Heart Association, recomendam ainda, para a manutenção da saúde, que todos os adultos com idade entre os 18 e 65 anos devem praticar atividade física aeróbia de intensidade moderada, pelo menos 30 minutos em cinco dias da semana, ou atividade física aeróbia de intensidade vigorosa, pelo menos 20 minutos em 3 dias da semana (Haskell et al., 2007).

De acordo com Simons-Morton et al., (1988), a atividade física apropriada para crianças é aquela que proporciona um movimento dinâmico dos grandes grupos musculares por períodos de 20 minutos ou mais, 3 ou mais vezes por semana, numa intensidade que estimule os batimentos cardíacos a 140 batimentos por minuto, ou mais. Segundo a WHO (2010), a atividade física ideal para crianças e jovens entre os 5 e os 17 anos de idade deve incluir

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brincadeiras, jogos lúdicos e de recreação, exercícios planeados, entre outros, no contexto escola, família e atividades comunitárias, com o objetivo de melhorar a aptidão cardio-respiratória e muscular, a saúde óssea e reduzir os sintomas de ansiedade e depressão. Enquanto a atividade física engloba qualquer movimento corporal produzido voluntariamente pelos músculos esqueléticos que resultem num dispêndio de energia acima dos níveis de repouso, a aptidão física expressa a capacidade funcional do corpo humano para a realização de esforços físicos associados à prática de atividade física (Caspersen et al., 1985). Segundo Pate (1983), a aptidão física pode ser definida como o estado caracterizado pela capacidade de executar atividades diárias com vigor, e a demonstração de traços e capacidades associadas com o baixo risco de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas. De acordo com Böhme (2003), a aptidão física refere-se à capacidade do indivíduo apresentar um adequado desempenho físico nas atividades diárias, que lhe permita retardar o aparecimento do cansaço durante a realização das mesmas. O mesmo autor considera ainda que a aptidão física é um produto resultante da atividade física que deve ser desenvolvida e/ou conservada durante todas as fases da vida, de modo a proporcionar-lhe um desempenho físico adequado nas suas atividades diárias.

De acordo com Guedes et al., (2002), as componentes da aptidão física dividem-se em dois principais grupos: a aptidão física relacionada com a saúde; e a aptidão física relacionada com o desempenho atlético. No quadro 1, são apresentadas as componentes da aptidão física agrupadas de acordo com a sua especificidade.

Quadro 1: Componentes da aptidão Física (Caspersen et al., 1985).

Aptidão Física Saúde Resistência cardiorespiratória Resistência muscular Força muscular Composição corporal Flexibilidade Desempenho atlético Agilidade Equilíbrio Coordenação Velocidade Força Tempo de reação

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Relativamente ao campo da saúde, as componentes da aptidão física albergam os atributos biológicos que possam oferecer algum tipo de proteção ao aparecimento e desenvolvimento de problemas de saúde, devido ao comprometimento da condição funcional. Já as componentes relacionadas com o desempenho atlético, apenas incluem os atributos exclusivos à prática mais eficiente dos variados desportos.

Ainda dentro da atividade física, existe o conceito de exercício físico, que diz respeito a um tipo específico de atividade física, que deverá envolver regularidade e planeamento, com frequência, duração e intensidade previamente definidas, sempre com o objetivo de melhorar uma ou mais componentes da aptidão física, e/ou melhorar a capacidade de desempenhar as tarefas diárias com sucesso (Caspersen et al., 1985). O exercício físico quando realizado regularmente, provoca importantes adaptações no sistema cardiovascular (Rondon & Brum, 2003).

2.2 - Avaliação da aptidão física

A infância e a adolescência são dois períodos extremamente importantes, pois a eles estão associados períodos críticos de solicitação motora, onde o organismo está especialmente sensível à influência de fatores ambientais e comportamentais, que poderão influenciar o futuro do comportamento motor dos mesmos (Guedes & Guedes, 2005). Perante isto, é de extrema importância o acompanhamento dos índices de desempenho motor das crianças e jovens, além da importância comprovada de que o acompanhamento motor das crianças e jovens pode contribuir de forma decisiva para promover a prática de atividade física no presente e para toda a vida (Guedes & Guedes, 2005). De acordo com Coelho et al., (2003), as crianças e jovens devem conseguir autonomamente interpretar os seus níveis de aptidão física e atividade física, de modo a se envolverem ativamente na definição de objetivos individuais e planeamento de atividades, para que estes atos perdurem na vida adulta.

Como parece ser do senso comum, é impossível obter uma visão global do desempenho motor de um individuo recorrendo apenas à administração de um único teste motor. Para contornar este problema, normalmente recorre-se à utilização de baterias de testes motores que reúnem diversos testes, em que cada um destes dá informações acerca de uma capacidade motora em particular, que no seu conjunto dará uma informação global do desempenho motor (Guedes & Guedes, 2005). Existe também a preocupação na aplicação dos testes, que o desgaste funcional de um teste influencie o menos possível os testes seguintes (Guedes & Guedes, 2005). Para bateria de testes, Guedes & Guedes (2005) sugerem que o número ideal que deve compor a mesma é de três a quatro testes, quando estes envolvem a componente de aptidão física relacionada à saúde.

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De todas as baterias de testes referenciadas na literatura, e direcionadas à aptidão física relacionada à saúde, as que obtém mais aceitação são: a Physical Best, desenvolvida pela American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance; a National Children and Youth Fitness Study, idealizada pelo U. S. Department of Health and Human Services; e a FITNESSGRAM®, concebida pelo The Cooper Institute for Aerobics Research (Guedes & Guedes, 2005). Um protocolo de cooperação feito entre a Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa, e o The Cooper Institute for Aerobics Research, legitimou a bateria de testes FITNESSGRAM® para a população portuguesa, sendo esta uma das mais adequadas para mensurar os níveis de aptidão física dos jovens portugueses.

2.3 - Benefícios da atividade física e o seu contributo para a redução das DCV

A prática de atividade física regular e o incentivo à adoção de um estilo de vida saudável são importantes desde a infância (Gaspar, 2004). Ao contrário do que parece ser uma abordagem típica, a atividade física necessária para proporcionar uma redução dos riscos de contrair DCV não tem que ser uma atividade física vigorosa. A atividade física pode e deve ser adequada às condições específicas do indivíduo (ao seu nível de aptidão física), sem nunca desprezar fatores importantíssimos como a idade e os seus antecedentes de saúde (Gaspar, 2004). Num estudo realizado por Debusk et al., (1990), onde compararam um grupo que realizava atividades moderadas durante trinta minutos diários, e outro grupo que praticava três sessões diárias de dez minutos da mesma atividade, com intervalos de pelo menos quatro horas, permitiu constatar que tanto o grupo da atividade contínua como o da atividade disjunta apresentou melhorias significativas no consumo máximo de oxigénio. A partir deste estudo, conclui-se que os benefícios da atividade física também podem ser adquiridos através de atividades acumuladas, recorrendo apenas a intensidades moderadas. Perante isto, é urgente nos dias de hoje transmitir a informação aos jovens, no sentido da possibilidade de alcançarem melhorias nos níveis de aptidão física sem a necessidade de praticar atividade física vigorosa ou moderada contínua, que muitas vezes é desagradável e desmotivadora para alguns jovens. Basta alterar hábitos diários como subir escadas em alternativa ao uso do elevador, ou andar curtas distâncias a pé em alternativa ao uso do automóvel (Gaspar, 2004). Para os indivíduos que se sintam bem e prefiram atividades mais formais e vigorosas, como nadar, andar de bicicleta, jogar futebol, entre outras, devem ser incentivados a praticá-las (Gaspar, 2004). Atualmente, é cada vez mais reconhecido pela população a importância da prática da atividade física regular, tendo em conta os seus benefícios para a saúde em geral. Nunca a saúde foi tão associada à atividade física como nos dias de hoje (Costa, 1997). Com o avançar da idade, existe uma tendência de declínio do gasto energético devido à diminuição da atividade física.

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Este facto deve-se ao aumento dos compromissos profissionais, à disponibilidade da tecnologia e à progressiva redução dos espaços livres nos centros urbanos que reduzem as oportunidades de lazer, favorecendo assim atividades sedentárias, tais como ver televisão, jogar consola e a utilização dos computadores (Lazzoli et al., 1998). A prática de atividade física é então um aspeto importante a ter em conta para a aquisição e/ou manutenção de um estilo de vida saudável (Ribeiro, 2010). O corpo humano, em consequência da atividade física regular, passa por alterações morfológicas e funcionais, evitando ou adiando assim o surgimento de determinadas doenças, e melhorando também a capacidade para o esforço físico (Instituto do Desporto de Portugal, 2009). Segundo o Department of Health and Children (2000), a atividade física regular reduz os riscos de contrair alguns problemas de saúde em todas as faixas etárias, incluindo até pessoas com deficiência. Os benefícios da prática de atividade física regular são imensos, encontrando-se bem documentados na literatura, e podem ser revistos no quadro 2.

Quadro 2: Benefícios para a saúde da prática de atividade física (U.S. Department of Health and

Human Services, 2008).

Benefícios para a saúde da prática de atividade física

Crianças e jovens Adultos, idosos e pessoas com deficiência Forte evidência:

Melhoria da resistência cardio-respiratória e da aptidão muscular;

Manutenção de uma composição corporal favorável;

Melhoria da saúde óssea; Melhor saúde cardiovascular e metabólica.

Evidência moderada:

Reduz os sintomas de ansiedade e depressão.

Forte evidência:

Melhor aptidão cardiorrespiratória e muscular; Perda de peso – quando combinado com uma dieta equilibrada;

Menor risco de contrair: acidente vascular

cerebral, doença cardíaca coronária, hipertensão, perfil lipídico adverso, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, cancro do cólon e da mama;

Prevenção de quedas;

Redução dos níveis de depressão;

Melhor função cognitiva em adultos mais velhos.

Evidência moderada:

Menor risco de fartura pélvica; Aumento da densidade óssea; Melhor qualidade do sono;

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Na idade adulta, um estilo de vida ativo está claramente associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas (Lazzoli et al., 1998). Relativamente às crianças e jovens, um bom nível de atividade física contribui para melhorar o perfil lipídico e metabólico, e reduzir a prevalência de obesidade, que nos dias de hoje é sem dúvida uma doença que afeta abundantemente esta faixa etária (Lazzoli et al., 1998; Moreira, 2006; Papandreou et al., 2008). Além destes benefícios que a atividade física proporciona nas crianças e jovens, outro, não menos importante, é o facto comprovado de que a prática de atividade física regular na infância e na adolescência possui uma transferência para a vida adulta, reduzindo assim a prevalência do sedentarismo com o avançar da idade, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida futura (Lazzoli et al., 1998). Por esta razão, a escola deverá ser um local prioritário para a implementação da prática regular de atividade física, de modo a promover benefícios futuros na qualidade de vida de uma população (Ribeiro, 2010). Gordon-Larsen et al., (2000), num estudo realizado com adolescestes entre os 11 e os 21 anos de idade, verificaram uma associação positiva entre as aulas de Educação Física e os padrões de aptidão física dos jovens, particularmente quando realizadas com regularidade durante a semana. Os mesmos autores salientam ainda que provavelmente estas aulas de Educação Física representam a única oportunidade de alguns jovens poderem praticar atividade física estruturada. Em Portugal, a carga horária de atividade física que a escola oferece às crianças e jovens não é suficiente, de acordo com o recomendado pela literatura, logo os jovens portugueses que apenas praticam atividade física na escola (nas aulas de Educação Física), possivelmente não serão jovens ativos. Este é um problema que deveria ser revisto pelas altas instâncias do país, de modo a proporcionar aos jovens mais oportunidades para praticar exercício físico.

As DCV, como o próprio nome indica, são doenças que afetam o sistema circulatório do corpo humano, nomeadamente o coração e os vasos sanguíneos. Este tipo de doenças tem vindo a aumentar drasticamente, constituindo-se nos dias de hoje como a principal causa de morte ou incapacidade em todo o mundo. A comprovar esta afirmação, a WHO (2002) afirma que as DCV são a principal causa de morte nos países desenvolvidos, sendo estas responsáveis por cerca de um terço das mortes anuais em todo o mundo e, provavelmente, estarão num futuro próximo também presentes nos países em vias de desenvolvimento (Ribeiro, 2010). Na Europa, as DCV representam mais de 4,35 milhões de mortes por ano (49% de todas as mortes), sendo que 55% das mortes ocorrem em mulheres e 43% nos homens (Petersen, 2005). Na população Portuguesa, 34,1% da mortalidade é devida às DCV (Direção Geral de Saúde, 2007). As DCV que mais se manifestam são o acidente vascular cerebral, o enfarte agudo do miocárdio e a embolia pulmonar (Gaspar, 2010), sendo estas as principais causas de morbilidade e mortalidade prematura no nosso país. As principais componentes das DCV são a aterosclerose e a trombose (Gaspar, 2010).

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A evolução natural das DCV pode ser evitada ou alterada, quando se identifica e controla os fatores de risco das mesmas. O aumento da ocorrência das DCV no último século, alertou a comunidade científica para uma busca incessante pelos fatores de risco que provavelmente auxiliam no seu desenvolvimento (Chor et al., 1999). A etiologia das DCV é bastante complexa, mas muitas vezes tem origem na presença de fatores de risco inerentes ao próprio indivíduo, ou à própria comunidade onde se encontra inserido (Raínho, 2011). Segundo o mesmo autor, as DCV estão associadas a estilos de vida não saudáveis, mas que são modificáveis, logo, o controlo dos fatores de risco é fundamental para reduzir as consequências das DCV, que podem causar morbilidade precoce, ou até causar a morte prematura. De acordo com Py & Jacques (1998), os fatores de risco podem ser definidos como parâmetros ambientais, circunstanciais, constitucionais ou genéticos que quando identificados indicam uma maior suscetibilidade do indivíduo em desenvolver uma DCV. Pyörälä et al., (1994) apresentou uma classificação dos fatores de risco, que ainda hoje se mantém válida e útil na compreensão do risco cardiovascular. Os autores dividem os fatores de risco em dois principais grupos: os modificáveis, que são aqueles que numa perspetiva de prevenção, podem ser corrigidos/evitados; e os fatores de risco não modificáveis, que não são passíveis de intervenção (ver quadro 3).

Quadro 3: Fatores de risco das DCV (Pyörälä et al., 1994).

Fatores de risco das DCV

Modificáveis Não modificáveis Tabagismo; Dislipidemias; Hipertensão; Diabetes mellitus; Obesidade; Fatores dietéticos; Fatores trombogénicos; Sedentarismo;

Consumo excessivo de álcool.

História pessoal e familiar de DCV; Idade;

Sexo.

Embora os fatores não modificáveis possam influenciar no desenvolvimento das DCV, os fatores de risco modificáveis possuem um grande peso num possível desenvolvimento das DCV, devendo estes fatores serem controlados através de modificações nos estilos de vida (Rique et al., 2002). Muitos autores defendem que as DCV têm o seu período de incubação durante a infância e adolescência, logo a prevenção deve ser iniciada nestas idades (Hollmann & Hettinger, 1983; Ross & Pate, 1987; Organización Mundial de la Salud, 1990). Assim, a

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prevenção das DCV nos jovens deverá ser um alvo prioritário, pois a adolescência é uma fase particularmente importante, onde ocorrem mudanças físicas e psicossociais de uma forma acelerada, que facilitam o desenvolvimento de vários fatores de risco (Ramos, 2010). Além do mais, a adolescência é uma fase da vida onde podem ser adquiridos comportamentos desviantes, que poderão permanecer inalterados ao longo da vida (Ramos, 2010). A prevenção iniciada prematuramente deverá ser preferida comparativamente à prevenção em circunstâncias em que as alterações patológicas irreversíveis já se tenham estabelecido (Ribeiro, 2010). É do senso comum que a prevenção das DCV deve evitar comportamentos de risco, estando alerta perante o aparecimento dos fatores de risco que estão devidamente identificados na literatura. Relativamente à alimentação, Krauss et al., (2000) afirmam que o consumo de vegetais, frutas e grãos integrais ajudam na prevenção e controlo das DCV. Estes mesmos autores recomendam também para a prevenção das DCV, a manutenção de um peso saudável, assim como a prática de atividade física regular, e o consumo prudente de gorduras e alimentos altamente calóricos. A prática regular de atividade física é reconhecida como um fator importante para a aquisição de um estilo de vida saudável, e consequentemente, tem sido associada a um aumento da expectativa de vida, diminuindo também a possibilidade de aquisição de fatores de risco das DCV (Twisk et al, 2001).

2.4 - Pressão arterial e a sua evolução até à Hipertensão

A pressão sanguínea refere-se à pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna dos vasos sanguíneos, ou seja, é a força que move o sangue através do sistema circulatório (Rego & Mota, 1999). A PA indica a pressão existente no interior das artérias, isto é, é a força que o sangue transmite às paredes das artérias durante a sua passagem, após ser bombeado pelo coração (Lolio, 1990). A PA varia entre um valor máximo durante a sístole que corresponde à PAS, e um valor mínimo na diástole, que diz respeito à PAD (Lolio, 1990).

A hipertensão arterial representa um dos mais significativos fatores de risco para as DCV, sendo este um agente etiológico de acidentes vasculares cerebrais, doenças vasculares periféricas, insuficiência cardíaca e insuficiência renal (Kaplan et al., 2003). Segundo Polónia et al., (1996), a hipertensão é caracterizada por valores altos de PA, devido normalmente à diminuição das propriedades elásticas das artérias e arteríolas, que aumentam as resistências vasculares periféricas devido à vasoconstrição excessiva, oferecendo assim maior resistência à passagem do sangue. O U.S. Department of Health and Human Services (2003), define a hipertensão arterial em adultos quando a PAS se encontra num nível igual ou superior a 140 milímetros de mercúrio (mmHg) e/ou quando a PAD for igual ou superior a 90 mmHg, na

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ausência de medicação anti-hipertensiva. No quadro 4, é apresentada a classificação dos níveis de PA.

Quadro 4: Classificação dos níveis de PA (U.S. Department of health and human services, 2003).

Categoria PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Ótima <120 <80

Pré-hipertensão 120-139 80-89

Hipertensão - grau 1 140-159 90-99

Hipertensão - grau 2 ≥160 ≥100

Segundo Zanchetti et al., (2003), a hipertensão manifesta-se através de 3 formas: hipertensão sistólica isolada, hipertensão predominantemente diastólica, e hipertensão combinada, sistólica e diastólica.

De acordo com Guilbert (2003), o número estimado de pessoas hipertensas em todo o mundo é de 1 bilhão, atribuindo-se à hipertensão 7,1 milhões de mortes por ano. A hipertensão é sem dúvida um dos fatores de maior risco das DCV (Oliveira, 2011), e a doença crónica que apresenta maior prevalência no mundo (Salgado & Carvalhaes, 2003). Nos Estados Unidos, segundo um estudo realizado por Burt et al., (1995), estima-se que 24% da população não institucionalizada seja hipertensa. Em Portugal, num estudo realizado por Fiuza et al., (2008), a prevalência da hipertensão arterial, após ajustamento ao sexo e idade foi de 43,5% para homens, e de 43,25% para as mulheres.

Em crianças e jovens, a PA é consideravelmente mais baixa do que nos adultos, e durante as duas primeiras décadas de vida aumenta progressivamente perante um padrão de normalidade (Saavedra, 2005). Devido a esta circunstância, a definição de hipertensão não é tão homogénea como nos adultos, e baseia-se em estudos feitos com indivíduos de ambos os sexos, que permitiram elaborar tabelas onde estão combinados os percentis de altura e idade, com os valores de corte da PA (U.S. Department of health and human services, 2005). É atribuído o padrão de normalidade a quem estiver abaixo do percentil 90, pré-hipertensão aos que estão compreendidos entre os percentis 90-94, e hipertensão aos que apresentam valores acima do percentil 95 (U.S. Department of health and human services, 2005). A pré-hipertensão é entendida como um aumento ligeiro da PA, que por si só parece ter pouca importância, mas que em conjunto com outros fatores de risco provoca um aumento significativo do risco cardiovascular (Perdigão, 2010). A PA nos jovens está intimamente relacionada com crescimento somático, onde estão incluídas a altura, a maturação esquelética e a maturação sexual (Gerber & Stern, 1999; Lever & Harrap, 1992). Um único registo de PA alta não deve constituir um diagnóstico de hipertensão, ou seja, um paciente só deve ser

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classificado como hipertenso quando obtiver registos contínuos em 3 ou mais consultas que revelem uma PAS e/ou PAD acima dos valores de corte acima referidos (Oliveira, 2000). A hipertensão arterial é uma doença crónico-degenerativa do sistema cardiovascular, e o seu controlo constitui um desafio para os profissionais de saúde devido por vezes à sua inexplicável causa (Cade, 2001). Segundo Luna & Castro (1999), existem dois tipos de hipertensão arterial: a hipertensão primária, que não apresenta uma causa precisa para a sua manifestação, e a hipertensão secundária que apresenta uma causa concreta para a sua exteriorização. A hipertensão primária é então de origem desconhecida, no entanto, fatores ambientais como uma dieta desequilibrada, o stress, o tabagismo e a inatividade física, conciliados com uma predisposição hereditária parecem ser as razões principais para esta efemeridade (Luna & Castro, 1999; Oliveira, 2000). Este tipo de hipertensão compreende 90 a 95% de todos os casos diagnosticados, podendo ser controlada através do uso de medicação anti-hipertensiva, juntamente com uma dieta equilibrada, estilos de vida saudáveis e a realização de atividade física regular. Estas alterações nos estilos de vida, normalmente permitem uma redução da PA e minimizam as complicações nos órgãos do aparelho circulatório (Cade, 2001; McArdle et al., 1996). A hipertensão secundária é menos frequente que a hipertensão primária, e é resultante de desordens estruturais e endócrinas, como a obesidade, o hipertireoidismo, doenças renais, e devido à toma de alguns tipos de medicamentos (Luna & Castro, 1999).

Em comparação com os adultos, a hipertensão arterial tem uma prevalência relativamente baixa em crianças e jovens (Magalhães et al., 2002), pois esta normalmente surge entre os 30 e os 50 anos de idade, progredindo assintomática e lentamente sem lesões nos órgãos alvo durante 10 a 20 anos (McArdle et al., 1996). No entanto, a hipertensão primária no adulto pode ter a sua origem na infância, e, perante isto, devem ser adotadas estratégias preventivas nesta faixa etária, de modo a identificar e controlar os diversos fatores de risco cardiovascular associados à hipertensão arterial (Magalhães et al., 2002; Monego & Jardim, 2006).

São variados os fatores de risco que podem desencadear o desenvolvimento da hipertensão arterial nos jovens. O peso e o IMC são reconhecidos como os maiores agentes para a elevação dos níveis de PA, principalmente a partir dos 6 anos de idade, onde a PAS isolada apresenta uma importante relevância (Sinaiko, 1996; Brandão et al., 1989; Brandão et al., 1996; Brandão et al., 2000). Brandão et al., (1996) comprovaram que a presença de sobrepeso está associada à manutenção de um percentil elevado de PA, e que o seu desaparecimento determinava uma redução da PA. Este é um aspeto bastante importante a ter em conta, devido aos elevadíssimos graus de sobrepeso e obesidade que se observam hoje em dia a nível mundial. A comprovar estar afirmação, a International Obesity Task Force (2010) afirma que na união Europeia, aproximadamente 60% dos adultos e mais de 20% das crianças em idade

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escolar são obesas ou possuem sobrepeso. Em Portugal, a prevalência de sobrepeso situa-se entre os 13% e os 30%, e a obesidade varia entre o 4% e os 14% (Ramos, 2005; Rito, 2006). A ingestão de sal também tem sido um fator amplamente estudado, pois existem inúmeras evidências que demonstram uma íntima associação entre o consumo de sal e o aumento da PA em vários grupos populacionais (Bartosh & Aronson, 1999; Grobbee et al., 1990). No entanto, um estudo de Berenson et al., (1989), demonstrou que as crianças que ingeriam mais sal, também eram as crianças que ingeriam mais calorias, tomando-se assim difícil separar os efeitos de todos os nutrientes ingeridos sobre a PA. A atividade física também apresenta uma íntima relação com os níveis de PA, tanto em adultos como em crianças (Magalhães et al., 2002). De acordo com Lieberman (1994), crianças com baixos níveis de aptidão física apresentam maiores níveis de PA, tanto em repouso como durante o esforço físico. Por fim, fatores psicossociais como o stress podem influenciar de forma positiva a PA, pois foram encontrados níveis superiores de PA em populações urbanas quando comparadas às rurais (Magalhães et al., 2002). Depois de todos estes aspetos analisados, é facilmente percetível que se deve ter em atenção os fatores citados desde as idades mais jovens, de modo a reduzir a probabilidade de na idade adulta vir a sofrer de hipertensão, e consequentemente de DCV. A infância e a adolescência são, então, uma fase fulcral para a aquisição de estilos de vida saudáveis, entre os quais se destacam a prática do exercício físico, uma alimentação saudável e o não consumo de tabaco (Perdigão, 2010). Vários estudos têm mostrado que estilos de vida sedentários e níveis baixos de aptidão física estão associados de forma significativa com o desenvolvimento de hipertensão (Blair et al., 1984; Berlin & Colditz, 1990; Carnethon et al., 2005; Singh et al., 2006). Visto isto, a prática de exercício físico é sem dúvida uma efetiva opção não farmacológica para a redução do risco cardiovascular e da PA (Whelton et al., 2002). Um estudo realizado por Mora et al., (2007), que teve como amostra 27055 mulheres saudáveis, comprovou que o risco de contrair DCV diminuiu linearmente com os níveis mais altos de atividade física, sendo que os biomarcadores inflamatórios / hemostáticos e a PA foram os fatores de risco que mais contribuíram para esta descida. Estes autores estimaram que as alterações da PA associadas à atividade física contribuíram em 27,1% para a redução do risco de ocorrência de eventos cardiovasculares. Segundo Wallace (2003), a prescrição de exercício aconselhada para o tratamento da hipertensão deve focar, particularmente, a componente cardiovascular, entre 20-60 minutos, 3 a 5 dias por semana, com intensidade de 40 a 70% do volume máximo de oxigénio. Em suma, é imprescindível nos dias de hoje uma maior sensibilização para a deteção e controlo da hipertensão em grupos etários mais jovens. A monitorização da PA em idades precoces, assim como o controlo de outros fatores de risco, é essencial para predizer com fiabilidade a evolução para hipertensão na idade adulta. O objetivo final será sempre reduzir os riscos de contrair uma DCV.

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3. Metodologia

3.1 - Amostra

A amostra deste estudo foi constituída por 91 jovens caucasianos (12-18 anos), dos quais 49 pertencem ao sexo Masculino e 42 correspondem ao sexo Feminino. A amostra foi agrupada de acordo com o quadro 5.

Quadro 5: Constituição da amostra.

Todos os elementos da amostra não apresentavam desordens músculo e/ou esqueléticas que pudessem condicionar a sua participação nos testes de aptidão física ou que pudessem ser agravadas com a sua concretização. O recrutamento da amostra foi realizado em duas escolas do norte de Portugal. Para efeitos de seleção, nenhum elemento da amostra era praticante de desporto federado, nem praticava atividade física planeada e supervisionada mais de duas vezes por semana. Previamente, foi efetuado um pedido à direção das Escolas, solicitando a autorização para a recolha dos dados e utilização das respetivas instalações. Foi também obtido um consentimento informado e assinado dos encarregados de educação, através do envio de uma autorização, onde estava registado o objetivo do estudo e as avaliações de medida a realizar. Em todos os dados recolhidos foi mantida e respeitada a sua confidencialidade, onde apenas a equipa de investigação teve acesso aos mesmos. Uma vez que a recolha dos dados foi realizada em contexto escolar, a mesma foi efetuada numa hora livre, para que os intervenientes não faltassem às suas aulas.

Amostra

Masculino Feminino TOTAL

N Média Idade ± DP N Média Idade ± DP N Média Idade ± DP

Grupo I

(12-13 anos) 23 12,78 ± 0,42 16 12,69 ± 0,48 39 12,74 ± 0,44

Grupo II

(14-16 anos) 12 14,83 ± 0,72 13 15,00 ± 0,82 25 14,92 ± 0,76

Grupo III

(17-18 anos) 14 17,71 ± 0,47 13 17,85 ± 0,38 27 17,78 ± 0,42

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3.2 - Desenho do estudo

O modelo de pesquisa deste estudo é do tipo transversal, sendo que as avaliações efetuadas foram realizadas por dois técnicos especializados, um em cada escola. O recrutamento da amostra foi efetuado durante as aulas de educação física, com o consentimento dos professores de cada turma. Nesta fase, o investigador selecionou os indivíduos para efeitos de amostra, e marcou com eles uma hora livre para as avaliações, respeitando, pelo menos três horas de jejum. Esta recolha ocorreu ao longo do segundo período de aulas. No dia da recolha, efetuou-se uma breve explicação de como se iria proceder à recolha dos dados. Após o período introdutório, iniciou-se a recolha dos dados com a medição da PA a cada elemento da amostra. De seguida, procedeu-se à avaliação antropométrica, que incluiu a apreciação do peso, da estatura, do PC, e da %MG. Posteriormente, e após uma estimulação ativa do sistema músculo-esquelético (aquecimento) de cerca de 5 minutos, procedeu-se à aplicação dos testes de aptidão muscular (Abdominais [ABD], Extensões de Braços [EXB], Senta e Alcança [SA] e Flexibilidade de Ombros [FLO]). Por fim, procedeu-se à avaliação da aptidão aeróbia, através do teste do Vaivém (VV).

3.3 - Avaliação da Pressão Arterial

A avaliação da PA foi efetuada com os indivíduos sentados corretamente numa cadeira, e após 5 minutos de repouso. Nesta medição utilizou-se um esfigmomanômetro portátil Omron®, modelo 705IT. A braçadeira foi colocada no braço direito, livre de roupas e sem garroteamento com roupas apertadas noutros locais do corpo. As medições da PA foram sempre realizadas pelo mesmo investigador, em cada escola, respeitando as normas e procedimentos da American Heart Association (Pickering et al., 2005) e da European Society of Hipertension (O'Brien et al., 2003). A cada indivíduo foram realizadas três aferições da PA, com intervalo mínimo de cinco minutos entre elas, estando o avaliado sempre em repouso. Após realização das três aferições, calculou-se a média aritmética das mesmas, e o valor encontrado foi analisado na tabela de valores de PA, de modo a encontrar o respetivo percentil de cada aluno. Os valores de corte da PA são definidos segundo o U.S. Department of Health and Human Services (2005), referidos anteriormente na revisão bibliográfica (pág. 17).

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3.4 - Avaliação da Composição Corporal

O peso foi mensurado em roupa interior e descalço, com uma balança digital portátil Toshiba®. A altura foi medida recorrendo a um estadiómetro portátil graduado em milímetros, sendo a medição realizada com o indivíduo em posição antropométrica e sem calçado. A leitura do resultado foi feita após uma inspiração profunda, com aproximação a 0,1 centímetros (cm), depois de a haste superior do estadiómetro estar colocada sobre o topo da cabeça (Heyward & Stolarzcky, 1996). Recorrendo a estas duas variáveis, foi determinado o IMC através da seguinte fórmula:

IMC = Peso (quilogramas) / Altura 2 (metros)

Os valores de corte propostos por Cole et al., (2000) para o IMC são os apresentados no quadro 6.

Quadro 6: Valores de corte do IMC (Cole et al., 2000).

Idade (anos)

Valores de Corte (cm)

Sobrepeso Obesidade

Feminino Masculino Feminino Masculino

12 21,7 21,2 26,7 26,0 13 22,6 21,9 27,8 26,8 14 23,3 22,6 28,6 27,6 15 23,9 23,3 29,1 28,3 16 24,4 23,9 29,4 28,9 17 24,7 24,5 29,7 29,4 18 25 25 30 30

O PC foi apreciado com uma fita antropométrica em milímetros, tendo sido cumpridos os procedimentos definidos por Callaway et al., (1988). A medição foi efetuada na zona de menor perímetro entre a grelha costal e as cristas ilíacas, tendo sido efetuadas pelo menos duas medições, com uma tolerância de 1 cm entre elas.

Imagem

Figura  1:  À  esquerda,  a  distribuição  dos  valores  obtidos  no  teste  do  VV;  e  à  direita,  a  relação  entre  aptos e inaptos em cada grupo
Figura  4:  À  esquerda, a  distribuição  dos valores  obtidos  no  teste  de  ABD;  e  à  direita,  a relação  entre  aptos e inaptos em cada grupo
Figura  5:  À  esquerda,  a  distribuição  dos valores  obtidos  no  teste  de  EXB;  e  à  direita,  a  relação  entre  aptos e inaptos em cada grupo
Figura  7:  À  esquerda,  a  distribuição  dos  valores  obtidos  da  PAD;  e  à  direita,  a  relação  entre  PAD  normal, pré-hipertensão e hipertensão em cada grupo
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Referências

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